EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA UMA NECESSIDADE PARA A SOCIEDADE DO SÉCULO XXI

Antônio Carlos de Melo, João Moreno de Souza Filho & Thaís de Araújo P. Sales[1]

Prof.ª Dra. Edlucia Dalva Lira Turiano & Prof.ª Dra. Jedida Melo [2]

 

Introdução

Durante milênios a sociedade conviveu com um modelo de educação centrado no professor, que exigia a presença física do mestre. Isso foi realidade entre os judeus cujo ensino se dava nas sinagogas para onde os adolescentes iam para aprender dos mestres. Na Grécia antiga os professores praticavam o ensino peripatético, que era ministrado nos campos, nas praças: os professores ensinavam seus alunos caminhando. Na Idade Média, com o surgimento das Universidades, o ensino passou para a sala de aula, e este modelo moldou todo ensino do Mundo Ocidental.

No final do Século XX e início do século XXI, como o advento da internet, tecnologias que passaram a possibilitar o contato a distância e imediato, o EAD passou a ser visto como um “novo modelo” que “libertaria” = o aluno da sala de aula dando-lhe mais autonomia. Mas em que base esse ensino seria aplicado? Quais seriam as suas características? Teria ele menos valor do que o ensino tradicional? É sobre isso que falaremos a seguir.

 

Desenvolvimento 

Ao longo do tempo a ideia de ensino a distância gerou polêmica entre educadores e estudiosos da educação, a falta de discussão sobre o assunto acabou levantando hipóteses de que EAD seria mais uma ferramenta política do governo para enfraquecer a categoria da educação, uma vez que a visão da figura docente seria limitada apenas a elaborar textos e exercícios por meios tecnológicos, sem a interação física do professor para intervir a priori no ensino-aprendizagem do aluno. Diante disso criou-se um pré-conceito de que a educação a distância não tinha qualidade, pois fugia da forma convencional de ensino e tal popularização seria uma forma do governo manipular os mais desfavorecidos com programas educacionais duvidosos na tentativa de corrigir erros e atrasos provocados pelos descasos dos governantes com a qualidade da educação. Como compreende Mugnol (2009) ao dizer que:

A exemplo do que acontece nos dias atuais, as iniciativas de EAD eram tidas como de baixo nível, faziam parte dos ideais de democratização do ensino, mas sofriam preconceitos e tinham o estigma de ser um ensino destinado às massas, à população marginalizada, para compensar os atrasos educativos provocados pelo modelo capitalista de desenvolvimento (p.3)

No Brasil os primeiros indícios de educação EAD tiveram início através dos cursos profissionalizantes por correspondências, mas com os crescentes avanços tecnológicos os objetos como televisão, DVD e mais tarde retroprojetor, computador etc.… passaram a serem utilizados de forma mais continua no ambiente escolar, no início do século XX educação a distância já era uma modalidade de ensino que atendia   desde o ensino fundamental à pós-graduação. Como salienta PALLARES ao dizer que a EAD:

...foi a modalidade educacional que mais se preocupou com metodologias e seu aperfeiçoamento, passando por inúmeras etapas, cada qual ajustada há seu tempo e a seu universo de alunos, numa clara demonstração que a educação é um processo centrado no aluno e nas suas necessidades de aprendizado. Assim, a primeira e mais duradoura ‘onda’ da Educação a Distância é o Ensino por Correspondência, largamente utilizado até os dias atuais. Baseia-se em materiais de aprendizado impressos com suporte de tutoria oferecido por diversos meios. Posteriormente, vieram as ‘ondas’ de áudio-cassete, vídeo-cassete, teleducação, e-learning etc. Cada uma dessas ‘ondas’ representou para a Educação a Distância um degrau de afirmação da eficiência de seus procedimentos. (2005, p. 11)

Diante da grande busca por parte dos alunos em querer fazer cursos à distância, muitos profissionais passaram a se interessar e investir em formações no campo da EAD o que contribuiu ainda mais para a expansão do ensino a distância que traz tanto para alunos quanto para professores os seguintes benefícios:

  • A flexibilidade dos horários (tanto para o professor quanto para o aluno)
  • Comodidade de estudar em casa no horário que desejar.
  • Economia, pois cursos EAD têm preços mais acessíveis para os estudantes.
  • Inclusão, pois alunos que tem dificuldade de locomoção ou até mesmo alunos de regiões com pouca acessibilidade passaram a ter acesso ao ensino.
  • Interação, mesmo a distância há interação entre professor e aluno. (Para professores que já sofreram com agressões físicas de alunos esta modalidade é um benefício, pois traz tranquilidade e é menos estressante que a forma convencional)
  • Diplomas reconhecidos pelo Ministério da Educação (para casos de cursos tecnológicos, graduação e pós-graduação)

Características da Educação à Distância

No seu início, a educação a distância foi criticada pelos defensores da educação tradicional porque suas características são totalmente diferentes do ensino tradicional.

Destacam-se na educação a distância as seguintes características que serão comentadas mais à frente:

Distância física entre professores e alunos;

Influência de uma organização educacional;

Uso de tecnologias para interligar professores e alunos;

Comunicação bidirecional;

A individualização dos aprendentes;

A autonomia dos alunos frente aos desafios educacionais.

1 – Distância física entre professores e alunos – Na educação tradicional a presença física do professor é vista como essência do ensino. Sem o professor os alunos “se perdem”, não têm direcionamento. No EAD a presença física do professor não é necessária, assim, o professor torna-se um mediador para o aprendiz, um guia para seus alunos.

2 – Influência de uma organização educacional – Isso dá validade e peso legal ao ensino a distância, o que torna o EAD organizado e coberto pelas leis vigentes.

3 – Uso de tecnologias – As novas tecnologias favorecem tornam o ensino a distância possível, eficaz e eficiente. Sem o celular, os tablets, a internet, seria impossível haver o ensino a distância ágil como é hoje. Com um clik o aluno pode enviar seu trabalho sem precisar gastar dinheiro e dias de espera através dos correios. Isso também barateia os custos do ensino a distância pois as instituições não têm que gastar com papeis, formulários, certificados. Tudo é feito digitalmente.

4 – Comunicação bidirecional – Através de chats é possível haver interatividade entre aluno e professor, e entre os próprios educandos, assim o ensino a distância torna-se mais prático e dinâmico.

5 – Individualização dos Aprendentes – Enquanto que no ensino tradicional os professores falam, ao mesmo tempo, para dezenas de alunos, no EAD o contato é individualizado pois o professor tem que se dirigir a cada aluno por vez o que torna mais clara a avaliação do professor sobre cada aluno.

6 – A autonomia dos alunos – No ensino tradicional os alunos “recebem” os saberes educacionais. No EAD eles devem ir atrás, tornando-se, assim, autodidatas. Sem este esforço do aluno é impossível haver ensino a distância eficaz. Dessa forma, no ensino a distância o aprendizado é certo, se o aluno for esforçado e responsável.

A Educação à Distância e o Mercado de Trabalho

Visto que a concepção e exigências do mercado de trabalho no mundo atual, é de um profissional com formação acadêmica em áreas específicas ou afins e que atenda as necessidades de uma das empresas em aprimoramento profissional, bem como condicionante social do próprio cidadão que busca se estabelecer, ou mesmo se firmar mediante tais exigências. Podemos ressaltar que um dos objetivos da EAD, é de realizar atividades de formação e aperfeiçoamento, capaz de interferir positivamente na sociedade.

Como diz OTTO PETERS (2001), um dos pesquisadores citados no relatório VOCTADE de 1007, ao escrever sobre teoria da industrialização, considerou que o ensino a distancia incorpora os métodos do trabalho industrial.

Diante disso podemos considerar que as discussões sobre a formação por meio da modalidade à distância podem ser vistas pela ótica do mercado de trabalho e formação profissional como um meio positivo, que envolve possibilidades e oportunidades de emprego. Visto que, boa parte dos alunos da educação à distância são geralmente aqueles que buscam formalizar sua capacidade e habilidades para se projetarem socialmente, tanto do ponto de vista acadêmico, se especializando, quanto profissionalmente, aprimorando suas competências para o mercado de trabalho em meio a uma sociedade cada vez mais competitiva.

 

Conclusão

a diferença básica entre educação presencial e a distância está no fato de que, nesta, o aluno constrói o conhecimento – ou seja, aprende – e desenvolve competências, habilidades, atitudes e hábitos relativos ao estudo, à profissão e à sua própria vida, no tempo e local que lhe são adequados, não com a ajuda em tempo integral da aula de um professor, mas com a mediação de professores (orientadores ou tutores) (BRASIL, 2003, p. 03).

 

A História da educação a distância é marcada por muita luta, pois mais do que uma modalidade educacional a proposta da EAD é servir como uma ferramenta de inclusão e democratização do conhecimento, independente de cor, raça, religião, condição social ou física o aluno desenvolve suas competências ao seu tempo e escolhe a profissão que desejar sem perder a qualidade, pois é o próprio discente quem escreve sua trajetória.

Referências

http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/ReferenciaisdeEAD.pdf

MUGNOL, Márcio. A Educação à Distância: Conceitos e fundamentos. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 9, n. 27, p. 335-349, maio/ago. 2009

PALHARES, R. A educação a distância, uma antiga, ilustre e ainda desconhecida modalidade de educação. In: SANCHEZ, F. (Coord.). Anuário brasileiro estatístico de educação aberta e a distância: 2005. São Paulo: Instituto Monitor, 2005.

 

[1] Mestrandos em Ciências da Educação – FICS

[2] Doutoras em Educação – UEP e FICS