RESUMO

A presente pesquisa aborda a problemática das mudanças e inovações nas instituições públicas, concretamente na Universidade Pedagógica Moçambique, olhando as unidades orgânicas das províncias de Gaza (UP-Gaza) e Inhambane (UP-Maxixe e UP-Massinga). Este processo de mudanças e inovações era característico do sector privado pela maneira intrínseca de como se procede contrariando-se do sector público onde a preocupação se centrava simplesmente na estabilidade funcional, processual e de actuação. Ora, nos últimos tempos, este cenário vem mudando, fazendo com que este último adopte também novas maneiras de funcionar e actuar como se de privado se tratasse, sendo que a UP não fugiu à regra. Nisto, vem-se notando mudanças e inovações que vão ocorrendo, daí a preocupação em querer conhecer as determinantes deste processo. O estudo adoptou um design transversal para três casos: as três delegações acima referidas. Para a sua realização, algumas estratégias foram cruciais: o inquérito por questionário e por entrevistas, direccionados aos funcionários das instituições em causa. Assim, dos objectivos, análises às conclusões mostra-se que são várias as determinantes, fazendo com que estas unidades pautem por este processo, e a que mais vinca tem que ver com a preocupação em estar em frente de outras universidades na formação de professores e outros quadros das diversas áreas de actuação sectorial dada pela abertura de mais universidades com cursos similares, aumentando a concorrência, por um lado e nota-se o desejo de levar o ensino superior para perto do cidadão, por outro. Mostram ainda os resultados que isto só poderia ser possível com a intervenção dos líderes na pessoa dos directores de tais unidades em menção, a criação de infra-estruturas apropriadas, a existência de um corpo técnico administrativo competente assim como docentes qualificados.

PALAVRAS-CHAVE: Determinantes, Mudança e Inovação, Administração pública, Universidade Pedagógica.

  1. Introdução e âmbito do estudo

O que são mudanças e inovações? Qual é o interesse no seu estudo? Que importância ao nível organizacional? Como estudar as mudanças e inovações? O que leva as organizações a pautarem por estas? São estas perguntas importantes e igualmente justificativas deste presente estudo. As respostas a estas questões não só revelam um carácter, de certa forma, cíclico, como trazem à ribalta um debate em esferas de conhecimento distinto, em função do contributo que apresentam na evolução da gestão organizacional. O corpo teórico de mudanças e inovações caracteriza-se por ser permanentemente volátil ao contexto em que estiver a ser discutido. Apesar dessa aparente fragilidade, a construção de um conhecimento sobre esta temática evidencia-se na profundidade e é estimulada pela utilidade da qual resulta. Isto porque, se de um lado a sua fragilidade teórica tem a ver com o risco da sua deficiente delimitação, por outro, temos os potenciais contributos que esta traz.

Portanto, pode-se assumir que as mudanças e inovações são um tema importante para a área de Gestão Organizacional e concretamente para a da Gestão Pública, responsável pela construção de soluções pelas entidades da Administração Pública, na prossecução das suas missões. As mudanças e inovações constituem acções que irão auxiliar nas organizações público-privadas, no caso vertente da Administração Pública, cumprindo as suas missões, sendo uma das mais importantes a de servir o público de forma satisfatória. Ora, poder-se-ia questionar: onde, como e quando ou ainda o que se deve mudar e inovar?

Relativamente aos questionamentos acima, vão surgindo incursões teóricas básicas que, socorrendo-se de argumentos mais pragmáticos, ajustam-se no sentido de dar respostas e a devida teorização. Percebe-se, assim, que as organizações para enveredar por mudanças e inovações, sofrem directamente do poder político, do contexto cultural, socioeconómico no qual se inserem e que é debatido e analisado.

As questões da delimitação deste tema surgem relativas às acções prévias, posteriores e intrínsecas à dotação de formas para que a Administração Pública possa prosseguir com os seus objectivos e desempenhar as suas atribuições. Assim sendo, são determinados pelo âmbito de actuação da organização, ambiente económico, o sistema “político-cultural”, lideranças, sem deixar de fora os actores como os principais maestros e executores ou intervenientes da organização. Da génese desta discussão, surge a definição do papel a atribuir a este tema de estudo, no âmbito da Gestão Pública, admitindo-se um lugar de destaque para esta temática de mudanças e inovações na Gestão Estratégica, passando a ser a parte nuclear do desenvolvimento organizacional e, por consequência, colocar-se na vanguarda da prossecução de seus objectivos, ela passa a ser uma questão de grande importância para a tomada de decisões.

A relevância do tema “mudanças e inovações”, prende-se com os propósitos de dar resposta às necessidades do público assim como à própria gestão deste processo. As organizações no mundo actual procuram a excelência dos seus produtos e serviços, assim como das pessoas que nelas trabalham. O mercado de hoje é de concorrência e, todos precisam de estar atentos às novas formas de estar, ser e agir, no sentido de estar sempre à frente da concorrência e na vanguarda da inovação. Isto cria obrigações às organizações para que não fiquem estagnadas no tempo e no espaço. Neste pressuposto, urge a necessidade destas acompanharem a dinâmica do mercado em que estão inseridas. Para tal, só recorrendo a mudanças e inovações é que lhes irão permitir concorrer sempre em pé de igualdade com as restantes e sobreviver. E, observando o contexto actual da função pública, podemos afirmar que esta não fica para trás, pois também luta para atingir a excelência todos os dias, procurando melhorar as suas actividades no atendimento e satisfação das necessidades dos seus beneficiários.

As instituições públicas de ensino superior não são excepção e, portanto, têm vindo a acompanhar esta mentalidade e cultura de melhoria e inovação institucional. Nas últimas décadas tem-se verificado o aparecimento de muitas instituições de ensino superior, sejam públicas sejam privadas que procuram aumentar a capacidade concorrencial entre estas. Uma vez que a mudança é um processo e não um sistema fechado com início e termo, esta deve acontecer em todas as organizações privadas e públicas, de forma que se não quebre a actuação das organizações, mas tentando sempre agregar um valor à sua actuação. É desta forma que se apela a todas organizações que se queiram manter e prosperar no mercado em que actuam a pautarem por uma ideologia de vontade de mudança contínua e inovar os seus sistemas de funcionamento. [...]