PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 05.11.2012, horário: 14:23 horas:

Estava na Delegacia Regional de Laguna para mais uma audiência correcional e me dirigi diretamente para o gabinete do Delegado Manoel Silveira Teixeira que encontrei conversando com o Delegado Ademar Rezende (advogado da Adepol e defensor de sindicados). Logo que sentei pude observar em cima da mesa a revista “Veja” com a manchete de capa contendo a nota sobre “Marcos Valério” e as denúncias sobre o caso do “ex Prefeito Celso Daniel” envolvendo o ex Presidente Lula. Ademar interrompeu minha observação enquanto Manoel Teixeira falava alguma coisa que não consegui captar por completo:

- ..., Mas eu tenho duas considerações para fazer a respeito da nossa audiência na semana passada aqui em Laguna. A primeira, tu reparasses como o ‘A.’  (Delegado aposentado) apareceu na audiência? Se aquilo é maneira de ele vir até a audiência. Uma coisa é estar fazendo uma audiência e ter que ouvir alguém e mandar chamar na hora, sem que a pessoa saiba, mas outra bem diferente é a pessoa ser intimada, mesmo que seja um Delegado aposentado. Ele foi intimado previamente, assinou a intimação... O cara chega de calção, chinelo, camiseta numa repartição pública para prestar um depoimento assim... Imagina se isso fosse no Ministério Público?”

Interrompi:

- “Mas eu acho que o ‘A.’ não está batendo bem da cabeça, não achas Manoel?” 

O Delegado Regional não quis dizer que sim e nem que não, apenas comentou que aquele Delegado já estava aposentado e bastante à vontade, desligado, só querendo pescar na “Barra” (onde poderiam ser encontrados os famosos “golfinhos”). Ademar insistiu que era inadmissível o comportamento do Delegado “A.” porque considerava uma falta de respeito. Aproveitei para perguntar para Ademar qual era a segunda consideração e ele voltou a comentar o que já tinha me dito na semana passado, ou seja, que no gabinete do Secretário de Segurança Pública, especificamente, junto à Consultoria Jurídica (Cojur) existia uma Delegada Substituta (“P.”) que se encontra ainda em estágio probatório e era esposa de um Promotor de Justiça que está dando parecer em sindicâncias, processos disciplinares, cujos procedimentos envolveriam Delegados antigos e que isso era uma afronta à legislação e a nossos princípios, considerando que ela ainda não era estável e que isso violava o princípio da hierarquia. Já tinha concordado com esse argumento na semana passada e mais uma vez concordei, estranhando o fato de Ademar voltar a falar sobre o mesmo assunto. Fiquei pensando: “Será que Ademar anda esquecido ou talvez está pretendendo polemizar esse assunto, dando publicidade ao fato...?”.

Horário: 16:45 horas:

Estava ainda na sala de audiência da DRP/Laguna, isso após já ter terminado do interrogatório do Delegado Nazil Bento (Secretário de Desenvolvimento Regional de Estado – Laguna – SDR), quando abri o “Ipad” e mostrei o edital de convocação da assembleia geral da Adepol prevista para o dia 17.11.2012. Estavam na sala de audiência, além de mim, a Escrivã Silvane, a Delegada Ester Fernanda e os Delegados Ademar e Nazil. Fiz um chamamento:

- “Olha, pessoal, já viram o edital de convocação da assembleia? Olhem aqui no ‘Ipad’, está aqui...”.

Deixei o “Ipad” aberto em cima da mesa e todos correram para ver a pauta. Antes que fizessem isso olhei para Ademar Rezende e fiz uma indagação:

- “Olha, Ademar, dá uma olhadinha e você que tem um olhar de lince me diz onde é que está o pulo do gato aí?”

Ademar correu para ler a ordem do dia, ladeado por Nazil, enquanto que Ester (Secretária da Adepol e ciente de tudo) foi alertando:

- “Ah, sei, é o item quatro!”.

Pensei comigo: “Filha da mãe, perguntei tanto para ela nos últimos dias e não abriu a boca. Puxa vida, a Ester tinha conhecimento da pauta da assembleia geral, viajou comigo todo este tempo e sempre me disse que não sabia de nada. Bom, agora sem sequer olhar o display já gritou que era o item quatro, então ela sabia o tempo todo, oh ‘amigona’ do coração e mais fiel ao Renatão!!!’”.

Ademar lia e não conseguia identificar o porquê da minha indagação, muito menos o Delegado Nazil. Então resolvi confirmar o que Ester já havia adiantado, sim, era o “item quatro” e fui mais além:

- “Bom, tai, vão querer alterar o estatuto, então será que isso não tem haver com a reeleição do Renato?”

Ademar dias atrás já havia lançado uma sentença:

- “Não, ele não tem direito à reeleição, já está no segundo mandato, o primeiro foi com a renúncia da Delegada Sonéa e o segundo ele está terminando agora...”.

Bom, Ademar sentenciou que Renato Hendges não teria direito à reeleição porque já estava em segundo mandato, a não ser que “espertamente” alterassem o estatuto da Adepol. Estava ali prontinho o “pulo do gato”... Mas na verdade isso era um detalhe, esse era mais um acessório, o que eu queria que eles observassem era o conteúdo da pauta, o que não chamou a atenção de ninguém e eu silenciei... Ademar Rezende, na condição de advogado da Adepol (pago com recursos da entidade), certamente que não iria querer  nadar contra os ventos, ainda mais tendo a Delegada Ester como “observadora” de tudo...?

Data: 07.12.12, horário: 19:00 horas:

O Delegado Julio Teixeira me ligou parabenizando com a seguinte frase:

- “Felipe, escuta só, estou te ligando para te parabenizar pela tua eleição para o Conselho Superior.  Em primeiro lugar ficou o Arthur Nitz com duzentos e um votos. Em segundo ficou o ‘Renatão’ com cento e noventa e quatro votos, ele ficou puto da cara, nós estávamos lá na Adepol contando os votos e quando ele soube que fez menos votos que eu na Capital ele se levantou da mesa e ficou puto da cara, saiu... Tu ficastes em terceiro lutar com cento e setenta e oito votos. Parabéns Felipe, dentro daquele nosso projeto tu fostes muito bem votado, ficastes em terceiro”.

Julio Teixeira deu os outros nomes seguintes, cuja classificação não consegui memorizar direito, citando os nomes dos Delegados Valério, Thomé, Dirceu Silveira...