DO NADA, FAZ-SE UM ARTISTA POPULAR.  APARECE O TUDO, TIRA SUA DIGNIDADE E INGENUIDADE.

A HISTÓRIA DO CHICO DA SILVA

Numa de inúmeras parábolas lida e compartilhada da Sagrada Escritura, uma que sempre denoto é a de que “Deus escolheu os fracos, para confundir os fortes”.  Do que seria os fortes se não existissem os fracos.

E, hoje conto através desse pequeno relato a história de Francisco Domingos da Silva (O chico da Silva ou indiozinho débil mental). De semblante mirabolante, o homenzinho com pouca peculiaridade, sem muita posse, pois, Chico da Silva era filho de uma cearense com um índio na região da Amazonas Peruana.

Do nada, faz–se em um Artista Popular.

Aqui, antes de falar desse gênio da pintura primitivista e por seu um semianalfabeto, repriso outra parábola popular e conhecida no mundo dos negócios a seguinte “Do lixo vem o Luxo”. Assim, acontece na arte, na poesia, e em nossa cultura. Na poesia vimos a Poesia Concretista, de Ferreira Gullar, de Leminski, Chacal. De uma simples folha e ou periódico formam grande vedetes da poesia. No cordel, com versos e estrofes, nas sextilhas ou decassílabos. Pedaços de madeira jogada ao lixo e ou folhas de isopor reaproveitado de padarias, bares, tornam xilogravuras do Mundo Internacional. Quem conhece a história de outro “Chico”, aos 10 anos de idade, fabricava, trabalhava fazendo colher de pau e vendia na feira, ainda ajudava seu pai na terra; é reconhecido como J. Borges, um menino pobre nordestino da cidade de Bezerros que mal sabia ler, desenvolveu a arte da xilogravura no mundo internacional, reverenciada por um escritor português e o dramaturgo nordestino Ariano Suassuna como o melhor gravador e escultor em madeira do Nordeste.

Os dois chicos, dois semianalfabetos, meninos pobres que enfrentaram os reveses da vida, dois autodidatas, desenvolveram na arte sua marca registrada. O primeiro, Francisco Domingos da Silva, “O Maior Artista do Pirambu” pintou em paredes dos casebres de pescadores suas gravuras com carvão reaproveitado, desenhando suas pinturas, era ele ajudante de marinheiro, mudou-se para um bairro de Fortaleza aos 10 anos. Perdeu o pai logo cedo e aí teve que trabalhar arduamente para seu sustento e de sua família. Foi engraxate e sapateiro, consertava guarda-chuva, e reciclava na época latas para fazer fogareiro e vender na feira do bairro onde morava – O Bairro do Pirambu.

Uma de sua paixão (hobby) era desenhar com muita habilidade os muros e paredes das casas, com carvão, giz e pedaços de tijolos. Com isso, os apelidaram de indiozinho débil mental. Muitos o ignoravam, e desprezavam sua arte de desenhar.

A DESCOBERTA

Uma das mais belas praias de Fortaleza, a antiga Praia Formosa, situada no entroncamento do centro da cidade, próximo ao comércio e a tão conhecida Praça de Ferreira, e desde 1929, com a primeira sede do Náutico, o Estoril, o Arraial Moura Brasil, na descida da Rua General Sampaio, seguia em direção a Praia Formosa, atualmente chamada de Praia de Iracema – Leste Oeste, (Avenida Presidente Castelo Branco). A praia era habitada por pescadores e pessoas de classe média, hoje onde está o Marina Park Hotel. Ali, comerciantes, jovens mulheres trafegavam livremente, pois era ponto de convergência entre o centro da cidade e a praia, para os pontos de ônibus, bancos, repartição publicas, correios e o cassino dos americanos

Um dia desses, um turista suíço e artista crítico, músico, cartazista e publicitário fazendo suas passagens pela orla, avistou em uma das paredes dos casarios de pescadores, uma tela que o chamou sua atenção.

Procurou informações sobre quem desenhara e foi ao encontro do autor.  Os informantes não deram muita atenção ao turista que procurava o autodidata das pinturas nas paredes. Desdenharam, e os apelidaram ao dono da arte de um “Desocupado metido a doido, que andava perambulando por aí, pintando as casas e depois do nada desaparecia”.

Eis que surgiu a descoberta na década de 50. O turista e artista músico Jean Pierre Chabloz, aluno da Academia de Belas Artes em Genebra (Suíça), andando pela Capital cearense descobriu o autor das pinturas nas paredes (Grafites). Era o pintor Francisco Domingos da Silva – “O Chico da Silva”, que morava no Pirambu, bairro de Fortaleza, filho de uma cearense com um índio da Amazônia peruana. Viveu até seus 10 anos na antiga comunidade do Alto Tejo- Cruzeiro do Sul, interior do estado do Acre.  Sua família veio embora para o Ceará, embarcando na praia de Fortaleza e aqui ficou.

 Chabloz, crítico e artista suíço, vendo em Chico da Silva um grande artista, logo ensinou as artimanhas de pintar com tinta guache e tinta-óleo. Foi uma grande descoberta que rendeu ao artista cearense fama e dinheiro.

A ARTE DE PINTAR DE CHOCO DA SILVA

  A pintura do artista Chico da Silva era de forma espontânea, seguia a evidência e não tinha regras para pintar. Fazia o que vinha de seu coração, no impulso de sua imaginação fértil. Nunca seguiu uma escola, e suas gravuras eram de impressionar. A riqueza e detalhes nos quadros com desenhos de peixes, dragões, galos, seriemas, sereias. Muitos seguiam o estilo regionalista da região e o folclore brasileiro.

Na Europa, Chico da Silva ficou conhecido com suas pinturas de “Índio com suas técnicas apuradíssimas e traços autodidatas”  

Seus trabalhos foram apresentados no Rio de Janeiro e na Suíça. Recebeu menção honrosa na Bienal de Veneza. Uma de sua coleção está no Museu de Arte do Rio de Janeiro.  Em 2014, foram apresentadas em Exposição – “Encontro dos Mundos e Pororoca, a Amazônia do Mar”.  

Segundo Herkenhoff, a selva na pintura de Chico da Silva é "o espaço, onde nenhum ser tem repouso ou refúgio, é sempre uma cena atravessada por voos e ataques de predadores, entre o sonho e a imaginação." (Apud- wiki. Chico da Silva) visitada em 07 de julho de 2019.

Sua arte também é encontrada no MAUC - Museu da Universidade Federal do Ceará. Chico da Silva participou de várias exposições, Na Rússia, França, Itália e Suíça. Devido sua fama, segundo alguns historiadores, foi rompida sua parceria com o crítico e artista suíço Chabloz, devido uma de suas telas serem copiadas e imitadas.  

Chico da Silva, após sua fama, tornou-se alvo de muitos especuladores, Segundo a história, com bebidas e mulheres aproveitando-se de sua fama e suas economias com as vendas de suas telas. 

REFERÊNCAIS:

https://www.catalogodasartes.com.br/artista/Jean-Pierre%20Chabloz%20/. Acesso em 06 de julho de 2019

https://www.cidade-brasil.com.br/nos-arredores-praia-formosa-4.html. Acesso em 07 de julho de 2019.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_da_Silva. Acesso em 07 de julho de 2019.

http://www.fortalezaemfotos.com.br/2009/10/praia-formosa-e-o-curral-das-eguas.html.

Acesso em 06 De julho de 2019.

http://www.fortalezanobre.com.br/2009/11/praia-formosa-atual-praia-de-iracema.html. Acesso em 07 de julho de 2019.