DISLEXIA NO ENSINO FUNDAMENTAL

Conhecendo e minimizando as dificuldades

do aluno dislexo em sua aprendizagem

Adalberto ALABARCE¹

 

 

RESUMO: Este artigo traz à luz educacional detalhes sobre a dislexia, os sintomas apresentados, diagnósticos e estratégias educacionais para conviver com o aluno dislexo, a influência da LDBEN em socorro ao estudante com essa dificuldade, apresenta também situações para minimizar dificuldades com a promoção da inclusão escolar desse aluno no ensino regular e depoimentos de pais, alunos dislexos e profissionais gerais sobre casos reais de envolvimento com esse transtorno.

 

 

PALAVRAS-CHAVE: Dislexia; LDBEN; Sintomas; Diagnóstico; Inclusão.

 

Introdução

O tema Dislexia no Ensino Fundamental: conhecendo e minimizando as dificuldades do aluno dislexo em sua aprendizagem foi escolhido devido a sua grande importância para à educação, principalmente na inclusão escolar e na preparação de professores e demais atores da educação no sentido de saber como trabalhar com os alunos dislexos, auxiliando-os em sua aprendizagem.

Dados sobre a Educação no Brasil em 2009 apontam que há 13% de crianças entre 10 e 14 anos com mais de dois anos de atraso escolar, com grande variação entre as regiões do País (PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2009).

 

 

 

¹ Graduação em Geografia (UNIMES – Santos). E-mail do autor: qp.ace@bol.com.br.

Esses resultados apontam que parte de nossas crianças conseguem atingir níveis de competência em leitura, mas uma parcela importante da população que cursa o ensino fundamental no Brasil ainda não alcançou níveis recomendáveis para sua idade. Aproximadamente 40% das crianças em séries iniciais de alfabetização apresentam dificuldades escolares devido a múltiplas causas incluindo falta de oportunidade social, ambiente cultural pouco estimulante, desvantagens sócio-econômicas, falhas no acesso ao ensino e aos métodos pedagógicos adequados, além de fatores neurobiológicos diversos.

De acordo com dados publicados pelo IBGE (2010) o Brasil tem cerca de 190 milhões de habitantes, dos quais quase 45 milhões de crianças e adolescentes estão matriculados no ensino regular. Se considerarmos a prevalência reservada de 4% de alunos disléxicos ainda assim estaremos diante de 1.8 milhões de brasileiros nessa condição.

Diante dessa situação diversos doutores, mestres, cientistas, estudantes e pais estudam e escrevem sobre a Dislexia. Cada qual com seu interesse próprio, mas com algo em comum: a procura do entendimento, diagnóstico precoce e principalmente, como se relacionar com um filho ou aluno dislexo, para auxiliá-lo em sua vida social e profissional.

A busca por essas respostas, motivou-me a procurar conhecer o que é a Dislexia e sua ação, ao junto ao aluno do Ensino Fundamental. Inicialmente, por meio da leitura em artigos médicos e depois consultando a Associação Brasileira de Dislexia e Associação Nacional de Dislexia, onde há um farto material, tanto instrutivo como em depoimentos de inúmeros casos atendidos por aquela entidade, bem como seus cursos que promovem a explanação adequada sobre esse transtorno.

A ausência do conhecimento sobre a Dislexia pelo professor e demais atores da educação promove um atraso no processo de inclusão escolar e social, pois muitos de nossos alunos, que consideramos “indisciplinados” podem ser dislexos e a nossa omissão em auxiliá-los pode impedi-los de ter uma vida futura intelectual, profissional e social saudável, como está inserido na seção Depoimentos deste trabalho.

Este artigo está dividido em seções e subseções. Nas seções do Desenvolvimento textual, encontram-se cinco subseções: Dislexia e o aluno dislexo; Sintomas Gerais; Diagnóstico e Estratégias Educacionais; LDBEN e o aluno dislexo, Minimização das dificuldades e inclusão escolar e Depoimentos. Na subseção Dislexia e o aluno dislexo ocorrem discussões à respeito do que é a dislexia e como é o aluno dislexo, apresentando conceitos e definições variadas. Na subseção Sintomas Gerais denota-se os sinais de identificação de um aluno dislexo (comportamento, atitude, sentimento). Na subseção Diagnóstico e Estratégias Educacionais se mostra, segundo JOHNSON & MYKLEBUS (1987), MORAES (1997) e MELO (2009), divisões entre alunos dislexos visuais e auditivos, bem como, como diagnosticar tais alunos e estratégias para trabalhar com os mesmo no processo ensino-aprendizagem. Na subseção LDBEN (Lei 9394/96) e o aluno dislexo, denota o comparativo da Lei Educacional com a Educação Especial, principalmente nos direitos assegurados e da omissão estatal em determinados momentos necessários e importantes ao auxílio do estudante dislexo. Na subseção Minimização das dificuldades e inclusão escolar, esclarece-se a ação de minimizar o transtorno do aluno e o processo intenso e permanente de incluí-lo ao sistema educacional vigente e regular. E, a última subseção, caracteriza-se pelos Depoimentos, que manifestam, segundo a ABD (Associação Brasileira de Dislexia) como ponto de apoio e conhecimento para quem trabalha com alunos dislexos.

O artigo envolve sinteticamente o que define Dislexia, seu público alvo, suas características, e principalmente, ações que possam minimizar as dificuldades do aluno dislexo em sua aprendizagem, neste caso, do Ensino Fundamental.

 

Desenvolvimento textual

São mais de 60 trabalhos, entre livros, monografias e artigos, que descrevem a dislexia em alunos das duas áreas da educação: básica e superior destacados e disponíveis na internet, para acesso simples e rápido, dando base de conhecimento, esclarecimento e encaminhamento, conforme os casos.

Os referidos expedientes são postados por alunos de graduação; pós-graduação; mestres, doutores da educação; escritores da área médica-científica, bem como da própria ABD (Associação Brasileira de Dislexia), localizada em São Paulo e pela AND (Associação Nacional de Dislexia, localizada no Rio de Janeiro, onde atende, instruem e promovem estudos científicos sobre a dislexia.

A metodologia aplicada para a realização desteartigo envolve a pesquisa bibliográfica, principalmente em sítios e literaturas que descrevem o trabalho com o aluno dislexo, tanto em sua etimologia, como causas, consequências, aplicabilidade educacionais e entendimento dos atores escolares, no que tange a realizar e propiciar ao aluno dislexo sucesso em sua vidas estudantil e profissional em um futuro-próximo.

Os resultados e as discussões estão apresentadas em seções e subseções, que dão uma linha de entendimento desse comportamento diferenciado e a atuação do profissional de educação, com orientações de diagnósticos e estratégias para a condução adequada do ator educacional e o aluno durante o seu período de aprendizagem escolar.

 

1 Dislexia e o aluno dislexo

O Comitê de abril de 1994 da IDA (International Dyslexia Association) define a dislexia de várias formas, mas que se resumem na dificuldade específica na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos pela criança dislexa, embora apresente inteligência emocional, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequado.

A ABD - Associação Brasileira de Dislexia - (2003), define dislexia como sendo uma dificuldade de aprendizagem de ordem neurológica.

Cientistas e estudiosos da Universidade de Helsinque, Finlândia, e do Instituto Karolinska, Suécia declararam que o gene DYXC1 deve ser um dos princípios geradores da dislexia, pois associam problemas no mau funcionamento desse gene ao aparecimento do distúrbio. Também definem que tal perturbação é encontrada mais no sexo masculino, entre 70 e 80 porcentos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a dilexia como um transtorno do neurodesenvolvimento que é caracterizado pela dificuldade específica de leitura, não explicada por déficit de inteligência, falta de oportunidade de aprendizado, motivação geral ou acuidade sensorial diminuída seja visual ou auditiva.

Consoante, Correia (2004) os alunos que portam um transtorno de aprendizagem apresentam um conjunto de inabilidades em áreas distintas. Fazendo com que eles possam sentir muitos problemas na compreensão de números e na decodificação de letras e palavras em texto. Cerca de 10% das crianças em idade escolar possuem algum distúrbio de leitura e escrita de forma severa, já as crianças que possuem distúrbios mais leves desta mesma natureza chegam a 25%. Tornando necessário que os profissionais da área da educação conheçam os principais distúrbios de leitura. Um dos distúrbios que aparece com bastante recorrência é o “distúrbio especifico de leitura” que nos países de língua francesa foi chamado de “dislexia” (CAPOVILLA, END ALL,2007).

Os sentidos psicopedagógicos compreendem a dislexia sob um ponto de vista “integrativo”, que recebem funções “orgânicas e psicodinâmicas” do aluno, envolvendo familiares e a escola. E sua dificuldade de escrever e ler é uma situação multidimensional, que não se resume nele somente, mas em seus familiares, educadores e suas metodologias e didáticas aplicadas em sala de aula.

O aluno dislexo não quer ter o fracasso escolar estampado em sua vida quando inicia seus estudos na Educação fundamental, ao contrário, quer ter sucesso, prosperidade e elogios; por isso, há necessidade de atuação psicopedagógica sobre ele para dar suporte a familiares, professores e ao próprio aluno, para que ele tenha autonomia e independência e inicie um processo de aprendizagem concreta, “o que lhe afiança reabilitar os demais recursos cognitivos” (CAMPOS DE FREITAS. Disponível em: <http://www.abcdislexia.com.br. Acesso em 27/2/2013).

A dislexia, considerada a “Mãe dos transtornos de aprendizagem”, (DAVIS, 2004) pode dificultar ou auxiliar o aluno em sua vida profissional. É uma bifurcação, pois de um lado o estudante encontra dificuldades em sua alfabetização, por outro a dislexia é característica de vários gênios e pessoas de sucesso, tais como: Ágatha Christie, Charles Darwin, Pablo Picasso, Robin Willian, Tom Cruise e outros (FOLHA ON LINE, 2007).

Mesmo sendo um transtorno infanto-juvenil, a dislexia, não é algo que poderá acarretar danos maiores à sociedade (convívio social) ou à intelectualidade (convívio profissional).

Davis & Braun (2004), afirmam que, os dislexos compartilham algumas habilidades básicas:

 

1. São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar percepções (a habilidade primária); 2. São altamente conscientes do meio ambiente; 3. São mais curiosos que a média; 4. Pensam principalmente em imagens, em vez de palavras; 5. Pensam e percebem de forma multidimensional (utilizando todos os sentidos); e 6. São capazes de criar imagens muito vividas.

 

Mesmo possuindo essas habilidades, cada dislexo é diferente do outro. Alguns desenvolvem naturalmente as habilidades descritas outros não.

“Estas seis habilidades básicas, se não forem suprimidas, anuladas ou destruídas pelos pais ou pelo processo educacional, resultarão em duas características: inteligência acima do normal e extraordinária criatividade” (DAVIS & BRAUN, 2004).

Logo, um aluno dislexo pode ter em sua aprendizagem um processo tranquilo e eficaz de realizações. Conhecer o seu potencial é necessário para sua evolução social e profissional. Seus pais, professores e gestores educacionais devem compreender que ele tem apenas uma dificuldade específica – dislexia - no seu aprendizado fundamental e que isso pode ser trabalhado.

Assim, se o professor, o gestor educacional quiserem trabalhar e auxiliar o aluno dislexo deverão saber mais sobre as teorias Piagetianas (linguagem oral, escrita, processamento da informação; enfim, os estágios do desenvolvimento cognitivo.

Piaget (1982) relata que nos estágios: pré-operacional e operatório-concreto, “pode-se ser levantada a suspeita de dislexia no caso de insensibilização do educando às rimas” e “ que tem dificuldade de fazer a correspondência entre letras e fonemas...”

Os alunos dislexos promovem erros visuais negando a responder perguntas do texto que foi feito a leitura, usando formas variadas em desacordo com o solicitado.

Afirmando Piaget & Vygotsky (1982): os dislexos dão ao professor, seus grandes observadores, os primeiros indícios de suas dificuldades leitoras, escritoras e ortográficas, ao conseguirem, inesperadamente, dispor de tantos anos de bancos escolares, a automatização leitora […] que acaba por conduzir a leitura de forma lenta, sofrível e analítica.

O aluno dislexo tem seu tempo diferenciado dos demais, por isso necessita de um período mais longo e de repetição para atingir o nível de proficiência adequado de leitura, escrita e cálculo.

O aluno dislexo, principalmente do Ensino Fundamental, ciclo I, devem ser assistido de maneira individualizada, mas não alienada em sala de aula por seus professores, para que o mesmo se sinta incluído no sistema, mas conhecedor que tem seu próprio tempo e espaço a ser preenchido e percorrido.

 

2 Sintomas Gerais

Os educadores e demais atores educacionais, mesmo não sendo profissionais da saúde, necessitam ter noções básicas de diagnóstico da dislexia, para que no primeiro contato com o aluno, possa ser verificado sinais, que possa identificá-lo como dislexo e assim promover ações educacionais para auxiliá-lo e tornar eficaz a sua aprendizagem.

 

Os sintomas, segundo Varella:

 

Variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização […] tem dificuldades: 1) para ler, escrever e soletrar; 2) de entendimento de texto escrito; 3) para de identificar fonemas, associa-los às letras e reconhecer rimas e aliterações; 4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia); 5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia); 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora (Disponível em http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/dislexia/. Acesso em 26/2/2013).

 

Cuba dos Santos (1987) registra que os sintomas:

Permanecem ou aumentam as inversões, confusões, trocas e omissões de fonemas; o vocabulário passa a ser cada vez mais empobrecido em relação à faixa e escolaridade alcançada; na leitura, geralmente silábica, hesitante e mecânica, é frequente a presença de confusão entre letras, como por exemplo entre: a/o; a/e; u/o; b/d; p/q; u/n, assim como aparecem omissões, inversões e adições de silabas nas palavras lidas, o que dificulta ainda mais o entendimento do texto; na escrita percebem-se confusões de letras semelhantes pelo som ou forma; há omissões e inversões de letras, sílabas ou palavras, que persistem apesar do treino ortográfico; é frequente a escrita de letras ou símbolos isolados em espelho e a escrita e a estruturação das ideias são confusas.

 

Continua, Cuba dos Santos, apresentando os sintomas, destacando agora nas crianças acima de nove anos de idade, que tem:

 

dificuldade na estruturação das frases; inadequação no uso dos tempos verbais; dificuldade persistente na compreensão da leitura, assim como na expressão oral e escrita; escrita muito irregular, com incorreções ortográficas, semântica e sintática; transparecem as dificuldades às outras aprendizagens escolares que tenham como base a leitura e sua compreensão; negam-se ou evitam ler, principalmente em voz alta; compreendem melhor o que é lido para eles do que o que leem e com se cansam devido ao esforço mental, escrevem mais devagar e sua caligrafia pode ser muito irregular.

 

3 Diagnóstico e Estratégias Educacionais

Johnson & Myklebust (1987) indicam, conforme a dislexia (MORAES, 1997), formas simples de diagnóstico e estratégias educacionais para os tipos auditiva e visual.

Referente aos alunos dislexos visuais, os comportamentos se enquadram em: dificuldades na interpretação e diferenciação e memorização de palavras, confusas das mesmas; frequentes inversões, omissões e substituições; problemas de comunicação verbal; problemas na grafomotricidade e na visiomotricidade e dificuldades em relacionar a linguagem falada com a linguagem escrita. Sendo o seu diagnóstico simplificado agregado às dificuldades em construir ou montar um “quebra-cabeça”, copiar figuras geométricas e grafismos rítmicos; dificuldades no controle visual e em diferenciar: forma, cor, tamanho e posição; problemas em identificar letras e palavras e no uso de plurais e tempos verbais e não volta a lembrar palavras e imagens. Referente às estratégias educacionais, utilizam-se: métodos analíticos e métodos fônicos; relacionar letras com sons singulares; palavras com a mesma configuração, identificar sons não verbais e verbais; associar sons; trabalhar com famílias de palavras, criar pequenas frases e histórias; aperfeiçoar as dificuldades visuais com situações de visuomotricidade; realizar discriminação de formas e figuras incompletas; treinar a visualização de orientação diferenciada de palavras e valorizar a velocidade de discriminação visual.

Referente aos alunos dislexos auditivos, os comportamentos se enquadram nas dificuldades sutis de discriminação de sons; a não-associação dos símbolos gráficos com seus componentes auditivos; confusão de sílabas iniciais, intermediárias e finais; a não-relação dos fonemas com monemas; problemas de percepção auditiva, articulação; dificuldades em seguir orientações, instruções e de memorização auditiva; problemas de atenção e dificuldades de comunicação verbal. As formas simplificadas de diagnóstico se resumem em: falta de êxito em distinguir semelhança e diferenças de sons (não diferencia “tua” de “sua”, nem “mão” de “não”; não identifica sons em palavras, nem sintetiza sons; não realiza a análise silábica; tem dificuldades na composição e sequência de sons, na retenção e reprodução de atividades rítmicas, na leitura oral, na compreensão da leitura; não fixa rimas nem lenga-lengas e tem dificuldades na articulação de palavras polissílabas. As estratégias educacionais indicadas para esse tipo são: desenvolver a correspondência entre a visão e a audição; utilizar métodos visuais, com o recurso de imagens e fichas coloridas e desenhadas; frases simples; refinar as aquisições auditivas; imitar sons; códigos rítmicos, agrupamento de sons; análise e síntese de sons com reforço visual, utilizar métodos com letras móveis e leitura silenciosa; discussões orais e exposição de acontecimentos e figuras e bandas desenhadas.

Tanto na dislexia visual ou auditiva, atingindo os saberes linguísticos e matemáticos (principalmente), o professor deve sempre auxiliá-lo, dando-lhe um atendimento individualizado evitando ressaltar as suas dificuldades, diferenciando-o dos demais, mostra impaciência com a dificuldade expressada pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela quer dizer contemplando sua ausência; e, corrigi-lo frequentemente diante da turma, para não se expor, e principalmente, ignorar que ela tem essa dificuldade.

Johnson & Myklebust (1987) dão dicas para o professor não forçar o aluno a fazer as lições quando estiverem nervosos por não ter conseguido, explicando-lhe suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que precisar; proponha jogos à turma na sala; não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis; e procure usar situações concretas nos problemas.

Coll (1995) propõe ao professor que, se dedique muito ao aluno resgatando-o em sua auto-confiança e habilidades. Há necessidade do professor conhecer o que é o aluno dislexo, pois poderá estar dando aulas para dislexos sem saber que os têm. Ele deverá trabalhar para que o aluno dislexo seja autônomo e não dependente de tudo, respeitando-o e excluindo o sentimento de pena. O aluo dislexo tem o seu próprio tempo e deve ser assistido com paciência e com um currículo flexível, o qual deve permanecer em turmas de no máximo 20 alunos em sala.

A ABD (Associação Brasileira de Dislexia) orienta que:

 

A motivação é muito importante para a criança dislexa, pois, ao se sentir limitada e inferiorizada, ela pode se revoltar e assumir uma atitude de negativismo. Por outro lado, quando se vê compreendida e amparada ganha segurança e vontade de colaborar.

 

Melo (2009) indica em seu trabalho monográfico alguns recursos, para que o aluno dislexo acompanhe a turma:

a) Dar a ele um resumo, do programa a ser desenvolvido;

b) Iniciar cada novo conteúdo, com um esquema mostrando o que será apresentado no período. No final resumir os pontos-chaves;

c) Usar vários recursos de apoio para apresentar a lição à classe, além do quadro-negro: projetor de slides, retroprojetor, vídeos e outros recursos multimídias;

d) Introduzir vocabulário novo ou técnico de forma contextualizada;

e) Evitar dar instruções orais e escritas ao mesmo tempo;

f) Avisar, com antecedência, quando houver trabalhos que envolvam leitura, para que o aluno, encontre outras formas de realizá-lo, como gravar o livro, por exemplo;

g) Autorizar o uso de tabuadas, calculadoras simples, rascunhos e dicionários, durante as atividades e avaliações;

h) Aumentar o limite do tempo para atividades escritas;

i) Ler enunciados em voz alta e verificar se todos entenderam o que está sendo pedido;

j) Usar gavador;

k) Confecção, do próprio material para alfabetização, como desenhar e mostra uma cartilha;

l) Uso de gravuras e fotografias (a imagem é essencial);

m) Material dourado (Material Caurineiro);

n) Folhas quadriculadas para Matemática;

o) Não deve ser forçado a ler em voz alta, em classe, a menos que demonstre desejo em fazê-lo; e

p) Uso de informática, como corretor ortográfico.

 

O professor deve ficar atento para auxiliar o aluno dislexo do Ensino Fundamental, mas por outro lado, não é todo ruim; pois, ele apresenta uma noção de situação otimizada; desenvolvida intuição e perspicaz sensibilidade; memória fotográfica e orientação do espaço; sociabilidade; perfeição competitiva; criação nata com muita alegria (MELO, 2009).

 

4 O aluno dislexo e a LDBEN

A educação é para todos, conforme preconiza o Governo Federal, por meio do MEC (Ministério da Educação e Cultura); logo, deve valorizar as diferenças, pois, elas potencializam os grupos, fortalecem as relações e convivências, conduzindo à construção do conhecimento pelo educando. Assim, a escola passa, além de ser um local de construção da intelectualidade para também da socialização, ou seja, uma pequena célula da nossa sociedade.

Na escola é que maioria dos alunos dislexos apresentam seus transtornos na linguagem, pois a prática da leitura e da escrita estão presentes e atuantes diariamente tendo grande importância para o currículo e sistema educacional atual. Mas, o ambiente escolar que existe não foi elaborado para atender o aluno dislexo, ao contrário, ela permanece para atender basicamente o público normal, isto é, aquele que não carrega em si nenhuma dificuldade. Devido a sua própria estruturação e documentação existentes: objetivos, conteúdos, metodologias, organização, funcionamento, e principalmente, as avaliações, as quais, infelizmente, elitizam a turma. Logo, muitos alunos dislexos abandonam a escola ou mesmo inseridos nela acabam sendo alienados em sala de aula. E os herois que conseguem diplomar-se, fazem-lo de maneira corajosa e inteligente ou por auxílio de professores que nele tem dó de sua situação.

A LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) prevê:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;

Art. 9º A União incumbir-se-á de:

V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;

Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores.

Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes curriculares;

CAPÍTULO V

DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:

I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;

V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.

Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

Não há necessidade que os alunos dislexos do Ensino Fundamental permaneçam em sala exclusivas. Esses alunos tem muito a oferecer e com o com a socialização entre os colegas “normais” ocorre uma aceleração em seu processo de ensino-aprendizagem fazendo crescer suas competências e habilidades.

Mas, detenho-me dentre esses vários capítulos e artigos da Lei 9394/96 (LDBEN), no Capítulo V, Art. 58, § 3º, que denota que o Estado tem o dever de atendimento das crianças de zero a seis anos de idade, na Educação Especial. Nisso, surge um paradoxo, pois o aluno dislexo com 06 anos de idade ingressa na Educação Fundamental, para ser alfabetizada, ou seja, no momento em que ela mais necessita do Estado, o mesmo se omite, diante desta Lei.

Em complementação, o diagnóstico de dislexia agrega a indicação de especialistas (fonoaudiologia, psicopedagogia, psicologia e outros), de acordo com o tipo e nível de dislexia constatado e há também uma lacuna da presença do Estado para assistir esses alunos.

Logo, resta somente o “dó” ou empenho heroico da equipe gestora educacional e seus atores educacionais, bem como dos pais, em mobilização, para assegurar, desde cedo, os tramites necessários com os profissionais liberais envolvidos, para minimizar as dificuldades do aluno dislexo no Ensino Fundamental.

 

5 Minimização das Dificuldades e Inclusão Escolar

O termo minimizar não quer dizer eliminar, mas suavizar, diminuir, tornar mínimo algo (FERREIRA, 2001). Quando se é minimizado um link de um computador qualquer, não se quer mostrar que desapareceu o referido site ou janela, mas que ele existe, é operacional, pode ser acessado a qualquer momento, mas que está em um estado inerte, controlado e bem administrado.

Minimizar as dificuldades do aluno dislexo no ensino fundamental promove ações diferenciadas, começando pelo PPP (Projeto Político Pedagógico) do estabelecimento de ensino, caminhando pelo próprio Regimento Interno e seguindo pelo PAP (Plano de Ação Participativo), que envolve os gestores, corpo docente, corpo discente, funcionários da escola, bem como pais e toda a comunidade escolar em busca de uma Nova Ação Escolar de Inclusão e não somente de matricular e posicionar o aluno dislexo em sala de aula, como um objeto inanimado ou de dó. Este trabalho ou empenho profissional não é unilateral, mas multi (lateral, dimensional, disciplinar e polar). Depende de todas as esferas possíveis, tanto interna quanto externa da escola, para que o sucesso do aluno dislexo seja real e não estatístico.

ALMEIDA (2011) especialista do Instituto Inclusão Brasil orienta para:

 

Refletir sobre o disléxico, tentar compreender suas dificuldades, posicionarmo-nos em relação a ele e garantir-lhe direitos e espaço, tem sido um excelente exercício de cidadania e tem beneficiado a todos os alunos sem ou com dificuldades de qualquer natureza;

Criticar, repensar e modificar a prática pedagógica, por causa e a partir dos alunos disléxicos, têm-nos levado, sempre, a refletir sobre o cotidiano da escola como um todo e tem gerado mudanças vantajosas para todos os alunos;
Ao modificarem sua prática pedagógica, vários professores incorporaram a ela novas tecnologias e técnicas de trabalho em grupo, tornando-as mais dinâmicas, interessantes e motivadoras;

O acompanhamento dos alunos disléxicos, através de ação integrada entre a direção e os serviços de orientação pedagógica e educacional (especialmente entre estes últimos), tem gerado desdobramentos que favorecem a escola como um todo e contribuem para a melhoria da qualidade do trabalho;

Dar oportunidades para os disléxicos externarem os seus dons resulta em benefícios para todos.

Há muito por aprender e muito por fazer. Nossas certezas são provisórias. Cada aluno disléxico é único e cada experiência traz novas demandas.

 

As escolas devem entender e interiorizar, que a realidade da inclusão de alunos dislexos é algo notório e imprescindível, para que os mesmos tenham oportunidades de sucesso em suas vidas social e profissional. Se, a escola fechar suas portas ou seus atores educacionais esquecerem esse aluno, na sala de aula, estarão contribuindo para uma nação futura mais pobre e decadente e perpetuando a ideia de que a escola é uma instituição para alguns, ou seja, elitizando os meios de informação e construção do conhecimento.

 

6 Depoimentos

Os sete depoimentos a seguir, são apenas uma minúscula parte extraída, dos inúmeros relatos à ABD (Associação Brasileira de Dislexia), por pais, portadores de dislexia e profissionais da área, que demonstram como tratam e superaram esse transtorno:

a) Sou Marcos Leonardo 29 anos disléxico com orgulho, tudo que sou e conquistei em minha vida devo a dislexia... Hoje estou a morar na Europa mas sou Brasileiro do nordeste Sergipe-Aracaju menor estado do Brasil.

b) Olá, meu nome é Ednalva e me descobri disléxica aos 18 anos hoje tenho 38, sempre fui muito tímida desde pequena nunca consegui falar em público tenho uma dificuldade muito grande em diferenciar as letras trocando as consoantes, as letras escritas dançavam na minha frente mas mesmo assim conseguia boas notas no período escolar.

c) Sou professora e nunca pensei em ter um filho dislexo. Fiquei no começo muito perdida, pois ajudava os filhos dos outros fiquei pensando como ajudar o meu, cada passo que ele dava para mim era um avanço e ninguém entendia isso; diziam que o mimava e não o deixava desenvolver sozinho.

d) Sou advogada, faço pós-graduação na Instituição Toledo de Ensino (Presidente Prudente/SP), tenho um círculo de amizades e desenho nas horas de folga.

e) Meu filho com 04 anos iniciou com problemas na escola, informaram que ele necessitava de ajuda profissional de uma psicóloga, não tendo nenhum retomo. Quando já estava na pré-escola, a professora comunicou que ele iria para classe fraca, pois ele não havia sido alfabetizado, juntamente com dois alunos, ele perguntou: - mãe por que tenha que estudar com esses dois amiguinhos, sendo que eles só querem saber de brincar, eles não prestam atenção na aula, não fazem a lição, gostaria de ir com meus outros amigos, com isto perdeu sua autoestima.

f) Meu filho Saulo Henrique R. Lima foi avaliado pela ABD pela Dra. Mônica e após receber o laudo confirmado dislexia modera fui à procura de uma Escola para matriculá-lo no 9º ano e percebi que várias delas colocavam sutilmente um empecilho para que pensasse em outra Escola.

g) Meu filho mais novo sentou e andou na época certa, mas demorou a falar. Na fase de alfabetização, seu desenvolvimento não era o mesmo que o das irmãs, mas, não se deve comparar irmãos, cada um é como é. E assim passaram-se os anos... Ele quase repetindo, fazendo sucessivas recuperações, enfim, repetindo, sendo rotulado de preguiçoso e mau aluno, pela escola e pela família. Não fazia as tarefas, não realizava adequadamente as atividades em classe, era disperso, não acompanhava a turma, definitivamente a escola não era o melhor lugar para ele. Foi uma verdadeira "via Cruzis" a pediatras, neurologistas, psiquiatras, psicólogo, fonoaudiólogos, psicopedagogos, ... Os diagnósticos? Os mais variados possíveis, e nós, sem sabermos o que ele tinha ou o que fazer para ajudá-lo. Até que, por pura intuição comecei a pesquisar seus "sintomas", com colegas pedagogos, e pela Internet. Aos dez anos, novamente na 4ª série, ele ainda lia sofrivelmente, sua letra era horrível. Seus erros frequentes e sua apatia em relação ao estudo cada vez maior. Trocava fonemas semelhantes - 'b' por 'p' e 'f' por 'v'- ou letras parecidas - 'q' por 'p', 'd' por 'b' e 'm' por 'n'-; fazia inversões na escrita - "par" no lugar de "pra" -, e "comia" letras. Sua memória imediata também era bastante prejudicada (no segundo parágrafo do texto, já esqueceu o primeiro), tinha dificuldades idênticas tanto no português quanto no inglês e no espanhol. Quando a matemática evoluiu, seus problemas com cálculos também. Ele não entendia certos conceitos, principalmente os mais complexos, não aprendia os tempos verbais, adorava Ciências e História, mas tinha "branco" na hora da prova. Foi aí que quando ele já estava na 5ª série, tive contato com a palavra Dislexia ( DIS = distúrbio e lexia que, em grego, quer dizer linguagem e, em latim, leitura), um distúrbio de linguagem e/ou leitura. Tudo se encaixava, ele não era mais apenas folgado ou alheio, ele tinha um problema real. Fui atrás, descobri que não era uma doença. Apesar da educação recebida ter sido convencional, sua inteligência ser normal, ele ter tido oportunidades sócio-culturais diversas, falhava no processo da aquisição da linguagem, pois a dislexia independe de causas intelectuais, emocionais ou culturais. Ela é hereditária e a incidência é maior em meninos, numa proporção de 3/1 e não é algo tão incomum, atinge cerca de 10% da população Mundial. Mas o que eu deveria fazer com meu filho? Seria o caso de uma escola especial ? Não, as escolas regulares deveriam estar preparadas para receber essas crianças, elas deveriam incluí-las, mas, na prática, da pior forma possível, essas crianças e seus pais percebem que isso nem sempre é real. Ele foi diagnosticado pela ABD (Associação Brasileira de Dislexia), por uma equipe multidisciplinar. Hoje está com 14 anos, cursa a 7ª série, continua com suas dificuldades, mas está aprendendo a lidar melhor com elas, sem culpas. Descobriu que não é pior, ou melhor, entre os demais, apenas diferente . É um adolescente criativo, gosta de cinema, música, mecânica, tem vários amigos (que não o discriminam) e gosta da escola e dos professores, embora ainda busque a melhor forma de aprender.

Os depoimentos são pertinentes, pois dignificam os procedimentos educacionais e sociais diante da dislexia, desmascarando-a e dando a perspectiva que há uma luz, no processo ensino-aprendizagem ao o aluno dislexo (Disponível em http://www.dislexia.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=85:a-importancia-do-educador-para-o-aluno-dislexico&catid=40:depoimentos&Itemid=76. Acesso em 26/02/2013).

Conclusão

As bases neurobiológicas da dislexia já estão bem estabelecidas e fazem parte do conhecimento científico amplamente confirmado por estudos epidemiológicos e de pesquisa clínica em todo o mundo, e principalmente no Brasil, pela ABD (Associação Brasileira de Dislexia-SP) e AND (Associação Nacional de Dislexia-RJ).

As ações teóricas embasadas neste trabalho denotam que muito está se fazendo para esmiuçar esse transtorno e procurar da melhor maneira possível e precocemente identificá-lo e assim trabalhar com o mesmo no intuito de minimizar as dificuldades do aluno em seus estudos.

Desta forma, a atuação do professor do Ensino Fundamental só encontra real eficiência quando na minimização das dificuldades do aluno dislexo em sua aprendizagem promove um novo olhar, tempo e espaço para esse estudante diferenciado: aguardando seu próprio tempo; promovendo e estimulando um olhar paciente, positivo e progressista em tudo o que ele venha a desenvolver e dando-lhe espaço necessário às suas opiniões, pensamentos e criatividades.

NICO (2011) fonoaudióloga e psicopedagoga da ABD esclarece que:

 

O sucesso na reeducação de um disléxico está baseado numa terapia multisensorial (aprender pelo uso de todos os sentidos ), combinando sempre a visão, a audição e o tato para ajudá-lo a ler e soletrar corretamente as palavras. O disléxico precisa olhar atentamente, ouvir atentamente, atentar aos movimentos da mão quando escreve e prestar atenção aos movimentos da boca quando fala.

Assim sendo, a criança disléxica associará a forma escrita de uma letra tanto com seu som como com os movimentos da mão para escrevê-la. O aprendizado deve ser feito de forma sistemática e cumulativa. Sendo ainda cada caso um caso específico, devem ser levadas em consideração as particularidades de cada um.

 

Minimizar não é eliminar as dificuldades, mas suavizá-las. Sabemos que ela está lá, mas que permaneça em um local que não perturbe o sucesso e a prosperidade do aluno.

Portanto, o professor deve conhecer a cada um de seus alunos: identificando e diagnosticando o tempo e espaço de cada um deles, promovendo sempre um olhar diferente e individual para a inclusão educacional, extraindo suas dificuldades, para o sucesso da construção do conhecimento e da aprendizagem do aluno dislexo.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

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MELO, Maria da Conceição Gomes de. Monografia: Dislexia: comprometimento no ensino fundamental. Salvador, 2009.

 

MORAES, Antonio Pamplona. Distúrbios da Aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: Edicon, 1997.

 

NICO, Maria Angela Nogueira. Métodos de Alfabetização e a Dislexia. Disponível em: <http://www.dislexia.org.br/material/artigos/artigo002.html. Acesso em: 03/03/2013.

 

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Sites Consultados

 

http://andilexia.org.br

 

http://drauziovarella.com.br/corpo-humano/dislexia.

 

http://www.dislexia.org.br/arquivos_pdf/documento_dislexia.pdf

 

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/

 

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1766

 

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult334709.shtml

 

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm

 

www.dislexia.org.br