Melissa Andrade Trinchão[1]; Humberto Cecconi[1]; Humberto Cecconi[2]

Resumo:

O presente trabalho faz uma abordagem sobre a dislexia como sendo um problema que compromete o aprendizado da criança em entender as palavras escritas “a mão” (letras manuscritas) assim como sua leitura.

O intuito do trabalho é relacionado com o preocupante aumento de crianças em idade escolar sem saber escrever e ler de forma plausível.

Com isso torna-se relevante o estudo das causas do distúrbio disléxico, assim como o acompanhamento do grupo docente no “entender” o assunto, treinamento pedagógicos dos envolvidos e apoio psicológicos adequados e específicos para o rendimento escolar da criança.

O presente trabalho teve como base auxiliar o filme “Como estrelas na Terra: toda criança é especial”, filme indiano que aborda tal tema com bastante propriedade.

 

Introdução:

Baseando o estudo na compreensão do conteúdo principal do filme “Como estrelas na Terra: toda criança é especial” viu-se que a interpretação, compreensão do conteúdo e absorção do aprendizado é deficitário para alguns estudantes.

O problema se dá no fato do educador não identificar a primeiro momento tal distúrbio, que se titula como dislexia.

Assim como no filme, as crianças com idade escolar veem “as letras dançarem à sua frente” e assim, não conseguem assimilar o conteúdo programático pedagógico.

A dislexia é um problema pedagógico educacional que ocasiona dificuldades na capacidade da criança em idade escolar ler, entender palavras escritas à mão, soletrar palavras e identificar a diferença entre algumas letras, como a exemplo confundir/trocar a letra ‘d’ por ‘b’.

O grupo docente relata a constatação em que crianças supostamente inteligentes e criativas, não conseguem escrever, ler e muitas das vezes não possuem uma letra adequada para a sua idade.

No filme mencionado ocorre isso, e é apontado com eficácia exemplo do personagem principal, o menino Ishaan, que exibe uma ortografia considerada inadequada para a sua idade.

Parte do ponto onde o professor detectando tal distúrbio consiga apresentar proposta junto ao grupo docente pedagógico, profissionais da área psicológica e fonoaudiologia estratégias para que tal criança consiga aprender, no seu tempo e com o seu modo particular de aprendizado, ler e escrever.

  

Desenvolvimento:

A compreensão de como o ser humano aprende as coisas acontece naturalmente e o aprendizado escolar assim, como seu desenvolvimento, é individual: cada pessoa aprende de uma maneira. Porem algumas pessoas apresentam dificuldades no aprendizado tornando o processo complicado, árduo e complexo.

Partindo do ponto na concepção funcional, o aprendizado é uma função biológica do cérebro resultante de várias atividades cerebrais e se altera sistematicamente com o meio externo onde o indivíduo habita.

Muitos princípios do aprendizado por base cerebrais são descritos por autores, abordando base funcional, social e de sua estrutura.

Segundo Sara Pain (1986 p.16) que aborda a aprendizagem “um acontecimento histórico em que coincide um organismo, uma etapa genética da inteligência e um sujeito associado a outras estruturas teóricas. ”

Nessa junta de processos, concluiu-se a interferência biológica de caráter estrutural promovendo a educação, o aprendizado e identificando todos os envolvidos no processo de personalização do aprender. Por este motivo que é de grande importância o acompanhamento de profissionais da área da psicologia no desenvolvimento de crianças com o distúrbio dislexia.

Dislexia:

É a dificuldade da escrita, principalmente de palavras manuscritas, leitura e compreensão do conteúdo.

De acordo com British Psychological Society: “a dislexia é evidente quando a leitura e/ou ortografia fluente e exata das palavras desenvolvem-se de modo incompleto ou com grande dificuldade. Mas isso é apenas uma de muitas tentativas para definir a condição. ”

Nas aulas a criança apresenta dificuldade na leitura, onde muitas das vezes o educador acredita ser “preguiça”. Como a exemplo no filme citado onde o pai do personagem principal não aceita tal comportamento de seu filho, acreditando que o baixo desempenho do filho na escola está relacionado com a falta de disciplina.

Sendo na realidade uma deficiência silenciosa em que o aprender ler e escrever, pois crianças dislexias são incapazes de distinguir letras comuns, associar palavras (mesmo escritas em formato de forma, conhecida por elas por “letra palito”). E nem todos detectam a primeiro momento.

É complementado por British Dyslexia Association, que diz; a dislexia é

  “Uma combinação de capacidades e dificuldades que afetam o processo de aprendizagem em uma ou mais das áreas de leitura, ortografia e escrita. Fraquezas concomitantes podem ser identificadas nas áreas de processamento da velocidade, memoria de curto prazo, sequencialização, percepção auditiva e/ou visual, linguagem falada e habilidades motoras. Ela está particularmente relacionada ao domínio e uso da linguagem escrita, o que pode incluir notação alfabética, numérica e musical”. (PEER, in FARRELL. 2008, p.29).

 Com isso o problema nas escolas é a falta de conhecimento dos educadores sobre a dislexia, assim impedindo de reconhecer a criança dislexia e ajudá-la em seu desenvolvimento, ocasionando grande insegurança, problemas comportamentais (pois a criança se sente excluída do grupo), problemas emocionais e atrasos. 

Dislexia: tipos mais comuns

 Segundo a psicologia americana Eleanor Boder em 1973, a dislexia pode ser classificado de acordo com os distintos erros na leitura e escrita em diferentes crianças. Sendo o primeiro grupo definido como “disfonéticos”.

Este grupo é considerado o maior incluindo as crianças em idade escolar que apresentam dificuldades na semântica ou na fonológica, são crianças que não compreendem a rima e estrutura fonológica das palavras, sílabas e letras.

Portanto apresentam grande dificuldade em usar as correspondências da escrita, som letra e leitura. É o caso do personagem abordado no filme “Como estrelas na Terra: toda criança é especial” que não consegue entender pois alega “as letras dançam em sua frente”.

O segundo grupo é menor e utiliza inter-relacionamento da letra-som tanto na leitura como na escrita, entretanto apresenta deficiência visual. Este grupo é denominado “diseidético”.

O terceiro grupo não apresenta uma caracterização específica exibindo os dois tipos de dificuldades encontradas no primeiro grupo e no segundo grupo.

 “Portanto, através disso pode-se concluir que algumas crianças sem dificuldade de leitura tendem a utilizar mais as correspondências letra-som, enquanto outras utilizam mais o visual em geral. ” (NUNES, BUARQUE; BRYANT, 2001).

 Contudo é importante salientar que existem diferentes versões dos grupos de classificação da dislexia e das maneiras em que se dividem, dependendo da visão psicológica, biológica (neurológico) ou do educador. Onde neste presente trabalho é abordado o tema como um todo e focando possíveis soluções na sala de aula.

Aprendizado dos disléxicos: 

O processo de aquisição da escrita e da leitura não se dá somente no ambiente pedagógico, dentro da sala de aula, mas também com estímulos dos familiares no ambiente familiar de forma gradativa.

A escola, na realidade, atua como um complemento do que a criança traz consigo do conhecimento adquirido no meio familiar. O educador é responsável pelo processo da alfabetização em base ao prévio conhecimento da criança estimulando-a a entrar no universo das palavras escritas e lidas.

Sendo assim, a alfabetização é um processo de construção de possibilidades de escrita utilizando o alfabeto. Onde, portanto, a linguagem oral precede a escrita.

A criança dislexia tende a apontar a dificuldade neste processo de construção alfabética, não conseguindo compreender fonemas, palavras, frases com letras de grafemas diferentes entre outras dificuldades.

Para os educadores, cabe a difícil missão de dar conta do processo de alfabetização utilizando diferentes alternativas pedagógicas, como a exemplo “nível pré-silábico” onde não se busca a correspondência com o som, e sim o objetivo é baseado no grafismo.

As crianças em idade escolar que apresentam dislexia, embora falem utilizando palavras, não tem um conhecimento das unidades fonéticas e linguísticas. Sendo normalmente crianças com déficit fonológico também.

Cabe a escola ampliar e diversificar a experiência de alfabetização e criar situações de ensino aumentando as possibilidades de significação. Isso a partir de capacitações da equipe docente e todos os envolvidos com a alfabetização da criança.

Isto é relatado no filme, onde o professor substituto da disciplina de Artes solicita do grupo de docentes a começarem a avaliar o personagem principal de outra forma com métodos avaliativos paralelos, possibilitando sua alfabetização.

 Segundo FONSECA “... uma coisa é a criança que não quer aprender a ler, outra é a criança que não pode aprender a ler com os métodos pedagógicos tradicionais. Não podemos assumir atitudes reducionistas que afirmam que a dislexia não existe.” (FONSECA: 1995 p. 12).

 Para dar o suporte adequado à criança dislexia, a escola deve respeitar as capacidades e seus limites, estar a parte dos acontecimentos envolvendo a criança disléxica, dar suporte de capacitação de treinamentos aos seus educadores para compreender e apoiá-la na sala de aula, assim como haver um clima suficiente para realizar suas atividades e, se necessário, repeti-las várias vezes.

Outro ponto importante é o educador ter a função de explicar à criança dislexia o seu problema de forma simples, serena e tranquilizante; sentando ao seu lado e sempre respeitando o seu tempo. Explicar que não há a necessidade de competir com os outros alunos pois cada aluno tem seu tempo de aprendizagem; ser flexível quanto ao componente curricular, as tarefas, fazendo críticas construtivas e sempre quando possível, estimular a criança a escrever em linhas alternadas.

Por estes motivos a importância da formação do educador para lecionar para crianças com dislexia é tão sério, e parte do princípio que dislexia se mantém ao longo da vida, não sendo um atraso transitório.

É um distúrbio biológico neurológico que necessita de acompanhamento especializado e o quanto antes quando identificado.

Outro ponto a ser considerado é a problemática emocional que envolve o educador e o grupo de docentes, pois as questões quando não absorvidas de forma plausível, cria-se o insucesso em todas as atividades escolares.

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