Pode-se conceituar educação das mais diferentes formas, trata-se de um conceito complexo, que algumas pessoas podem definir como transmissão de conhecimento, mas não o é. Como então definir o conceito de educação de forma coerente?

“A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão e transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor de acordo com as imagens que se tem de uns e de outros” (Brandão, 2017, p. 5)

Uma vez desintensificado esse conceito pueril de que a educação é uma transmissão de conhecimento, pode ser definida, em tempos modernos como a capacidade de propiciar meios e técnicas de autodesenvolvimento, o educando como autor de sua própria trajetória acadêmica é o verdadeiro fomentador desse processo, e cabe a escola facilitar a aquisição desse conhecimento. 

“O conceito de educação sofreu influência do nativismo e do empirismo. O primeiro era entendido como o desenvolvimento das potencialidades interiores do homem, cabendo ao educador apenas exteriorizá-las, e o segundo era o conhecimento que o homem adquiria através da experiência” (MARTINS, 2004, p. 13).

A educação fundamenta-se no compromisso de formar cidadãos conscientes, pleno de direitos e deveres, com capacidade de exercer sua cidadania de forma objetiva, promovendo seu crescimento profissional, familiar e social.

Sabe-se que o termo tecnologia tem sua raiz no estudo das técnicas, de como realizar o mesmo processo de formas diferentes, erroneamente muitas pessoas veem a tecnologia como sinônimo de softwares e hardwares, e não se fundamentam no cerne da palavra. 

“Finalmente, é importante frisar, que muitas vezes ao falarmos em tecnologia pensamos imediatamente dos produtos mais sofisticados que estão ganhando o mercado neste exato momento.  Porém, a tecnologia não consiste somente nisso.  Precisamos lembrar que a nossa história tecnológica começou junto com o primeiro homem quando ele descobriu que era possível modificar a natureza para melhorar as condições de vida de seu grupo. O homem, ao descobrir que poderia modificar o osso, estabelecendo um novo uso para ele, dava o passo inicial para a conquista do átomo e do espaço” (VERASZTO, 2009, p.8)

Portanto, a tecnologia educacional pode ser definida como o estudo e análise de técnicas didáticas com o objetivo de promover a formação cidadã. Não pode ser confundido como simplesmente a utilização de recursos tecnológicos em sala de aula. Um simples giz e uma surrada lousa, podem, se transformar em um poderoso instrumento de tecnologia educacional, se usado de forma competente, científica e comprometida com o processo. 

Podemos citar vários exemplos de resultados ineptos, em virtude da simples falta de estudo técnico do caso, e do compromisso com o atingimento de objetivos qualitativos, como exemplo podemos citar o MOBRAL, que em tese era um programa com muitas possibilidades de êxito, mas foi implantando sem a devida análise e desenvolvimento de tecnologias educacionais, por profissionais capacitados, capazes de atingir o tão esperado sonho de alfabetização plena. Foram alocados recursos financeiros e humanos para atingir essa meta, mas não houve um estudo de qual seria a melhor forma de obter êxito e com quais ferramentas esse intento seria atingido. 

Nas últimas décadas temos visto surgirem vários projetos e programas com o intuito de promover a melhora da educação no país, com o objetivo de melhorar nossa posição nos índices mundiais de educação, mas ainda não logram o êxito esperado, já que novamente não houve o compromisso de desenvolver tecnologias educacionais capazes de promover o real desenvolvimento de nossos educandos. 

A escola hoje é totalmente diferente da escola de uma década atrás, já tínhamos a internet como importante ferramenta de estudo e pesquisa, mas não se previa essa digitalização do conhecimento. A educação hoje é dinâmica, mutável, compartilhada, multifacetada de uma forma não prevista. Portanto, faz se necessário o estudo e desenvolvimento de tecnologia educacional que utilize dos recursos tecnológicos e humanos disponíveis, capaz de promover nosso objetivo primaz que é a real formação do cidadão


Referências

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Brasiliense, 2017.

MARTINS, Rosilene Maria Sólon Fernandes. Direito à Educação: aspectos legais e constitucionais. Rio de Janeiro: Letra Legal, 2004.

VIANNA, Carlos Eduardo Souza. Evolução histórica do conceito de educação e os objetivos constitucionais da educação brasileira. Janus, v. 3, n. 4, p. 129-138, 2006.

VERASZTO, Estéfano Vizconde et al. Tecnologia: buscando uma definição para o conceito. Prisma. com, n. 8, p. 19-46, 2009.