Dez S’s em Segurança Universitária de Natureza Pública

*Aparecido da Cruz

I – Introdução

A premissa básica que deve refletir sobre qualidade de vida nos campus das universidades públicas, devem ser medidas que amplificam a segurança global para o bem de toda comunidade acadêmica, que de um modo integrado e completo envolve servidores técnicos, servidores docentes, discentes, freqüentadores avulsos, colaboradores terceirizados e a comunidade em seu entorno.

Infelizmente, não é desconhecido que a segurança universitária de natureza pública possui vários “gaps”, dentre eles, o desmazelo de algumas instituições em não possuir sequer um departamento de segurança institucional, ou algo parecido, para que de forma coerente e organizada, se processem, de forma permanente e gradativa as medidas que melhorem a qualidade de vida de todos.

Da mesma forma, a maioria dos ocupantes de atividades de gestão de segurança universitária, principalmente nas universidades federais, não é desenvolvido por um gestor ou profissional de segurança, mas na maioria dos casos por um servidor genérico ou afim, que obrigado pela legislação pertinente e sem capacitação previa, se vê na iminência, sob penas e sansões diversas de fiscalizar o contrato de segurança universitária. 

  Por isso é correto afirmar que as instituições podem e devem amadurecer sua política de segurança institucional, na busca por formas de garanti-la, preservando as características peculiares do ambiente universitário, a ampliação da estrutura física, a reformulação e urbanismo dos espaços de convivência, o reforço na vigilância e a implantação de medidas de segurança. Tais medidas são algumas das ações que precisam ser pensadas para todos os campi da instituição, cujos resultados poderão ser avaliados, mensurados e atualizados.

Dentre as atividades que podem ser desenvolvidas pela segurança institucional inclui a elaboração de planos de segurança, normas e procedimentos; serviços de operação preventiva contra acidentes e de defesa do patrimônio público, o registro e investigação de anormalidades, a inteligência em segurança universitária dentre outros.

Outra ferramenta importantíssima neste processo é o treinamento dos profissionais de segurança de todos os campi das universidades, buscando padronizar os procedimentos operacionais, consolidarem o plano de segurança institucional e auxiliar no desenvolvimento de competências para a minimização ou eliminação de possíveis danos, conflitos e descontinuidades.

Pensando em aumentar ao menos o conhecimento básico dos postulantes a segurança universitária de natureza pública, no plano de base operacional, não de gestão, elaboramos neste artigo os “Dez S’s em Segurança Universitária de Natureza Pública”, utilizando-os como uma ferramenta auxiliar na disseminação e fomento a prevenção de não conformidades operacionais, vislumbrando uma atividade com maior eficiência, menos estresse e maior confiabilidade.

Espera-se com este artigo não só uma boa leitura, mas que os amigos e profissionais que dele tiverem conhecimento, possam refletir em cada uma das sugestões e nos ajudar a melhorar a percepção de tão importante e relevantíssimo tema, descortinando suas varias possibilidades.

Haja visto tragédias que vem envolvendo os ambientes estudantis, nada melhor que atuar na prevenção e disposição de equipes treinadas e preparadas para lidar ao menos com as situações do cotidiano, uma vez que tradicionalmente, assim como a policia, um serviço de segurança ostensivo (que se note), ainda sofre muitas discriminações no meio acadêmico envaidecido e empobrecido por saberes “ocultos”. 

II - Dez “S’s” em Segurança Universitária de Natureza Publica

 

A metodologia Dez S’s poderá ser utilizada como um treinamento robusto ou ainda no formato DDS – Dialogo Diário de Segurança, oriundo da segurança do trabalho, onde em preleções de cinco minutos diários, podem ser enfocados temas como os que seguem nesta pequena abordagem ou outros de interesse operacional.

Vale ressaltar que semelhante aos 5 S’s que tem como objetivo desenvolver uma melhoria contínua na destinação dos recursos, esta metodologia melhora o clima organizacional, a produtividade, a percepção e conseqüentemente a motivação dos colaboradores, pois quem cuida, também precisa de cuidado, inclusive na segurança.

 

2.1 – Senso de Unidade

 

Somos todos, uma só equipe!

Nas atividades preventivas não há equipe diurna e noturna em separado, equipe A, B, C ou D. Portanto, atue em equipe.

Apontar erros dos outros ou transferir responsabilidades, qualquer um pode fazê-lo, saber lidar com as situações é para profissionais. 

 

2. 2 – Senso de Discernimento

 

Cuidado com as vozes, as criticas e observações desnecessárias!

O que vou comentar vai agregar algum valor?

O que eu ouvi agrega algum valor?

Minha comunicação tem foco no que eu faço, é eficaz e totalmente profissional? Quais os valores que carrego?

Lembre-se! Não é porque alguns colaboradores têm alguns privilégios, que você também deve ter, pois enquanto uns estão para colaborarem outros estão para realizar a gestão desta mesma colaboração.

 

2. 3 – Senso de Responsabilidade

 

Esteja pronto a lidar com as situações. Conheça o publico alvo de suas ações, as principais ocorrências, demandas, possíveis improvisos e necessidades. Seja pró ativo não apenas mais um.

Falou cumpra, assumiu seja responsável e profissional.

 

2. 4 – Senso de Comprometimento

 

Mantenha um serviço permanente e apresentável. Sempre há alguém observando alguém. Cuidado com o uniforme, apresentação pessoal e o uso de equipamentos eletrônicos indevidamente.

 

2. 5 – Senso de Pertencimento – Conceito de dono.

 

Cuide das instalações como se fossem suas. O dono não é só aquele que tem a posse, mas também aquele que cuida.

Exemplo: Uso dos sanitários. Bens comuns. Concessões ordinárias e extraordinárias...

 

2. 6 – Senso de Personalidade

 

Haja por principio pessoal e não por mera imitação. Seja o mesmo na presença e na ausência. Tenha sua marca registrada, sua identidade perceptível.

 

2. 7 – Senso de Equilíbrio e Sobriedade

 

A gentileza não compromete a franqueza.

Seja discreto, sem, contudo comprometer o seu trabalho.

Nas situações de forte estresse lembre-se de manter-se firme e não se deixar levar por provocações.

O que você oferece como diferencial?

Não se contamine com qualquer tipo de desequilíbrio.

 

2. 8 – Senso de Diversidade

 

A universidade publica é um ambiente plural, democrático e diverso, tendo sua comunidade composta por PESSOAS.

Respeitar a diversidade é respeitar a si mesmo.

A convivência em meio à diversidade fortalece vínculos, melhora as pessoas e nos ajuda a crescer.

 

2. 9 – Senso de Sustentabilidade

 

O conceito de sustentabilidade está normalmente relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia que é ecologicamente correta, na universidade publica isso se traduz através da consciência do uso racional dos recursos naturais, dentre eles a água, a energia, os espaços e os produtos.  

2. 10 – Bom Senso!

 

Na dúvida PERGUNTE! PERGUNTE! PERGUNTE!

Não faça nada sem ter pleno conhecimento da causa, do efeito e da situação.

O Bom senso é a somatória de tudo o que lemos antes, o acréscimo do que podemos vivenciar e a multiplicação do que aprendemos com a vida.

 

III – Conclusão

Esperamos que os conhecimentos obtidos através da leitura deste pequeno artigo possam gerar uma série de reflexões e ações entre os quais: a diminuição de riscos e conflitos nas áreas ou dependências das universidades; a adoção de procedimentos visando melhorar a segurança dos campi; a elaboração de um plano de segurança eficiente, visando prover a segurança do local e a minimização de possíveis cenários disformes, pela falta de discernimento da situação.

Enfim! Outros importantes ganhos dessa mobilização por mais segurança e qualidade de vida dos campi universitários de natureza pública, diz respeito à consolidação da filosofia do trabalho integrado entre os diversos atores e atividades que atuam nestes locais, não só os diretamente envolvidos com a segurança global, mas também de colaboradores que atuam nas áreas  diversas inseridas no cotidiano da universidade pública.

 

Não se espera, contudo, que este tímido trabalho, seja suficiente para tal, pois em meio à grande inércia da alta gestão de algumas universidades públicas, há profissionais do mais alto grau, desenvolvendo sistemas de segurança eficazes e para além da realidade do senso comum de alguns mestres e doutores. Nesta via, apoiados por suas instituições, revolucionam sua práxis, bem como proporcionam fortalecimento dos sistemas e exportam seu cabedal de conhecimento a instituições congêneres.

Portanto, urge importante discussão, não apenas para revelar o problema, mas também apontar soluções simples e também as complexas, como forma de assegurar de forma eficiente e eficaz, um serviço de qualidade, não só no controle de crises, mas e principalmente, na manutenção da qualidade de vida de toda comunidade.

 

IV - Referencias

CRUZ, APARECIDO. Curso Dez S’s em Segurança Universitária de Natureza Pública. São Paulo: CEPESF, 2017.

Portal Politize. Disponível em: https://www.politize.com.br/seguranca-nas-universidades-como-melhorar/. Acesso em 20 de fevereiro de 2019.

Portal da Segurança Institucional da Universidade Federal de Pernambuco. Disponível em: https://www.ufpe.br/ssi . Acesso em 20 de fevereiro de 2019.

 

*Aparecido da Cruz, além da formação multifacetada exibida em seu perfil, atua como gestor de segurança universitária federal.  Contatos com o autor: [email protected]