DIANTE DO MUNDO DIGITAL, SOMOS TODOS CRIANÇAS

Por REGILBERTO GIRÃO | 22/06/2013 | Sociedade

A lógica do comportamento humano é perceber incômodos que determinadas coisas causam. O que é prazeroso passa despercebido e empecilho algum é imposto, de forma que outros usufruam da mesma oportunidade - a não ser quando é imprimido valor incompatível com a capacidade de compra (outro assunto).

 

Da percepção do incômodo vêm regrinhas que se compõem e se estabelecem naturalmente - "por favor, não pise na grama" - verbalmente e, depois, uma por meio de uma plaquinha -, que evolui para "é PROIBIDO pisar na grama" até que, por fim, se chega à "sanção pecuniária, caso pise na grama". Algo do gênero.

 

Cada povo, conforme seus costumes - como conta a história -, estabeleceu suas regrinhas em conformidade com a percepção do coletivo de que algo era incompatível com o comportamento da grande maioria. Evoluiu-se, então, às NORMAS e LEIS, que visam nada mais que estabelecer, de forma incisiva, aquelas sutis "regrinhas".

 

É, para tanto, necessário legitimidade e poder para que estas valham e sejam melhoradas, de forma a propiciar a "manutenção do controle social".

 

Isto feito e posto, provoca, inevitavelmente, duas situações: a daquele que se adequa às regras e a daquele que não se enquadra. A este último são impostas punições, que em princípio têm caráter "educativo" - Olha, menino, você fez algo que não deveria ter feito e, portanto, sofrerá as consequências de seus atos!

 

Repetidas as infrações, este se faz reincidente ou contumaz e recebe mais duras e sucessivas penas.

 

Historicamente, inserido no contexto material e palpável, antes de chegarmos ao ponto de punir alguém, as regras eram amplamente discutidas e se tornavam disciplinas e temas educacionais, de forma a, paulatinamente, aculturar o meio, para que este tomasse ciência do que seria o certo e o errado - o ético e o moral.

 

Bem. Esta é a lógica.

 

Diante de cenário que a humanidade testemunha, o ilógico se concretiza quando transpõe fases na tentativa de, sofregamente, colocar rédeas naquilo que desconhece e ignora por completo.

 

Razão de tanta polêmica, a conexão entre computadores em escala mundial, comumente denominada por INTERNET, liberou infindáveis instintos humanos, antes camuflados pela materialidade das coisas e atos, que têm lugar no tempo e no espaço, evidências e características, relativamente, palpáveis.

 

No mundo real, há lacunas, indiscutivelmente. Mas, em relação ao mundo virtualizado - digital -, há a volatilidade, o impalpável e o ligeiro - às barbas da velocidade da luz.

 

Em suma, pulamos etapas. Determinamos LEIS que visam PUNIR, antes mesmo que o indivíduo seja capaz de entender e assimilar que seus instintos animais e primatas - naturais e compreensíveis, não necessariamente aceitáveis - têm se prevalecido do anonimato e da obscuridade para se aflorar e agir de encontro aos valores éticos e morais nos quais está inserido.

 

Por fim, ao calor de determinados momentos, lançamos mão, quase que instantaneamente, de certos "poderes" para tentar frear algo que flui de forma humanamente compreensível - o primata -, visto que somos humanos e imprevisíveis.

 

É o mesmo que colocar um semáforo em uma Autoban - rodovias sem limite de velocidade - sem que sejam fincados sucessivos e paulatinos avisos e controles para redução de aceleração.

 

Um inevitável engavetamento está por ocorrer. Pior: SABEMOS DISTO.

 

Qual o preço, portanto, da ignorância e do pensamento desordenado?

 

Outros comportamentos instintivos do ser humano afloram, sem que existam punições claras para comportamentos que fogem aos valores sociais aceitáveis: VAIDADE, PREPOTÊNCIA, OPORTUNISMO, PEDANTISMO, EGOCENTRISMO, ETNOCENTRISMO, dentre outros tantos.

 

Insisto, diante do exposto, no ditado pitagórico que diz: "É preciso educar as crianças para que não seja necessário castigar os adultos."

 

DIANTE DO MUNDO DIGITAL, SOMOS TODOS CRIANÇAS.