EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM UM ABRIGOINSTITUCIONAL DE CRIANÇAS: EXPERIÊNCIA COM OSPROFISSIONAIS DA INSTITUIÇÃO

Maria Helissamara Lira Rocha[1]

Karine Araújo Paiva[2]

Maria Lucilane Patrício Gomes3

Maria Adelane Monteiro da Silva4

RESUMO

Este artigo relata a experiência de acadêmicas de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) no desenvolvimento de ações de educação em saúde com profissionais de um Abrigo Infantil na Cidade de Sobral -CE. Tais momentos foram conduzidos empregando as técnicas de observação dos participantes e atividades lúdicas.

Palavras-chave: Institucionalização; Infância; Educação em Saúde.

INTRODUÇÃO

Infância é o período de crescimento que vai do nascimento à puberdade, ou seja, do zero aos doze anos de idade. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se como criança a pessoa com até doze anos incompletos, enquanto que entre os doze e dezoito anos encontra-se a adolescência. 1

Em todo o país, crianças são privadas do cuidado parental e vivem em instituições de abrigo por longos períodos de tempo, configurando o que especialistas definem como infância de risco. 2

O abrigo, ou acolhimento institucional, é uma medida de proteção estabelecida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que se destina a crianças e adolescentes afastados do convívio familiar, sendo definido com caráter provisório e excepcional, não implicando em privação de liberdade. Deve ser a última medida de proteção a ser aplicada, sem mencionar as ações por adoção, pois rompe com os princípios anteriores do direito à família e à convivência com ela. 1

Nas situações em que for constatado o abandono e/ou os maus-tratos, o acolhimento institucional deve oferecer, então, formas de atenção e apoio que poderão ser decisivas para a criança privada do convívio familiar. Desse modo, por sua abrangência e complexidade, entende-se que o abrigo deve ser visto como parte integrante da chamada Política de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente, por reunir um conjunto ações e serviços especialmente destinados à infância em contextos de privação material e emocional.3

Os Profissionais que atuam nessas instituições devem estar aptos para lidar com toda a demanda advinda, além de ter habilidades com as fases da infância, emoções e cuidados com a segurança das crianças. Nesse sentindo, mostra- se pertinente trabalhar ações que foquem no desenvolvimento infantil e que proporcionem uma melhora na qualidade do serviço prestado as crianças no intuito de melhorar a qualidade de vida e a assistência adequada para cada fase em que cada criança se encontra.

A ação educativa em saúde constitui processo dinâmico que tem por objetivo a capacitação de indivíduos e/ou grupos em busca da melhoria das condições de saúde da população. Trata-se de um processo que estimula o diálogo, a indagação, a reflexão, o questionamento e a ação partilhada.

As ações descritas foram realizadas no Abrigo Casa São Francisco, localizado na cidade de Sobral – CE.  Onde o publico alvo foi detectado por meio de intervenções feitas, então a parti de analises, chega-se aos profissionais que atuam no abrigo.

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, no qual descreve intervenções que foram realizadas por estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú, referente ao módulo de Praticas Interdisciplinares em Ensino, Pesquisa e Extensão, diante das intervenções que visa o Cuidar do Cuidador, que foi realizada com os profissionais da casa, a fim de deixa-los mais confortáveis ao cuidar das crianças, esperando que com as atividades realizadas possam passar a tornar-se rotina na casa.

Essa atividade se desenvolveu no período de 17 de abril a 19 de junho em encontros que foram marcados de acordo coma disponibilidade dos profissionais, a quantidade de pessoas que participaram das atividades girou em torno de quatro a seis pessoas.

A primeira intervenção aconteceu no dia 09 de maio, com um jogo de cartas chamado Cruzando Mundos Emocionais, em que continham perguntas das quais eles tinham que responder um a um. A finalidade dessa atividade é que eles pudessem conhecer ainda mais um ao outro, criando um vinculo ainda maior entre os mesmos. Na segunda intervenção, dia 06 de junho, realizamos a dinâmica do papel amassado e a dinâmica de desenhar no papel qual animal você se identifica que consiste em como eles veem a suaimagem. A terceira intervenção, realizada em 09 de junho foi chamada de oficina das sensações, onde utilizamos os cinco sentidos, tendo como objetivo principal Cuidar do Cuidador.

Essas atividades foram realizadas com o olhar voltado para os profissionais do abrigo, para que os mesmos se sentissem de certa forma cuidados, a fim de levar mais comodidade e uma maior satisfação no ambiente de trabalho.

RESULTADOS

Preparação para a execução

Os encontros foram preparados a partir do conhecimento e da disponibilidade dos profissionais. Para que atingíssemos nossos objetivos, estudamos através de planejamentos em equipe cada intervenção aplicada e o retorno que devíamos esperar.

No início encontramos dificuldades para a aplicação das oficinas e dinâmicas, pois como seriam atividades voltadas para os profissionais e sua atenção eram voltadas as crianças, houve receio em atrapalhar os afazeres. Mas depois de discussões em grupos, conseguimos entrar em consenso e traçar estratégias com momentos que não atrapalhassem o desempenho deles dentro de suas funções no abrigo.

Descrevendo os encontros

Depois de prepararmos o cronograma de atividades, partimos para a aplicação. A cada semana definíamos as atividades a serem realizadas. Para iniciarmos o momento com os profissionais, levamos o jogo CRUZANDO MUNDOS EMOCIONAIS, que instiga o participante a resgatar memórias boas e ruins e expor para o grupo, com a finalidade de poder se conhecer melhor e permitir que os colegas de trabalhos conhecessem também.

Como tivemos dificuldades em reunir a equipe, atuamos como voluntárias para que pudéssemos conhecer também a rotina dos profissionais, cuidando e monitorando as crianças, identificando problemas para depois elaborarmos intervenções.

Ainda com o intuito de conhecer a fundo os profissionais e proporcionar o conhecimento entre eles, aplicamos uma dinâmica em que eles desenhariam animais que tivessem qualidades onde cada um identificava em si mesmo. Além disso, foi aplicada também a dinâmica do PAPEL AMASSADO, que possuiu a finalidade de mostrar que Deus sempre possibilita e auxilia na resolução de todos os problemas, tendo ele como o pilar da vida.

Para finalizar nossa atuação, foi preparada a OFICINA DAS SENSAÇÕES: Cuidando do Cuidador, em que propiciou sensações felizes para os profissionais com músicas relaxantes, mensagens, cheiros agradáveis, para que eles pudessem sentir-se acolhidos e amados, fazendo com que percebam o quanto são únicos e merecedores de cuidados especiais, assim como cuidam de forma especial as crianças do abrigo.

CONCLUSÃO

Com as vivências realizadas na Casa São Francisco, tivemos a oportunidade de conhecer o serviço e atuar com profissionais e missionários que fazem parte do abrigo. As ações nos oportunizaram atuar com protagonismo e assim adquirir conhecimentos relevantes, compreendendo que nos capacitamos também para dialogar e passar instruções a cerca das intervenções ocorridas.

O convívio com os profissionais e missionários nos fizeram refletir sobre o papel fundamental que eles desenvolvem diariamente com as crianças. Mediante a isto, desenvolvemos um olhar holístico perante esses indivíduos, o que nos fez analisar a necessidade do cuidador ser cuidado também, motivo pelo qual desenvolvemos intervenções a cerca dessa temática de cuidar do cuidador.

Destacando-se assim a importância do módulo PIEPE para o nosso desenvolvimento acadêmico, pois nos possibilitou através da parceria ensino-serviço ir a campo presenciar realidades que não nos são apresentadas apenas na teoria, nos preparando para sermos profissionais capazes de lidar com as mais diversas realidades e públicos.       

CONTRIBUIÇÃO DAS AUTORAS

Maria Helissamara Lira Rocha, Karine Araújo Paiva Maria Lucilane Patrício Gomes contribuíram com a concepção, o delineamento e a realização da pesquisa. Maria Adelane Monteiro da Silvacontribuiu com a análise dos dados e a redação e revisão crítica do manuscrito.

REFERÊNCIAS

  1. Brasil. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Nacional de Assistência Social. Orientações técnicas: serviços de acolhimento para crianças e adolescentes. Brasília; 2009
  2. Silva, R. (1997). Os filhos do governo: A formação da identidade criminosa em crianças órfãs e abandonadas. São Paulo: Ática.
  3. Rizzini, I. &Rizzini, I. (2004). A Institucionalização de crianças no Brasil: Percurso histórico e desafios presentes. Rio de Janeiro: PUC.