Algumas situações vieram a me provar isto.

As razões desse suposto carisma, são apenas os mais variados interesses queEu nunca fui de ter muitos amigos, nunca fui daquelas pessoas que aonde estão se forma uma roda de gente em volta. São estrelas, e uns até nem conseguem obter a atenção que esperavam, tal é a concorrência, mas só o fato de que essa pessoa fique conhecendo de algum lugar, já significa uma entrada para alguma determinada oportunidade que se apresentar, pensam alguns deles. 

Minha experiência veio de perceber que nessas rodas de amigos, amigos mesmo sempre havia muito poucos, ou mesmo nenhum.  uma pessoa desperta nos outros, que acreditam que ela poderia lhes ser útil pela importância que ela tem. Percebi que esse carisma sempre estava ligado à sua influência, ao cargo que ocupava seja lá onde fosse, à profissão que exercia, enfim isso levava a crer que a amizade com ela lhe possibilitaria realizar algo desejado. Com algumas exceções, veja bem, com algumas exceções, era esse o segredo daquela pessoa ser o centro de tantas atenções.

Nunca me esqueci do quadro vivo que presenciei numa manhã chuvosa, quando certo senhor, antes centro de muitas atenções, caminhava sozinho sob a neblina, cabisbaixo e pensativo no pátio de uma conhecida entidade onde tinha ocupado um lugar de muita importância. Naquele momento passavam por ele funcionários, alunos, professores, gente importante, gente sem nenhuma importância, que o olhavam de soslaio e mal o cumprimentavam, mas ele, indiferente a tudo caminhava lentamente, meio perdido e sem rumo, entregue aos seus pensamentos.

Da janela onde eu estava o observa, e num flash back mental eu o revia, quando em dias bem melhores ele caminhava apressadamente naquele mesmo lugar, sempre acompanhado de um grupo de interesseiros e bajuladores. Ele estava, naquela época, vivendo um novo estrelato em sua vida. Os assuntos importantes eram tantos que ele falava sem parar e se desmanchava em sorrisos, apertos de mãos e tapinhas nas costas. Aos pequenos ele sequer dirigia um olhar, e a alguns esboçava um sorriso entredentes ou  cumprimentava com um leve movimento de cabeça.

Então fiquei a pensar: agora o filme que terminou. No início a fila enorme na bilheteria, depois a reverência do silêncio, a expectativa de ver o novo filme, o aconchego nas poltronas, pipocas quentinhas e refrigerante para acompanhar o espetáculo. E o filme começava. Só que mesmo que o filme tenha sido bom, dificilmente a gente quer assistir outra vez. Estou certa? A gente sempre gosta é de ver coisas novas, sempre esperando que seja ainda melhor, embora quebre a cara.

E naquele dia um novo filme é que estava em cartaz, outra estrela  começara a  brilhar. A antiga estrela acabava de se apagar, caíra ao solo e se movia lentamente sob aquela chuva fina, no mesmo lugar em que tanto brilhou. Ali ela estava sufocada pelo brilho das novas estrelas que ele veria surgir,  novos interesseiros e bajuladores, a nova falsa platéia que logo começaria a aplaudir seu novo ídolo.

É a vida.

Autora:Junia - Mangaratiba, 03/4/2015