DID YOU DATE HIM?

Por Marcelo Diniz | 20/10/2015 | Política

DID YOU DATE HIM? Por Marcelo C. P. Diniz* O pragmatismo refletido na língua inglesa criou um dos verbos mais assertivos que existem: to date. Não é “vamos nos encontrar”, não é “precisamos nos ver”, melhor dizendo, nem “te ligo”. É ali, oh! Na certa: hoje às 8 horas. Your place or mine? Mas nós, pobres mortais brasileiros, não sabemos quando a presidente vai cair, quando seu desafeto (ou seria afeto-dependente?) vai perder o lugar, se vai ter CPMF ou, se no lugar dela os desgraçados vão perder o seguro-desemprego e, porque não há datas, as agências de classificação de riscos nos desclassificam – afinal, com essa turma que está por aí, quando é que o país vai sair do buraco, certo? O dólar sobe, a inflação nos faz mais pobres, os negócios escasseiam, os políticos já não sabem se vão conseguir salvar os próprios escrotos, adeus credibilidade... A luz no final do túnel é de boa qualidade – a turma nova da Polícia Federal, do Ministério Público e os novos juízes, como o Dr. Moro. Mas o que poderão fazer? Apenas dar exemplos. Vão condenar uma parte da canalhada em primeira instância, depois esperar por uma infinidade de recursos, o fatiamento da Lava Jato e a morosidade do STF. Novamente, caímos nas malhas temporais, sabendo que ninguém namora ninguém se não marcar datas. O brasileiro é um sujeito tão interessante que gritou “Diretas Já!” num dos maiores movimentos populares da história para engolir o indireto Sarney como Presidente da República. Movimentos menores também surgiram: “Basta!”, “Cansei!” Estavam falando muito mais de criminalidade nas ruas, quase nada dos seus crimes do colarinho engomado. Hoje em dia, reclamam à beça nas redes sociais, levantam da cadeira, fazem xixi e voltam pra cadeira. O desabafo é legítimo, mas to date que é bom, nada. Andaram batendo umas panelas do “Fora Dilma” em algumas cidades. Mas, a julgar pelos selfies, tinha muito pouco pobre. Como é que se faz um movimento nacional sem engajar os pobres, me explica? Pra esses, coitados, é que não há to date mesmo. O pior da história: contam-se nos dedos os políticos honestos e bem intencionados deste país. O PSDB, que se diz pai do Real, discurso enfadonho, que os mais jovens nem sabem bem o que é, está perdendo credibilidade com essas histórias do Metrô de São Paulo e "acordos" com o presidente da Câmara. Fora do PSDB, caras como Molon, Chico Alencar, Cristovam Buarque e poucos outros são bons para o Legislativo, mas fracos como executivos. Não têm empowerment. Era o mesmo caso do Gabeira, seria também da Marina. Tenho receio do que eles poderiam fazer, ou deixar de fazer, confundindo ideologia com gestão pública. Aliás, a incompetência pode custar mais caro do que a corrupção. A presidente, por exemplo, nos deu um prejuízo monumental ao não negociar com os países do Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico. Quer dizer, a mocinha nos faz engolir o PT, o PMDB, os demais partidos da base, depois eles não votam com ela, mas eles GANHAM os ministérios (olha que absurdo!) e pra nós sobra o Mercosul. Moral da história: a Polícia Federal vai continuar investigando, o Ministério Público também, delatores serão reproduzidos às dúzias e, nas eleições de outubro/16, queira Deus que as datas já tenham chegado para todos os assaltantes do bem público. Se não a prisão, pelo menos a desmoralização. Teremos datas para os novos, mas só se Deus quiser. Quem sabe em 2018? Marcelo C. P. Diniz é publicitário e escritor. Tem site em www.conscius.com.br