DISLEXIA – Um olhar sob a ótica da Psicopedagogia.
Publicado em 03 de janeiro de 2019 por Ana Maria Silva Sobreira
1. INTRODUÇÃO
Há décadas que os transtornos de aprendizagem presentes no cotidiano das escolas, vem preocupando psicólogos, pedagogos e psicopedagogos de vários países. Estima – se que, no Brasil, cerca de 15 milhões de pessoas têm algum tipo de necessidade especial, deste universo, acredita-se que, pelo menos, noventa por cento das crianças, na Educação Básica, sofram com algum tipo de dificuldade na aprendizagem, relacionada à linguagem, entre elas, destaca – se a Dislexia, uma dificuldade de aprendizagem caracterizada por problema na linguagem receptiva e expressiva, oral ou escrita que atingem de forma severa, cerca de 10% das crianças em idade escolar, representando um grave problema escolar, para o qual a maioria dos profissionais da educação, não estão preparados para combatê-lo (CAPOVILLA, 2007). O distúrbio foi descoberto por Berklan em 1881, e denominado de “Dislexia”, em 1887 por Rudolf Berlim, é apresentado em várias maneiras de dificuldade, com as diferentes formas de linguagem, frequentemente incluídos os problemas de leitura, em aquisição e capacidade de escrever e soletrar (DAVIS; ELDON, 2004). A Dislexia não está associada a uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar, as alterações comportamentais e emocionais são consequências do problema, pois a Dislexia não é uma doença e sim um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem (GONÇALVES, 2006). Diante da problemática e, na condição de profissional atuante na área de educação, surgiu a necessidade de aguçar os conhecimentos sobre o assunto, e por acreditar que um estudo dessa natureza muito contribuirá para os profissionais da Educação e áreas afins. Partindo destes pressupostos, surgiram três questões norteadoras para o desenvolvimento da pesquisa: O que é Dislexia? Como diagnosticá-la? Qual o papel do Psicopedagogo? Com isso, torna – se essencial ampliar os conteúdos sobre a Dislexia no âmbito da Psicopedagogia, buscando em literaturas mais específicas e embasamentos teóricos, aprofundar a discussão, tendo em vista auxiliar os professores e psicopedagogos a amenizarem os problemas de aprendizagem em sala de aula. Portanto, o presente artigo surgiu da necessidade de obter maior compreensão sobre esse tipo de distúrbio, nessa acepção, têm – se como objetivos: Compreender a Dislexia, as dificuldades no reconhecimento de palavras escritas, suas causas e a atuação do Psicopedagogo frente a esse transtorno de aprendizagem.
2. DISLEXIA:
Algumas considerações Palavra derivada do grego “Dis” (dus) dificuldade e “lexis”, linguagem. A Dislexia é definida como sendo um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, diagnosticada geralmente no inicio do processo de alfabetização. É atualmente, o transtorno mais incidente, atingindo na maioria crianças e adultos do gênero masculino (SANTOS, 2006). Trata – se de um distúrbio de aprendizagem que pode ser causada por vários fatores, que são desde hereditariedade até alterações nos hemisférios cerebrais, subdividindo – se em Dislexia do desenvolvimento ou adquirida. Embora seja obviamente, uma desordem heterogênea, há famílias que mostram transmissão autossômica dominante, apresentando 50% de probabilidade de transmissão para os descendentes (PAIN, 2007). Estudos desenvolvidos por Santos (2002) confirmam que em 80% dos casos, pais, avós, tios ou alguns irmãos das crianças disléxicas, também apresentavam alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita, isso mostra que não está descartada a possibilidade da Dislexia ser também de origem genética. Conforme Ianhez e Nico (2002), o diagnóstico dá – se através de sinais e sintomas, dentre outros: Dificuldade em organizar tarefas, escrita incorreta, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas, confusão entre as letras de formas vizinhas, como “moite” por “noite”, “espuerda” por “esquerda”. Pain (2007, p. 23), afirma que “a Dislexia raramente é encontrada de forma isolada e sim, associada a outros distúrbios”, como: a) DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA: A curto prazo (O que aconteceu num momento anterior) ou a longo prazo (O que aconteceu há vários dias). A criança Disléxica, geralmente apresenta Deficiência para a memória visual ou auditiva, porém, pode – se encontrar crianças Disléxicas para a memória, tanto visual como auditiva. b) DISTÚRBIOS DA MEMÓRIA SEQUENCIAL: A criança tem dificuldade para recordar as sequências espacial e temporal, respectivamente, bem como de lembrar: Séries, dias da semana, meses do ano, etc. c) ORIENTAÇÃO ESQUERDA – DIREITA: Dificuldade de identificação do lado esquerdo e direito de se própria, como em nível de outra pessoa ou objeto. d) ORIENTAÇÃO TEMPORAL: Dificuldade de se situar no tempo, como dizer horas, qual o dia da semana, qual o mês do ano. e) IMAGEM CORPORAL: Dificuldade de desenhar uma figura humana. f) ESCRITA e SOLETRAÇÃO: O processo de escrita é posterior ao processo de leitura, portanto, a criança Disléxica, com problemas severos em leitura, é incapaz de escrever. g) DISTÚRBIOS TOPOGRÁFICOS: Dificuldade de ler e se situar em mapas, globos, gráficos. h) DISTÚRBIOS DO PADRÃO MOTOR: Dificuldade de correr, saltar e manter o equilíbrio apoiada num só pé. [...]