Doação De órgãos

Por Maria Cristina Galvão de Moura Lacerda | 10/09/2006 | Saúde

Sempre lutei para difundir a necessidade de doarmos nossos órgãos e há muito minha família já tem conhecimento da minha vontade de doadora, contudo hoje gostaria de compartilhar de uma emoção única, que é de estar junto de um paciente que recebeu um transplante de córnea.

Chamaremos de Renata a moça que aos 20 anos perdeu a visão e esperou por dois anos por um transplante. Hoje pela madrugada recebi um telefonema dela que havia chegado a hora e que o hospital telefonou para que viesse para Campinas (ela mora em outra cidade) a fim de receber uma córnea.

Sua família é simples, o único membro que tem carro trabalha à noite e ela precisaria vir de imediato a fim de fazer os exames preliminares e obter a autorização da UNIMED. Fui buscá-la e a encontrei rindo e chorando.

Resumindo para que não tenham que ler as "babaquices" de uma "sentimentalóide" emocionada: são 14 horas e 34 minutos, Renata já está à caminho de sua casa e no prazo de dias começará a enxergar novamente.

Talvez não consiga fazer o transplante no outro olho, mas para ela, um olho só já está "prá lá de bom" e poder ver o rosto do sobrinho de dez meses é a glória suprema .

A emoção é indescritível para quem recebe e foi-me uma bênção estar ao lado dela pois compartilhamos expectativa e esperança.

Também foi um alerta pois sei da responsabilidade de mais do que nunca deverei "vestir a camisa da campanha de doação de órgãos" e é o que pretendo fazer com muito entusiasmo doravante.

Peço a Deus que conforte a família que teve a nobreza do ato de doar e luz e paz ao irmão que deu do seu corpo material.

Em alguns pontos, podemos até divergir quanto a nossas crenças ou opções pessoais mas a oração que transcrevo abaixo e cujo autor desconheço, tem um apelo muito forte e serve de reflexão quanto ao destino que daremos ao nosso vestuário material:

Oração do Doador Desconhecido

Não chamem o meu falecimento de leito da morte, mas de leito da vida.

Dêem a minha visão ao homem que jamais viu o raiar do sol, o rosto de uma criança ou o amor nos olhos de uma mulher.

Dêem o meu coração a uma pessoa cujo coração apenas experimentou dias infindáveis de dor. Dêem o meu sangue ao jovem que foi retirado dos destroços de seu carro, para que ele possa viver para ver os seus netos brincarem.

Dêem os meus rins às pessoas que precisam de uma máquina para viver de semana em semana.

Retirem os meus ossos, cada músculo, cada fibra e nervo do meu corpo e encontrem um meio para fazer uma criança inválida caminhar. Explorem cada canto do meu cérebro. Retirem as minhas células, se necessário, e deixem-nas crescerem para que, um dia, um menino mudo possa ouvir o gritar em um momento de felicidade ou uma menina surda possa ouvir o barulho da chuva de encontro à sua janela. Queimem o que restar de mim e espalhem as cinzas ao vento, para que elas ajudem as flores a brotarem.

Se tiverem que enterrar algo, que sejam meus erros, minhas fraquezas e todo o mal que fiz aos meus semelhantes.

Dêem os meus pecados ao diabo. Dêem a minha alma a Deus.

Se, por acaso, desejarem lembrar-se de mim, façam isso com ação ou palavra amiga a alguém que precise de vocês.

Se fizerem tudo o que pedi, estarei vivo para sempre."

Disque transplante unificado

Para todo o País:
Fone: 0800 883 2323