DISLEXIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Nome do autor[RENATA GIL REALES TREVELATO

 

RESUMO: A dislexia diz respeito a uma complexidade no processo de aquisição da capacidade de leitura e escrita. Uma vez que o ato de ler se relaciona a associações entre símbolos auditivos, visuais e significados, a pessoa disléxica não consegue obter sucesso em procedimentos relacionados a tal. Trata-se de um distúrbio manifestado pela dificuldade para aprender a ler, apesar de instrução convencional e inteligência. É uma desordem de linguagem que impede a aquisição do significado da palavra escrita, devido a um déficit na capacidade de simbolizar. A dislexia é vista, também, como um distúrbio psicomotor que promove a desorganização das relações do corpo com o espaço e o tempo, gerando dificuldade de estabelecer relações entre os objetos percebidos. Os disléxicos apresentem uma ampliação e um prolongamento das dificuldades características do início do processo de aprendizagem da leitura e escrita.na escola. O transtorno da expressão escrita consiste de habilidade de escrita abaixo do nível esperado para idade cronológica, inteligência e escolaridade. Portanto, fala-se aqui sobre a dificuldade de processamento das informações no cérebro, que pode envolver distúrbio na percepção, nos movimentos oculares, na capacidade linguística ou no sistema fonológico. Cabe lembrar que a dislexia pode vir acompanhada ou não de uma lesão neurológica.

Palavras-chave: Aprendizagem. Dislexia. Educação Infantil. Escola.

ABSTRACT: Dyslexia refers to a complexity in the process of acquisition of reading and writing ability. Since the act of reading relates to associations between auditory, visual, and mean symbols, the dyslexic person cannnot succeed in procedures related to such. It is a disorder manifested by the difficulty in learning to read, despite conventional instruction and intelligence. It is a language disorder that prevents the acquisition of the meaning of the written word due to a deficit in the ability to symbolize. Dyslexia is also seen as a psychomotor disorder that promotes the disorganization of the body's relationships with space and time, generating difficulty in establishing relations between perceived objects. The dyslexics present an amplification and an extension of the difficulties characteristic of the beginning of the process of learning to read and write. The disorder of written expression consists of writing ability below the level expected for chronological age, intelligence, and schooling. Therefore, we are talking here about the difficulty of processing information in the brain, which may involve disturbance in perception, eye movements, linguistic ability or phonological system. It should be remembered that dyslexia may or may not be accompanied by a neurological injury.

Keywords: Learning. Dyslexia. Child Education. School.

1 INTRODUÇÃO

            Os processos lingüísticos presentes no ser humano se dividem em: anatômicos, neuropsicológicos, psicológicos, socioambientais complexos e concomitantes (COGAN, 2002).

            Além disso, ao longo da vida, o indivíduo aprende a processar visualmente os símbolos, isto é, a fazer a decodificação, no intuito de selecionar e identificar equivalentes auditivos. Nesse sentido, a pessoa aprende a realizar os processos de análise, síntese e comparação.

            Vale lembrar que os procedimentos acima citados se dão de maneira individual e variável, de acordo com a idade,  o processo de maturação, as experiências culturais vivenciadas por cada pessoa, a motivação intrínseca, a integridade do sistema nervoso central individual, o desenvolvimento global, entre outros (JOHNSON & MYKLEBUST, 1991).

            Há alguns fatores essenciais envolvidos no processo de aquisição da leitura e da escrita do indivíduo.

            São eles, de acordo om o DSM-IV (1995):

            -    Atenção dirigida às marcas impressas

            -    Controle de movimentos oculares

            -    Reconhecimento de sons

            -    Associação de sons a símbolos gráficos

            -    Compreensão das palavras e frases

            -    Construção mental de ideias e  imagens

            -  Comparação entre ideias novas às já incorporadas e conhecidas

            - Armazenamento mental de todas estas informações (memória)

            A dislexia diz respeito a uma complexidade no processo de aquisição da capacidade de leitura e escrita. Uma vez que o ato de ler se relaciona a associações entre símbolos auditivos, visuais e significados, a pessoa disléxica não consegue obter sucesso em procedimentos relacionados a tal.

            Trata-se de um distúrbio manifestado pela dificuldade para aprender a ler, apesar de instrução convencional e inteligência. É uma desordem de linguagem que impede a aquisição do significado da palavra escrita, devido a um déficit na capacidade de simbolizar (COGAN, 2002).

            De acordo com o DSM-IV (1995), a dislexia é vista, também, como um distúrbio psicomotor que promove a desorganização das relações do corpo com o espaço e o tempo, gerando dificuldade de estabelecer relações entre os objetos percebidos.

            Os disléxicos apresentem uma ampliação e um prolongamento das dificuldades características do início do processo de aprendizagem da leitura e escrita.    O transtorno da expressão escrita consiste de habilidade de escrita abaixo do nível esperado para idade cronológica, inteligência e escolaridade (DSM-IV, 1995).

            Portanto, fala-se aqui sobre a dificuldade de processamento das informações no cérebro, que pode envolver distúrbio na percepção, nos movimentos oculares, na capacidade linguística ou no sistema fonológico. Cabe lembrar que a dislexia pode vir acompanhada ou não de uma lesão neurológica.

 

2 OBJETIVOS

 

2.1 OBJETIVO GERAL

 

Compreender de que maneira é possível auxiliar as crianças portadoras de dislexia no ambiente da escola.

 

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 

                - Definir o que é dislexia

            - Compreender os principais conceitos envolvidos na dislexia

            - Discutir acerca de uma possível ajuda às crianças portadoras de dislexia no ambiente escolar

 

3 JUSTIFICATIVA

 

O presente pré-projeto se justifica pelo fato de que a dislexia se configura como um complexo processo referente ao processo de aquisição da capacidade de leitura e escrita e, portanto, necessita ser sempre discutido e, seus estudos, aprimorados.

Para tanto, será feita uma discussão acerca das formas como se pode desenvolver tal processo no ser humano, bem como seus prejuízos e os cuidados que devem ser adotados em seu tratamento.

 

4 METODOLOGIA

 

De acordo com Lakatos e Marconi (2006), tendo como ponto de partida um problema, toda pesquisa tem como objetivo encontrar respostas e sanar dúvidas que amplifiquem o conhecimento sobre determinado assunto.

Pode-se dizer, desse modo, que o presente trabalho tem seu foco voltado à aplicação dos resultados encontrados para solução de problemas. De acordo com o estudo em questão, foi utilizado o tipo de pesquisa caracterizado como exploratório a partir de referencial bibliográfico detalhado.

Além do objetivo de aprimoramento de ideias, os procedimentos consistiram também na descoberta de intuições do pesquisador ao longo da pesquisa como um todo.

 

5 REFERENCIAL TEÓRICO

 

5.1 TENTATIVAS DE EXPLICAÇÃO E INCIDÊNCIA DA DISLEXIA

 

            A dislexia é, muitas vezes, explicada por fatores ligados à hereditariedade, uma vez que geralmente pode haver outros casos anteriores na família.

            Sabe-se que alguns estudiosos e pesquisadores tentam justificá-la pela lateralização cerebral, ou seja, um atraso no desenvolvimento do hemisfério esquerdo do cérebro durante o período embrionário. Há ainda a teoria de que os disléxicos possuem assimetria cerebral, isto é, o volume do lobo temporal direito é maior que o esquerdo. (DSM-IV, 1995).

            Ademais, entende-se que a dislexia também pode advir de uma diferença de coloração no cérebro, com menos mielina, de tamanho, com alguns neurônio  maiores) e de localização, devido ao fato de determinados neurônios estarem fora de seu lugar normal (COGAN, 2002).

            Há outras possíveis causas, tais como alterações cromossomos 6 e 15 e consequências de conflitos no comportamento social como, por exemplo, as diferenças e a competitividade entre meninos e meninas, já bastante visiveis na infância e adolescência.

            A dislexia atinge de 2 a 8% da população mundial. Sua maior incidência se dá nos seguines casos, de acordo com o DSM-IV (1995):

            - Meninos, por conta da testosterona, com incidência de 4 X 1.

            - Canhotos (forçados a serem destros).

            - Fetos gerados no inverno, devido ao maior consumo de tabaco e álcool pela mãe.

            - Crianças com otites constantes durante o 1º ano de vida, que podem ter dificuldade quanto à aquisição da linguagem ou leitura e escrita.

 

5.2 TRANSTORNOS RELACIONADOS E PROGNÓSTICO

 

            Muitas pessoas confundem os sintomas da dislexia, associando-a a outros distúrbios. Seguem algumas definições para comparação, de acordo com Almeida & Freire (1997):

            Transtorno de leitura – Dislexia

            Transtorno de escrita – Disortografia/Disgrafia (alterações quanto à caligrafia, seqüenciação de letras, cópias)

            Transtorno de cálculo - Discalculia

            A dislexia pode apresentar diferentes graduações e, portanto, diversos prognósticos. O intuito de ter um prognóstico específico é, justamente, melhorar as condições de adaptação do indivíduo, promovendo sua reabilitação e reeducação para melhor convívio social.

            Cabe lembrar que a curva de frequência da dislexia é decrescente com a idade, sendo mais comum em pessoas mais jovens. Vale conferir algumas das características presentes nos indivíduos que têm dislexia, citadas por Ribeiro & Baptista (2002):

            · Boa participação oral 

            · Facilidade em artes e música

            · Muita criatividade

            · Memória verbal pobre, com dificuldades no processo de gravação e  sequenciação

            · Demora na fala

            · Distúrbio na discriminação visual e fonética, gerando confusão na discriminação de letras com semelhanças na forma e som

            Em relação à leitura, Ribeiro & Baptista (2002) afirmam que as maiores dificuldades se relacionam à adivinhação, com testes que nem sempre sugestionam palavras. A pessoa disléxica tem tendência a saltar palavras ou linhas, sem compreensão e ritmo adequados.

 

5.3 PRINCIPAIS ERROS E DIFICULDADES DOS DISLÉXICOS

 

            Morais (2003) afirma que os principais tipos de equívocos por parte das pessoas que têm dislexia, na leitura e na escrita, são:

            ·  inversão: n / u                      p / b                 d / t                 f / v

            ·  reversão:  em / me               as / sa              globo / gobio

            ·  omissão: borboleta / boboleta

            ·  acréscimo.  gato / gatos

            Segundo Morais (2003), quanto às dificuldades dos disléxicos, temos:

            - atividades motoras (laço, abotoar, pular corda, chutar bola)

- distinguir entre direita e esquerda ( lateralidade)

- estabelecer sequência (ordenação temporal)

- fazer seriação (ordenar de acordo com um atributo definido)

- fazer abstrações  e generalizações

- ter percepção de detalhes

            - atividades que exijam rapidez, equilíbrio e coordenação motora simples   

            - correspondência entre grafia e fonema (associação letra/som)

            - caracterização dos sons

            - rimar (ex. goma, caso, soma, dona – qual deles não rima?)

            - escrever números e letras corretamente

            - ordenar letras do alfabeto e meses do ano

 

5.4 COMO AJUDAR A CRIANÇA DISLÉXICA NA ESCOLA

 

            De acordo com Cogan (2002), para auxiliar as crianças disléxicas a terem um bom desenvolvimento escolar, a intervenção consiste em proporcionar ao indivíduo, de maneira sistemática ou informal,  uma grande diversidade de situações que propiciem o desenvolvimento de suas condutas motoras.

            Tal processo pode se dar com as seguintes ferramentas recomendadas por Cogan (2002):

            - Técnicas multisensoriais (aprendizado por meio da visão, da fala, da audição e da escrita)

            - Material concreto (lixa, leitura tátil, tela, bandeja de areia)

            - Ditado simultâneo (som, grafia, nome da letra)

            - Uso do jornal (de cima para baixo; da direita para a esquerda - página dos classificados)

            - Avaliação oral para complementar a escrita

            - Fornecer certa flexibilidade no tempo de prova

            - Dar instruções orais e escritas separadamente

            - Possibilitar o uso do gravador para memorização das aulas

            - Promover a diversificação de materiais

            - Realçar pontos chaves ao final de cada lição

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Independentemente de ser garantia fundamental assegurada às crianças portadoras de dislexia, por meio de leis, a questão da inclusão passa, necessariamente, pelas garantias de oportunidades e preservação de seu aperfeiçoamento moral, intelectual e educacional, espiritual e social.

A legislação pertinente à matéria ressalta que a inclusão do aluno com dislexia na rede regular de ensino é direito líquido e certo, cabendo ao Poder Público proporcionar sua efetiva concretização.

A escolarização do aluno com dislexia nas escolas comuns e sua permanência é um direito indisponível, no entanto, não basta para mudar o pensamento corrente, a edição de normas legais; mais do que leis é preciso uma mudança de postura ante o preconceito e a discriminação.

Aos educandos, pensar e implementar a educação inclusiva, é garantir, proporcionar, dar condições necessárias para acesso, percurso e permanência na escola, a fim de que todos possam desenvolver, suas potencialidades em escolas e serviços educacionais competentes para tal finalidade. Para os demais membros da escola é vislumbramos um novo cenário de consciência em que a inclusão social e educacional seja tarefa que se espera de todos.

O medo do novo, do inesperado, faz parte de nossa condição humana, assim como a criatividade e a capacidade de encontrar meios para resolver problemas. A educação inclusiva como algo novo ainda esta cheio de porquês, mas não é possível mais ver como aceitável deixar alguém a margem, pelo simples fato de ser diferente, de não sabermos como agir diante do diferente.

Compreende-se que as pessoas existem com as suas diferenças; diferenças essas únicas fontes que nos torna iguais. É preciso respeitá-las na sua individualidade e diversidade e tratar os desiguais na proporção de sua desigualdade, oportunizando a todos a garantia à dignidade.

Porém, percebe-se esse processo como algo extremamente positivo, já que os frutos serão colhidos no futuro onde nossas crianças, hoje, serão adultos, saberão lidar muito melhor com as diferenças e aceitarão o diferente com naturalidade. 

O compartilhamento das experiências entre deficientes e não deficientes, nas instituições inclusivas, só podem gerar ganhos: reforça o caráter, fortalece as relações, transforma os indivíduos na perspectiva de reconstrução do estado de bem-estar social, de modo a viabilizar o ideal da igualdade para todos.

Assim, buscar um mundo e uma escola inclusiva, significa enfrentar o desafio de impregnar a sociedade e quiçá, o mundo, com bons motivos que garantam a ampla convivência, de seres iguais nas suas diferenças. 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, L. & FREIRE, T. (1997). Metodologia de Investigação em Psicologia e Educação. Coimbra: APPORT – Associação dos Psicólogos Portugueses.

COGAN, P. (2002). O que os professores podem fazer: a dislexia nas várias culturas. Bruxelas: DITT.

CONDEMARIN, M. & BLOMQUIST, M. (1988). Dislexia: manual de leitura corretiva. Porto Alegre: Artes Médicas.

DSM-IV. (1995). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas.

JOHNSON, D. J. & MYKLEBUST, H.R. (1991) Distúrbios de Aprendizagem: Princípios e Práticas Educacionais. São Paulo: Livraria Pioneira Editora.

LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. (2006) Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Atlas.

MORAIS, José. (2003). Despistar e intervir com crianças com perturbações específicas de linguagem nas escolas do ensino regular. Lisboa: Departamento da Educação Básica.

RIBEIRO, A. B. & BAPTISTA, A. I. (2001). Dislexia: compreensão, avaliação, estratégias. Coimbra: Livraria Quarteto.

[1] Breve descrição e e-mail do autor.