1. INTRODUÇÃO

Há décadas que os transtornos de aprendizagem presentes no cotidiano das escolas, vem preocupando psicólogos, pedagogos e psicopedagogos de vários países. Estima – se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de necessidade especial, deste universo, acredita-se que, pelo menos, noventa por cento das crianças, na Educação Básica, sofram com algum tipo de dificuldade na aprendizagem, relacionada à linguagem, entre elas, destaca – se a Dislexia, uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita que atingem de forma severa, cerca de 10% das crianças em idade escolar, representando um grave problema escolar, para o qual a maioria dos profissionais da educação, não estão preparados para combatê-lo (CAPOVILLA, 2007). O distúrbio foi descoberto por Berklan em 1881, e denominado de “Dislexia”, em 1887 por Rudolf Berlim, é apresentado em várias maneiras de dificuldade, com as diferentes formas de linguagem, frequentemente incluídos os problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar (DAVIS; ELDON, 2004). A Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar, as alterações comportamentais e emocionais são consequências do problema, pois a Dislexia não é uma doença e sim um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem (GONÇALVES, 2006). Diante da problemática e, na condição de profissional atuante na área de educação, surgiu a necessidade de aguçar os conhecimentos sobre o assunto, e por acreditar que um estudo dessa natureza muito contribuirá para os profissionais da Educação e áreas afins. Partindo destes pressupostos, surgiram três questões norteadoras para o desenvolvimento da pesquisa: O que é Dislexia? Como diagnosticá-la? Qual o papel do Psicopedagogo? Com isso, torna – se essencial ampliar os conteúdos sobre a Dislexia no âmbito da Psicopedagogia, buscando em literaturas mais específicas e embasamentos teóricos, aprofundar a discussão, tendo em vista auxiliar os professores e psicopedagogos a amenizarem os problemas de aprendizagem em sala de aula. Portanto, o presente artigo surgiu da necessidade de obter maior compreensão sobre esse tipo de distúrbio, nessa acepção, têm – se como objetivos: Compreender a Dislexia, as dificuldades no reconhecimento de palavras escritas, suas causas e a atuação do Psicopedagogo frente a esse transtorno de aprendizagem.

2. DISLEXIA:

Algumas considerações Palavra derivada do grego “Dis” (dus) dificuldade e “lexis”, linguagem. A Dislexia é definida como sendo um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, diagnosticada geralmente no inicio do processo de alfabetização. É atualmente, o transtorno mais incidente, atingindo na maioria crianças e adultos do gênero masculino (SANTOS, 2006). Trata – se de um distúrbio de aprendizagem que pode ser causada por vários fatores, que são desde hereditariedade até alterações nos hemisférios cerebrais, subdividindo – se em Dislexia do desenvolvimento ou adquirida. Embora seja obviamente, uma desordem heterogênea, há famílias que mostram transmissão autossômica dominante, apresentando 50% de probabilidade de transmissão para os descendentes (PAIN, 2007). Estudos desenvolvidos por Santos (2002) confirmam que em 80% dos casos, pais, avós, tios ou alguns irmãos das crianças disléxicas, também apresentavam alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita, isso mostra que não está descartada a possibilidade da Dislexia ser também de origem genética. Conforme Ianhez e Nico (2002), o diagnóstico dá – se através de sinais e sintomas, dentre outros: Dificuldade em organizar tarefas, escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas, confusão entre as letras de formas vizinhas, como “moite” por “noite”, “espuerda” por “esquerda”. Pain (2007, p. 23), afirma que “a Dislexia raramente é encontrada de forma isolada e sim, associada a outros distúrbios”, como: a) DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA: A curto prazo (O que aconteceu num momento anterior) ou a longo prazo (O que aconteceu há vários dias). A criança Disléxica, geralmente apresenta Deficiência para a memória visual ou auditiva, porém, pode – se encontrar crianças Disléxicas para a memória, tanto visual como auditiva. b) DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA SEQUENCIAL: A criança tem dificuldade para recordar as sequências espacial e temporal, respectivamente, bem como de lembrar: Séries, dias da semana, meses do ano, etc. c) ORIENTAÇÃO ESQUERDA – DIREITA: Dificuldade de identificação do lado esquerdo e direito de se própria, como em nível de outra pessoa ou objeto. d) ORIENTAÇÃO TEMPORAL: Dificuldade de se situar no tempo, como dizer horas, qual o dia da semana, qual o mês do ano. e) IMAGEM CORPORAL: Dificuldade de desenhar uma figura humana. f) ESCRITA e SOLETRAÇÃO: O processo de escrita é posterior ao processo de leitura, portanto, a criança Disléxica, com problemas severos em leitura, é incapaz de escrever. g) DISTÚRBIOS TOPOGRÁFICOS: Dificuldade de ler e se situar em mapas, globos, gráficos. h) DISTÚRBIOS DO PADRÃO MOTOR: Dificuldade de correr, saltar e manter o equilíbrio apoiada num só pé. [...]