Educação, Novas tecnologias e o processo avaliativo ensino-aprendizagem

  • Haroldo Luiz Costa Lopes dos Anjos

- Especialista em Psicologia da Educação com ênfase em psicopedagogia preventiva – PUC/MG.

Professor e Coordenador do Curso de Pedagogia da Escola Superior Madre Celeste                                                             

Mestrando/ Doutorando em Ciência da Educação-UAA-Assunção/Paraguai

______________________________________________________________________RESUMO

O objetivo deste trabalho está relacionado com as formas de apropriação da educação e das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC) no processo avaliativo ensino- aprendizagem escolar. De acordo com LIBÂNEO (1998, P. 81) “a condução do processo de ensino requer uma compreensão clara e segura do processo de aprendizagem: em que consiste, como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas, que o influenciam”. Cabe ao educador planejar, organizar, dirigir e controlar esse processo, com a finalidade de estimular e investigar os alunos a envolverem-se, tendo como resultado final a apropriação do saber.

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Palavras-chave: Educação, Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, Processo de ensino-aprendizagem

Sendo a educação nossa esfera de ação, uma vez que o processo formativo do ser humano se desenvolve na vida familiar, no trabalho, na convivência humana, nas instituições de ensino e pesquisa, nas manifestações culturais, as TIC’s - Tecnologia da Informação e Comunicação/Novas Tecnologias são instrumentos que compartilham, distribuem e reúnem as informações em diversos aspectos da vida humana seja ela individual, coletiva, através do uso de recursos tecnológicos (rádio, televisão, computador, pen-driver, mp4, etc.) permitindo assim o recebimento de informação e a troca conhecimento.

A educação é uma ação interativa: se faz mediante informações, comunicação, diálogo entre seres humanos. Em toda educação há um outro em relação.

Vale lembrar que, as NTIC’s são meios concretos de desenvolvimento do processo de inclusão e integração do indivíduo com o mundo, facilitando, assim, o processo de ensino-aprendizagem que contribuirá para uma melhor socialização do direito de conhecer, fazer e aplicar com mais atratividade o conhecimento construído. As NTIC’s auxiliam os alunos na construção de saberes e conhecimentos, uma vez que eles sentem mais incentivo e motivação no âmbito da informática.

MEIRA (1999, p.3) afirma que: para além da educação básica e secundária, as novas tecnologias da informação e da comunicação devem provocar mudanças na educação formal ampliando competências e transformando papéis

Os educadores de hoje têm enfrentado diversos problemas no desenvolver do seu trabalho: tratar seu objeto de trabalho e seu público adequadamente, quer dizer, se relacionar com eles conforme os novos conceitos das relações sociais e como entender e aplicar as múltiplas dimensões de cidadania.

Há certo descompasso entre os princípios e conceitos que nortearam nossa formação profissional, calcados não só na pedagogia tradicional, mas em toda a representação cultural alicerçada na seleção, na estratificação, na padronização e a real performance do público que lidamos hoje, ou seja, ele é questionador, resistente ao que lhe agride, crédulo que pode mudar o rumo das "coisas" quando deseja. Esse fenômeno tem se manifestado com muita freqüência na escola. Isso tem levado os educadores a se debruçarem sobre o assunto, sem tréguas.

A princípio sentem uma frustração: empenham-se em fazer o melhor na exposição do assunto, na organização das aulas e quando chega a hora da avaliação, aliás, da prova, os resultados revelam resultados desanimadores. Então, as explicações vão desde "os alunos não querem nada com os estudos" até "a culpa é toda minha não consegui fazê-los entender a matéria". Este é um sentimento geral e tem empurrado muitos de nós para o aprofundamento desse estudo. No entanto, não estamos no ponto zero. Muito já conseguimos identificar como os principais problemas e muito já conseguimos propor para tentar soluções.

Faz-se necessários nos opormos à simplificação desse problema. É muito simples tratar a avaliação ao nível de importância de seus instrumentos. Alguns teimam em entender por avaliação os tipos de provas, de exercícios, de testes, de trabalhos etc., o que caracteriza um nível instrumental (Didática Tradicional). Não compreendem a avaliação como um processo amplo da aprendizagem, indissociável do todo, que envolve responsabilidades do professor e do aluno. Ao tratar a avaliação dessa forma, afastam-na de seus verdadeiros propósitos, de sua relação com o ensinamento, de seu aspecto formativo.

O alargamento do conceito da Avaliação nos faz ver suas diversas faces e como o poder está associado a ela.  Mostra o seu fim e os seus meios. Falar da Avaliação no âmbito da Educação Escolar, no campo da Educação de Direitos, nos leva pensar a sua função, o papel social do professor, a razão da existência da Escola. Traz a discussão sobre inclusão e exclusão, privilégios e direitos, direitos e obrigações, instrução e formação, que alunos queremos formar, que escola estamos construindo para a nossa sociedade.

 A forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor em sua interação com a classe bem como sua relação com o aluno. Por exemplo, um professor autoritário e inseguro, poderá ver na avaliação uma arma de tortura ou punição para alunos apáticos ou indisciplinados. Por sua vez, seu professor sério e responsável, que orienta as atividades de aprendizagem dos educandos, tenderá a encarar a avaliação como uma forma de diagnóstico dos avanços e dificuldades dos alunos e como indicador para o replanejamento de seu trabalho docente. Nessa perspectiva, a avaliação ajuda o aluno a progredir na aprendizagem, e o professor aperfeiçoar sua prática pedagógica. Mas a inclusão das NTIC’s no processo educacional implica em outras questões que podem passar despercebidas.

Segundo ARAÚJO (2005, P. 23-24) o valor da tecnologia da educação é derivado inteiramente a sua aplicação. Saber direcionar o uso da internet na sala de aula deve ser uma atividade de responsabilidade, pois exige que o processo preze, dentro da perspectiva progressiva, a construção do conhecimento, de modo a contemplar o desenvolvimento de atividades cognitivas que instigam o aluno a refletir e a compreender, conforme acessam, armazenam, manipulam e analisam as informações que sondam na internet.

Em termos gerais a avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em vista verificar se os objetivos propostos foram atingidos, sempre respeitando as características individuais e o ambiente em que o educando vive. A avaliação deve ser integral considerando o aluno como um ser total e integrado e não de forma fragmentada.

          Os professores precisam verificar o conhecimento prévio de seus alunos, com isso conseguindo planejar seus conteúdos e detectar o que o aluno aprendeu nos anos anteriores. Precisa também identificar as dificuldades de aprendizagem, diagnosticando e tentando identificar e caracterizar as possíveis causas.

           O professor também deve estabelecer ao iniciar o período letivo, os conhecimentos que seus alunos devem adquirir bem como as habilidades e atitudes a serem desenvolvidas. Esses conhecimentos e habilidades devem ser constantemente avaliados durante a realização da atividade, fornecendo informações tanto para o professor como para o aluno sobre o que já foi assimilado e o que ainda precisa ser dominado. Caso o aluno não consiga atingir as metas propostas, cabe ao professor organizar novas situações de aprendizagem para dar a todos, condições de êxito nesse processo.

           O ato de avaliar fornece dados que permitem verificar diretamente o nível de aprendizagem dos alunos, e também, indiretamente determinar a qualidade do processo de ensino. Ao avaliar o progresso de seus alunos na aprendizagem, o professor pode obter informações valiosas sobre seu próprio trabalho. Nesse sentido a avaliação tem uma função de retroalimentação ou feedback, porque fornece ao professor dados para que ele possa repensar e replanejar sua atuação didática, visando aperfeiçoá-la, para que seus alunos obtenham mais êxito na aprendizagem.

            Para que ocorra uma aprendizagem efetiva, o processo de ensino deve enfocar menos os métodos e mais a realidade dos alunos.

         

          Ensinar não é transmitir dogmaticamente conhecimentos, mas dirigir e incentivar, com habilidade e método, a atividade espontânea e criadora do educando. Nessas condições, o ensino compreende todas as operações e processos que favorecem e estimulam o curso vivo e dinâmico da aprendizagem (SANTOS, 1961).

Na realidade das escolas, quando procuramos decodificar o significado de ensinar, as idéias definem o professor como agente principal e responsável pelo ensino, sendo as atividades centralizadas em suas qualidades e habilidades. Aprender também relaciona um único agente principal e responsável, o aprendiz (aluno), estando as atividades centradas em suas capacidades, possibilidades, oportunidades  e  condições  para  que  aprenda.

Poucos são os educadores que fogem ao conceito de educação bancária, ou  seja,  o  saber  não  passa de uma doação dos que se julgam sábios  aos que julgam que nada sabem, cabendo então aos sábios, dar, entregar, transmitir o seu grande saber. Portanto, a educação se torna um simples ato de depositar, onde os educandos são os depositários e o educador o depositante.

Segundo Freire (1987, p.76), "ninguém educa ninguém, ninguém  educa a  si  mesmo,  os  homens  se  educam  entre  si,  mediatizados  pelo  mundo",  ou seja, a educação  problematizadora  e  como  prática  de liberdade, exige de seus personagens uma nova concepção de comportamento. Ambos são educadores e educandos, aprendendo e ensinando em conjunto, mediatizados pelo mundo.

Aprender é necessário como insumo do aprender a aprender. Aprender é apenas meio. A qualidade da formação básica é o fator modernizante mais eficaz da sociedade e da economia.

 

REFERÊNCIAS           

ARAÙJO, Rosana Sarita de. Contribuição da Metodologia WebQuest no Processo de letramento dos alunos nas séries iniciais no Ensino Fundamental. IN: MERCADO, Luís Paulo Leopoldo (org). Vivências com a aprendizagem na internet. Maceió: Edufal, 2005.

BASTOS, C.R. & MARTINS, I. G. Comentários à constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1988, V. 1

BRASIL. Lei nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: Editora do Brasil, 1996.

DEMO, Pedro. Ironia da Educação: mudanças e contos sobre mudança.Rio de Janeiro. Editora DP&A .2000

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

LIBÂNEO, Carlos José. Didática. São Paulo: Cortez, 1998.

MEIRA, Luciano. Reflexões sobre aprendizagem e ensino na internet. Recife [s/n]: 1999.