DISTINÇÕES  DO  ESPÍRITO  NO  CÉREBRO

 

Cientificamente, ninguém até hoje provou que o Cérebro pensa! O que se provara, de modo positivo, fora o fato de que o Homem é um Espírito encarcerado à Matéria, cuja junção, me parecendo a mais adequada nesta hora, se denominaria: Espirítico-Cerebral, que se consolidara desde o berço, ou, bem antes ainda, desde a fecundação gameta-óvulo na tuba intra-uterina onde as energias criativas da vida, anímicas e perispiríticas, puderam orquestrar o campo genético intracelular para o resultado maravilhoso do complexo somático de sua atuação no mundo das formas. E tem gente que não dá crédito ao Espírito, e tampouco a Deus, mas tão só no “mecânico” movimento da gestação, que não os deixa boquiabertos e tampouco estupefatos insensíveis que são, pois resumem sua estultícia e incredulidade tão-só à genética das formas e nada mais. Que genética assombrosamente inteligente, sendo capaz do miraculoso fenômeno da vida!

 

Mas seria possível fazer-se uma distinção do Espírito no Homem, ou seja, de sua atuação independente da Matéria, ou, então, de sua Operosidade Cognitiva não subordinável à Função Cerebral?

 

Penso que sim; e, este será, pois, o objetivo precípuo deste discreto labor relatando o que pude experienciar e constatar em mim mesmo, o que seria e, é, pois, suscetível de o ser repetido, experienciado, e, portanto, confirmado por todos os seres pensantes, pois que todos estão indubitavelmente dotados de tal componente extrafísico e imorredouro, em si mesmos, destacando-se, a priori, que nem tudo o que se passa no Mundo Cerebral é coisa estritamente fisiológica, pois que o Abstrato, o Cogitar e Consciencial de nós mesmos, bem como deste mundo de coisas de nossa Emotividade, abrangendo aspectos axiológicos, afetivos e morais, sendo que tais, por si sós, já constituem provas inequívocas de tal espiritualidade, dotada que está de conceitos éticos, de vetores psicológicos e parapsicológicos que provaram e provam sua capacidade de transcender o espaço, de superar o tempo, demonstrando-se assim, sua grandeza de tipo não-físico, e, por conseguinte, imortal, sobrepujando a tudo e resistindo aos despojos da corporalidade.

 

E, portanto, de nós mesmos, e, independente de pesquisas científicas que confirmaram e confirmam tal condição psíquica imorredoura, é possível sim constatarmos nossa transcendentalidade, se bastante inteligentes, honestos e corajosos o formos para tal.

 

Ora, grande soma de tudo quanto nós, seres humanos, realizamos em nossa esfera psicofísica consta do conúbio Espírito-Matéria, ou seja, do componente pensante e do componente cinzento e esbranquiçado da massa cerebral que comanda as mais diversas regiões do complexo orgânico. Isto porque aqui estamos para o desempenho de um mapa de serviços que nos escapa de momento, mas que, em suma, se resumem nas necessárias provas e expiações contidas nas engrenagens da vida e que são, por assim dizer, exigíveis por este incognoscível e complexo campo espiritual palingenésico de nós mesmos. E daí nossa conexão e tão-pronta identificação psíquica com o instrumento biofisiológico de nossa existência no mundo visando conquistarem-se novos patamares conscienciais e morais.

 

Por tal palingenesia, portanto, estamos tão bem familiarizados com a vida no mundo, regendo-a ao nosso bel prazer: estudando, correndo, trabalhando, nos divertindo, nos aprazeirando, e, ao mesmo tempo, nos emocionando, sofrendo, chorando, e, tudo isto, em função desta conexão perfeita do Espírito e da Matéria, consórcio do Transcendente com o Transitório, do Imortal com o Passageiro, do Espiritual com o Material. E tão pouco tempo temos para as coisas da Alma, do Espírito imortal, displicentes e relaxados tão imenso o somos.

 

Meses atrás, já no findar do dia de trabalho, em trajeto corriqueiro da cidade para o bairro de minha moradia, liberei passar por uma pista dupla da rodovia que corta a região; e fazia o trajeto algo tranqüilo em meu veículo de duas rodas na pista onde se verificava pouco trânsito, e admirava a paisagem dos campos e das árvores diversas espalhadas pelos enormes espaços físicos laterais. De súbito ocorrera-me num jato, tal qual relâmpago verificado em minha mente calejada, uma visualização clara e precisa de tudo quanto ainda estava por fazer naquele dia que se findava morosamente.

 

Ou seja: alcançar minha casa com o referido veículo de minha citação; protegê-lo devidamente na garagem; sair a pé para visitar um cliente próximo a minha moradia; retornar para as atividades corriqueiras do lar e, mais adequadamente, me preparar para os trabalhos que desempenho como coordenador de estudos doutrinários. Mas tudo, como já dito, se verificara tal como um relâmpago conceitual, e, portanto, como síntese, como norma do pensamento puro, transcendente, notadamente espiritual.

 

Tanto é que, tão logo após o inabitual fenômeno que me assegurava um Estágio Conceitual (1) Extra-Tempo (ECE-T), isto é: exterior a mim mesmo - fisicamente falando - é que pude, então, retornar ao  Nível Cerebral, no que se pode compreender como Estágio Conceitual (2) do Tempo-Cotidiano (ECT-C). Neste segundo estágio, pois, do nosso cotidiano habitual, é que pude trabalhar, detalhadamente, o que eu iria fazer quando chegasse em casa, me utilizando, pois, nesta segunda fase, dos conceitos operacionais relativos ao instrumental de minha disposição física, ou seja: Espirítico-Cerebral: do pensamento aplicado às estruturas físicas de tais, onde se encontram os mecanismos secundários da racionalidade, da memória, das sensações, em suma, do meu contato com o mundo cerebral, biológico ou biofisiológico. Noutros termos, tudo poderia assim resumir-se:

 

Paradigma Fenomênico do Cognoscivel Humano:

 

-1: (ECE-T): Puramente Espiritual: Super-Consciente;

-2: (ECT-C): Resultante da Conexão Espírito-Matéria: Consciente.

 

Que, numa forma gráfica um tanto imprecisa, se explicitaria:

 

                              \   (1)   /

                                \       /

                                  \   /

                                    ..            

                                   /  \          

                                 /      \

                               /  (2)   \

 

Havendo, pois, uma radical e tremenda diferença entre tais; entre:

 

-O Pensamento Puro do Espírito (1): que é síntese; e,

 

-O Pensamento do Espírito no Cérebro (2): que é análise.

 

E, mais ainda: radical e tremenda diferença entre o:

 

-Cognoscível do Espírito: extremamente rápido, tal qual relâmpago e síntese conceitual (1); e o:

 

-Cognoscível Humano: extremamente moroso, fatigante, e resultante, por sua vez, não só do Espírito, mas de sua junção com a mecânica do Cérebro e dos demais órgãos somáticos em questão (2).

 

Recordando, ainda, que tal “Paradigma Fenomênico” inclui ainda o Sub-Consciente, que se relaciona com o tempo passado (3), e que poderia denominar-se Estágio Conceitual do Tempo Transcorrido:

 

-3: (ECT-T): Arquivo de Experiências Pretéritas: Sub-Consciente.

 

Que, como se sabe, tais Estágios Conceituais não funcionam como compartimentos estanques, isolados um do outro; há, ali, intercomunicação, tanto no lado material, ou fisiológico, como no lado espiritual, abrangendo o psiquismo de profundidade que, oculto no Sub-Consciente, é suscetível de aflorar-se no Consciente por meio de impulsos, emoções e sentimentos outros, enobrecidos ou não.

 

Mas retornemos ao tema inicial, da distinção do Espírito no Cérebro. Doutra feita, numa tarde de descontração em minha humilde moradia, e, contemplando minha biblioteca, tive o impulso natural de tocar com os dedos da minha mão direita, o importante tratado de “Espiritismo Experimental”, também denominado “O Livro dos Médiuns” (Allan Kardec – 1861). Ao meu brevíssimo toque, num fenômeno psíquico de cognição espiritual instantânea, pude visualizar, de relance - página por página, capítulo por capítulo - a referida obra em sua inteireza científica e pedagógica.

Fora uma releitura da obra aos meus olhos e potencialidades espirituais. Mas tudo, mais uma vez, se verificara muito rápido, não sendo possível uma melhor análise do fenômeno que se patenteava, nitidamente, do exterior (1) para o interior (2), do Abstrato para o Físico, ou melhor: do Espírito para a Matéria sutilizada e constituinte dos diversos departamentos cerebrais. Do que depreendo, com certeza matematicamente exata, que o Ser Humano se compõe, tal qual fora proposto por Kardec, de:

 

-Espírito: Entidade Intelecto-Moral, de Cérebro Imortal;

-Perispírito: Corpo Espiritual Bioplasmático; e

-Corpo Físico: Dotado de Transitório Cérebro Animal.

 

Onde o Espírito, pois, pensa e age por si mesmo; e, pensa e age, também, e, concomitantemente, com o seu respectivo instrumento físico-corporal dotado de Cérebro, cerebelo e bulbo; de medula espinhal e nervos periféricos constituintes do complexo sistema de controle e processamento integrado de informações, atuações e sensações no campo de nossa transitória, mas tão necessária existencialidade no mundo, visando, certamente, alguma forma de espiritualização em nós mesmos, na cíclica trajetória palingenésica da evolução. Daí o velho e sábio adágio:

 

“HOMEM, CONHECE-TE A TI MESMO”.

 

Pressupondo que: Além do conhecimento que se faz ao exterior das coisas, urge a necessidade de que o façamos ao interior de nós mesmos, do nosso Mundo Pessoal, dotado que está, pois, de capacidades cognitivas, éticas, espirituais, não produzíveis, mas sim, e, tão-só, reproduzíveis pelo Cérebro, este que não passa, pois, de instrumento secundário de nossa existencialidade no mundo. Ora, pensar que o Cérebro pensa é tomar o efeito pela causa; é pensar pela Matéria que não pensa, atributo este do Espírito Imortal.

 

 

Articulista: Fernando Rosemberg Patrocinio

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