Do livro tudo começou com Maquiavel: Estado e a Revolução, Lênin.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 11/11/2012 | PolíticaO Estado e a Revolução.
Antiga Rússia ano 1917.
Do livro: Tudo começou com Maquiavel.
Luciano Gruppi.
Obra elaborada por Lênin escrito em agosto e setembro de 1917, após derrota sofrida pelo movimento operário Russo em julho do mesmo ano. Ele foi obrigado a exilar.
O propósito do livro escrito por Lenin resultou de polêmicas desenvolvidas com outro grande teórico Karl Kautsty. Ele tinha uma visão diferente daquela formulada por Marx a respeito da revolução e até mesmo do entendimento funcional do Estado.
Seu desejo era reestabelecer a verdadeira concepção de Estado formulado por Marx e Engels, que havia antes sido deformada pela segunda internacional.
A polêmica tinha duas direções básicas, por um lado contra os sociais democratas, por outro o movimento anarquista, ambos tinham influência no movimento operário russo.
Outros escritos de Lenin, como o Materialismo e empiriocriticismo teve sempre finalidade ligada ao mundo prático e ao aspecto pragmático da política, ele desejava aramar ideologicamente o partido POSDR que na época representava os bolcheviques para uma concepção revolucionária de Estado, no exato momento em que o Estado Soviético estava sendo tomado pelos trabalhadores.
A respeito do seu grande livro, O Estado e a Revolução, seu grande valor foi de restaurar as verdadeiras cores do marxismo, nesse trabalho ele reafirma a real natureza do Estado, que é a tipificação de classe social, o Estado com uma Instituição do poder burguês.
Lenin define com grande objetividade a ideia de Marx que o Estado é uma maquina para efetivação do poder, portanto, ele é o verdadeiro realizador da ditadura de classe, não se realiza uma ditadura sem ser por meio do Estado, seja proletária ou burguesa.
Por que o Estado é uma ditadura, responde Lenin em sua formulação, mesmo em Repúblicas burguesas relativamente avançadas, o poder é sempre de uma minoria, que detém os elementos da decisão, isso é por meio da iniciativa privada, sobre a grande maioria dos trabalhadores e dos setores de classe média.
Continua Lenin atrás da aparência da democracia, cria se uma ilusão da democracia, até mesmo de Instituições democráticas, quando nada disso é na realidade, democrático, em respeito às relações sociais.
Esconde se na realidade uma dominação de classe, a única forma para um Estado ser democrático, só quando acontecer à verdadeira revolução social, que é a igualdade econômica.
No seu livro Estado e Revolução Lenin dá uma nova visão de ditadura, aquela que tem aparência da democracia, porque o Estado em qualquer situação é uma ditadura, mesmo que ele seja relativamente democrático.
A ditadura aqui tem uma etimologia muito complexa, do tradicional entendido pelo aspecto jurídico do Estado. Na velha concepção entende se por ditadura, o poder absoluto de um cidadão.
Mas Lenin reproduz essa ideia a uma assembleia, não apenas aquele ditador fora de qualquer limitação, porque as limitações podem exatamente exercer formas ditatórias com aparência de democracia como acontece com governos liberais.
Ao refletir que a república parlamentar é também ditadura, Lenin passa entender que ditadura não é apenas arbitrariedade desenfreada e não limitada por leis.
Mas inclusive o poder governado e determinado por leis, tido como democrático esse é um novo conceito de ditadura até então não muito elaborado por outros teóricos, não aceitos pela política desenvolvida pela burguesia.
Partindo do princípio que todo Estado é uma ditadura, esse é o grande fundamento da sua obra Estado e Revolução, para Lenin que entende a seguinte proposição.
A democracia burguesa mesma na sua forma mais avançada do poder é uma ditadura da minoria sobre a maioria, sendo dessa forma, é necessária outra ditadura a do proletariado, porque a democracia burguesa é um disfarce, uma nova forma de opressão.
Portanto, é necessária a ditadura do proletariado, pois esse conceito seria a democracia da maioria para maioria, ao mesmo tempo em que esse conceito de democracia inverte a outra acepção, a ditadura da maioria sobre a minoria, ou seja, a classe burguesa, que deve ser extirpada politicamente como classe.
Nesse sentido a proposta de Lenin no seu grande trabalho se inverte, as relações sociais são viradas de ponta cabeça, em lugar de uma democracia para minoria passa ser uma democracia da maioria para a maioria, sobre a minoria.
Investe os papeis não é mais a burguesia que fica sobre o comando do Estado, uma troca de classe social no comando do poder político, esse conceito é uma inversão dialética a respeito da velha temática entre Marx e Hegel as duas concepções de desenvolvimento da sociedade.
Lênin propõe liberar as formas das ditaduras, a superação da ditadura burguesa em seu lugar a ditadura da maioria, ou seja, do proletariado. Uma ditadura mais ampla que atende o conjunto da sociedade oprimida, o que não significa liberdade para todos.
Para realização de tal desejo, é necessária a transposição de um Estado para outro, mas antes é preciso destruir o Estado porque o anterior não permite sua mudança sem ser modificada, essa é grande questão colocada no livro Estado e Revolução.
Não é possível tomar o Estado burguês da forma em que está constituído, para fins proletários, ou seja, a edificação do socialismo. O Estado burguês é autoritário, centralizador, burocrático e policialesco, devem ser quebradas todas assas características entre outras.
No seu livro Lenin retoma em favor da democracia real, todos esses elementos, da quebra do Estado, no estabelecimento de uma nova filosofia política, para o bem coletivo. Lenin transforma esses entendimentos no eixo da sua elaboração de concepção epistemológica.
Para finalizar Lenin elaborou esse trabalho diante da analise desenvolvida por ele mesmo, quando percebeu a impossibilidade de fazer a revolução e transformação do Estado como uma acepção de defesa de uma democracia da maioria para maioria.
Defendeu em consequência a luta armada e a defesa imanente de um Estado governado sobre a orientação proletária, isso na velha união soviética, na revolução de 1917 desenvolvida pelos bolcheviques.
Edjar Dias de Vasconcelos.