Atividade

Aluna: Madalena da C. Daltro da Fonseca

Curso de extensão em: Educação Brasileira: do Período Colonial à Primeira República – Aspectos históricos e filosóficos

Professor Adriano Volpini - Centro Universitário Claretiano – São Paulo 2011

 

        Introdução

       Não é tarefa simples falar sobre a trajetória da Educação Brasileira, há de cuidar para não cometer o anacronismo, isto é, avaliar o passado com os olhos do presente. No período que vai do Brasil Colônia até a Primeira República - de 1554 a 1930 - é possível observar algumas rupturas e permanências, e tomar como marcos; a primeira escola construída pelos jesuítas em 1554 até as reformas propostas por Fernando de Azevedo e a implantação do Estado Novo em 1930. A primeira característica que chama a atenção é que nesta trajetória de quase 400 anos de educação, observa-se o alinhamento da ação educativa com a forma de pensar e de fazer política. O que faz da educação um reflexo de valores políticos que são impostos ou apresentados à sociedade, esta que, algumas vezes, não compactua com as ações políticas, ao exigir, na maioria das vezes, sem ser atendida, mais acesso ao ensino, ou melhor qualidade deste; outras vezes, alguns setores desta mesma sociedade assiste às transformações de forma alheia ou inconscientemente manipulada.

       Desenvolvimento

       No período colonial, a principal característica da educação brasileira se configurou pela educação jesuítica, uma educação de base religiosa, que seguia o modelo herdado pela Escolástica, e objetivava atingir os aspectos morais, intelectuais e espirituais. Para isso, os padres jesuítas dedicavam-se a educar tantos os próprios colonizadores, quanto aos indígenas, catequizando-os. Os Jesuítas ”Escreveram poesia, teatro pedagógico, sermões e cartas, nas quais informavam os superiores da Companhia de Jesus sobre o desenvolvimento de seus trabalhos na Colônia[1]

       Na literatura deste período destacam-se os autores brasileiros: Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, Cláudio Manuel da Costa, Santa Rita Durão e Basílio da Gama.

       Com as Reformas Pombalinas os Jesuítas foram expulsos do Brasil, em 1760, deixando para trás, cerca de 670 colégios fundados em aproximadamente dois séculos.[2] Sem conseguir alcançar a melhora proposta para a educação, permanecendo alguns problemas da metodologia anterior, estes, por vezes, acrescidos de outros novos problemas.

     As reformas estabelecidas pelo Marquês de Pombal podem ser caracterizadas como uma ruptura, e foram inspiradas nas idéias iluministas, em alta na França. Assim, Pombal atribui ao Estado a função de educar, sem que para isso houvesse um treinamento prévio ou um planejamento no que se refere à transição ou transferência desta responsabilidade. Os feitos dessa reforma incluem: a inclusão de “aulas régias”, o fim do curso de Humanidades e o pagamento dos professores. Todavia, vale ressaltar que Marquês de Pombal era um déspota esclarecido, e quanto a isso, é necessário entender que:

“(...) despotismo esclarecido representou a tentativa e conciliação de interesses entre a sociedade tradicional do Antigo Regime e a sociedade burguesa impulsionada pelo avanço do capitalismo. Dessa maneira, os projetos de modernização empreendidos pelos déspotas esclarecidos visavam muito mais prevenir possíveis revoltas sociais do que, efetivamente, avançar em direção a uma sociedade nova e moderna.” (COTRIM. Gilberto. História Geral.)

       Em 1808 a família real se estabelece no Brasil.“Para a ciência, a abertura dos portos e o fim da proibição de acesso ao Brasil representou um salto quântico. O país que se abria aos geógrafos, botânicos, geólogos e etnógrafos era um laboratório imenso, riquíssimo e repleto de novidades.” [3] Características positivas do período Joanino foram a inauguração da primeira biblioteca pública do país em 1814 e a fundação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro. Neste período, que vai de 1808 a 1821, a educação teve como base 3 níveis: primário, secundário e, inaugurado, o ensino superior, o ensino superior foi a marca do período Joanino. Todavia, a população reclamava da falta de instituições no interior do país, uma vez que a maior parte se concentrava no Rio de Janeiro e em Salvador. Mas se por um lado havia a queixa, por outro, havia quem afirmasse que:

“Neste país de analfabetismo, não se encontra ninguém que tenha intimidade com a noção de ciência (...). Aqui, a natureza tem feito muita coisa – o homem, nada. Aqui, a natureza oferece inumeráveis temas de estudo e admiração, enquanto os homens continuam a vegetar na escuridão da ignorância e na extrema pobreza, conseqüência apenas da preguiça” (William John Burchell citado por GOMES, Laurentino. 2007 pág.269)

       Em 1822 foi proclamada a independência do Brasil, um período difícil no aspecto político, culminando com a abdicação de D. Pedro I em 1931. No que se refere à educação, a política educacional permaneceu a mesma, e as propostas feitas não foram concretizadas. Todavia vale ressaltar, que no campo literário continuaram surgindo ilustres autores como: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e entre tantos outros, José de Alencar um marco no Romantismo Nacionalista. O Brasil independente precisava então valorizar os aspectos nacionais.

       Do período que vai de 1889 até 1930 - denominado República Velha – Observa-se 5 grandes propostas de Reformas: Reforma Benjamin Constant, Código Epitácio Pessoa, Reforma Rivadávia Corrêa, Reforma Carlos Maximiliano e a Reforma Luiz Alves e Rocha Vaz. Mas antes mesmo que uma se concretizasse, outra reforma surgia e por vezes determinada reforma era responsável por levar o caos ao ensino. As reformas deixam transparecer que era mais importante a marca pessoal de quem propunha a reforma, do que uma meta de alcançar o objetivo da educação nacional em si.

       Conclusão

       Após avaliar a trajetória da Educação no Brasil, no recorte histórico que vai do Período Colonial à Primeira República, observa-se que a educação deveria ser planejada e sobretudo executada pelo curso do projeto, as interrupções motivadas por diversos interesses, geraram caos na educação. Entende-se que a educação deveria ocupar, na sociedade, o topo na hierarquia de valores sociais, políticos e econômicos, de forma abrangente e aprofundada, entretanto se observou que a educação, em parte, também se submeteu à vontade do povo, e por vezes, esse povo que exigiu direitos, muitas vezes, não cumpriu seus deveres. Se for atribuir responsabilidades, por fracassos, não caberia apontar somente em uma direção. Cada período histórico teve as suas próprias características, o seu fracasso ou sucesso, e os seus responsáveis. Séculos depois, não há como atribuir, por exemplo, culpa pelo fracasso na educação aos primeiros educadores.

       Referências bibliográficas

VOLPINI, Adriano. Educação na República Velha. Curso Extensão Claretiano. SP. 2011

OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto de. Minimanual compacto de literatura brasileira. Editora Rideel. São Paulo, 1ª ed. 2003.

COTRIM, Gilberto. História Geral. Editora Saraiva. São Paulo, 5ª ed. 1989

GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. Ed. Planeta do Brasil. São Paulo, 2007.

 

[1] OLIVEIRA, Ana Tereza Pinto. Minimanual Compacto de Literatura Brasileira. São Paulo: Rideel, 2003.

[2] VOLPINI, Adriano.

[3] GOMES, Laurentino. 1808. São Paulo: Planeta, 2007.