1 Ana Claudia Ferreira da Silva; 2 Daniela Patrícia Vaz

1 Biomédica (UNIRONDON), Pós graduada em Análises Clínicas (UNIC) e discente em Imaginologia (FAMESP).

2 Fisioterapeuta (UNIBAN), Pós graduada em Fisioterapia Dermato Funcional (GAMA FILHO) e em Psicopedagogia (UNOESTE), Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social (UNIBAN).

RESUMO

Atualmente existem diversos recursos de imagem para detecção e investigação do câncer de mama, onde cada apresenta maior ou menor sensibilidade/especificidade na identificação e caracterização da lesão.  É com base no exposto que este estudo tem o objetivo de apresentar por meio da revisão da literatura, os principais métodos de diagnóstico por imagem na detecção do câncer de mama, identificando a sensibilidade e especificidade de cada um.  Para tal, realizou-se uma revisão bibliográfica, em base de dados online, livros e textos sobre a temática.  Observou-se que na atualidade diversos são os exames diagnósticos disponíveis para a detecção precoce e mesmo acompanhamento do tratamento da neoplasia mamária.  Entretanto, o exame mais utilizado no rastreamento da doença ainda é a mamografia auxiliada pelo ultrassom de mamas, onde identifica-se relativa sensibilidade e especificidade, além de melhor custo x benefícioquando comparados aos demais exames de imagem.

Palavras-chave: 1. Neoplasia de mama. 2. Diagnóstico por imagem. 3. Mamografia. 4. Tomografia. 5. Imagem por Ressonância Magnética. 6. Ultrassonografia Mamária.

INTRODUÇÃO

Segundo Silva (2008), as neoplasias malignas vêm cada vez mais acometendo a população de todo o mundo, onde o gênero feminino tem apresentado maior tendência a desenvolver este tipo de patologia.

O câncer de mama é uma das neoplasias de maior importância para a saúde pública em todo o mundo, principalmente devido as taxas de morbimortalidade relacionado ao seu desenvolvido, considerada elevada quando comparado a outros tipos de canceres (SCLOWITZ et al, 2005).  Instituto Nacional do Câncer (INCA) aponta que a incidência do câncer de mama tem se tornado crescente e progressiva, observada cada vez mais precocemente, principalmente em populações de países desenvolvidos (INCA, 2014). 

A precocidade das lesões na população feminina é uma preocupação, tendo em vista que quando desenvolvido por mulheres jovens (abaixo dos 35 anos), as características histopatológicas, agressividade e desfechos, são piores quando comparado a mulheres que desenvolvem lesão em idades mais extremas (MARTINS et al, 2013).

Este é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres, onde dependendo do perfil populacional e a prevalência dos fatores de riscos, sua incidência pode atingir até 71,46 casos por 100.000 mulheres (TIEZZI, 2009).  

As taxas de mortalidade relacionadas ao câncer de mama ainda são elevadas, principalmente no Brasil (SOARES et al, 2015).   De acordo com o Sistema DataSUS, somente em 2014, em todo território nacional, ocorreram 14.786 óbitos decorrentes de neoplasias malignas de mamas (BRASIL, 2016).

Prospectivas brasileiras estimam que até o final do ano de 2016, 57.960 novos casos sejam detectados em todo o Brasil, sendo a taxa de mortalidade estimada em 12,66 óbitos/100.000 mulheres, podendo esta taxa variar de região para região (BRASIL, s.d). 

Dentre os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama estão os ambientais (obesidade, sedentarismo, alimentares e exposição frequente a radiações ionizantes), hormonais (idades extremas, não ter amamentado, baixa paridade, reposição hormonal pós-menopausa por longo período); e os genéticos (histórico familiar de câncer de mama e ovário e alteração genética) (INCA, 2014).

As lesões caracterizadas por anormalidade proliferativas, acabam acometendo os lóbulos e ductos da mama, caracterizadas por hiperplasia, hiperplasia atípica, carcinoma in situ ou invasivo (MARTINS et al, 2013). 

Sabe-se que a estimativa de novos casos está diretamente ligada ao déficit da atenção primária em saúde de eliminar os fatores de risco e tratar lesões precursoras, assim como da atenção secundária em atender a demanda, proporcionando tratamento adequado (GEBRIM e QUADROS, 2006).  

Infelizmente no Brasil, 60% do diagnóstico ocorre em estágios avançados (III e IV), o que limita o tratamento e aumenta a necessidade de mastectomia, consecutivamente a qualidade de vida do paciente e mesmo as chances de sobrevida (SILVA, 2008).

Damin (2012) relata que o rastreamento de uma doença em uma população sempre avalia custos e benefícios, o que os exames de rastreamento sempre buscam a detecção na fase pré-clínica, que no caso do câncer de mama isto pode representar um problema, tendo em vista que este tipo de neoplasia apresenta uma fase subclínica longa, entre 2 a 4 anos. 

A detecção do câncer de mama geralmente ocorre pelo autoexame das mamas, ou pela realização de exames de diagnóstico por imagem, devendo a lesão ainda ser submetida a biópsia para confirmação (TRUFELLI et al, 2008).

Nas últimas três décadas, o estudo voltado para patologia mamária evoluiu significativamente (e continua em evolução), o que tem contribuído para o desenvolvimento de equipamentos e melhora das técnicas na detecção de lesões mamárias cada vez mais precoces (FRUTUOSO et al, 2009).

Dentre os recursos de imagem disponíveis, a mamografia é apontada como o principal método de diagnóstico desta patologia em fase inicial, como também o de menor risco e o mais efetivo (SCLOWITZ et al, 2005).  Porém, se sabe que outros exames de diagnósticos por imagem apresentam bom desempenho na detecção de doenças mamárias, tais como ultrassonografia e ressonância magnética, onde cada um apresentam maior ou menor sensibilidade e especificidade, muitas vezes utilizados como método adjunto da mamografia, na caracterização das lesões mamárias (CHALA e BARROS, 2007). 

Com base no exposto, identifica-se que a medicina diagnóstica tem realizado grandes avanços nas últimas décadas, o que tem corroborado para melhora da qualidade da imagem e segurança, além de precisão no diagnóstico do câncer de mama.  Grande parte dos exames apresentam baixo ou nenhum efeito colateral, ou mesmo, desconforto ao paciente.  Neste sentido, o conhecimento sobre os tipos de exames por imagem disponíveis na identificação e diagnóstico de neoplasia mamária é fundamental ao profissional de saúde, principalmente os que atuam com medicina diagnóstica, sendo estas importantes ferramentas no rastreamento e tratamento deste tipo de lesão, devendo o profissional possuir conhecimento sobre as principais indicações do exame, assim como sua sensibilidade e especificidade.


OBJETIVO

Levantar os principais métodos de diagnóstico por imagem na detecção do câncer de mama, e identificar a sensibilidade e especificidade de cada um na detecção da lesão mamária.


METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de bibliográfica a partir da pesquisa bibliográfica por publicações disponíveis nas principais bases de dados, referente a temática abordada.  

Entende-se por pesquisa bibliográfica a base teórica para o desenvolvimento de qualquer trabalho de investigação em ciência, onde é evidenciada toda bibliografia já publicada em relação ao tema, abrangendo boletins, jornais, revistas, livros, artigos, monografias, teses, entre outros.  Esta não deve ser compreendia como uma mera repetição do que dito ou escrito sobre o assunto, mas sim servir de base para um novo enfoque ou abordagem, onde seja possível refletir, articular e correlacionar as informações obtidas com o objetivo de interesse (FONSECA, 2009).

A busca por literatura ocorreu nas principais bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), na Scientific Electronic Library Online (SciELO), no Google Acadêmico, sendo estendido a busca por literatura em livros/textos contemporâneos na área, sendo utilizados para localização do material os seguintes descritores: Neoplasia de mama; Diagnóstico por imagem; Mamografia; Tomografia; Imagem por Ressonância Magnética;     Ultrassonografia Mamária; os quais serão utilizados de modo isolado e combinado

Foram critérios de inclusão artigos, livros, textos, relacionados à temática, publicados entre 2000 a 2016, em português, disponibilizados com texto na integra.  Foram critérios de exclusão monografias, teses e dissertações sobre o assunto, fora do recorte temporal e publicações estrangeiras

A seleção do material ocorrepor meio da leitura dos artigos e livros/textos, de forma reflexiva, onde se buscou forma uma visão ampla sobre o tema, o que possibilitou identificar concepções teóricas, sobre a aplicação de cada meio diagnóstico. 


4 REVISÃO DE LITERATURA


4.1 Mamografia

Segundo Vasconcelos et al (2011), a aumento da densidade da mama é a principal causa da diminuição da sensibilidade da mamografia.   Já Nastri; Martins; Lenharte (2011), comentam que está é a principal causa de dificuldade na avaliação radiológica, uma vez que mulheres que apresentam 75% ou mais de tecido fibroglandular, acabam apresentando o risco entre 4 a 6 vezes maior de desenvolver o câncer de mama, quando comparado a uma mama com menos de 10% de tecido fibroglandular. 

A mamografia é um exame não recomendado para mulheres abaixo dos 40 anos, salvo a mulheres que apresentam alto risco para câncer de mama, sendo que o mesmo exame é indicado para todas as mulheres com idade ≥ 40 anos, com periodicidade anual (URBAN et al., 2012). 

De acordo com Marques et al. (2011), a mamografia é o principal método diagnóstico na avaliação do câncer, apresentando sensibilidade de 60% a 90%.  O padrão da densidade mamária é um dos principais fatores que interferem sobre a sensibilidade da mamografia, variando entre 98% em mamas predominantemente adiposas e apenas 40% em mamas densas, principalmente por esta técnica reproduzir uma imagem bidimensional de uma estrutura tridimensional, ocorrendo neste sentido a sobreposição de tecido glandular normal que pode obscurecer massas e/ou outros achados de malignidade, podendo criar também pseudolesões, favorecendo um resultado falso-positivo (VILAVERDE et al., 2016). 

A mamografia digital é uma das tecnologias de imagem que melhor apresenta potencial para a detecção e diagnóstico do câncer de mama.  Esta em relação a mamografia convencional apresenta melhora nas características das lesões, com redução da dose de radiação recebida pelo paciente, além dos filmes serem impresso a laser, que oferecem resolução espacial comparável à mamografia convencional (> 4.800 x 6.400 de tamanho de matriz) e com tamanho reproduzido combinado com a resolução de aquisição dos scanners (FREITAS et al., 2006).  

Seabra e Lourenço (2013) descrevem que, embora a mamografia digital ter permitido a conversão de alguns equipamentos analógicos existentes à imagem digital, estes apresentam maior ruído, maior consumo de tempo, maior dose de radiação, e a presença de artefatos. 

Já a mamografia com contraste é uma técnica temporal semelhante à angiografia, onde uma imagem pré-contraste é adquirida e serve como máscara para subtração das imagens pós-contraste.  O contraste é administrado após compressão da mama, o que permite avaliação cinética dos achados com o estudo da curva realce, similar ao exame da RM, porém, apenas de uma mama, e em uma única incidência (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012). 


4.2 Ultrassonografia de mama


A ultrassonografia (US) é descrita na literatura como um exame diagnóstico complementar à mamografia e ao exame clínico, sendo eficaz no diagnóstico de doenças mamárias, principalmente a evolução tecnológica dos aparelhos e de seus transdutores com alta frequência digital, reproduzindo assim imagens mais harmônicas (NASCIMENTO; SILVA; MACIEL, 2009). 

A US apresenta sensibilidade superior à da mamografia, principalmente em mamas pré-menopausal, e em mamas densas (NASCIMENTO; SILVA; MACIEL, 2009).   Uma das maiores vantagens da US com relação aos demais exames é direcionada por se tratar de um método diagnóstico sem contra-indicações, rápido, indolor, sem limitações de idade, e não faz uso de radiação ionizante ou contraste (VASCONCELOS et al., 2011).

Mesmo diante destas vantagens, observa-se que a US em comparação com a mamografia, ainda apresenta restrições no rastreamento para o câncer de mama, principalmente devido este tipo de exame apresentar limitações para avaliação de microcalcificações, de distorções arquitetônicas do parênquima mamário, de lesões nodulares menores que 5 mm ou localizadas em planos profundos, e na avaliação de mamas lipossubstituídas (VASCONCELOS et al., 2011). 

Segundo Nastri; Martins; Lenharte (2011), a sensibilidade isolada do US na detecção do câncer de mama é estimada em 78,6% do total dos cânceres, enquanto a da mamografia, é capaz de detectar apenas 58%.  Já com relação a sua especificidade, evidencia-se que esta pode ser melhorada por meio da utilização de critérios rigorosos para a realização dos exames, e mesmo a aplicação de novas tecnologias e formação médica. 

US assim como a mamografia, não é recomendado no rastreamento do câncer de mama em mulheres abaixo de 40 anos, exceto naquelas que apresentam alto risco para a patologia, no qual o rastreamento pela ressonância magnética não é possível ou mesmo não é apropriado por algum motivo Já em mulheres com idade ≥ 40 anos, o rastreamento por US pode ser considerado em mulheres com tecido mamário denso, como adjuvante à mamografia (URBAN et al., 2012).

A US é outro exame importante na avaliação e no manejo do câncer de mama, sendo este capaz de identificar nódulos pequenos, ou mesmo, de esclarecer lesões inconclusivas detectas na mamografia (MARQUES et al., 2011).  Este fato também é comentado por Nascimento; Silva; Maciel (2009), os quais relatam que este tipo de exame é utilizado para diferenciar lesões sólidas de líquidas, diferenciação de massas benignas de malignas, caracterização de nódulos, e mesmo na realização guiada da biopsia.  

A US não deve ser utilizada como método de diagnóstico inicial no rastreamento do câncer de mama, principalmente pela limitação do método em avaliar as microcalcificações, mas pode ser um exame muito útil no rastreamento de pacientes assintomáticas, com mamografia negativa, porém com mamas densas (URBAN et al., 2012). 


4.3 Tomografia computadorizada de mama

Segundo Miranda et al. (2012), o uso da tomografia computadorizada (TC) na prevenção e detecção do câncer de mama não é um exame muito empregado, principalmente devido a sua reduzida sensibilidade e especificidade, comparado ao custo-benefício em relação à demais exames, principalmente a TC do tipo multislice (TCMS) (MIRANDA et al, 2012).  Este fato é comentado por outros autores, os quais relatam que o uso da TC de mama e mesmo da RM, são mais utilizados no diagnóstico de recorrência tumoral, e não na detecção do CM, principalmente após a reconstrução mamária por próteses, devido a capacidade de ambos os exames em demonstrar lesões profundas na mama que se encontram adjacente à superfície torácica (LOUVEIRA et al., 2006). 

De acordo com Silva et al (2007), o uso da tomografia em pacientes com suspeita de neoplasia de mama tem sido utilizado como um exame complementar na diferenciação e mesmo identificação de câncer de mama metastático para sítio pulmonar, comum entre mulheres que já realizaram a mastectomia, ode o uso de TC por emissão de pósitrons utilizando-se glicose marcada com flúor-18, apresenta grande especificidade na identificação para doença maligna. 

O uso de TC por emissão de pósitrons/ tomografia computadorizada (PET/CT) com glicose marcada com flúor-18 (18F-FDG), tem sido utilizado amplamente no diagnóstico, estadiamento e reestadiamento de diversos tipos de câncer, uma vez, que em relação aos métodos de imagem convencionais (capazes de detectar apenas alterações anatômicas), o PET/CT é capaz de fornecer informações relacionadas ao metabolismo da glicose nos diversos órgãos e tecidos.  Em pacientes com câncer de mama, o PET/CT com 18F-FDG, apresenta importância comprovada na detecção de metástases a distância.  Entretanto, sua sensibilidade para o diagnóstico de lesões mamárias primárias e estadiamento locorregional ainda é baixa comparada a outros métodos de imagem.  O uso de PET/CT  com 18F-FDG, demonstra sensibilidade de 64-96% e especificidade de 73-100% para o diagnósticos de lesões mamárias suspeitas, e limitações significativas no diagnóstico de identificações de lesões inferiores a 10 mm, devido à baixa resolução espacial do PET, onde sua sensibilidade neste caso é de 25%, comparada a 84% para tumores entre 10 e 20 mm (BITENCOURT et al., 2014). 

Sendo assim, as aplicações da PET/CT com 18F-FDG, deve apenas ser considerado mediante, detecção de câncer de mama metastático ou recorrente para pacientes com suspeita clínica de metástases ou recidivas (Classe IA); na avaliação do reestadiamento em pacientes com recidiva locorregional ou metástase (Classe IA); avaliação de resposta ao tratamento em paciente com doença localmente avançada ou câncer metastático (Classe IA); e no acompanhamento pós-tratamento (Classe III) (SOARES JÚNIOR et al., 2010). 

4.4 Tomossíntese de mama

A tomossíntese mamária (TM) é uma técnica imaginológica relativamente nova, que tem a capacidade de reduzir os efeitos de sobreposição de tecido mamário, melhorando assim a caraterização dos achados mamográficos, diminuindo a necessidade de incidência adicionais, capaz mesmo de detectar câncer oculto na mamografia digital convencional (URBAN et al., 2012). 

Seabra e Lourenço (2013), descrevem que a TM somente foi possível devido a constatação da limitação da mamografia digital direta em apresentar a mesma sensibilidade diagnóstica (estimada em 90% das lesões de cancro da mama), em mamas com elevada densidade, com sensibilidade reduzida. 

As origens da TM podem ser atribuídas à Tomografia Linear e à Tomografia Computadorizada, onde dependendo do aparelho a amola de raios-X movimenta-se em um arco de amplitude variável entre 15 a 60º, num plano alinhado a parede torácica, emitindo impulsos de radiação de baixa dose, que atravessam a mama e são detectados pelo detetor, gerando imagens de projeção e dados brutos, que podem ser reconstruídos numa imagem 3D da mama, composta por várias secções 2D alinhadas paralelamente ao detetor, normalmente com 1 mm de espessura (VILAVERDE et al., 2016). 

A TM apresenta vantagens com relação a detecção de lesões não visíveis na mamografia convencional ou digital (ocultas pela densidade elevada da mama); esclarecimento de imagens duvidados da mamografia; maior nitidez (contornos de lesões nodulares).  Já as desvantagens estão relacionadas ao maior tempo dispendido na aquisição da imagem e a maior dose de radiação em relação à mamografia (SEABRA; LOURENÇO, 2013). 

A TM tem apresentado grandes vantagens na prática clínica, uma vez que as lesões adicionais podem ser detectadas e agrupadas por este método de diagnóstico, como por exemplo, lesões de tecidos moles (nódulos, distorções e assimetrias) e lesões calcificadas (microcalcificações).  Além disto, a TM é muito sensível para detectar distorções arquiteturais, o que é valioso na definição de espiculas que compõe estas lesões, portanto, é possível de detectar um maior número de neoplasias infiltrativas e de lesões esclerosantes complexas ou cicatrizes radiais (VILAVERDE et al., 2016). 

Assim como os demais exames, os resultados de falsos-positivos podem estar presentes, uma vez que a TM não demostra claramente uma lesão maligna, assim como benigna, o que acarreta na investigação adicional de lesões benignas desnecessariamente.  Outro ponto é que assim como a mamografia, o exame é dependente de um posicionamento correto da paciente, uma vez que lesões não incluídas no campo detetor não são visíveis no estudo; a aquisição da imagem também é suscetível a artefatos de movimento, prejudicando a evidencia de um achado nas incidências, que pode levar a falsa interpretação (VILAVERDE et al., 2016). 


4.5 Ressonância magnética de mama


De acordo com Sá et al. (2012), a RM das mamas é uma modalidade de diagnóstico por imagem complementar a mamografia, e altamente sensível para o estadiamento e monitorização no tratamento do câncer de mama.   

Esta tem uma ampla aplicação clínica, e tem sido utilizada como método adjunto à mamografia e ultrassonografia, pois oferece informações morfológicas da lesão, como também funcional, por meio da cinética de realce de contraste (PEREIRA et al., 2009). 

A ressonância magnética (RM) tem sido muito utilizada no estudo do câncer de mama, pois permite o estudo da vascularização das lesões com auxílio do contraste paramagnético.  Este exame apresenta maior sensibilidade, entre 94% a 99%, entretanto apresenta uma variação da especificidade entre 37% a 86%, sendo esta variação na especificidade decorrente de vários fatores, principalmente à falta de padronização nos protocolos para aquisição das imagens e das indicações de exames (MARQUES et al., 2011).  Já Seabra; Lourenço (2013) apontam que o exame apresenta elevada sensibilidade na detecção de lesões malignas das mamas (apresentando sensibilidade de até 90%), e especificidade variando entre 60 a 90%, não sendo a mesma especificidade observada em mulheres jovens, o que impacta no elevado número de falsos positivos

A RM tem evoluído de modo a integrar as técnicas de diagnóstico e de manuseio do carcinoma de mama (SEABRA; LOURENÇO, 2013).  Embora seja um teste de grande importância na detecção de câncer de mama em pacientes que apresentam risco familiar, ainda é considerado um exame de alto-custo, e de acesso limitado, uma vez que não é possível realizar a RM em todas as mulheres que apresentam elevada densidade mamária (NASTRI; MARTINS; LENHARTE, 2011).

Em mulheres abaixo dos 40 anos, a utilização a ressonância magnética (RM) não deve ser adotada, exceto, de forma individualiza, em mulheres que apresentam alto risco para câncer de mama. Já em mulheres com idade ≥ 40 anos, o exame deve ser considerado mediante paciente com mutação do gene BRCA1 ou BRCA2 ou com parentes de primeiro grau com mutação provada; ou em mulheres com risco 20% ao longo da vida; em mulheres com história de irradiação no tórax entre os 10 e 30 anos de idade; em mulheres com história pessoal de neoplasia lobular 9HLA e CLIS), HDA, CDIS, carcinoma invasor de mama ou de ovário; ou naquelas que apresenta diagnóstico recente de câncer de mama e com mama contralateral normal pelos métodos convencionais e exame físico (URBAN et al., 2012). 

A RM das mamas é um exame caro, devendo este ser adotado apenas após esgotamento de outros métodos diagnósticos, uma vez que que apresenta elevado potencial de falso-positivo, assim como de achados incidentais que acabam por indicar investigação adicional (MARQUES et al., 2011). 

O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, identifica a RM como um exame de maior sensibilidade na detecção do câncer de mama, quando comparado com os exames de mamografia e ultrassonografia (URBAN et al., 2012). 


4.6 Imagem molecular mamária

A imagem molecular mamária, também conhecida por cintilografia mamária tradicional é um exame utilizado desde a década de 1990, sendo considerado um bom método diagnóstico para captação de lesões mamárias, sejam estas benignas e malignas, não sofrendo este exame interferência pela densidade mamária (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012).

Porém, Miyajima; Nastri; Martins (2009), relatam este é um exame ainda pouco utilizado, fazendo parte do grupo de métodos auxiliares, no diagnóstico de neoplasia mamária. Este apresenta sensibilidade para detectar câncer menor ou maior que um centímetro é de 48% e 74%, respectivamente, e especificidade aproximada de 89%. 

Em comparação a mamografia a cintilografia apresenta baixa sensibilidade para detecção de lesões menores que 10 mm, principalmente as localizadas próxima a parede torácica, decorrente da grande distância entre o detector e a mama.  Entretanto, com os avanços tecnológicos dos últimos anos, novas gama-câmaras, voltadas para estudo mamário, tem melhorado a resolução da cintilografia tradicional, além de permitirem a aquisição de imagens em posições analógicas à mamografia, o que tem permitido melhorar a sensibilidade do exame, principalmente na detecção de lesões pequenas.  A sensibilidade da cintilografia é estimada em 69% para lesões menores que 5 mm, 91% para lesões entre 5 e 10 mm, e de 91% para lesões acima de 10 mm, quando comparada a mamografia.  Já em relação a RM a sensibilidade do exame é similar, de 97% (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012).

Este fato faz com que a cintilografia venha cada vez mais ser utilizada para auxiliar quando outros métodos de imagem são inconclusivos para o diagnóstico de tumor (MIYAJIMA; NASTRI; MARTINS, 2009). 

Entretanto, uma das principais desvantagens deste exame são o maior tempo de exame, a dose de radiação total ainda elevada (onde em comparação com a mamografia onde a radiação é apenas mamária, a cintilografia a radiação é corpórea e se concentra nos sistemas urinários e intestinal, além de que a grande maioria dos pacientes recebem doses de tecnécio entre 20-30 mCi, o que corresponde a cerca de 7 mSv – dose corpórea -, correspondendo entre 2-7 vezes a radiação de uma mamografia), e a impossibilidade de fazer análise morfológica.  O número de falso-positivo também é significativo, comparado ao da RM (BARRA; BARRA; SOBRINHO, 2012).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como podemos observar ao longo deste estudo, é de fundamental importância o conhecimento sobre os métodos diagnósticos por imagem disponíveis na identificação e manejo do câncer de mama, uma vez que cada um apresenta maior ou menor sensibilidade e especificidade sobre o outro. 

No que se refere a mamografia, está ainda é considerada o melhor exame para prevenção e detecção do câncer de mama.  Entretanto, este exame por ser bidimensional na maioria das vezesapresenta menor sensibilidade de diferenciação tecidual, principalmente em mulheres jovens ou que apresente mamas densas.  

Em relação ao US, este exame em si é considerado um exame complementar à mamografia, uma vez que detecta lesões ocultas, e ajuda na diferenciação entre nódulos císticos e sólidos. 




A TC é um exame bastante requisitado no detalhamento da lesão mamária, entretanto seu uso na detecção precoce do câncer de mama ainda é baixo, principalmente devido a sua reduzida sensibilidade e especificidade, comparado ao custo-benefício em relação à demais exames.

A TM é uma das alternativas diagnósticas que tem crescido nos últimos anos, que apresenta vantagens conhecidas, principalmente devido sua elevada sensibilidade diagnóstica, mesmo em mamas que apresentam maior densidade. 

A RM é outro exame de diagnóstico por imagem que vem apresenta elevada sensibilidade, entretanto, sua especificidade pode estar relacionada a própria indicação para a avaliação das mamas.  Entretanto, na prática diária a RM somente é indicada na avaliação da mama mediante achados inconclusivos na mamografia e ultrassonografia, bem como avaliação durante o tratamento. Sua sensibilidade é estimada entre 89-100% e especificidade variável entre 50-90%. 

Já a cintilografia mamária é outro exame que tem apresentado vantagens na detecção da neoplasia de mama, principalmente quando comparada a RM, seja pelo custo ou pela interpretação menos complexa.  Já em relação a mamografia, a técnica aplica menor compressão mamária, sendo que esta não sofre interferência da densidade mamária, sendo, portanto, um exame mais sensível neste comparativo, podendo apresentar sensibilidade global de 91%. 

Em suma, evidencia-se o uso da mamografia com ultrassonografia auxiliar, como os principais exames no diagnóstico de neoplasia mamária, por apresentarem relativa sensibilidade e especificidade, além de apresentarem relativo custo x benefícios, quando comparados aos demais exames de imagem.

Autora: ANA CLAUDIA FERREIRA DA SILVA


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