DEUS E A NOSSA FAMÍLIA!

Maria Eunice Gennari Silva

 Antes de ler o texto “Deus e a nossa Família!”, peço sua atenção para, primeiro, conhecer a origem e o seu processo de construção.

Em 2006, como professora de História e Geografia, percebi que, motivados por uma novela que passava na TV, os alunos, continuamente, traziam, para a sala de aula, comentários sobre os temas mais comuns, nos diálogos entre os principais personagens: valores, princípios, obediência, respeito e ética, falta de coerência entre o que Deus ensina e o que a família, de fato, pratica dentro de casa.

Considerando, prioritariamente, a crença religiosa da grande maioria, resolvi, então, questionar em três salas de aula (5º, 6º e 7º anos do Ensino Fundamental) três perguntas a respeito da história de Deus e a história de suas famílias:

1º) O que você conhece sobre a história de Deus?

2º) O que você conhece sobre a história da sua família?

3º) Você teria coragem de colocar, na biblioteca da sua escola, um livro de História, de sua autoria, contando como você se relaciona com Deus e com a sua família?

Para minha surpresa, durante quatro semanas, ou sejam, doze aulas, tive o prazer de conviver com todos os alunos interessados e envolvidos, de uma forma muito especial e produtiva. Foram atividades que, além de integradas a alguns conteúdos da disciplina de História e Geografia, oportunizaram discussão e reflexão sobre os relacionamentos familiares. Neste processo, a liberdade de opinar permitiu o repensar atitudes, valores, princípios e, principalmente, o respeito às diferenças individuais.

Sem dúvida, o tema religião foi, insistentemente, prioridade durante as conversas entre os alunos. Mas não impediu a compreensão de que a escolha de uma crença religiosa não pode prejudicar a construção de uma história de vida e a sua contribuição, para com a sociedade.

Como a experiência foi muito interessante, selecionei vários comentários e escrevi o texto “Deus e a nossa família”, com objetivo de divulgar as possibilidades de se trabalhar a pedagogia inovadora, durante a prática de ensino. Sem preconceitos e assumindo o desejo de pesquisar os interesses de todos, quanto à realidade de suas relações históricas, utilizei uma narrativa, pelo Lucas. Um personagem que representa os demais alunos, suas informações pessoais e o jeito deles contarem, para mostrar o resultado significativo deste trabalho.

 

Olá, eu sou o Lucas e andei pensando sobre Deus e a minha família. Então, resolvi contar pra você.

Vamos lá!

Era uma vez um homem muito, mas muito legal mesmo. E num dia que ainda não chamava dia, Ele decidiu criar o mundo.

Esse mundo que a gente vive por aí.

 Pois é, Ele, então, fez os céus e a terra. Como tudo estava muito escuro e sem forma nenhuma, Ele fez o dia e a noite, as águas, as ervas para dar sementes e que, por sua vez, dessem frutos.

E Ele vibrava com cada detalhe, afinal ia ficando tudo bom.

 Fez os luminares – o sol e a lua (que brilho, hein? - uma invenção pra ninguém botar defeito).

E seguiu em frente!

Seres viventes na água, voando nos céus, répteis, animais selvagens e outros bichos.

E continuou achando tudo bom.

 De repente, Esse cara teve uma idéia genial.

Ele percebeu que era preciso dar tudo isso a alguém.

Alguém que frutificasse e multiplicasse, enchesse a terra e a sujeitasse.

Depois, era só dominá-la.

E criou o homem.

Aí, ele viu que era tudo MUITO BOM e foi descansar.

Acho que nesse descanso Ele ficou, mesmo, é com um olho aberto e outro fechado.

Nem deu pra tirar uma soneca direito. Mesmo porque, durante o seu descanso, ele pensou, pensou e pensou.

Depois deu umas ordens, para o homem, e continuou pensando.

Foi, então, que ele percebeu que este homem não podia ficar sozinho.

E deu pra ele, uma mulher - o que foi muito maneiro desse cara.

Só que, pra mim, quando os dois se juntaram, eles não entenderam muito bem qual era a deles.

É que depois disso muita confusão aconteceu, principalmente por causa da teimosia, da inveja e do egoísmo.

 Mas, esse cara, que você já deve ter sacado que é Deus, não desistiu.

E investiu pesado no homem e na mulher pra que eles continuassem no centro da Sua vontade e participassem de um grande projeto Seu - a Família.

Sabe por quê?

Porque, pra Ele, é na Família que começa tudo.

Se a Família vai bem, o mundo todo tem tudo pra dar certo.

E faz sentido, porque a vida de todo mundo começa na sua casa, junto com a sua família.

Se a gente sai de casa numa boa, certamente, onde a gente for, vai tudo bem.

 É por isso que se a gente pensar a família como primeiro grupo social estabelecido por Deus na terra, a gente vai perceber, também, que tem umas coisas que precisam ser observadas com muito carinho.

Entre elas, a família precisa reencontrar os propósitos de Deus pra casa dela.

Sabe por quê, também?

Porque lá na minha casa, de vez em quando o bicho pega e a gente nem lembra que Deus já escreveu um projeto pra nós, muito, mas muito legal mesmo. Daí, a confusão está armada.

E o pior é que a gente quer resolver do jeito que a gente acha que sabe.

Como não nos lembramos de bater um papo com Ele, nem pra consultar por onde a gente deve começar, então, a coisa só vai piorando.

 E sabe o que é mais engraçado?

É que todo mundo fica repetindo o tempo todo:

- Ai, meu Deus! O quê que eu faço?

E a pergunta fica sem resposta.

Mas, eu acho que é porque não queremos ouvir o que Deus tem pra falar conosco.

 Olha, se o cara fez tanta coisa legal pra gente, é claro que Ele pode e precisa corrigir o que nós estamos fazendo de errado.

E é aí que o bicho pega! A gente corre pra não ser corrigido.

É a tal da teimosia.

A gente chama por Ele, mas não escuta a Sua voz.

Então, a nossa família fica numa posição até engraçada. Na mesma hora que a gente acha que pode contar com ela, para sentir segurança e proteção, do tipo: comida, casa, carro, roupa, escola - a gente também fica até com medo e começa a se perguntar: será que esse povo está “batendo” bem?

Então, cara, dá uma confusão tão grande que a cabeça da gente vira uma piorra.

 Um dia, eu li que Jesus gostava de bater papo com todo mundo que Ele encontrava.

E Ele ensinava as pessoas contando histórias.

Aí, eu pensei o seguinte: se Ele fazia isto era porque tinha aprendido com alguém e em algum lugar.

E me lembrei de algumas coisas muito interessantes como: que Ele é filho de Deus, e que conversava com uns caras: o João, o Pedro, o Mateus, o Marcos, o André, o Felipe, o Tiago, o Judas, o Tomé e muitas outras pessoas que curtiam o seu “papo maneiro”. Ele ia ensinando o que aprendia com o Seu Pai, porque Ele tinha certeza que fazer isso, era muito bom.

 Esses caras (o João, o Pedro, o Mateus, o Marcos, o André, o Felipe, o Tiago, o Judas, o Tomé) foram ensinando pra outros carinhas, até chegar em nós.

Será que a gente aprendeu mesmo, de verdade, o que Jesus ensinou?

A gente anda espalhando esta notícia, pra o Zé, pra Maria, pra Seu Antônio da padaria, pra Anita lá cantina da escola, pra...?

Ou será que a gente está é fazendo uma baita de uma confusão com tudo o que Ele ensinou?

Sabe, eu cheguei a uma conclusão muito séria: a gente conversa muito, mas, muitas vezes, não escolhemos quando, com quem, onde, como e o que conversar.

Depois, quando vamos conversar em Família, parece que a gente é até estranho.

Que nem mora na mesma casa.

Parece até que a casa da gente é restaurante ou hotel, ou seja, a gente aparece por lá só pra dormir e comer.

 Na minha cabeça, a Família precisa de Deus.

Pra conversar, pra participar, pra compartilhar alegrias e tristezas.

Eu acho que, com Ele, a gente segura a “barra” numa boa.

A gente fica muito mais feliz e pode viver em paz, mesmo na hora que a casa treme.

Existem algumas coisas que a gente pode ir fazendo, bem devagarzinho e sempre, pra melhorar a convivência na família.

Por exemplo:

- Abrir mão de interesses pessoais em benefício da Família.

- Gastar (isto é investimento) tempo juntos em casa.

- Participar dos planos e dos projetos uns dos outros.

- Frequentar lugares em comum.

- Realizar atividades que envolvam todos da família.

- Valorizar e amar cada vez mais a Família que a gente tem.

Pra começar, acho que está bom. Mas pra ficar MUITO BOM, a gente tem que ir aprendendo, todo dia, cada vez mais.

 Outra coisa importante, que eu tenho pensado muito, é que estas coisas devem começar por mim.

Quer dizer, não devo ficar esperando o outro fazer aquilo que eu quero que aconteça.

Mesmo sendo mais novo que os meus pais, dá pra entender que eu posso ensinar a eles o que eu já entendi e que já posso cooperar com a minha Família.

Eu cheguei, então, à outra conclusão: como amo a minha Família e sei que Deus é um cara legal, que Ele quer ver a gente numa boa, eu vou abrir - mais ainda - os meus olhos e os meus ouvidos pra enxergar os sonhos de Deus e escutar os planos que Ele tem, pra minha casa.

Bom, antes de terminar este bate-papo, quero contar que, mesmo com todos os nossos problemas, eu tenho a certeza de que Deus cuida de mim, da minha casa e da minha Família.

Porque esta é a Família que Deus me deu. A família que eu amo, que eu aprendo e ensino com ela.

E com ela eu quero estar.

Graças a Deus!