O OUTRO LADO

A vida, a morte. A dor que cura a ferida em constante cicatrização. Da sombra da escuridão que insiste em ocultar a vida mal vivida, Sem gosto, sem graça. Do outro lado, se mistura juntando ao gosto de sangue. O mesmo sangue que ainda corre quente em minhas veias.

Meu coração pulsante, hoje já cansado, Continua batendo em um compasso diferente daquele de antigamente.

A vida segue, enquanto a morte me espera.

O fim que até então parecida iminente, agora tão distante e tão longe.

O caminho, antes estreito agora se alarga trazendo esperança e alegria e chama pelo meu nome com pressa, parecendo querer recuperar o tempo perdido enquanto eu estava na ativa.

Já descansado e sorridente, permito-me viver a vida.

As dificuldades que antes me atordoavam, agora transformadas em fatos isolados e irrelevantes, alimentando minha vontade enchendo de esperança. Trazendo-me coragem para olhar de frente o outro lado.

De plena consciência, agora tenho a certeza, que eu faço minhas escolhas. E mesmo sabendo que a doença está em mim, isto não quer dizer que eu esteja nela. E só por hoje limpo, sei que existe o outro lado, cuja  dor não é tão intensa, a insanidade já não é mais tão insana assim.

A solução, que antes era totalmente obscura, agora se torna fácil e transparente. E Diante do desejo de assim permanecer, se sobreponha a minha necessidade de sentir prazer em velhos hábitos, em velhas rotinas.

E mesmo que ainda hoje o outro lado ainda me seduza, sei que dele nada mais poderei absorver, pois nada vai me acrescentar e me engrandecer.

O que vejo nele é só dor, escuridão e desespero.

Leandro Vieira

17/05/2014