E por falar em saudade

Por Geraldo Goulart Barbosa | 04/09/2019 | Filosofia

“E por falar em saudade onde anda você”. Esta frase de uma música antiga nos faz lembrar que ter saudades é inerente ao espírito humano ou a alma humana. O ser humano sente saudades de pessoas, situações e sentimentos que marcaram sua vida. Infelizmente algumas saudades sentidas não são sempre boas, mas todas as pessoas se lembram, e às vezes com saudades, de bons momentos vividos.

Por exemplo: Por onde “anda” a gentileza que as pessoas tinham umas com as outras? Todas as manhãs as pessoas costumavam saudar com um alegre “Bom dia” as outras pessoas, quer estivessem na rua, ônibus, trabalho ou ainda dentro de suas casas. Hoje mal temos tempo de ver nossos familiares, com a agitação da vida parece não “sobrar” tempo para um “Bom dia?” e quando arriscamos “dar um bom dia” percebemos, às vezes, que as pessoas estão distante, estressadas, mal humoradas e apressadas. Isto, já de manhã.

Por onde “anda” o respeito pelos mais velhos e pelos pais e mães? Quando falo respeito pelos mais velhos não quero com isto dizer sobre o “ceder” o lugar nos ônibus e nas filas. Falo entretanto, de um respeito pela experiência de vida, pelos bons conselhos que não se ouvem mais e, quando ouvidos, não são considerados.

Quando falo em respeito pelos pais e mães parece coisa ultrapassada já que os pais hoje são mais reféns dos filhos que propriamente pais e mães. Digo reféns porque o refém pode ser trocado pela liberdade, por dinheiro, por viagem, por fuga e por objetos.

Como pais e mães geralmente não é assim que nos sentimos? Os filhos não pedem, exigem, se não atendermos aos caprichos deles eles fazem um motim, uma revolta, fazem retaliações que vão desde não ajudar nas tarefas de casa (para os poucos que ainda ajudam) até mesmo a não estudar, tomar banho, cortar o cabelo, visitar os avós, e outras retaliações tantas e diversas.

Por onde “anda” a tolerância com o próximo? Somos tão intolerantes que no transito “ultrapassamos” o carro da frente só para ficar “na frente” queremos ser os primeiros a chegar, mesmo que seja para esperar. E quando esperamos queremos ser os primeiros a ser atendidos.

Não há tolerância nem paciência no individuo nem mesmo para o diálogo por mais simples que seja, quando o individuo “erra” se for chamado sua atenção é possível que ele brigue, bata e até mesmo mate àquele que chamou sua atenção. Antigamente em um “erro no transito” por exemplo, as pessoas falavam “me desculpe” hoje se há algum “erro” as pessoas dizem “vai encarar”???? Neste caso, não encaro nada. To fora!!!!!

Assim vivemos a vida com saudades daquela vida antiga e calma que tínhamos. Vivemos a vida lembrando das situações que causavam risos entre as pessoas envolvidas. Hoje a maioria das situações entre indivíduos causam mágoas, ódio, rancor, desconfiança, insegurança, algum tipo de violência e até mesmo morte.

Veja um exemplo citado acima, (uma situação de transito) as pessoas não resolvem amigavelmente nenhuma situação, sempre somos conduzidos para uma conversa onde domina os palavrões, o desrespeito, a força física de um sobre o outro. O diálogo no qual é possível o respeito e a educação mutua está cada vez mais raro entre os indivíduos.

Quase todas as situações de convivência humana parecem estar se deteriorando. Vemos situações de estresses nas filas de banco, supermercados, postos de combustível, cinemas, teatros, onde houver ajuntamento humano existe probabilidade de alguém sair machucado, ou morto devido à falta de tolerância, educação e diálogo entre as pessoas.

“E por falar em saudade”, onde “anda” nossa tolerância, educação, respeito, civilidade e a paz aos homens de boa vontade ????

Geraldo Goulart

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