DOCE ILUSÃO, TRISTE COMPREENSÃO

Na quimera pródiga que é ser criança, perdi alguns temores e continuei com outros. Obtive algumas conquistas e algumas derrotas também. Realizei muitos sonhos e chorei com certas frustrações. Enfim, mesmo que, às vezes, sem compreender, vivi intensamente e colhi bons frutos, assim como aprendi valiosas lições em momentos de vicissitude.

Viver essa utopia fez-me um devaneador, sempre querendo tocar o arco-íris. Às vezes, pretendendo nadar no céu por confundir sua cor com a água do mar. Entretanto, ficar adulto e compreender como a vida realmente é me deixou decepcionado, pois, embora consiga entender as solércias do cotidiano, não me é aceitável ver tantas injustiças e, por isso, sinto-me um peixe fora d’água. Talvez fosse melhor continuar sendo um ”guri” e conhecer apenas aquelas “águas do céu” onde outrora eu sonhava em nadar.