Desporto, uma arma contra a pobreza

Por SHM. | 06/03/2023 | Sociedade

O desporto é essencial em qualquer sociedade e vai mais além do entretenimento que as grandes competições proporcionam, seja para quem compete, assiste e até quem faz sporting bet. A prática de desportos é um elemento crucial de uma vida saudável, mas o seu papel vai mais além da saúde: os desportos podem até tirar jovens da pobreza e de contextos sociais mais complexos. Exemplos não faltam na história.

Como o desporto pode combater a pobreza

Em várias sociedades, a prática desportiva faz parte integral da vida, seja de forma amadora ou profissional, desde jovens idades. Com o poder que o desporto pode ter, este é usado como um meio de lutar contra a pobreza e proporcionar melhores condições de vida aos jovens. Há vários programas para isso.

Os desportos sozinhos não são uma «arma» contra a pobreza, mas, podem sê-lo se forem integrados em ferramentas, programas e iniciativas mais amplos no sentido de reduzir a pobreza no mundo. Até porque é menos provável que as crianças pobres pratiquem desporto de forma organizada e a pobreza é muitas vezes agravada por problemas na educação e saúde, como recorda um estudo da Frontiers in Sports and Active Living.

Para além disso, o desporto pode ter o poder de quebrar a barreira da diferença de gênero, oferecendo oportunidades iguais a meninos e meninas sem discriminar.

Um dos muitos exemplos é a Fundação para o Desenvolvimento Global dos Desportos, que nas suas atividades concede bolsas escolares, para além de coordenar programas educacionais e oferece oportunidades desportivas às crianças com problemas socioeconómicos.

Outro é a Ball to All, uma instituição de caridade que oferece às crianças desfavorecidas as ferramentas básicas para acabar com a pobreza através do desporto. Ou a Right to Play, que atua na implementação de programas desportivos na educação das crianças sobre temáticas como problemas de saúde e oportunidades de emprego em África.

Várias equipas desportivas e atletas conceituados têm os seus próprios programas no âmbito da luta contra a pobreza. Em Portugal, por exemplo, a Fundação Benfica compromete-se a combater o abandono e o insucesso escolar, dois fatores cruciais para o estatuto socioeconómico de um jovem no futuro.

É certo que os desportos podem ser uma porta de saída de situações socioeconómicas difíceis, mas tem de haver toda uma estrutura e uma verdadeira integração e resposta aos problemas de um jovem para que este concretize o seu potencial desportivo. Os casos de sucesso existem, e são mais mediáticos no futebol.

Exemplos

Não faltam desportistas conhecidos mundialmente que saíram da pobreza através da prática do desporto, tornando-se grandes estrelas globais.

O caso mais mediático atual é, talvez, o de Cristiano Ronaldo. O português, que é um dos melhores futebolistas mundiais da atualidade, vivia na Madeira numa família com poucos recursos. Arriscou fazer a viagem para Portugal Continental ainda menor de idade e, educado e treinado na academia do Sporting, tornou-se no fenómeno que é hoje.

Pelé é considerado como o «Rei do Futebol», mas os seus primeiros anos de vida foram difíceis. O pai nem tinha dinheiro para comprar uma verdadeira bola de futebol, como acontecia na época com tantas outras crianças, e só muito mais tarde é que Pelé pôde calçar chuteiras pela primeira vez. Mas o talento até em condições complicadas não passou despercebido e, em 1956, começou a sua história profissional de sucesso com o Santos.

Outro dos maiores futebolistas de sempre é Eusébio da Silva Ferreira. Nascido em Moçambique, foi criado num contexto de pobreza extrema, no início jogava descalço e com bolas improvisadas, e ainda ficou sem pai aos oito anos de idade. Depois de ser aceite na filial do Sporting em Lourenço de Marques (atual Maputo), aos 15 anos, a «Pantera Negra» acabou por conseguir escalar no futebol até chegar a Portugal por via do Benfica aos 17 anos.

Mas há mais exemplos fora do futebol. A estrela do basquetebol Lebron James foi criado com uma mãe solitária e dificuldades para encontrar emprego estável. O pugilista Mike Tyson viu a família abandonada pelo pai quando tinha dois anos e aos 13 anos de idade já tinha sido detido mais de 30 vezes: esteve até envolvido em assaltos à mão armada.

Novak Djokovic, um dos melhores tenistas da atualidade, cresceu durante o tempo da guerra e pobreza em Belgrado, em que faltaram recursos. E o pugilista Kassim Ouma foi até raptado e forçado a juntar-se ao Exército Nacional de Resistência do Uganda com apenas cinco anos de idade, depois de ser criado em pobreza extrema.