Américo José Rodrigues[1]

Teresa Cristina Mate Calvo[2]

RESUMO

Ultimamente, a preocupação em encaminhar à educação, de forma democrática, cada pessoa buscando atender a sua necessidade colocou-se em evidência a importância da educação a distância, que antes era realizada por rádio e televisão associados a materiais impressos enviados pelo correio. Com o advento das tecnologias de informação e comunicação, houve um assédio muito grande por parte de Universidades, escolas, centros de ensino e outros grupos interessados em conquistar o filão que ora surgia. A importância em oferecer um ensino de maior proveito, dentro da modalidade EaD,trouxe à tona, através das novas tecnologias, novas abordagens para o desenvolvimento de um processo educacional interativo prometendo a evolução de competências de leitura e escrita para enfrentar situações do cotidiano e consequentemente a inclusão digital. Além de vencer a distância geográfica, a EaD se esbarra em uma nova distância, chamada então por Michael G. Moore de distância transacional, bem como suas implicações, discorridas neste artigo com a preocupação de apresentar sugestões de como reduzi-las, através de reflexões e novos parâmetros. Quais são as dimensões relevantes dentro da teoria da distância transacional, levantadas por Moore e como elas interferem no ensino aprendizagem dentro da modalidade EaD? Que TIC pode ser utilizada para tornar essa modalidade de ensino melhor?

Palavras-Chave: Educação a Distância, tecnologia da informação e comunicação (TIC), interação, distância transacional.

ABSTRACT

Lately, the concern in directing to the education, of democratic form, each person searching to take care of its necessity in the distance placed in evidence the importance of the education, that before she was carried through for radio and television associates the materials printed matters sent by the post office. With the advent of the technologies of information and communication, it had a very great siege on the part of University, schools, centers of education and other groups interested in conquering the filão that however appeared. The importance in offering an education of bigger advantage, inside of the EaD modality, brought to surface, through the new technologies, new boardings for the development of an interactive educational process promising to the evolution of abilities of reading and writing consequently to together situations of daily and the digital inclusion. Beyond being successful in the distance geographic, the EaD if of meeting in a new distance, called then for Michael G. Moore of transacional distance, as well as its implications, discoursed in this article with the concern to present suggestions of as to reduce them, through reflections and new parameters. Which are the excellent dimensions inside of the theory of in the distance transacional, raised for Moore and as they inside intervene with education learning of the EaD modality? That TIC can be used to become this modality of better education?

Keywords:

INTRODUÇÃO

A motivação para a escrita deste artigo veio a partir do estudo da EaD e surgiu da curiosidade a respeito dessa teoria que era citada no momento da leitura, a teoria da distância transacional e suas implicações.

A educação, em seu bojo geral, envolve a proximidade física de docentes e discentes, segundo a história, desde a Grécia Antiga. E essa característica, a proximidade física, era considerada como requisito para a aprendizagem e a distância como algo a ser superado. Dentro da Educação a Distância, à época empregou-se modelos de correspondência para reduzir, ao máximo, a distância física.

No Brasil, segundo o jornal A Gazeta de 2ª – feira – 18 de maio de 2009, são mais de 250 instituições credenciadas junto ao MEC e 110 têm pólos presenciais no Espírito Santo. O mesmo artigo salienta: "Esqueça os antigos cursos por correspondência. Estudar em casa hoje, muito longe de ser uma tática de preguiçosos, é uma ótima forma para ampliar conhecimentos e ganhar tempo."

Aliado ao que informava o jornal, o domínio da leitura e escrita por quem se habilita a estudar novos cursos, ou mesmo para aperfeiçoamento na modalidade EaD, leva para casa, além de novas perspectivas, a segurança e o conforto de seu próprio lar, a flexibilidade de horários e o valor mais baixo das mensalidades e cursos gratuitos. Vale ressaltar a facilidade de acesso a qualquer tempo e local (a mobilidade). O percentual de pessoas que evade na EaD é menor que na modalidade de ensino presencial, 16% contra 22%, segundo o mesmo jornal.

Também é possível destacar que se por um lado há a preocupação de bem oferecer bons préstimos, por outro deve haver a consciência da organização e responsabilidade de quem recebe esses préstimos. Se de um lado as organizações procuram se capacitar para oferecer o melhor serviço, cabe ao outro lado, o de quem recebe o serviço, estar motivado, ter persistência e quebrar a tentação de deixar as atividades para depois, que é grande, evitando se perder no meio do curso.

Por volta de 1993, Michael G. Moore introduz a teoria distância transacional, diferenciando distância física de distância comunicativa ou psíquica. A base de sua teoria teve suporte nas teorias de Peters (industrialização) e Wedemeyer (aprendizagem), onde ele propôs uma teoria unificada a qual chamou de teoria da distância transacional.

Alicerçada no postulado de que a distância é uma questão pedagógica mais do que física, o que interessa avaliar é quais são as conseqüências práticas da distância no processo educativo, nos alunos, nos professores, na interação, entre outros.

Através das dimensões encontradas por Moore em sua teoria, distância transacional: o diálogo educacional, a estrutura do programa e a autonomia do aluno, pretende-se salientar a importância que esse conjunto tem para a EaD, observando-se ainda a importância da interação, no processo das relações entre as citadas dimensões. A grande preocupação para a redução da distância transacional se chama diálogo, considerado o fator mais importante para aredução da mesma. Pois, enquanto houver a possibilidade do diálogo entre aluno e professor e/ou instrutores e em ambiente propício, tanto menor será a distância transacional.

DEFINIÇÃO

A teoria da distância transacional é um conceito pedagógico pensado por Moore. Descreve o universo de relações professor x aluno quando alunos e instrutores estão separados no espaço e/ou no tempo. Este universo de relações tem como premícias básicas: a estrutura dos programas educacionais, a interação entre alunos e professores e a natureza e o grau de autonomia do aluno.

A noção de espaço aqui, é redimensionada, sendo vista dentro da noção de distância no espaço virtual, diferentemente do espaço geográfico que perde seu sentido comum.

O conceito de transação tem origem em Dewey (apud Moore, 2008, p.2)e denota a interação entre o ambiente, os indivíduos e os padrões de comportamento numa dada situação. Surge num espaço psicológico e comunicacional que necessita ser transposto.

Interação é igual a "ação entre" os participantes do encontro (inter + ação).De acordo com Alex Primo (2007, p.13) "Interação não é o mesmo que interação social. Esta última é uma forma interativa, mas não a própria definição de interação.

Em outras palavras, existe interação entre corpos, genes, ondas, forças, engrenagens, pessoas etc. Os vários campos do saber tradicionalmente estudam diferentes tipos de interações, por exemplo: a interação gênica (biologia), a interação de placas tectônicas (geologia), a interação medicamentosa (farmácia), as interações eletromagnéticas (física) etc (PRIMO, 2007 p.13)

Mas o que interessa, no momento, é a interação tratada no espaço educacional. Além do conceito de interatividade há também o conceito de reatividade. Pais situa a diferença entre interatividade e reatividade:

Uma reatividade está relacionada simplesmente ao envio de um estímulo por parte do receptor de uma mensagem através de um recurso tecnológico, o que mostra que a interatividade é uma noção mais profunda de uma situação de comunicação. (PAIS, 2008, p 148)

Ele afirma, ainda, que existem graus de interatividade. Entre esses graus cita a simulação.

Simulação e interação são idéias fortemente interligadas no sentido de que simular é interagir. No exercício da simulação está em jogo também o exercício de interação. As informações obtidas através da simulação incluem também uma convivência entre estímulos e respostas. (PAIS, 2008, pág. 155)

Interatividade, de acordo com Andrew Lippman – diretor do Mídia Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), é "atividade mútua e simultânea da parte de ambos participantes, normalmente trabalhando em prol de um objetivo, mas não necessariamente". (LIPPMAN apud PRIMO, 2007, p. 31).

De posse dos conceitos citados, suas relações serão apresentadas a seguir.

AS DIMENSÕES DA TEORIA DA DISTÂNCIA TRANSACIONAL E SUAS IDÉIAS

As dimensões da teoria da distância transacional levantadas por Moore são: Diálogo, Estrutura e Autonomia.

O DIÁLOGO

O Diálogo envolvendo amplamente as interações entre professores e alunos tem por objeto aperfeiçoar a compreensão do aluno. Paulo Freire (2000,pág. 42) afirma: "Não há intelegibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade."

Assim entendendo, o diálogo pela sua abrangência tem ummérito muito expressivo na redução da distância transacional. Dentro de sua natureza, que engloba vários fatores, encontram-se personalidades do professor e do aluno (se bem entrosadosenriquecem o diálogo, propiciam uma boa aprendizagem), o modelo educacional ( o mais adequado é o construtivista), conteúdo programado ( o seu formato,sua sequência, o ambiente de aprendizagem ( quanto mais rico, mais facilitador), o número de alunos por professor ( se menor, mais chances de o professoracompanhar e pontuar sua participação de forma mais efetiva), a frequência de oportunidades para a comunicação (quanto maior , maior a oportunidade para oaluno aprender), a consideração mútua ( onde há um clima de respeito e consideração, há uma atenção maior entre as partes beneficiando a quem ensina ea quem aprende).

A modalidade de ensino por correspondência via correio dificulta o diálogo, seja pelo tempo de correspondência, nas duas mãos de transmissão, seja pela forma de escrita. Isso interfere diretamente na interação, que é o fator preponderante no diálogo. E por falar em interação, esta é mais percebida quando a comunicação é feita por computador on line, seja por ligação computador a computador, seja porvídeo conferência.

O diálogo como uma interação positiva em uma relação educacional é direcionado para o aperfeiçoamento da compreensão por parte do aluno. Platão criou para si próprio o diálogo, como um meio de expressão, no qual havia lugar para a beleza e a verdade.

ESTRUTURA CURRICULAR

Conforme o tipo de organização dos elementos que constituem a Estrutura Curricular ela pode ser rígida, quando regula o tempo que o aluno tem para alcançardeterminados objetivos e controla os processos de evolução do mesmo ao longo do curso; pode ser flexível, quando permite que o aluno progrida de acordo com seu ritmo, ao seu tempo e local, promovendo maior autonomia ao aluno. Dentro de sua rigidez ou flexibilidade, a Estrutura Curricular dá conta de apresentar os objetivos de aprendizagem, dos conteúdos, das estratégias e metodologias do processo ensino/aprendizagem, da documentação, exercícios, projetos, testes, critérios de avaliação do programa. Tudo com o intuito de atender as necessidades dos alunos.

Como depende, em sua extensão, dos meios de comunicação utilizados, dos regulamentos institucionais e das características individuais do aluno e do professor,o diálogo, em um curso com pouca distância transacional, é maior, o que facilita os alunos obterem diretamente do professor, instruções e informações. Essa característica denota que a distância transacional é inversamente proporcional ao diálogo e diretamente proporcional à Estrutura.

A natureza dos meios de comunicação empregados, a filosofia e as características dos alunos e as restrições impostas pelas instituições educacionais determinam a extensão da estrutura num programa.

Conforme Primo (2007, p. 94) : "Para a construção de uma abordagem sistêmico-relacional da interação será também preciso trabalhar a dimensão política do diálogo."

A ausência de diálogo entre o professor e o aluno ocorre acentuadamente quando um programa é muito estruturado, em meios como a televisão ou gravador. Já em cursos por teleconferência, que permitem um amplo diálogo entre professor e alunose exigem menos Estrutura a distância transacional é pequena.

Em programas onde a distância transacional é maior os alunos precisam se responsabilizar por julgar e tomar decisões acerca das estratégias de estudo, isto é, os alunos têm maior autonomia e se eles não estão preparados para exercer essa autonomia, terão dificuldades emseu trabalho e em sua aprendizagem.

No quesito Estrutura do programa, a equipe pedagógica deve ter uma preocupação muito grande com as características de aprendizagem do público alvo e ao tipo de interação a usar. Em cada programa de educação a distância devem constar os seguintes processos:

1. Apresentação de informações, demonstrações, explicações.

Muitos programas possuem apresentação de informações para que o aluno saiba como deve ser utilizado o programa e os seus objetivos, aliados a demonstrações que ajudarão ao aluno a visualizar bem e entender o programa,além doque háexplicações que servirão de modelo para o aluno desenvolvero seu raciocínio para responder as atividades propostas. As informações impressas ou gravadas são de nível mais baixo que por computador, porque por computador essas informações são mais rápidas de serem atualizadas e podem servir como uma biblioteca eletrônica para pessoas que encontram dificuldade de acesso a bibliotecas de livros impressos. São mais interativas.

2. Apoio à motivação doaluno para aprender, desenvolvendo a automotivação.

Os designers têm uma participação muito grande no momento de pensar nos materiais (currículo, programa de conteúdo a ser ensinado) porque devem estimular e manter o interesse do aluno no que está sendo ensinado. Além de pensar no modo melhor de oportunizar o diálogo entre o professor e o aluno, deve pensar em diversas técnicas como filmes, gravações e textos, para motivar o aluno a aprender e prender sua atenção no assunto em pauta.

"Estrutura inexpugnável e diálogo mínimo traduzem uma grande distância transacional – pelo menos tão grande, pode-se dizer, como no exemplo do curso/conferência proferido em um anfiteatro." ( BOUCHARD, 2002, p. 77)

3. Estímulo à análise e a crítica sobretudo com alunos de freqüência do ensino superior.

Neste quesito fica evidente a necessidade da leitura e da escrita, quando se nota a necessidade de auxiliar o aluno na abordagem das questões e/ou formulação de perguntas, consideradas habilidades cognitivas de alto nível, associados a atitudes e valores; que se espera que alunos de educação superior desenvolvam. E isto, sem dúvida é muito trabalhoso, à distância, tanto pelo convencimento em responder positivamente às situações, quanto pela execução das atividades.

4. Aconselhamento e assistência aos alunos tanto na abordagem dos problemas pedagógicos como na utilização dos meios de comunicação.

No programa educacional deve constar orientação sobre o uso do material didático que servirá de apoio para o aluno, das técnicas para o seu estudo que lhe darão condições de aprender com mais facilidade e de algum tipo de referência para indivíduos que precisam de ajuda no desenvolvimento de suas habilidades de aprendizagem e no enfrentamento de problemas apresentados, por telefone, correio,e-mail e entrevistas presenciais.

5. Organização de prática, aplicação, testagem e avaliação.

É imperativo a apresentação de trabalhos escritos por parte do aluno, que irão ser avaliados pelo professor que por sua vez dá um feedback incentivador à melhoria do trabalho do aluno, mostrando os erros a serem reparados e como evitá-los. Deve-se dar aos alunos a oportunidade de aplicar o que está sendo aprendido, através de situações práticas cotidianas e simulações interessantes. O papel do tutor é muito importante, pois o mesmo aluno mais independente pode ficar vulnerável durante o processo de aplicação, falta-lhe ainda um conhecimento mais abrangente para estar certo de que o aplica corretamente e este conhecimento que falta é enfatizadona situação-problema.

6.Organização para a construção do conhecimento por parte do aluno.

Em um modelo educacional construtivista, o uso do computador é fundamental para o desenvolvimento da interação, no plano da construção colaborativa do saber ou conhecimento, entre professor e aluno. Nessa modalidade o aluno aprende na medida em que constrói conhecimentos. Isto é, as informações são exploradas(apropriadas) e transformadas em significados no universo simbólico da estrutura cognitiva do aluno.

AUTONOMIA

A Autonomia do aluno, segundo Moore (2008, p. 6), é uma medida que permite que seja o aluno e não o professor a determinar os seus objetivos de aprendizagem. Este era um ideal que pressupunha que os alunos fossem total e emocionalmente autônomos.

De acordo com Malcom Knowles (apud MOORE, 2008, p. 6) tal comportamento autônomo deveria ser natural para oque, sendo adulto, tem seu próprio conceito de independência. No entanto, esta afirmação sobre a autonomia do aluno não implicava que todos os adultos estivessem preparados para uma aprendizagem completamente independente. Ao contrário, como afirmava Knowles, como os alunos são treinados para serem dependentes do sistema escolar, "os adultos via de regra não estão preparados para uma aprendizagem independente; precisam atravessar um processo de reorientação para aprenderem como adultos". (KNOWLES, apud AZEVEDO, 2008, p.6)

Há a necessidade de os alunos compartilharem a responsabilidade dos seus próprios processos de aprendizagem. A Autonomia do aluno tem a ver com a capacidade que este tem, perante os conteúdos programáticos do curso, de estabelecer os seus próprios objetivos, metodologias e materiais a utilizar, bem como etapas e modos de avaliação da sua aprendizagem e aquisição de conhecimentos/competências.

A característica própria de cada aluno é que será determinante na escolha do programa, segundo a sua preferência, que pode ser menos estruturados e mais dialógicos ou dialogantes, em que o professor vai adequando as metodologias e ritmos às necessidades do aluno.

SELEÇÃO E INTEGRAÇÃO DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Há uma forte tendência em se afirmar que, sobre a teoria de distância transacional, a utilização do computador, nomeadamente de Internet, dadas as suas potencialidades interativas e de comunicação, é referida como o melhor meio para a veiculação dos processos de ensino: apresentação, motivação, desenvolvimento crítico e analítico, aplicação e avaliação e apoio ao aluno no contexto de diálogo estruturado.

Almeida afirma que

A integração entre a tecnologia digital com os recursos da telecomunicação, que originou a internet, evidenciou possibilidades de ampliar o acesso à educação, embora esse uso per si não implique práticas mais inovadoras e não represente mudanças nas concepções de conhecimento, ensino e aprendizagem ou nos papéis do aluno e do professor. (ALMEIDA, 2008, p. 2)

Surgindo como uma modalidade de ensino a educação a distância(EaD) procura atender a necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que de certa forma não podiam freqüentar uma escola. O que atrai mais a atenção das pessoas dentro ou fora da EaD é o meio de comunicação.

O meio de comunicação em sua natureza, segundo a Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância (2008, p. 2),

tem um impacto direto sobre a extensão e a qualidade do diálogo entre instrutores e alunos. De forma unidirecional, um programa educacional que utiliza televisão e fita de áudio, por exemplo, não permite o envio de mensagens de volta ao professor [...] Um programa educacional que utiliza meios de comunicação como internet, correio e outros em que o aluno dialoga com o professor é considerado de forma bidirecional.

As novas tecnologias e algumas ferramentas interativas (áudio e vídeo) trouxeram para a educação a distância uma inovação muito grande no que tange a comunicação; por assim dizer, a relação multilateral onde pode acontecer o envolvimento de inúmeros diálogos entre os participantes. Em outras palavras a interação entre o professor e o aluno passa a ser mais dialógica, o que é muito bom, e menos estruturada, embora os alunos não tenham ainda autonomia, não porque o sistema não ofereça essa condição, mas porque ainda exista a presença dominante do professor, devido a suaintegridade física de apoio de referência.

A teleconferência, apresentada como um marco dentro da metodologia que melhor reduz a distância, ainda não é muito explorada, hoje, embora aumente a autonomia dos alunos; e nas mãos de professores mais progressistas ela poderá cumprir cadavez melhor o seu papel. E com a introdução de novas formas de comunicação, teremos um professor virtual para aluno de acordo com o eterno retorno, apregoado por Friedrich Nietzsche, como uma metáfora às aulas de Sócrates, e vislumbrado com esplendor pelas idéias avançadas do cientistaAlbert Einstein.

RESUMO ORIENTADOR

Na hora de escolher o processo de ensino é necessário selecionar o meio apropriado para veicular cada processo, procurando adequar às características do aluno e do conteúdo, no intuito dereduzir a distância transacional.

A tabela a seguir aponta como sugestão algumas características consideradas importantes, dentro dos aspectos levantados neste artigo, para o maior aproveitamento dos meios de modo que o aluno seja beneficiado e se reduza cada vez mais a distância transacional.

Observa-se que a maior quantidade de "x" indica o maior potencial de cada meio para veiculação dos processos de ensino, tais como: apresentação, motivação, desenvolvimento crítico e analítico, aplicação e avaliação, e apoio ao aluno.

De acordo com a Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância: "A intenção é estimular os designers instrucionais a colocarem em prática a idéia de dividir as funções do professor e a distribuírem a instrução montada por uma equipe de especialistas, através de vários meios." ( AZEVEDO, 2008, p.5)

No que tange a EaD a teoria da distância transacional é uma proposta de grande valor no espaço educacional, sobretudo no espaço em que o ensino é presencial, onde a importância do diálogo atinge uma notoriedade impressionante.


TABELA 1 – RELAÇÃO ENTRE DIÁLOGO, ESTRUTURA E INSTRUÇÃO

 

Meios sem diálogo e altamente estruturados

 

Apr

Mot

Cr/An

Apl/Aval

Apo

Manual de auto - estudo

x

x

x

x

 

Comunicação de massa/gravação de áudio

xx

xx

x

x

 

Comunicação de massa/gravação de vídeo

xxx

xxx

x

x

 

 

 

 

Meios com diálogo estruturado

 

Apr

Mot

Cr/An

Apl/Aval

Apo

Correio

xx

xx

xxx

xxx

xx

Videoconferência

xx

xx

xx

xx

x

Audioconferência

xx

xx

xx

xx

xxx

Conferência por computador

xx

xx

xxx

xxx

xxx

(Fonte: Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância – Teorias: Aspectos Teóricos e ..., Tema : Teoria da Distância Transacional, Michael G. Moore, traduzido por Wilson Azevêdo, p. 2, 16/12/2008)[3]

A tabela serve de parâmetro, na utilização dos meios e aplicações apropriadas, para prover o aluno de material que facilite sua aprendizagem e lhe traga um maior retorno de aproveitamento. Vale ressaltar que esse parâmetro não deve ser considerado único, mas é bastante relevante nas considerações levantadas pela equipe que irá preparar o material para o aluno.

CONCLUSÃO

Metodologias de ensino a distância são naturalmente adequados a alunos adultos e autônomos. Nem o diálogo, nem a transação pedagógica ocorrem pela presença da mais nova geração de equipamentos que possibilitam a teleconferência. Tal só ocorre se as pessoas se comprometerem significativamente.

A elaboração de um programa de ensino a distância requer uma equipe pedagógica composta por especialistas em conteúdos, designers, especialistas em meios e professores especializados. Deverão ter em conta não só o conteúdo mas também o público alvo. Questionar os potenciais alunos poderá ajudar na estruturação do programa/currículo.

A proposta do estudo da teoria da distância transacional é válida, também, para o ensino presencial, que merece um apoio maior no sentido de promover aspectos mais interessantes que motivem o aluno a aprender.

O diálogo é um instrumento de aproximação entre o professor e o aluno que pode promover um elo forte e de alcance extraordinário.

Portanto a pesquisa aqui apresentada a guisa de ilustrações e interpretações pouco extensas, ainda contribui para a aprendizagem, seja ela na modalidade presencial ou à distância, possibilitando, inclusive, outras investigações.

REFERÊNCIAS

ARTIGOS DA INTERNET

1.AZEVEDO,Wilson. Teoria da distância Transacional. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, 2002.

2.ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcin de, Tecnologia e Educação a Distância: Abordagens e Contribuições dos Ambientes Digitais e Interativos de Aprendizagem, PUC, São Paulo, 2003.

3.BOUCHARD, Paul – Autonomia e Distância Transacional na Formação a Distância. Extraído de :

4.ALAVA, S. Et lei. Ciberespaço e Formações Abertas – Rumo a Novas Práticas Educacionais Editora Artmed. Porto Alegre, 2002, pp. 71-85.

5.VALENTE, José Armando – Diferentes Abordagens de Educação a Distância. NIED – UNICAMP & CED – PUC/SP.

6.MACHADO, Liliana Dias – Concepções de Espaço e Tempo nas Teorias de Educação a Distância. Ceará, 2005.

7.PONTES, Aldo – Educação a Distância, Formação e Desenvolvimento: Contribuições das Universidades Brasileiras, São Paulo, 2004.

LIVROS

8.FREIRE, Paulo – Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

9.PAIS, Luiz Carlos – Educação Escolar e as Tecnologias da Informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

10.PRIMO, Alex – Interação Mediada por Computador: Comunicação, Cibercultura, Cognição. Porto Alegre: Sulina, 2



[1] Autor e aluno do curso dePós Graduação em Informática na Educação pela Faculdade Estácio de Sá de Vitória

[2] Co-autora e professora orientadora do curso dePós Graduação em Informática na Educação pela Faculdade Estácio de Sá de Vitória

[3] Notas: Apr = Apresentação; Mot = Motivação; Cr/An = Desenvolvimento Crítico e Analítico; Apl/Aval =Aplicação e Avaliação; Apo = apoio ao aluno