DOUTRINA CRISTÃ

I - INTRODUÇÃO

"E nos mandou pregar o Evangelho ao povo e testificar que Ele é que foi constituído por Deus, juiz de vivos e de mortos. Dele todos os profetas são testemunho de que, por meio de seu nome, todo aquele que nele crer recebe remissão de pecados"(Atos 10:42-43)

O versículo acima nos informa acerca da essência do Plano de Deus para o homem, por meio de Jesus Cristo e seus discípulos.

Este Plano existe deste a eternidade, é imutável, uma vez que Deus é verdade, justiça e a sua palavra não se desfaz.

Observando os tempos que antecederam a vinda de Cristo, como filho de Deus, para aqui se fazer homem, sujeito a dores e sofrimentos, constataram a existência do Plano de Deus para o homem, o qual foi anunciado por meio dos profetas de Deus, antecessores a Doutrina Cristã.

Não obstante a vigência dos mandamentos divinos escritos por Moises, sob a ordenança de Deus (Êxodo 20:1 ao 17), o povo que teve o privilégio de ouvir a voz de Deus, ao falar dos céus com Moisés, desviou-se das leis, cultuando outros deuses, dando assim início a perpetuação de novas doutrinas, pois criaram imagens de esculturas e começaram a adorá-las como outros deuses, chegando ao cúmulo de adorar animais e serpentes como deuses sagrados.

Com o passar do tempo, surgiram os falsos profetas e seus adeptos, que se apoderando de alguns princípios de Deus, desenvolveram doutrinas diversas, nas quais é visivelmente detectável a intenção de afastar o homem da presença do Pai, atraindo-o para o materialismo. Estas doutrinas têm base espiritual fragmenta pela inexistência dos fundamentos divinos que norteiam o Plano de Deus, ou seja, a transformação do homem natural num ser espiritual, santificado, cuja essência seja o amor ao próximo e o temor a Deus.

Não estão mais ocultas as falsas doutrinas. Grandes religiões surgiram, estando em pleno desenvolvimento. Algumas perseguem e matam os seus semelhantes, simplesmente por estes terem outras convicções religiosas, a exemplo dos cristãos, que são odiados pelos mulçumanos, por não se deixarem persuadir por outro ensinamento, senão aquele ensinado por Jesus aos apóstolos.

O profeta Paulo ratifica que Deus já escolhera os que seriam salvos, desde antes da fundação do mundo, para serem santos e irrepreensíveis perante Ele e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade (Efésios 1:4-5).

 

II – ELO DE LIGAÇÃO DO HOMEM A DEUS

A ligação do homem a Deus se deu no Plano Eterno quando Deus o criou (Gênesis 2:7-8). Naquele tempo o homem dialogava com Deus (GN 3:7 ao 10), tendo o pecado da desobediência gerado a separação deste convívio direto, vindo o homem a ser expulso do jardim, ou seja, lhe foi tirada a guarda da árvore da vida e dada aos querubins (Gn 3:24).

Batizados pelo nome de Adão e Eva se iniciam a peregrinação do homem sobre a terra. Fácil é detectarmos que a relação ou o elo de Deus com o homem se dá por meio do amor. Se no coração do homem existir o amor, este faz parte com Deus e significa que este homem tem qualidades que exprimem o caráter de Cristo (I João 4:7).

O exemplo narrado na Bíblia de ter Deus se agradado da oferta de Abel e não da de Caim vem confirmar tudo que já narramos até aqui, neste estudo bíblico, pois Abel ofertou de suas premissas, daquilo que melhor dispunha para dar ao Pai, pois em seu coração existia o amor supremo pelo criador. Já Caim sentiu ciúmes e inveja do irmão, quando percebeu que Deus se agradara mais da oferta do irmão que da sua. Este fato provocou a ira de Caim, a ponto de matar o próprio irmão.

O que concluímos ? Que existe algo forte e inexplicável no campo da subjetividade de Deus ao julgar, ou seja, algo que somente poderá ser visto e avaliado em cada ser pelo próprio Deus, não servindo de parâmetro ou exemplo a relação de cada um de nós com o Pai.

Mas algo claro e cristalino está exarado nas Escrituras Sagradas: Deus ama a todo aquele que lhe guarda obediência aos seus mandamentos, assim como aosque crêem em Jesus Cristo como sendo o seu filho amado, que aqui esteve em humildade de vida, como mestre e profeta.

A missão do filho de Deus era salvar o povo de Israel, mas este o rejeitaram, pois assim nos diz as Escrituras:"Veio para o que era seu, e os seus não o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem em seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1:11 ao 13)

 

III – AS FALSAS DOUTRINAS

Não nos resta nenhuma dúvida de que o homem tem parte com Deus, sendo Jesus Cristo o Plano Perfeito do Pai. A promessa lavrada é que os homens remidos, que foram lavados pelo sangue do cordeiro (Apc. 22:15) herdarão o Reino dos Céus e se tornarão co-herdeiros com Cristo Jesus, ou seja, serão filhos legitimados do Pai.

Esta condição essencial somente é adquirida por aqueles que alcançam a salvação e aqui peregrinam dentro do ensinamento de Jesus, não ignorando os mandamentos e fazendo aquilo que o profeta Miquéias deixou dito: "Deus espera que pratiquemos a justiça e que amemos a misericórdia, andando com Ele todos os dias, com humildade" (MQ 6:8)

As ditas "falsas doutrinas" não foram criadas por Deus mas pelos homens. Deus já falara por meio de seus profetas e Jesus dito aos seus discípulos que estariam entre nós os falsos profetas. Paulo falava aos seus discípulos para fugir daqueles que promovem discussões e interpretações divergentes daquelas que são reveladas pelo Espírito Santo.

Estas doutrinas se opõem ao serviço de Deus e aniquilam a fé, uma vez que a verdadeira doutrina Cristã visa revelar o amor que procede de coração puro,da boa consciência, da fé sem hipocrisia (I TM 1:5).

Hoje, muitos líderes se afastaram da sã doutrina e adotaram outras, eivadas de mistificações. Estas lideranças se passam por mestres da Lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações.

A Igreja de Jesus é perfeita, pois está assentada nos princípios de Deus, que constituem a sã doutrina. Esta doutrina visa à libertação do homem carnal para transformá-lo em um ser espiritual forte, capaz de resistir ao diabo e discernir todas as coisas.

As mutações ocorridas nas Igrejas Evangélicas estão se perpetuando. Tantos eventos e diversões estão sendo trazidos para dentro das Igrejas e este fato tem gerado perplexidade aos verdadeiros convertidos. Daí, observamos uma rotatividade de membros circulando Igrejas. Este fato produz um efeito devastador no nosso meio porque uns se afastam do Evangelho porque ainda são meninos na fé e saem a procurar outros caminhos. Alguns, concluem não haver seriedade dentro das nossas Igrejas Evangélicas e que estas representam "negócios rendáveis" aos pastores, que pouco atenção têm dado ao rebanho de Jesus.

A Igreja é uma casa de oração, onde os irmãos se reúnem para ouvir a palavra, e ser instruídos para o serviço de Deus (Ministérios). Ali buscamos a face de Deus ao orar e suplicar por suas misericórdias, a fim de sermos conduzidos por seu Espírito Santo.

A prática do Evangelho se resume em buscar a Deus primeiramente, priorizando em nossa vida aquilo que o Senhor espera de cada um de nós, seja uma simples tarefa a outra mais complexa, como a de Mestre na palavra sagrada.

À medida que o buscamos de todo o coração, somos fortalecidos e alimentados, cheios pelo Espírito Santo. Uma pessoa se qualifica "cheia do Espírito Santo" quando no seu interior existe o amor, a piedade e a humildade no seu modo de viver. E a humildade não é atributo ou qualidade de pessoa pobre, pois no meio destas, muitas se mostram arrogantes. O humilde é aquele que tem a capacidade de ser simples, amoroso, que expressa interesse pelo bem estardo outro e não inveja o seu próximo, não se julga maior que o irmão.

 

IV - A DIVULGAÇÃO DO EVANGELHO

 

Com a morte de Jesus, após a sua ressurreição, muitos vieram a crer que Ele era o filho de Deus. O Evangelho começou a ser pregado intensamente pelos discípulos de Jesus. O poder de Jesus era manifesto pelos seus discípulos, por intermédio do Espírito Santo, pois milagres e maravilhas aconteciam, pessoas eram curadas e libertas para a honra e glória de Deus Pai. Também grandes mistérios foram revelados pelo Espírito Santo a Paulo, que com intrepidez divulgava esta Doutrina Cristã, formando discípulos e ministros na palavra de Deus.

As Igrejas foram sendo formadas e grande se tornava a perseguição aos seguidores de Jesus. Os opositores se justificavam pela Lei e assim o joio crescia junto ao trigo. Mas Paulo enfatizava os preceitos trazidos por Jesus e assim se reportava a Lei:

"Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela Lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte. Agora, porém, libertados da Lei, estamos mortos para aquilo que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra" (Romanos 7:5-6).

Não obstante as perseguições aos cristãos após a morte de Jesus, o Evangelho se expande e as Escrituras Sagradas foi sendo traduzida em vários idiomas, espalhando-se assim a Doutrina Cristã por vários Países. Grandes homens de Deus foram ungidos para evangelizar, tendo muitos sido mortos por causa do Evangelho.

A Igreja Católica foi a maior perseguidora dos cristãos, pois dela saíram os fundadores do protestantismo, vindo posteriormente os ditos "Heróis da fé" que ganharam multidões de almas para o Reino.

Felizmente, hoje as Igrejas Católicas estão evangelizando, focando mais a Jesus Cristo e já admitem o poder do Espírito Santo que atua em nós, como intercessor entre nós e o Pai, os eleitos para a obra do Reino.

Mas, se o Evangelho cresce a cada dia, como entender a quantidade de desviados da fé que as pesquisas revelam?

Deus é o arquiteto do Universo. Obviamente, somos provados pelo fogo, pois assim nos diz as Escrituras. Também nela está dito duas outras coisas: primeiro, que haveria o joio no meio do trigo, ou seja, a presença do mal, os falsos mestres e os adeptos do diabo; segundo, Deus revelou a Paulo que o nome de Jesus estaria acima de qualquer outro nome, para que "diante de Jesus se dobre todo o joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor"(FP 2:10 e 11) .

Também o próprio Jesus nos falou: "Vede que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo, e enganarão a muitos... Então sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos hão de se escandalizar, trair e odiar uns aos outros; levantar-se-ão falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até ao fim, esse será salvo. E será pregado o Evangelho do Reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim" (MT 24:4 ao 14).

Analisando estes textos bíblicos, constatamos não ser novidade o tempo que vivemos. Falsas doutrinas, falsos mestres, corrupção no meio evangélico, presença dos frutos do mal (pecados), esfriamento dos cristãos, etc.

A visão que tenho acerca do esfriamento da fé, o qual Jesus há mais de dois mil anos profetizara, ocorre por desvio de finalidade, ou seja, a começar pelos sacerdotes e líderes, este processo se inicia com a pregação da palavra de Deus de forma adulterada. E Deus não admite que a sua palavra seja mudada, pregada de forma personalizada, dada interpretação individual ou coletiva. A sua palavra é revelada pela ação do Espírito Santo.

Hoje, textos bíblicos são recordes de pregação, especificamente, aqueles que falam de prosperidade, enquanto a doutrina cristã contém revelações maravilhosas que trazem a sabedoria ao homem, exorta-o para a salvação, desenvolvendo assim no homem um caráter digno de ser chamado filho de Deus.

Existem muitos fatores causadores de desânimo na fé. Na medida em que o homem substitui Deus por um ritual ou algo material, palpável, como sendo essencial a obtenção de algo, ele está a renegar a sã doutrina. Um exemplo para isso é daquele que somente busca a Deus para obter favores, bênçãos individuais. E porque acontece isso ? Como se processa a mudança de um ser que aceitou a Jesus e se desvia para outros caminhos?

Numa escala de 1 a 7, classifico o esfriamento de um cristão, quando este:

1.Não prioriza Deus em suas vidas. Os problemas, o trabalho, o lazer, tudo lhe é mais próximo e importante que o Pai Celestial (Lucas 12:31).

2.Não ora buscando de Deus uma direção para sua vida e objetivos. Davi conhecia a palavra e guardava o temor a Deus. Como bom filho, buscava o Pai para saber que atitudes tomar diante do inimigo, se ele avançaria ou recuaria diante de uma guerra. As pessoas que não expõem os seus problemas diante de Deus e avançam por conta própria, fracassam e colocam o erro sobre outras pessoas, especialmente na religião e no próprio Deus.

3.A incredulidade. Esta é a maior causa de esfriamento e distanciamento do homem a Deus. As pessoas vão as Igrejas, participam de atividades, mas os seus corações estão vazios. Há falta de amor ao próximo, não exercem a misericórdia, não crêem na palavra nem a praticam.

4.Não tem persistência no pedir e no buscar a Deus. Então, fica a se lamentar, enxergando apenas a benção que o irmão recebeu e ele não.

5.Falta-lhe a fé. A fé é a ratificação daquilo que desejamos e esperamos de Deus. Ao orar, devemos repetir ao Pai que cremos no seu poder e que Ele é poderoso para nos dar além daquilo que esperamos, pedimos ou desejamos.

6.Não tem gratidão a Deus. Aquele que agradece as pequenas coisas guarda em seu coração a humildade expressa por Jesus. Ser grato é reconhecer a presença de Deus na nossa vida, minuto após minuto. Uma simples oração a Deus, solicitando uma vaga num estacionamento cheio, revela ao Pai a nossa dependência dele. Há pessoas que recebem bênçãos imensuráveis e se quer testificam de Deus aos outros irmãos para que aqueles "tenham bom ânimo".

7.Não tem empenho na obra de Deus. Quantas pessoas você vê nos bancos da Igreja, anos após anos e nenhum fruto dá ao Senhor ? Estas pessoas gritam, pulam na Igreja, vão ao churrasco, aos passeios, dão o dízimo da hortelã mas se esquecem que "amar é dar e não receber tão somente".

 

V – CONCLUSÃO

Amados, Deus é real, presente na vida daqueles que nele crêem e esperam. O caminho que nos levará ao Pai é Jesus Cristo, pelo qual conhecemos a palavra de Deus e os seus princípios. A nossa caminhada sobre a terra tem que ter estes fundamentos: amor, justiça e fé ( 2 Pedro 3:9 ao 13). A chama que nos mantém vivos, motivados para a vinda de Jesus é a esperança das promessas de Deus para o homem numa vida futura, espiritual, livre de sofrimentos, pois assim o Profeta Isaías tão bem nos informa.

O nosso relacionamento com Deus Pai, Filho e Espírito Santo é individual, assim como é a nossa salvação, que se baseia na fé, no amor e na esperança (I Co 13:13).

Os ventos de doutrinas passam por nós como ruídos, sem nenhum significado para aqueles que estão cheios, revestidos pela palavra de Deus. O Espírito Santo discerne em nós todas as coisas (I João 2:27), portanto ficai atentos as heresias pregadas na televisão, em grandes movimentos realizados em nome de Jesus. O diabo veio para matar, roubar e destruir (João 10:10) .... mas as ovelhas ouvem a voz do seu Pastor (João 10:1 ao 5).

A Doutrina Cristã é aquela pregada pelos discípulos de Jesus, cujos princípios de Deus estão presentes desde a eternidade. Tudo aquilo que for pregado e dito, além do que nos diz as Escrituras Sagradas são distorções, criações humanas e diabólicas para afastar o homem do caminho da vida eterna.

E para você que está frio ou morno na Igreja, se afastando dos caminhos do Pai, retorne. Siga o exemplo do filho pródigo (Lucas 15:11 ao 32), que ao deixar o seu pai pelos atrativos do mundo material, fracassou, foi humilhado e desprezado por aqueles que se diziam amigos. Você tem um amigo, Jesus Cristo, que lhe chama nas condições em que estais. Não olhe para o homem e sim para Deus (Jeremias 17:5-7). Siga os bons, ou seja, o homem de bem, que dá bom testemunho, que se esvazia da soberba e exerce a misericórdia e a justiça.

O Senhor nos separou para sermos a sua Igreja. Sejamos luz para outras pessoas e alimento (sal da terra) para os que estão cansados, famintos e oprimidos.

Que a Paz de Deus esteja em todos nós!

Zenaide Alcântara de Sousa