EDUCAÇÃO AMBIENTAL: BASE PARA A RELAÇÃO ÉTICA DO HOMEM COM O MEIO AMBIENTE

 Calvino Brabo de Vasconcelos1 

¹ Licenciado pleno em Matemática pela Universidade Federal do Pará, Licenciado Pleno em Ciências Biológicas pela universidade federal do Pará, Pós graduado em Educação Ambiental pela Universidade Salgado de Oliveria, Mestrando em Ciência da Educação pela Faculdade de Ciências Humanas da Paraíba (Sapiens – Unasur). Trabalho como professor de matemática em escolas de ensino fundamental e escolas de ensino médio em Breves, Marajó, estado do Pará.

RESUMO

É importante destacar a necessidade da Educação Ambiental nas escolas. Não como uma disciplina específica, mas entrelaçada em todas as demais disciplinas. Mas para isso é importante que haja uma formação, ou preparação, do educador para que possa ter uma visão correta do que é Educação Ambiental. A Educação Ambiental é a principal ferramenta para consolidar uma relação de ética do homem para com o meio ambiente, pautada não mais num modelo antropocêntrico, mas numa relação ética tendo a vida como o centro das discussões, preocupando-se com a qualidade de vida das gerações atuais e futuras. Para que a Educação Ambiental seja, de fato, instaurada no meio escolar, é necessário o entendimento de seus conceitos e teorias vinculados à prática, pois somente assim a Educação Ambiental será trabalhada de acordo com a realidade do meio onde o aluno está inserido e não de maneira ingênua que facilmente se vê no cotidiano escolar. É possível verificar que a Educação Ambiental nasce com os movimentos sociais que exigem que a escola assuma essa temática no seu currículo. É importante levar em consideração que a aprendizagem neste contexto evidencia de fato a necessidade de avançarmos cada vez mais no sentido de aproximar nossas reflexões, práticas e atitudes mais conscientes aos desejos de mudanças que alimentam nossa capacidade de responder a todos os desafios que implicam numa Educação Ambiental transformadora.

INTRODUÇÃO

A Educação ambiental vem sendo uma das principais discussões ocorridas por ambientalistas e educadores. Hoje a inserção da Educação ambiental nas instituições educativas é um processo que está cada vez mais presente na sociedade, principalmente nas práticas pedagógicas.

Com os problemas ambientais ocasionados em nosso país é imprescindível que se discuta com mais veracidade estes problemas, haja vista que a Educação Ambiental numa perspectiva crítica ocorre na medida em que o professor assume uma postura reflexiva.

Neste contexto Jacobi (2005) entende a Educação Ambiental como uma prática pedagógica, representando a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de ampliação da responsabilidade socioambiental.

Este trabalho destaca-se pela necessidade de se fazer entender a importância que a Educação Ambiental tem na formação de um cidadão crítico para os problemas ambientais que integram a nossa sociedade. A educação é uma ferramenta imprescindível para que este cidadão possa entender melhor o mundo.

Por essa concepção, o grande desafio da Educação Ambiental é articular o saber prático dos grupos locais com o conhecimento formal, ou seja, contribuir de forma emancipatória, incorporando um determinado projeto de sociedade e, consequentemente, de educação.

Nessa perspectiva, tem-se a educação ambiental como espaço político pedagógico formador de opinião. Um espaço público de educação, por meio do qual atores sociais podem se mobilizar pela defesa de seus direitos ambientais ou para denunciarem danos ambientais, para que possam também entender de forma mais consensual a relação homem e meio ambiente e suas responsabilidades perante os recursos naturais. Tornando este cenário da Educação Ambiental um espaço de construção e de defesa da ética no relacionamento homem-meio ambiente. 

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 

          Historicamente a inserção da educação ambiental na agenda do debate internacional coincide com os fóruns de debate acerca das questões ambientais, isto é, está intimamente articulada ao campo ambiental, às criticas que começaram a ser elaboradas, pelo movimento ecologista contestatório, em relação ao estilo de vida e ao comportamento de uma sociedade consumista e depredadora.

          Em 1968 foi realizada, em Roma, uma reunião de cientistas dos países desenvolvidos para discutir o consumo, as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da população mundial até meados do Século 21.

          As conclusões do Clube de Roma, como ficou conhecida essa reunião, deixam clara a necessidade urgente de se buscar meios para a conservação dos recursos naturais e controlar o crescimento da população, além de se investir numa mudança radical na mentalidade de consumo e procriação. O ponto essencial da questão não é somente a sobrevivência da espécie humana, porém, ainda mais, a sua possibilidade de sobreviver sem cair em um estado inútil de existência (REIGOTA, 2009).

          A Organizações das Nações Unidas (ONU) realizou em 1972, em Estocolmo, na Suécia, a primeira Conferência Mundial de Meio Ambiente Humano (REIGOTA, 2009). Uma resolução importante da conferência de Estocolmo foi a de que se deve educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais. Podemos então considerar que aí surge o que se convencionou de Educação Ambiental. A UNESCO – organismo da ONU – responsável pela divulgação e realização dessa nova perspectiva educativa, realizou seminários regionais em todos os continentes, procurando estabelecer os seus fundamentos filosóficos e pedagógicos.   Em 1975 foi realizada em Belgrado, na então Iugoslávia, uma reunião de especialistas em educação, biologia, geografia, entre outros, quando se definiram os objetivos da Educação Ambiental, publicados no que se convencionou chamar A Carta de Belgrado (REIGOTA, 2009).

          Em Tbilisi, na Geórgia (EX-URSS), em 1977, realizou-se o primeiro Congresso Mundial de Educação Ambiental. Nesse mesmo período, a primeira ministra norueguesa, Gro-Brundtland, patrocina reuniões em várias cidades do mundo para se discutir os problemas ambientais e as soluções encontradas após a conferência de Estocolmo. As conclusões foram publicadas em várias línguas. O livro Nosso Futuro Comum (Our Common Future), também conhecido por relatório Brundtland, fornece os subsídios temáticos para a ECO-92. É a partir desse livro que o conceito de Desenvolvimento Sustentável se torna mais conhecido. Aí também se enfatiza a importância da Educação Ambiental para a solução de problemas sociais, ambientais, econômicos e políticos (REIGOTA, 2009).

          Nesse mesmo período, no Brasil, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA, ligada a Presidência da República) que depois evolui e deu origem ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). A construção acelerada da legislação ambiental, além de palco da vontade popular, foi conseqüência da mudança democrática da nação. Ainda nesse período houve a promulgação da constituição da República Federativa do Brasil. Mas, o tratamento da Educação Ambiental de forma sistêmica em nível nacional continua embrionário até os dias de hoje (MAGALHÃES, 2006, p.90).

          Em 1996, foi realizada a I Conferência Nacional de Educação Ambiental (I CNEA) que buscou consolidar propostas, definir temas e objetivos e orientar o processo de construção em nível nacional de um levantamento das ações em Educação Ambiental no país, a fim de subsidiar as discussões dos grupos brasileiros para a formação de grupos de representantes estaduais, do governo e da sociedade civil organizada, objetivando discutir questões e indicar a direção para a melhoria qualitativa na área da Educação Ambiental não-formal no Brasil. A conferência teve por objetivo criar um espaço para reflexão sobre as práticas da Educação Ambiental no Brasil, cujo resultado foi apresentado, em 1997, na Conferência Internacional Sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização Pública Para a Sustentabilidade, em Thessaloniki, Grécia (MAGALHÃES, 2006).

          Em 1999, a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), foi sancionada, em 27 de abril, pela lei nº 9.795, que dispõe sobre a estruturação e institui a política que assegura a Educação Ambiental em território nacional. Essa lei reconhece a Educação Ambiental como componente urgente, essencial e permanente do processo educativo, formal e não-formal, de acordo com os artigos 205 e 225 da constituição brasileira (MAGALHÃES, 2006).

          Segundo Magalhães (2006) na obra a Educação Ambiental como instrumento de investigação e estratégia educativa para a educação em ciências e matemática intitulada na obra Educação Ambiental: Teoria e prática para as pessoas e as sociedades do século 21 diz que no Estado do Pará, nos anos de 1970 houve algumas atividades realizadas no campo da Educação Ambiental formal, não-formal e informal que eram voltadas para a consolidação de um pensamento sobre a construção de um conceito amazônico de Educação Ambiental para a compreensão da relação homem, sociedade e meio ambiente. Dentre os quais vale destacar:

  • Na década de 1970, foi instituída a Educação Ambiental em caráter oficial na educação básica com o aparecimento de Grupos de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental (GEPEA);
  • Em 1988, foi criada a Comissão Executiva de Meio Ambiente (CEMA), da Universidade Federal do Pará, com atividades de Educação Ambiental em diversos campi do interior do estado;
  • Em 1990, foi instituída a Educação Ambiental nas escolas públicas do Estado do Pará, com a criação da Comissão Interinstitucional para Implantação e Implementação da Educação Ambiental, através da Portaria nº 0487/90-GS/SEDUC;
  • Em 1991, foi realizado o I Congresso Paraense de Educação Ambiental, no qual foram discutidos assuntos como: os cenários humano e ecológico e demanda da Educação Ambiental como solução da questão ambiental no meio intra e extra escolar.

A partir desse congresso foi criado um documento básico da Educação Ambiental do Estado do Pará, para subsidiar o governo do Estado do Pará, na leitura do cenário humano e do meio ambiente paraense, o qual foi apresentado e discutido no Seminário Internacional sobre meio ambiente, pobreza e desenvolvimento da Amazônia (SINDAMAZONIA) para consolidar as diretrizes para Conferência Mundial da ONU em 1992 no Rio de Janeiro. Tais documentos nortearam as discussões nas microrregiões do estado.

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