Iêda Carla Caus Sant’ana

RESUMO

Este artigo aborda a relação que conta a história “O menino, o vento e a pipa” de autoria de Afornali e Faria, elaborado em 2006, cujo personagem principal é o menino “João, o sonhador” que apesar de estar inserido em um grupo especial – Ele é portador do vírus HIV – via a vida como um mundo de faz de conta que o levava aonde ele queria ir, através de seus sonhos, e dessa forma, fazia de sua vida uma alegria de viver a cada dia, transpondo obstáculos através da superação. Este texto muito me comoveu e me fez refletir sobre a história da minha própria filha, que compartilho com todos os leitores neste artigo. Uma história de lutas diárias para vencer os preconceitos e as diferenças. Palavras-chave: Sonhos; Superação; Preconceitos e Diferenças. *Licenciada em Pedagogia Faculdade FETREMIS – RS E-mail: [email protected] Na sociedade contemporânea em que vivemos, mergulhados na globalização, o que mais vemos são as diferenças. Elas começam simples como no modo de se vestir, no de se portar, no jeito de falar, na cor do cabelo, na instrução escolar, situação financeira, cor da pele, religião, opção sexual, deficiências físicas e mentais, portadores de doenças crônicas e por aí vão... São diferenças e mais diferenças; até porque, ninguém é igual, cada um de nós somos seres únicos, não somente aos olhos de Deus, mas, pela nossa própria essência de ser humano. O tema diversidade nos remete a um cenário de mudanças constantes que se manifestam na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades, tendo um papel crucial na criação de valores e atitudes que permitam uma melhor convivência e respeito entre os indivíduos, fazendo com que certos comportamentos como o preconceito, a discriminação e a intolerância, sejam banidos totalmente da humanidade. Tarefa difícil para todos nós é claro, principalmente por estarmos inseridos em uma sociedade conservadora e homogênea, onde ainda vemos atos e atitudes de pessoas menosprezando e escravizando outros indivíduos. O respeito às diferenças é a única maneira de se conseguir conviver, respeitar e promover a diversidade de modo pacífico, buscando a igualdade para todos, de modo que essas diferenças sejam aceitas sem estranheza, pois, muitas vezes não sabemos de que forma devemos nos dirigir as pessoas, como seremos vistos e interpretados por elas ou pelos demais membros do grupo. Incluir não é um favor, é respeitar a diversidade em todas as suas manifestações, de maior ou menor forma, permitindo que todos, sem restrição, tenham seu espaço garantido na sociedade. Precisamos abrir nossos olhos para as diferenças, no sentido de respeitá-las, se realmente queremos uma sociedade justa e igualitária, precisamos reavaliar a maneira como agimos, pensamos e falamos a fim de que não cometamos nenhum tipo de exclusão. O texto O Menino, o Vento e a Pipa, nos faz pensar e refletir como podemos encarar nossas vidas de tantas formas, sem que os problemas e circunstancias que a vida nos oferece façam com que nossos objetivos e sonhos deixem de ser alcançados. É claro, que temos que passar por situações que muitas vezes nos fazem desanimar, mas, que estes obstáculos, sejam meramente inspiração e motivação para continuarmos a seguir em frente como persistia “João Sonhador”, a cada dia ele via seu mundo como um castelo, cheio de lugares mirabolantes, onde se passavam varias estórias, e; sua pipa, que fazia com que ele alçasse voos imaginários para além daquele muro que o separava de outra realidade, mas, que trazia novidades e dizia como o mundo é bonito lá fora. O correcorre para fazer a pipa subir, as pedras que o faziam cair não eram nada perto da vontade e da alegria que ele sentia quando a pipa ganhava força contra o vento e plainava em todo seu esplendor e podia ver tudo que ele queria por cima de seu castelo. Tudo isto me faz pensar como eu consegui fazer com que as dificuldades enfrentadas pela minha filha, portadora de Déficit de Atenção e Hiperatividade foram transpostas muitas vezes de forma delicada junto à família e alguns poucos amigos, mas, na maioria das vezes cruel, principalmente no ambiente escolar, onde por tantas vezes era chamada de “burra”, a maioria dos colegas não queriam fazer as atividades com ela porque ela era..., e isto acompanha minha filha até hoje. Entretanto, eu como mãe presente e dedicada, percebi desde logo a necessidade de fazer algo com que minimizasse o sofrimento e a exclusão que ela sentia. Primeiramente, a levei no médico e realizamos exames para constatar o grau de suas limitações. Alguns remédios foram necessários para ajuda-la na caminhada. Não foi fácil, muitas vezes choramos juntas, e, a que mais doeu, foi a sua reprovação no 1º ano do Ensino Médio. Como me senti impotente, incapaz, sei lá, foi tanta frustação e sentimento de derrota que eu me sentia mais arrasada do que ela mesma. Até que uma conversa com a diretora da escola que me chamou até sua sala me acalmou e me fez refletir sobre toda a situação que estávamos vivendo naquele momento. Ela me fez ver, que a reprovação da minha filha não era uma coisa negativa, mas sim, uma coisa necessária para que ela pudesse amadurecer e entender muitas coisas que ainda eram alheias ao seu cotidiano e a sua vida de adolescente que estava vivendo. Saí de lá convencida de que a reprovação da minha filha, naquele momento, era, sem dúvida, o melhor remédio. Como que minha filha, em apenas três semanas de aula particular teria conseguido assimilar conteúdos de um ano inteiro nas disciplinas de matemática, física, química e biologia. Só mesmo uma mãe que ama incondicionalmente acreditaria nisto não é mesmo? E, aí, mais um preconceito minha filha teve que superar; o da reprovação. Foi um ano difícil, muitas barreiras tiveram que ser transpostas, mas, todas às vezes que ela chegava em casa triste e desanimada, eu estava ali para ouvir suas lamurias, incertezas, medos que faziam com que sua autoestima fossem lá em baixo. E, mais uma vez, respirava fundo, pedia forças a Deus que me desse sabedoria para falar aquilo que era importante dizer para seu crescimento, e, não passar a mão na sua cabeça, para que ela se sentisse uma coitadinha, mas, que ela tinha muito valor para nós, família, e para todos os que torcem por ela. Hoje minha filha esta no 2º ano do Ensino médio, ainda enfrentamos muitas dificuldades, mas, vamos superando todas elas, assim como “João Sonhador”, buscando sempre driblar as adversidades e tentando alcançar os sonhos, respeitando é claro suas limitações, mas, não deixando nunca que elas sejam muletas para alcançar os objetivos, mas, que suas limitações jamais a impeçam de alçar voos bem altos, e que não irão cair, mas sim, plainar numa corrente de vento leve e tranquila que a levará ao sucesso. REFERÊNCIAS: Educação para a Diversidade: uma prática a ser construída na educação básica – Ivone Aparecida dos Santos, Cornélio Procópio, Paraná - 2008. http.//docslide.com.br/documents/o-menino-o-vento-e-a-pipa.html> http://www.jornalocaminho.com.br/noticia.php?edicaoId=68&cadernoId=14&noticiaId =3358