Alexandre Reginaldo de Souza

RESUMO

O distrito do Brás é considerado o principal polo comercial do segmento têxtil-vestuário no Brasil. Entretanto, a região apresenta uma variedade considerável de produtos com baixo custo, ocasionando uma grande circulação de pessoas que busca estas oportunidades para revender essas mercadorias, ou seja, o cenário no qual se encontra a região impulsiona os fluxos migratórios para o Brasil, principalmente populações da Ásia, África e América Andina, com o objetivo de encontrar melhores condições de vida e inserção no mercado de trabalho. Iremos apresentar neste artigo a diversidade étnica que está inserida no Brás e a relação laboral em que se encontram estes imigrantes.

Palavras-chave: Precarização laboral, comércio informal, diversidade étnica, Distrito do Brás.

 INTRODUÇÃO

Ao visitarmos o distrito do Brás, deparamo-nos com uma grande diversidade de imigrantes trabalhando no comércio informal, inseridos na produção e comercialização de produtos para confecção de roupas. Entretanto, estas relações de trabalho se apresentam em dois pontos determinantes para o incentivo da precarização do trabalho primeiro está, na produção e comercialização de produtos em pequenas escalas com objetivo de venda direta na região do Brás. O segundo está nas produções de escalas maiores, direcionadas às grandes indústrias da moda, entre elas algumas conhecidas no cenário brasileiro como, Riachuelo, C&A, Zara, Renner, e que muitas vezes tiveram seus nomes associadas a denúncias de trabalho escravo.

Segundo Patrícia Tavares de Freitas, a “[...] força de trabalho, em oficinas de costura fora dos padrões de higiene e segurança estabelecidos por lei e, geralmente, com jornadas de trabalho muito acima das permitidas [...]”, ou seja, se submete a viver em condições precárias com ganhos muito abaixo do mercado, e muitas vezes troca a força de trabalho por alimento e moradia. (FREITAS, 2009, não paginado).

Deste modo, Antunes destaca os meios de trabalho “[...] com a expansão das formas de flexibilização e precarização do trabalho [...]” que neste contexto, os meios de trabalho inseridos no Brás, apresentam-se de forma expressiva quando relacionadas ao mercado comercial informal no qual estes grupos étnicos se encontram. Outro ponto que nos despertou a atenção, e o das relações que estes imigrantes têm entre si, os meios de organização social e econômica na região. (ANTUNES, 2004, P.340)

Sendo assim, neste artigo, fruto de um esforço de síntese do trabalho TCC[1] apresentado em dezembro de 2016 no Instituto Sumaré de Educação Superior situado na cidade de São Paulo, temos o objetivo de analisar as relações entre produção socioespacial, comércio informal e os fluxos migratórios que se estabeleceram atualmente no distrito do Brás distribuídos em três momentos deste texto.

As fundamentações teóricas que nos auxiliaram na análise e desenvolvimentos deste primeiro momento do artigo estão embasados em Ricardo Antunes Giovanni Alves e Antônio Thomaz Junior, em que traremos à discussão, os processos impulsionadores dos meios de precarização do proletariado na contemporaneidade, através das evoluções tecnológicas na globalização e as transnacionais como principais mediadoras destes eventos.

Em segundo momento, discutiremos sobre os fluxos migratórios internacionais nos quais iremos evidenciar alguns pontos motivadores que auxiliam nas emigrações e as condições a que os imigrantes se sujeitam para conquistarem um lugar onde possam recomeçar suas vidas se inserirem no mercado de trabalho. Para isso, tomaremos como base teórica Roberto Marinucci, Roberta Milesi e Beatriz Isola Coutinho.

Terceiro e último ponto deste artigo, vamos discutir as relações de trabalho a partir de uma diversidade étnica que se encontra no distrito do Brás frente aos comércios informais e meios de condições de trabalho precário. Para esta análise, tomamos como base metodológica, estudo de campo com prosas informais com comerciantes imigrantes e brasileiros e pesquisa bibliográfica das autoras Beatriz Isola Coutinho e Patrícia Tavares Freitas.

[...]