DEUS E A NOSSA FAMÍLIA!
Publicado em 17 de julho de 2016 por Maria Eunice Gennari Silva
DEUS E A NOSSA FAMÍLIA!
Maria Eunice Gennari Silva
Antes de ler o texto “Deus e a nossa Família!”, peço sua atenção para, primeiro, conhecer a origem e o seu processo de construção.
Em 2006, como professora de História e Geografia, percebi que, motivados por uma novela que passava na TV, os alunos, continuamente, traziam, para a sala de aula, comentários sobre os temas mais comuns, nos diálogos entre os principais personagens: valores, princípios, obediência, respeito e ética, falta de coerência entre o que Deus ensina e o que a família, de fato, pratica dentro de casa.
Considerando, prioritariamente, a crença religiosa da grande maioria, resolvi, então, questionar em três salas de aula (5º, 6º e 7º anos do Ensino Fundamental) três perguntas a respeito da história de Deus e a história de suas famílias:
1º) O que você conhece sobre a história de Deus?
2º) O que você conhece sobre a história da sua família?
3º) Você teria coragem de colocar, na biblioteca da sua escola, um livro de História, de sua autoria, contando como você se relaciona com Deus e com a sua família?
Para minha surpresa, durante quatro semanas, ou sejam, doze aulas, tive o prazer de conviver com todos os alunos interessados e envolvidos, de uma forma muito especial e produtiva. Foram atividades que, além de integradas a alguns conteúdos da disciplina de História e Geografia, oportunizaram discussão e reflexão sobre os relacionamentos familiares. Neste processo, a liberdade de opinar permitiu o repensar atitudes, valores, princípios e, principalmente, o respeito às diferenças individuais.
Sem dúvida, o tema religião foi, insistentemente, prioridade durante as conversas entre os alunos. Mas não impediu a compreensão de que a escolha de uma crença religiosa não pode prejudicar a construção de uma história de vida e a sua contribuição, para com a sociedade.
Como a experiência foi muito interessante, selecionei vários comentários e escrevi o texto “Deus e a nossa família”, com objetivo de divulgar as possibilidades de se trabalhar a pedagogia inovadora, durante a prática de ensino. Sem preconceitos e assumindo o desejo de pesquisar os interesses de todos, quanto à realidade de suas relações históricas, utilizei uma narrativa, pelo Lucas. Um personagem que representa os demais alunos, suas informações pessoais e o jeito deles contarem, para mostrar o resultado significativo deste trabalho.
Olá, eu sou o Lucas e andei pensando sobre Deus e a minha família. Então, resolvi contar pra você.
Vamos lá!
Era uma vez um homem muito, mas muito legal mesmo. E num dia que ainda não chamava dia, Ele decidiu criar o mundo.
Esse mundo que a gente vive por aí.
Pois é, Ele, então, fez os céus e a terra. Como tudo estava muito escuro e sem forma nenhuma, Ele fez o dia e a noite, as águas, as ervas para dar sementes e que, por sua vez, dessem frutos.
E Ele vibrava com cada detalhe, afinal ia ficando tudo bom.
Fez os luminares – o sol e a lua (que brilho, hein? - uma invenção pra ninguém botar defeito).
E seguiu em frente!
Seres viventes na água, voando nos céus, répteis, animais selvagens e outros bichos.
E continuou achando tudo bom.
De repente, Esse cara teve uma idéia genial.
Ele percebeu que era preciso dar tudo isso a alguém.
Alguém que frutificasse e multiplicasse, enchesse a terra e a sujeitasse.
Depois, era só dominá-la.
E criou o homem.
Aí, ele viu que era tudo MUITO BOM e foi descansar.
Acho que nesse descanso Ele ficou, mesmo, é com um olho aberto e outro fechado.
Nem deu pra tirar uma soneca direito. Mesmo porque, durante o seu descanso, ele pensou, pensou e pensou.
Depois deu umas ordens, para o homem, e continuou pensando.
Foi, então, que ele percebeu que este homem não podia ficar sozinho.
E deu pra ele, uma mulher - o que foi muito maneiro desse cara.
Só que, pra mim, quando os dois se juntaram, eles não entenderam muito bem qual era a deles.
É que depois disso muita confusão aconteceu, principalmente por causa da teimosia, da inveja e do egoísmo.
Mas, esse cara, que você já deve ter sacado que é Deus, não desistiu.
E investiu pesado no homem e na mulher pra que eles continuassem no centro da Sua vontade e participassem de um grande projeto Seu - a Família.
Sabe por quê?
Porque, pra Ele, é na Família que começa tudo.
Se a Família vai bem, o mundo todo tem tudo pra dar certo.
E faz sentido, porque a vida de todo mundo começa na sua casa, junto com a sua família.
Se a gente sai de casa numa boa, certamente, onde a gente for, vai tudo bem.
É por isso que se a gente pensar a família como primeiro grupo social estabelecido por Deus na terra, a gente vai perceber, também, que tem umas coisas que precisam ser observadas com muito carinho.
Entre elas, a família precisa reencontrar os propósitos de Deus pra casa dela.
Sabe por quê, também?
Porque lá na minha casa, de vez em quando o bicho pega e a gente nem lembra que Deus já escreveu um projeto pra nós, muito, mas muito legal mesmo. Daí, a confusão está armada.
E o pior é que a gente quer resolver do jeito que a gente acha que sabe.
Como não nos lembramos de bater um papo com Ele, nem pra consultar por onde a gente deve começar, então, a coisa só vai piorando.
E sabe o que é mais engraçado?
É que todo mundo fica repetindo o tempo todo:
- Ai, meu Deus! O quê que eu faço?
E a pergunta fica sem resposta.
Mas, eu acho que é porque não queremos ouvir o que Deus tem pra falar conosco.
Olha, se o cara fez tanta coisa legal pra gente, é claro que Ele pode e precisa corrigir o que nós estamos fazendo de errado.
E é aí que o bicho pega! A gente corre pra não ser corrigido.
É a tal da teimosia.
A gente chama por Ele, mas não escuta a Sua voz.
Então, a nossa família fica numa posição até engraçada. Na mesma hora que a gente acha que pode contar com ela, para sentir segurança e proteção, do tipo: comida, casa, carro, roupa, escola - a gente também fica até com medo e começa a se perguntar: será que esse povo está “batendo” bem?
Então, cara, dá uma confusão tão grande que a cabeça da gente vira uma piorra.
Um dia, eu li que Jesus gostava de bater papo com todo mundo que Ele encontrava.
E Ele ensinava as pessoas contando histórias.
Aí, eu pensei o seguinte: se Ele fazia isto era porque tinha aprendido com alguém e em algum lugar.
E me lembrei de algumas coisas muito interessantes como: que Ele é filho de Deus, e que conversava com uns caras: o João, o Pedro, o Mateus, o Marcos, o André, o Felipe, o Tiago, o Judas, o Tomé e muitas outras pessoas que curtiam o seu “papo maneiro”. Ele ia ensinando o que aprendia com o Seu Pai, porque Ele tinha certeza que fazer isso, era muito bom.
Esses caras (o João, o Pedro, o Mateus, o Marcos, o André, o Felipe, o Tiago, o Judas, o Tomé) foram ensinando pra outros carinhas, até chegar em nós.
Será que a gente aprendeu mesmo, de verdade, o que Jesus ensinou?
A gente anda espalhando esta notícia, pra o Zé, pra Maria, pra Seu Antônio da padaria, pra Anita lá cantina da escola, pra...?
Ou será que a gente está é fazendo uma baita de uma confusão com tudo o que Ele ensinou?
Sabe, eu cheguei a uma conclusão muito séria: a gente conversa muito, mas, muitas vezes, não escolhemos quando, com quem, onde, como e o que conversar.
Depois, quando vamos conversar em Família, parece que a gente é até estranho.
Que nem mora na mesma casa.
Parece até que a casa da gente é restaurante ou hotel, ou seja, a gente aparece por lá só pra dormir e comer.
Na minha cabeça, a Família precisa de Deus.
Pra conversar, pra participar, pra compartilhar alegrias e tristezas.
Eu acho que, com Ele, a gente segura a “barra” numa boa.
A gente fica muito mais feliz e pode viver em paz, mesmo na hora que a casa treme.
Existem algumas coisas que a gente pode ir fazendo, bem devagarzinho e sempre, pra melhorar a convivência na família.
Por exemplo:
- Abrir mão de interesses pessoais em benefício da Família.
- Gastar (isto é investimento) tempo juntos em casa.
- Participar dos planos e dos projetos uns dos outros.
- Frequentar lugares em comum.
- Realizar atividades que envolvam todos da família.
- Valorizar e amar cada vez mais a Família que a gente tem.
Pra começar, acho que está bom. Mas pra ficar MUITO BOM, a gente tem que ir aprendendo, todo dia, cada vez mais.
Outra coisa importante, que eu tenho pensado muito, é que estas coisas devem começar por mim.
Quer dizer, não devo ficar esperando o outro fazer aquilo que eu quero que aconteça.
Mesmo sendo mais novo que os meus pais, dá pra entender que eu posso ensinar a eles o que eu já entendi e que já posso cooperar com a minha Família.
Eu cheguei, então, à outra conclusão: como amo a minha Família e sei que Deus é um cara legal, que Ele quer ver a gente numa boa, eu vou abrir - mais ainda - os meus olhos e os meus ouvidos pra enxergar os sonhos de Deus e escutar os planos que Ele tem, pra minha casa.
Bom, antes de terminar este bate-papo, quero contar que, mesmo com todos os nossos problemas, eu tenho a certeza de que Deus cuida de mim, da minha casa e da minha Família.
Porque esta é a Família que Deus me deu. A família que eu amo, que eu aprendo e ensino com ela.
E com ela eu quero estar.
Graças a Deus!