Don Juan.

Acendo a lareira 
E ascendo em meus pensamentos
Vago-me até o meu afim
A fim de encontra-lo em meus sonhos
Arreio meu cavalo no meio da tempestade
Cavalgo... cavalgo... E cavalgo
Deixo o peso da água arriar minhas vestes
E eis que avisto um cavaleiro
Que num salto impulsivo
Caminha em direção à minha montaria
Toca minha mão como um verdadeiro cavalheiro
E de tanta beleza...
Cega-me,
Priva-me da visão
Atordoada tento descer
Enrosco-me na sela
Então o Don Juan a sega
Enquanto me prende na cela da paixão
Cerro meus olhos agora cegos
Mergulho no primeiro beijo
Serro qualquer pensamento
Meu corpo apenas é abrigo
Emergem sensações:
Frio, arrepio, calor...
E numa apropriação absoluta
Sinto nossos corpos imergirem
Dançamos, “valsamos
Vento quente de “suspiração”
Logradouro úmido e escorregadio
Oscilações entre quente e frio
Devaneios e harmonização
Cheiros e sabores se misturam
Nosso único expectador é a natureza
Como expectativa, a grandeza
Grandeza emergindo
Na junção de dois seres divinos.

 

L. A. L.