DO REAL AO IRREAL DO REAL AO SURREAL

          Vivemos uma realidade de surpresas na maioria desagradáveis e essa realidade nos faz reagir de maneira pessimista a qualquer proposta que represente momentos de positividade. Diante da precariedade na prestação de serviços nas nossas cidades, carecia de confiança a proposta de eficiência na qualidade de serviços prestados a um público maior do que o de rotina. Foi assim quando se aproximavam os JOGOS OLÍMPICOS e vivenciávamos a crise política/econômica do país e, em particular do estado do Rio de Janeiro, que  nos fazia refém  da desesperança e do medo das eventuais conseqüências negativas diante do mundo que estaria de olhos voltados para o Brasil.

         Essa expectativa negativa, felizmente, se frustrou e a alegria contagiante do espírito carioca prevaleceu tornando real o que parecia irreal. Resquícios deste momento mágico foram sentidos com a abertura das PARALIMPÍADAS servindo de estímulo à mobilização de um público sensibilizado com a coragem e determinação dos atletas que nos dão lições de vida e revigoram as esperanças de todos que acreditam na existência de um mundo melhor.

          Surpreendendo aos céticos e encantando aos sensíveis, em pouco tempo de realização, as PARALIMPÍADAS nos proporcionam um novo momento mágico que supera o deslumbramento com os jogos olímpicos, os eventos decorrentes e as mudanças ocorridas na cidade. Esperamos que o embevecimento com a superação dos atletas permaneça como um legado a ser lembrado na relação com os nossos pares e se faça sentir nas ações dos nossos futuros representantes eleitos. Duas semanas após seu término, elegeremos prefeitos  e vereadores.

           Como não há bem que sempre dure  e mal que nunca se acabe e a convivência entre eles é obrigatória, depois de momentos de relaxamento,  voltamos a encarar o dia-a-dia que ficou no escanteio por um breve período mas que vai em busca do gol a qualquer preço. É hora de cair na real, curtindo o irreal e votar num quadro eleitoral surreal.

          Eleição tipicamente nossa, em que se vota em pessoas e não numa proposta partidária, votação  estimulada pela proliferação de partidos que se coligam em torno de um objetivo comum que muito surpreenderia se fosse o interesse da população. Atípica porque tem o tempo e o material de propaganda  reduzidos, o que por uma sutileza do processo agrada profundamente aos eleitores.