DIFICULDADES DE LEITURA NO ENSINO INFANTIL

HILDETE MIRANDA SOBRINHO RODRIGUÊS¹

RESUMO

Este artigo aborda o tema Dificuldades de Leitura no Ensino Infantil, tendo em vista que as crianças passam por um processo lento no campo da leitura, levando-nos a refletir sobre essa dificuldade que vem preocupando os educadores e se tornando um desafio. O objetivo principal é mostrar a importância da leitura para o desenvolvimento infantil, enquanto os objetivos específicos são: esclarecer como a curiosidade de descobrir coisas novas leva a criança a se envolver com a leitura e como a leitura interfere para a criança se tornar um cidadão de bem e a conviver em sociedade de leitores. Esta pesquisa está fundamentada na visão de teóricos, em especial FERREIRO (1987), SOARES (1989) e  LUCKESI (1994), que traçam o perfil do aluno e do professor do ensino infantil mediante o processo de aprendizagem da leitura e escrita.

Palavras-chave: leitura, aprendizagem, futuro, criança, conhecimento.

1 INTRODUÇÃO

As grandes transformações do mundo de hoje passam pelas crianças, que estarão no futuro à frente das decisões da sociedade. A escola tem um grande prazer de transformar as crianças em futuros leitores. Cada aluno traz de casa um repertório de conhecimento que deve ser aproveitado e trabalhado. O exercício da leitura é um momento importante para realizar tal fim.

          

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¹ Aluna da Pós-Graduação

² Professor Orientador do Trabalho de Conclusão de Curso-TCC.

 

            Ler é o caminho, é realizar uma descoberta. É a oportunidade da criança se fantasiar, se identificar com a história, aprender algumas lições e conviver com a experiência de cada momento desfrutado.

 

            Vale ressaltar que ler não é somente passar o olhar nas palavras, mas compreender o texto, absorver a essência do mesmo. O educador se transforma então, em leitor, de modo que passa emoção, encantamento e desperta o interesse das crianças.

As funções da leitura, portanto, variam de pessoa para pessoa. Há quem leia sob pressão e há quem leia por prazer. Quem gosta de ler incorpora as personagens, mergulha no mundo da história. É um processo complexo, por isso ler significa aprender a encontrar o interesse pela leitura, e vai paralelamente buscando sentido para a sua vida. Através da leitura a criança constrói seu mundo, deposita sonhos, viaja no mundo da imaginação.

No Brasil o índice de criança que não se encontra em sala é bastante alto. Isso se torna um caso sério. Devemos vencer essas dificuldades que ainda existem em algumas escolas. E um ponto importante a ser considerado é que o processo de aprendizagem de cada aluno deve contar com o apoio da família, ou seja, todos devem trabalhar em conjunto.

As escolas devem disponibilizar de acervo variado de clássicos a fim de chamar a atenção da criança para a leitura. A sala de leitura e a biblioteca da escola também são essenciais.

Deve-se deixar o aluno à vontade para escolher o livro para ler, e depois é que o professor deve interferir para dar sugestão de livro. No ensino infantil dá para começar com o cantinho da leitura. O ambiente separado para a hora da leitura conta muito.

O contador de histórias deve deixar a criança cada vez mais curiosa, querendo sempre ouvir mais.

Há quem defenda que a leitura não deve ser competitiva, através da qual se ganham prêmios ou sofrem sanções. Ela deve fluir naturalmente.

A leitura compartilhada ensina novas palavras, valores, aproxima as pessoas. O professor da modalidade infantil deve orientar os pais para ter o cantinho da leitura também  em casa.

O formato dos livros é interessante na infância, porque aguça a curiosidade do leitor, principalmente, quando é um livro de tecido, ilustrado, que chame a atenção para os diversos tipos de objetos, bichos, cores, entre outras ferramentas pedagógicas. A entonação é importante, o gesto, o fantoche, e assim o aluno vai criando sua identidade com o mundo que o cerca.

 

1 O QUE É LEITURA

A leitura é um fenômeno; é algo mágico que se processa de diversas formas: labial, impressa, digital, em voz alta, silenciosa, entretanto, não é apenas pronunciar palavras, mas passar uma mensagem edificante, reflexiva, orientadora.

As dificuldades surgem, porque poucas são as pessoas que leem. Muitas preferem ouvir. E ainda existem as que têm dificuldades na fala, que necessitam de tratamento com fonoaudiólogo.

 

A criança que ainda não sabe ler pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todos os fatores ou palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura.

 

 

Segundo FERREIRO (1987, p.102), afirma que:

 

 

A criança vê mais letras fora do que dentro da escola: a criança pode produzir textos fora da escola enquanto na escola só é autorizado a copiar, mas nunca a produzir de forma pessoal. A criança recebe informação dentro, mas também fora da escola, e essa informação extra-escolar se parece com a informação linguística geral que utilizou quando aprendeu a falar.

 

 

Baseado no que que está mencionado acima, as crianças sempre se relacionam com a linguagem dos textos, por isso, deve-se sempre mantê-las em contato com uma boa leitura. Por meio da leitura vai adquirindo conhecimento, se capacitando para o mundo, e se efetiva a aprendizagem.

 

 

 

2 ESTRATÉGIAS DE LEITURA

 

 

            Algumas estratégias devem ser tomadas como referência a fim de despertar o interesse da criança pela leitura, bem como, melhorar seu modo de interpretar qualquer texto. Vale salientar que a criança primeiro faz a leitura de imagens a partir de sua visão de mundo. Nessa ocasião cria o enredo, depois vai se alfabetizando, conhecendo as sílabas, juntando as palavras e formando as frases, e sempre amadurecendo na percepção do que se passa ao seu redor. Daí, ela aprende cedo com os rótulos dos produtos, e quando vai conhecendo as letras vai associando às figuras.

 

A leitura feita por outra pessoa contribui para familiarizar a criança com a estrutura do texto. A instituição escolar deve mostrar a importância da leitura na vida do ser humano, durante o processo que está sendo trabalhado, e o mais importante é que a personalidade seja atingida, para que haja aprendizagem mais profunda e significativa. A leitura é a via de acesso para muitas informações.

 

Sendo assim, o professor deve trazer o texto adequado à situação que os alunos estão enfrentando na comunidade, senão, ficando descontextualizado, não motiva a turma a querer ouvir. Ou seja, a leitura desmotivada não conduz à aprendizagem. E essa leitura pode ser em quadrinhos, charges, tirinhas, slides.

 

Os pais, ao mandar os filhos para uma instituição escolar, têm uma expectativa notável de que cada educador possui estratégias. A escola, portanto, não é apenas um lugar em que se desenvolve a aprendizagem intelectual e um conjunto de conteúdos e também de habilidades, ela é um espaço de convívio social e cultural, no qual pela interação entre sujeitos e em torno de objetos culturais, produz e partilha a construção do conhecimento.

 

Segundo SOARES (1989, s/p), afirma que:

 

 

O processo de aprendizagem começa com a percepção da existência de coisas que servem para ser lidas, esse aprendizado chama-se letramento. É o convívio da criança desde muito pequena com a literatura.

 

 

A leitura não se desenvolve isoladamente, quando aprendem a ler, as crianças também estão aprendendo a soletrar a escrever. Na escola, a criança deve crescer num ambiente em que veja a leitura e a escrita estão presentes em muitas situações, tanto nas lúdicas, livros de histórias, poesias, brincadeiras com trava-línguas, etc.

 

É necessário que a escola organize projetos educativos que contemplem a leitura e a escrita, que combatam as dificuldades que o pequeno leitor apresenta, a fim de torná-lo eficiente em saber ler e interpretar o mundo que o cerca, que tenha capacidade de tomar decisão e saber interpretar qualquer texto lido.

É um desafio, uma vez que quem a criança do ensino infantil e de qualquer outra modalidade se encontra em ritmo de aprendizagem diferente, e um pode ter dificuldade visual, auditiva, de concentração, memorização, pronúncia, coordenação motora, hiperatividade, entre outras particularidades.

O professor é essa ponte, o mediador, que como bom pesquisador alcançará esse objetivo. Daí haverá consequência positiva desse trabalho quando puder formar cidadãos críticos e comprometidos com a sociedade.

 

3 A LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL

            Desde cedo a criança começa a ter contato com a leitura, por volta dos 4 a 5 anos. Ela pode ser apresentada através do próprio nome, dos nomes dos colegas, usando sempre o alfabeto móvel. Na continuidade do uso diário cada um passa a conhecer as letras, as palavras que formam cada nome no meio da sociedade.           

            O cérebro primeiramente aprende o todo, para depois perceber eexpor o que aprendeu, por isso as crianças e adultos já têm a sua leitura de mundo e são capazes de reconhecer e diferenciar as ilustrações dos textos, bem como notícias de jornais. São capazes de reconhecer uma carta antes de reconhecer as letras, de saber traçá-las e de compreender seu valor sonoro. O professor é o mediador nessa relação que há entre as crianças e os diversos universos sociais os quais elas interagem.

            Segundo LUCKESI (1994, s/p),

quando se fala de função social da educação, precisa-se pensar sobre a relação sociedade versus educação. Neste sentido, existem aqueles que entendem que a educação tem a função de redimir a sociedade; alguns consideram que a educação reproduz a sociedade; e outros concebem que a educação tem a função de contribuir para a transformação da sociedade.           

            Dessa forma entende-se que o processo de ensino não é neutro. Ela é o reflexo do homem, da sociedade e da educação, e devido à leitura fazer parte da vida do ser humano, leva as crianças a conviverem sempre no meio de uma sociedade, com a contribuição da escola para formação dos leitores que se iniciam, procurando sempre manter a função de criar condições para o aluno tornar-se um leitor, e venha conhecer cada letra e palavra.           

Deve-se ressaltar que ler é interagir, é também construir significados em tudo que existe em sua volta, que venha compreender e enriquecer seus conhecimentos. Logo, não é possível haver leitura sem compreensão, porque ler é compreender um texto e ter acesso a uma das leituras que lhe é permitida, sempre aproveitando a bagagem que o leitor traz sempre consigo.

É justamente uma leitura com qualidade que desperta a pessoa para mudanças na vida e na história de sua comunidade. É lendo, conversando sobre o que foi lido durante todo o tempo, comparando com outros textos que abordem o mesmo tema, tendo a compreensão e a interpretação das atividades que são realizadas após a leitura ou durante a própria leitura. Isso, com  orientação do educador e pessoas habilitadas, porque somente quem lê pode ensinar a leitura com gosto e dar sabor à leitura.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que ensinar um aluno a ler não é uma questão tão simples e o gosto pela leitura não está em todas as crianças por diversos motivos, entre eles: ausência dos pais ou responsável, falta de estímulo; ausência de livros, de um local apropriado para desenvolver o gosto pela leitura, entre outros fatores.

A leitura deve ser vista sempre com grande importância dentro da sociedade, embora pareça que não está sendo trabalhada de maneira satisfatória dentro da instituição de ensino. Logo, a a aprendizagem da leitura deve apresentar algo mágico, enquanto vai sendo revelado esse universo maravilhoso.

A criança folheia o livro e inventa a história, é criativa; necessita apenas que alguém a desperte, que esclareça as dúvidas. A leitura é o ponto de partida para a criança aprender qualquer disciplina; sem ela como poderá conhecer os fatos e questionar? Como poderá ocorrer a aprendizagem?

A criança que ainda não sabe ler conforme o parâmetro oficial da pedagogia infantil pode aprender por meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todos os fatores ou palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura.

Qualquer criança tem dificuldade na aprendizagem da leitura, que é uma atividade complexa até certo ponto, no entanto, o ritmo em que as crianças superam essas dificuldades pode ser antecipado a partir de seu nível de inteligência. Em uma outra perspectiva, a aprendizagem da leitura e da escrita se inicia na educação infantil por um trabalho com base na cópia de vogais e das consoantes ensinadas uma de cada vez.

Espera-se que esse artigo possa colaborar com os professores que já atuam no ensino infantil e também com os que estão iniciando, para que o Brasil possa melhorar o índice de número de leitores conscientes, reflexivos e preparados para ser bons cidadãos, a partir das ideias que forem absorvendo no convívio escolar e familiar. E ainda, que não se responsabilize apenas o professor em caso de fracasso na leitura, porque é preciso envolvimento de pais, escola e comunidade na oferta de material para leitura prazerosa.

 

REFERÊNCIAS

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez Editora, 1987. Disponível em: <https://pedagogiaaopedaletra.com/leitura-escrita-escola-desafios-atuais/> Acesso em 10 jul. 2018, às 5h40min.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. Disponível em: <https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/objetivo-educacao-as-concepcoes-organizacao-gestao-escolar.htm>Acesso em 10 jul. 2018, às16h00min.

SOARES, Magda. Linguagem e escola – uma perspectiva social. 7ª ed. São Paulo: Ática, 1989, s/p. Disponível em: <https.://sistemas.ufmt.br/ufmt.evento/files/0fc4323e-15a3-4da9-8a25-97ee13e14ace.doc> Acesso em 10 jul.2018, às 16h22min.