RESUMO

A escassez da água é um problema ambiental com o qual a humanidade vem se defrontando com ele no seu dia-a-dia e isso a transformou em um bem que deve ser administrado de forma racional e sustentável para permitir às futuras gerações o atendimento de suas necessidades hídricas. Nesse contexto, a gestão racional dos recursos hídricos deve incluir uma acção conjunta entre os diversos actores interessados, tais como as autoridades governamentais, a iniciativa privada, a sociedade e, em uma visão de marketing, os consumidores domésticos desse bem. O objectivo deste estudo é descrever o comportamento do usuário doméstico, que pode dentro do ambiente familiar promover algumas medidas para evitar o uso indiscriminado da água evitando o seu desperdício nas suas actividades diárias. Para descrever o consumo consciente da água foi efectuada uma observação participativa e consulta bibliográfica que permitiu estabelecer uma analogia que trouxe como resultados as inferências das descrições que podem contribuir na utilização da água no ambiente familiar e doméstico através de acções práticas de mitigação do desperdício da mesma, como redução do consumo doméstico de água a partir da incorporação do conceito de consumo sustentável de água no nosso dia-a dia, recuperação dos sistemas antigos e introdução de medidas de manejo que tornem os sistemas mais eficientes. Sabendo-se que este recurso natural é um bem finito, então a necessidade da sua utilização racional para consumo humano surge como um importante instrumento de gestão e de conservação porque água é responsável pela sustentação do planeta Terra.

Introdução

É do conhecimento comum que a água é um dos recursos hídrico indispensável para a sobrevivência de qualquer ser vivo no planeta e o crescimento populacional nos centros urbanos aliado a procura de novas oportunidades de emprego, expansão urbana através de construções de infra-estruturas, etc, propícia uma maior procura da água, multiplicando os usos da mesma pelo crescimento da sua demanda diante de uma oferta limitada, (Feital, 2008). Mas os que tem acesso a mesma, verifica se um desperdício na sua utilização olhando o tempo de permanência com chuveiro ligado, o tempo de permanência com a torneira aberta quando se escova os dentes, o tempo de permanência com torneira ligada ao lavar os pratos o destino da água que se lava a verdura, roupa, o uso de mangueira para lavar casas e carros, para além da degradação dos sistemas de abastecimento nas cidades neste caso, tubos rompidos que criam charcos pelas ruas. O conjunto destes factores leva a inferir que este recurso não pode mais ser entendido como um bem de todos, pois a confrontação de sua disponibilidade com suas demandas tende a acarretar a escassez (BARROS, 2006). E com a evolução da diversidade das práticas humanas há necessidade de se buscar novas alternativas de levar uma vida racional e sustentável, na busca de novas soluções na mudança dos hábitos que reduzam o consumo e custos. Portanto, o presente estudo tem como objectivo descrever o comportamento do usuário doméstico, que pode dentro do ambiente familiar promover algumas medidas para evitar o uso indiscriminado da água evitando o seu desperdício para além de promover a utilização dos recursos hídricos (água) nas actividades domésticas de forma racional com intuito de reduzir os custos e buscar novas alternativas voltadas para a redução do desperdício.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfico para fundamentar um fenómeno recorrente no centro urbano (Maputo) que concerne aos hábitos de higiene pessoal e de actividades domésticas que desperdiçam água sem a mínima consideração de utilização racional e sustentável atendendo e considerando que este recurso é escasso na periferia da cidade. O estudo decorreu no mês de Maio de 2016.

Desenvolvimento

Localização Geográfica da aérea do estudo A área metropolitana de Maputo, que inclui as cidades de Maputo e Matola, é a maior área urbana em Moçambique, com cerca de 1,8 milhões de habitantes, e abrange uma área de 675 km2. Cidade de Maputo tem cerca de 1,4 milhões de habitantes e um benefício estimado de 45% da cidade do sistema de abastecimento de água. O resto da população depende de fontes subterrâneas, os chamados "sistemas de pequeno porte." (Adamo, 2012). No entanto, parte da população obtém água de vendedores particulares. Em termos de consumidores, a Companhia de Água da Região de Maputo prevê cerca de 77 mil pessoas, incluindo os consumidores domésticos e industriais, mas apenas 31% da população urbana tem acesso a água potável e saneamento adequado (Manjate, et al, 2011). Mapa de Moçambique (Nations Online, 2016) Processo de distribuição de água na cidade de Maputo O sistema de distribuição de água é composto por dois conjuntos de unidades: Reservatórios e redes de distribuição. De acordo com o FIPAG (Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água), o sistema de distribuição de água, gerido pela empresa Águas de Maputo cobre a Cidade de Maputo, Matola, Vila de Boane e bairros ao longo do sistema, (Adamo, 2012). Existem cerca de 82500 ligações domiciliárias e 438 fontanários que são abastecidos a partir dos centros distribuidores da Matola, Machava, Maxaquene, Alto Maé e Chamanculo. O Sistema beneficia 91000 consumidores. O volume de água tratada produzido em média é de cerca de 4 100 000 m³/mês (Ministério das Obras Públicas e Habitação), (Adamo, 2012). Quando uma identidade gestora da água contabiliza água para a distribuição da comunidade da cidade de Maputo muitas vezes a água não chega para todos porque certas pessoas fazem ligações clandestinas, essas pessoas prejudicam a instituição e até mesmo certos clientes. Para se compreender a dimensão do prejuízo que esta prática negativa causa aos clientes e a própria Águas de Maputo. Segundo (Lei do Ambiente; (Lei n.º 20/97)legação clandestina ou ligação ilegal é toda a ligação ou colocação de tubagem por pessoas estranhas a Águas de Maputo junto à rede pública de distribuição de Água, para desse modo passar a ter água sem que tenha celebrado um contrato válido com a empresa, fugindo assim ao pagamento da água que é consumida (FIPAG, 2011). Embora o artigo 22 (Liberdade do uso) do Boletim da República na sua primeira série número 32 considere que os usos comuns das águas são gratuitos e livres, isto é, realizam-se sem necessidade de prévio licenciamento ou concessão. Por regulamento poderão ser especificadas as condições a que, em geral ou localmente, o uso comum deverá obedecer, nomeadamente, em caso de penúria excepcional. E este comportamento é condenado a luz do artigo 31 (Abuso do direito) do Boletim da República que considera que é abusivo e consequentemente ilegítimo, o exercício do direito ao uso e aproveitamento da água que exceder manifestamente os limites impostos pelo fim social ou económica desse direito, pela boa fé e pelos bons costumes, nomeadamente, devido a desperdício ou mau uso da água, qualquer que seja o título de que se arrogue. E é com base nesta lei que se assenta o foco principal das nossas reflexões pelo uso abusivo e desperdiçante deste recurso. (Boletim da República, 1992). A água é considerada como um recurso natural essencial para a sobrevivência de todas as espécies que habitam nos ecossistemas. No organismo humano ela desenvolve varias actividades entre as quais, como veículo para a troca de substâncias, a manutenção da temperatura, representando cerca de 70% do peso da massa corporal. (Ministério do Meio Ambiente, 2016).

Além disso, ela é um solvente universal constituindo uma das poucas substâncias que encontramos na natureza nos três estados físicos: gasoso, líquido e sólido, o que permite aferir se que é quase impossível imaginar como seria o nosso dia-a-dia sem ela, pois os alimentos que ingerimos e a manutenção das nossas condições básicas do saneamento do meio que habitamos dependem directamente da água para a sua produção. (Ministério da Educação & Ministério do Meio Ambiente, 2005). Necessitamos da água também para a manutenção da nossa higiene pessoal, para lavar utensílios, roupas e para a manutenção da limpeza de nossas habitações. (Loucos por Ciências, 2013). Ela é indispensável no processo de produção de energia eléctrica, na limpeza, na construção, no combate a incêndios e na irrigação de jardins, entre outros. As indústrias utilizam grandes quantidades de água, seja como matériaprima, seja na remoção de impurezas, na geração de vapor e na refrigeração. (Ministério do Meio Ambiente & Ministério da Educação & Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, 2005) Dentre todas as nossas actividades, porém, é a agricultura aquela que mais consome água cerca de 70% de toda a água consumida no planeta é utilizada pela irrigação. (Organização das Nações Unidas (ONU-Água), Agência Nacional de Águas e Portal EBC Notícias, 2013). O crescente consumo de água tem efeito no custo de desperdício, o que conduz a uma necessidade prioritária de uma gestão sustentável do recurso. Essa prática deve ser considerada parte de uma actividade mais abrangente que é o uso racional da água, o qual inclui também, o controle de perdas, redução do consumo de água e a minimização da geração de efluentes, (MORELL, 2005). Porque estudos recentes comprovam que se houver continuação e/ou crescimento do desperdício de água terse-á uma situação insustentável no futuro próximo, onde haverá escassez de água em todo o mundo, (Silva & Santana, 2014). No entanto, o que se verifica no dia a dia são percas incalculáveis de litros e litros de água desnecessária mas por falta da consciência do uso racional e sustentável em actividades domésticas como lavagem de pratos com torneira aberta durante muito tempo, a permanência no chuveiro a tomar banho com torneira ligada por muito tempo, a lavagem da casa com mangueira ligada assim como a lavagem de carro, o avançado estado de degradação dos sistemas de abastecimento de agua,

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