EDUCAÇÃO E PRÁTICA DOCENTE EM TEMPOS DE PANDEMIA: ENFRENTANDO OS DESAFIOS


Adriana Peres de Barros1

Eliane Santos Rezende Michelato2

Jane Gomes de Castro3

Jucelma Lima Pereira Fernandes4

Raquel Rocha Drews Valadares5

Valquíria Dias Rodrigues6


Desde o surgimento do coronavírus, mais conhecido como (SARS-CoV-2), causador da covid-19 que deu origem a pandemia em meados do ano de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei-China e se espalhou por diferentes países, mudando muito a vida de toda a sociedade e afetando as mais diferentes áreas (economia, educação, Religião, etc.). Com isso, devido ao distanciamento social imposto pela OMS, as aulas presenciais foram interrompidas. Neste contexto, percebendo a seriedade da situação da qual se encontra a nação brasileira, Martins e Almeida (2019, p.2), pontuam que as, “instituições educacionais precisaram suspender as aulas presenciais e grande parte das instituições de ensino deu continuidade aos processos educativos por meio do ensino remoto ou não presencial”.

Nessas circunstâncias, o campo da educação tornou-se um dos golpes mais graves para a pandemia, pois uma série de mudanças ocorreram no processo de ensino e aprendizagem por meio de decretos, leis e portarias, as aulas foram suspensas e outros métodos de ensino foram introduzidos quando apropriado e um deles é obter oportunidades de aprendizado por meio da tecnologia e a falta de condições para o ingresso de alunos as aulas remotas, tem causado sérios problemas. Vaillant e Marcelo (2012, p. 123) problematizam dizendo que essas mudanças bruscas, fazem com que os educadores “experimentam os problemas com maiores doses de incerteza e estresse, devido ao fato de que eles têm menores referências e mecanismos para enfrentar essas situações”.

A nova pandemia do coronavírus (covid-19) mudou a dinâmica de desenvolvimento da escola, que desde meados de março de 2020, passou a realizar atividades à distância. Essa mudança exige que os educadores adaptem seus hábitos familiares às novas formas de trabalho, mas nem sempre é fácil. Para evitar que os alunos sejam prejudicados, muitas escolas implementaram plataformas e estratégias de ensino à distância para que todos possam continuar a aprender enquanto não puderem sair de casa. Entre as mídias mais utilizadas, encontram-se plataformas online desenvolvidas pela própria escola ou adquiridas de empresas profissionais, cursos em tempo real nas redes sociais, Meet, Skype, Zoom, Google Classroom, grupos de WhatsApp, entre outros.

Corroborando com isso, é importante ressaltar que a vida nunca é uma tarefa fácil, principalmente na situação atual que vivemos. Neste prisma, partindo dos obstáculos do ensino presencial, o ensino a distância surgiu como uma alternativa de abordagem emergencial, o que acabou levando a uma expansão de longo prazo para reduzir as desvantagens no processo de ensino. Fato este, que levou as instituições de ensino, professores e alunos a aceitarem salas de aula remotas mediadas por ferramentas digitais e tecnológicas, sem ao menos qualificações e preparações. Aí vem o desafio, porque a maioria dos educadores e educandos foram e estão preparados para ministrar e assistir às aulas pessoalmente. Portanto, eles devem se adaptar à nova realidade e desenvolver um verdadeiro malabarismo para atender ou pelo menos tentar atender às necessidades do ensino, da sociedade e dos indivíduos.

Neste prisma, Moran (2000, p. 57), afirma que: “se temos dificuldades no ensino presencial, não as resolveremos com o virtual. Se nos olhando, estando juntos, temos problemas sérios não resolvidos no processo de ensino-aprendizagem, não será "espalhando-nos" e "conectando-nos" que vamos solucioná-los automaticamente”. Lembrando que, a situação atual da qual estamos vivenciando, torna as coisas ainda mais complexas, exigindo um pouco mais de colaboração, dedicação, tolerância, e reinvenção por parte de toda sociedade que teve de reinventar-se em todos os aspectos sociais, familiares e individuais. Diante isto, Imbernón (2011) destaca que em um período de mudança rápida e contínua, todo profissional deve Auto renovável. Isso nos leva a compreensão de que o professorado precisa estar em formação contínua no ensino do conhecimento, mas para enfrentar esse novo desafio trazido pela pandemia é preciso aprender a lidar com outros fatores que não podem escapar do ensino.

Além disso, a questão da interatividade e socialização tem se tornado uma prática mecanizada mediada por meios técnicos, o que torna a discussão da aula mais voltada para os professores do que para os alunos, pois devido ao cansaço mental, psicológico e físico, estes As categorias são causadas pela necessidade de maior atenção. Diante da tela do computador, celular ou laptop, o uso contínuo de fones, etc. Também tem sido um problema tanto para os educandos, como para os educadores. A par disso, Papi e Martins (2019, p. 43), pontuam que: “uma boa aula é como uma refeição: quanto mais atraentes estiverem os pratos que você, cozinheiro-professor, dispuser sobre a mesa, mais os alunos desejarão saboreá-los”.

Consistente com isso, pode-se dizer que essa epidemia trouxe grandes mudanças tanto para professores quanto para alunos, pois os professores também apresentam muitas dificuldades nas aulas remotas como os alunos. Portanto, em caso de transição das aulas presenciais para aulas remotas, como preparar uma aula mais conversacional e interativa, uma vez que, todas essas transformações, ainda é uma novidade para quem está acostumado a assistir às aulas pessoalmente. Isso mostra que embora a educação a distância tenha contribuído, ela também teve um impacto negativo, principalmente na formação continuada de professores.

Neste bojo, Moran (2007, p. 9), apresenta que: “[...] Nossa vida interligará cada vez mais as situações reais e as digitais, os serviços físicos e os conectados, o contato físico e o virtual, a aprendizagem presencial e a virtual [...]”. Nesse sentido, todas as unidades escolares devem considerar o ensino remoto como a única alternativa vigente, o que faz com que os professores enfrentem o dilema de lidar com coisas que até então não eram cumpridas, e isso já passou a fazer parte da sua prática docente, não sendo possível se restringir neste período

Com a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia do coronavírus, os educadores brasilenses se viram diante não da pressão atual, mas também com o uso das novas tecnologias de ensino a distância e as condições materiais instáveis dos alunos. Nesse caso, a desigualdade entre os alunos de cada escola e até mesmo da mesma sala é mais evidente em todo o país. O advento do isolamento social provocado pelo Covid-19, tem levado a sociedade contemporâneas a refletir e pensar sobre as necessidades mais essenciais, ou seja, pensar que são um ser social e histórico, têm habilidades de pensamento e podem encontrar uma saída para a educação pandêmica. Paulo Freire (2001) idealizou isso ao dizer que o ser humano precisa:


(...) Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque é capaz de amar. Assumir-se como sujeito porque é capaz de reconhecer-se como objeto. A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. (2001, p.46)


Obviamente, todas essas mudanças no campo da educação, pelo menos com a persistência da pandemia, têm feito com que a comunidade escolar se adapte aos métodos de ensino atuais, ou pelo menos tente se adaptar. Diante disso, os educadores são obrigados a se acostumar com os métodos atuais de ensino, avaliação, interação e mediação do conhecimento. Nesta situação em constante mutação, o professor vê-se obrigado a reaprender, redesenhar, reinventar-se e lidar com as mais diversas ferramentas digitais, que passaram a ser as suas ferramentas auxiliares nas atividades pedagógicas. Essas múltiplas influências ocasionadas pela pandemia à toda sociedade, em especial a educação, levou Moran (2003, p.39), descrever que: “a educação online está em seus primórdios e sua interferência se fará notar cada vez mais em todas as dimensões e níveis de ensino.”.

Em qualquer caso, o ensino online é uma tentativa de aliviar a falta de ensino presencial em sala de aula, mas sua resposta na prática de ensino é significativa. Em todo esse contexto de transformação no ambiente escolar, o diálogo educacional durante e após a pandemia, estará cercado por questões culturais e de saúde. Corroborando com isso, Franco (2008, p.75), ressalva que:

A educação, como prática social histórica, transforma-se pela ação dos homens e produz transformações nos que dela participam. Desta forma, cabe à ciência da educação reconhecer que, ao lado das características observáveis do fenômeno, existe um processo de transformação subjetiva, que não apenas modifica as representações dos envolvidos, mas produz uma ressignificação na interpretação do fenômeno vivido, o que produzirá uma reorientação nas ações futuras. Será fundamental que o método da ciência pedagógica abra espaço para que os sujeitos envolvidos tomem consciência do significado das transformações que vão ocorrendo em seu processo histórico. (FRANCO, 2008, P. 75)


Esses fatores acima descritos, demonstra que, vivemos momentos inusitados e atípicos que afetaram a forma de ensinar e aprender. Isso trouxe enormes desafios para a integralidade da educação, principalmente para os professores em situação de pandemia. Já que, não tinham experiência em trabalhar dessa maneira, sendo pegos de surpresas e despreparados. Nessa nova situação, os novos cenários em que vivemos aumentaram muito a jornada de trabalho dos professores. O que segundo, Vaillant e Marcelo (2012, p. 15) “o papel do docente se transformou porque este se vê obrigado a assumir um maior acúmulo de responsabilidades, assim como pelo aumento das exigências às quais se encontra submetido”.

Partindo desse entendimento, como o isolamento social e a pandemia ainda não passou, precisamos preparar os professores e toda a comunidade escolar para trabalhar da melhor forma, e solicitar aos órgãos públicos que prestem apoio e assistência digna, de forma a levar em conta a relevância, o desenvolvimento de possíveis benefícios para o maior número de educandos em processo de desenvolvimento. Pode-se observar o quanto a pandemia e o ensino a distância impactaram a prática docente, pois redesenharam e ajustaram todas as condutas pedagógicas para a participação dos alunos por meio do ensino online, o que requer a reformulação dos cursos de formação de professores, de tal forma que o capacite em todos os sentidos possíveis, bem como para esse fim e saibam mais sobre as ferramentas e plataformas digitais.

Em síntese, essa situação mostra-nos a nossa vulnerabilidade às “novidades”, surpresas e incertezas, e mostra que não estamos totalmente preparados para responder às mudanças nos novos métodos de ensino e ao “novo real”, ou seja, “novo espaço-tempo”. Apesar de vivermos em uma época influenciada por inúmeras culturas digitais, a formação inicial não nos preparou.


Referências

FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2008, Cap. 2, p. 70-11.


FREIRE, Paulo.  Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se a mudança
e a incerteza. 9. ed. São Paulo Cortez, 2011.


MARTINS, V., ALMEIDA, J. Educação em tempos de pandemia no brasil: saberes fazeres escolares em exposição nas redes e a educação on-line como perspectiva. Revista Docência e Cibercultura. Rio de Janeiro, v. 4, n. 2, p. 215-224, maio/ago., 2020.


MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias audiovisuais e telemáticas. In: MORAN, J. M; MASETTO, M.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas-SP: Papirus, p. 11-65, 2000.


MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas, SP: Papirus, 2007.


PAPI, Silmara de Oliveira Gomes; MARTINS, Pura Lúcia Oliver. Professoras Iniciantes e o trabalho coletivo em reuniões pedagógicas. Currículo sem Fronteiras, v. 19, n. 1, p. 39-59, jan./abr. 2019.


VAILLANT, Denise; MARCELO, Carlos. Ensinando a Ensinar: As quatro etapas de uma aprendizagem. 1. Ed. Curitiba: Ed. UTFPR, 2012.

   1    Graduada em Pedagogia pela Universidade Paulista-UNIP, Especialista    em: Educação Infantil e Alfabetização, pela AVEC- Associação    várzea-grandense e Ensino e Cultura e Psicopedagoga pela FIC –    Faculdade Integrada de Cuiabá e Auxiliar de Higienização rede de    ensino pública Municipal de Rondonópolis.

   2    Graduada em Pedagogia pela UFMT, Especialista em Psicopedagogia pela    UNIGRAM e professora da rede de ensino pública Municipal de    Rondonópolis.

   3    Graduada em Ciências Biológicas e Pedagogia pela UFMT-Universidade    Federal de Mato Grosso e especialista em Ecoturismo e Educação    Ambiental pela UFLA

   4    Graduada em Pedagogia pela UFMT, Especialista em Psicopedagogia pela    FIVE e Mestranda em Educação pela UFR.

   5    Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora    na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

   6    Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora    na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.