E se...

 E se de repente nos percebêssemos órfãos... Órfãos da internet, infectada por um poderoso vírus que a fez morrer, desconectando-nos do mundo, sem saber de tudo que acontece à nossa volta, alheios às novidades, aos assuntos do momento, sem a velocidade na troca de informações. Como será que nos sentiríamos isolados do mundo sem o mundo virtual? Como nos comportaríamos? Voltaríamos ao tempo em que cartas eram enviadas  e que quando chegavam, traziam novidades envelhecidas? Saberíamos escrevê-las e ter paciência suficiente para esperá-las? O que fazer sem a comunicação instantânea? Recorrer ao bom e velho telefone... Mas como? Esperando um tempo enorme, já que tudo no espaço ficaria sem espaço suficiente para trafegar.

Será que nos lembraríamos das visitas não feitas, dos bate papos, das leituras a tanto tempo abandonadas, a espera do momento certo?

Como contar ao outro quem somos, o que fazemos, o que de melhor nos acontece, as nossas conquistas, o quão bons nos tornamos, seres solidários que somos... Enfim, como compartilhar tudo que vale a pena ser compartilhado, se estamos offline, vivenciando momentos desinteressantes e lentos? O que fazer sem saber o que está ocorrendo aos nossos amigos virtuais? Como não mais interagir com eles?

Voltaríamos a participar dos almoços em família regados a bate papos, risadas, pequenas rusgas, palavras jogadas ao vento, sem a preocupação de estender nossa visão para o mundo? Não mais sentados à mesa, juntos e separados pelos jogos virtuais, chats...

Será que saberíamos, sem a proteção da tela, dizer bom dia frente a frente para alguém, ou nos esconderíamos para dizê-lo? E as verdades, será que as diríamos? Será? É tão mais fácil falar sem encarar alguém... Ou não?

Não mais dor nas costas, LER, obesidade, sedentarismo, não mais fotos postadas no Instagran, não mais diz que diz que, compras... Não mais tudo.

O que fazer enquanto esperamos a consulta médica, odontológica... Conversar?????? Saberíamos? Estabelecer  relações não é tão simples assim. Ou é? Ou era?

Será que resgataríamos a totalidade das horas, não mais imaginando que elas voam e nos deixam sem tempo para viver o tempo suficiente que pretendemos seja mais longo?

Ao ficarmos sem a internet somos premiados e castigados. Cabe a nós decidir o que é premio e castigo nessa troca do virtual pelo real, pelo físico. Difícil ou fácil?

Será que voltaríamos a escrever no bom e velho português tão esquecido e trocado pela linguagem  um tanto quanto diferente, o Internetês?

São tantas perguntas sem respostas, tantas respostas sem perguntas, que pensando bem... Melhor é deixar tudo como está.

Melhor usufruir da tecnologia que nos foi presenteada pela modernidade.