Resumo 

O artigo tem por finalidade a compreensão do transtorno que remete a muitos de nossa sociedade, sem que saibamos que realmente faz parte do mesmo. Este trabalho foi feito a partir do estudo de uma revisão bibliográfica, que teve como princípios entender o transtorno, assim como os tipos de discalculia, as principais dificuldades enfrentados tanto pelos discalcúlicos quanto pelo docente, as quais possuem muitas vezes imensa dificuldade em entender ou mesmo fazer com que eles entendam e façam parte do ensino-aprendizagem. Facilitando em toda a percepção e sensibilidade de um discalcúlico, ou seja, usando a empatia e amor para entender, compreender e ensinar o mesmo.

INTRODUÇÃO 

“Existem crianças e adolescentes que têm dificuldades matemáticas, ou dificuldades com leitura, e gradualmente adquirem uma imagem muito negativa de si mesmos. Sua autoestima e confiança são quebrados. Alguns expressam até pensamentos suicidas. Estas crianças devem ser a razão de se justificar a necessidade para diagnósticos exatos e específicos. Embora nós não possamos estar certos sobre a natureza exata de suas dificuldades, é necessário começar imediatamente o trabalho corretivo. Se nós esperarmos até que a criança esteja velha o bastante para um diagnóstico apropriado, nós podemos ter desperdiçado o tempo precioso e ter causado à criança muitos anos desnecessários do esforço e da falha”. (B. Adler, 2001, página 23 – 25).

 A ajuda é necessária e cabe a nós docentes e especialistas buscarmos informações, a fim de garantir os reais direitos dos discentes enquanto cidadãos participativos.

De acordo com o CID e o DSM-IV, “a discalculia não é necessariamente uma doença, nem necessariamente uma doença crônica. As habilidades cognitivas de um estudante podem progredir além de seu diagnóstico original. Os estudantes podem ter uma vida normal fora das dificuldades matemáticas específicas, embora os problemas frequentemente tendam a remanescer com eles na vida adulta. É importante compreender que as avaliações são somente válidas por um tempo relativamente curto, um ano para crianças e adolescente e menos de dois anos para adultos”. (CID-10).

De acordo com o CID-10: F81. 2 Transtorno específico da Habilidade em Aritmética; Transtorno que implica uma alteração específica da habilidade em aritmética, não atribuível exclusivamente a um retardo mental global ou à escolarização inadequada. O déficit concerne ao domínio de habilidades computacionais básicas de adição, subtração, multiplicação e divisão mais do que as habilidades matemáticas abstratas envolvidas na álgebra, trigonometria, geometria ou cálculo.

Inclui:

- Acalculia de desenvolvimento .

- Discalculia.

- Síndrome de Gerstmann de desenvolvimento .

- Transtorno de desenvolvimento do tipo acalculia

Exclui:

- acalculia SOE

- dificuldades aritméticas:

- associadas a um transtorno da leitura ou da soletração .

- devidas a ensino inadequado.

Segundo o DSM-IV: F81. 2 - 315.1 TRANSTORNO DA MATEMÁTICA

Características Diagnósticas

A característica essencial do Transtorno da Matemática consiste em uma capacidade para a realização de operações aritméticas (medida por testes padronizados, individualmente administrados, de cálculo e raciocínio matemático) acentuadamente abaixo da esperada para a idade cronológica, a inteligência medida e a escolaridade do indivíduo (Critério A).

A perturbação na matemática interfere significativamente no rendimento escolar ou em atividades da vida diária que exigem habilidades matemáticas (Critério B). Em presença de um déficit sensorial, as dificuldades na capacidade matemática excedem aquelas geralmente a este associada (Critério C).

Caso esteja presente uma condição neurológica, outra condição médica geral ou déficit sensorial, isto deve ser codificado no Eixo III. Diferentes habilidades podem estar prejudicadas no Transtorno da Matemática, incluindo habilidades "linguísticas" (por exemplo, compreender ou nomear termos, operações ou conceitos matemáticos e transpor problemas escritos em símbolos matemáticos), habilidades "perceptuais" (por exemplo, reconhecer ou ler símbolos numéricos ou aritméticos e agrupar objetos em conjuntos), habilidades de "atenção" (por exemplo, copiar corretamente números ou cifras, lembrar-se de somar os números "levados" e observar sinais de operações) e habilidades "matemáticas" (por exemplo, seguir sequencia de etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).

Devido a esse conceito, é que temos a real importância para um diagnóstico, que tanto irá servir para docentes e sociedade em geral.

DESENVOLVIMENTO 

  1. Transtorno

Essas informações serão de muita serventia aos leitores e mediadores do conhecimento sobre o assunto dos discalcúlicos, que demonstram erros comuns e somente com olhar atento, os professores de matemática conseguirão ajudá-los e encaminhá-los ao profissional especializado, a fim de encontrar técnicas de ensino-aprendizagem, quanto antes diagnosticado, melhor.

O Transtorno; é um conflito, uma desordem, uma agitação que pode ser produzida por emoção e/ou disfunção.

O principal aspecto é chamar a atenção dos professores de matemática em relação ao tema proposto, para reconhecer, identificar o quanto vêm atrapalhando a vida dos alunos, levando o mesmo à vida adulta.

Precisa-se tomar consciência, pois hoje até mesmo a dificuldade relacionada ao processo de ensino vem sendo colocadas como transtorno, o que na verdade são equívocos.

Os primeiros passos: seria reconhecer o transtorno, suas causas, origens, e tratamentos, somente assim começaríamos a incluir essas crianças, a qual tem o direito de pertencer. Incluir não significa fechar os olhos às dificuldades, inseri-los homogeneamente ao grupo, ou ainda padronizá-los e infelizmente discriminá-los e excluí-los do processo de aprendizagem, alegando ser difícil entendimento.

O processo de inclusão vai além somente do processo escolar, mas também uma interação entre o escolar e o social, exigindo uma mudança de mentalidades e atitudes, modos de vida e valorização entre as diferenças culturais, sociais, físicas e psíquicas do educando.

  1. II) O que significa discalculia?

"Discalculia vem do grego e significa dis + cálculo, ou seja, dificuldade de calcular" (Campos, Ana Maria Antunes de. Discalculia. Superando as dificuldades em aprender matemática. Editora Wak, Rio de Janeiro, 2014, página 21).

Os discalcúlicos apresentam dificuldades específicas em Matemática como: tempo, medida, resolução de problemas, etc. Podendo atingir pessoas de qualquer nível de QI, ou seja, a pessoa possue uma inteligência normal, ou até acima da média, seu problema é único ao conhecimento de matemática.

Em algumas crianças disléxicas encontram-se também a discalculia, porém não é uma regra, podendo ter diversas patologias ao mesmo tempo.

"A acalculia é a incapacidade de operar matematicamente por um dano cerebral, como um acidente vascular cerebral ou alguma outra lesão no cérebro, o que é diferente de um transtorno de discalculia." (pág. 22).

A discalculia como um distúrbio de aprendizado, que pode ter sido desencadeado por diversos fatores; podendo ser hereditariedade, disfunções do Sistema Nervoso Central, ansiedade e outros.

Referimo-nos à discalculia como sendo uma dificuldade significativa nas habilidades matemáticas e não decorrente da deficiência mental, deficiência visual ou auditiva, nem pelo déficit escolar. Parte do princípio do mecanismo do cálculo e da resolução de problemas, portanto por transtorno neurológico.

De acordo com estudos neurológicos, a região cerebral usada para as habilidades matemáticas é o lobo parietal nos dois hemisférios, junto com diversas áreas do cérebro, como o lobo occipital, memória do trabalho, visual, espacial e outros. Alguns cientistas ainda acreditam que pode ser associado com as lesões ao supramarginal e giro angular na junção entre os temporais e do lobo parietal do córtex cerebral, por isso haver a necessidade de uma avaliação neurológica.

Estar atento às crianças desde sempre em relação as dificuldades sejam elas de natureza motora, social, visual, entre outros, é mais que dever, é amor pelo ser humano. Entretanto, a discalculia só pode ser diagnosticada entre os 6 e 7 anos de idade, ou seja, em idade escolar, devido a esse conhecimento e habilidades aos números levarem anos para serem construídos.

As causas quanto ao transtorno discalcúlico devem ser diagnosticadas e tratadas por meio de exames específicos e feito acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, entre eles: o psicólogo, o psiquiatra, o pediatra e o psicopedagogo que contribuirão no processo.

Se chegado à conclusão de não ser problemas de ordem neurológica, entenderemos como de ordem psicológica, portanto discalculia. Dessa forma a intervenção psicopedagógica é o ponto de partida necessário.

As crianças por medo de falhar e de enfrentar novas experiências de aprendizagem acabam adquirindo comportamentos disfuncionais como: agressividade, desleixo, rebeldia, baixa autoestima e apatia, consequentemente levando a outras comorbidades, rebeldia, baixa autoestima e apatia, consequentemente levando a outros comorbidades, incluindo depressão. "Quando falta amor, atenção e compreensão sobram espaço para ironia, violência, abandono, gravidez precoce, roubos, suicídio e homicídios." Devido a esses indícios que todas as intervenções devem ser feitas com respeito e amor, pois são crianças tão inteligentes como qualquer indivíduo.

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