Introdução 

Quando falamos em economia solidária é necessário relacionar com políticas públicas, pois a economia solidária se consolida e se torna mais forte através dos incentivos fornecidos pelas políticas públicas. Para entendermos melhor esta relação é preciso definir a importância de cada tema e o que eles representam para a sociedade. 

Economia solidária 

No Brasil, a economia solidária começa a dar os seus primeiros passos a partir do ano de 1980, mas somente em 1990 ganha visibilidade, como uma forma de recuperar empresas capitalistas fracassadas. Foram os próprios trabalhadores, demitidos em massa, que enxergaram, diante do problema, uma oportunidade de continuar. Essas pessoas uniram-se em favor da desindustrialização. Também, neste inicio, faziam parte da economia solidária os trabalhadores das cooperativas populares localizadas nas periferias e os das cooperativas nos assentamentos de reforma agrária. No ano de 2003, momento em que a economia solidária tinha alcançado força e estava em uma fase de alto crescimento, foi criado, pelo presidente Lula, eleito em 2002, a Senaes – Secretaria Nacional de Economia Solidária, que apóia governos estaduais, prefeituras e organizações sociais na implantação e fortalecimento dos empreendimentos, como associações, cooperativas e grupos solidários. 

Economia solidária, nada mais é do que uma alternativa para a geração de emprego e renda e esta diretamente ligada com a produção e consumo. É uma proposta de relação entre as pessoas, a economia e o meio ambiente, através de um desenvolvimento sustentável, com a descentralização das riquezas. Carrega consigo o nome solidária porque coloca o ser humano em primeiro plano, preocupando-se com as pessoas menos favorecidas financeiramente e culturalmente. 

Na economia solidária não existe o individual e sim o coletivo, as pessoas somam umas as outras e inexiste o acúmulo de riquezas individuais. Pensemos que, diferente de uma empresa capitalista, na economia solidária a empresa torna-se uma cooperativa, onde existem pessoas pensando e agindo de forma coletiva em prol do mesmo objetivo e o funcionário passa a ser um cooperado, que ao invés de ser mandado por alguém, ele colabora para o crescimento conjunto. 

Podemos ainda, em economia solidária, acrescentar três itens importantes para o seu entendimento. São eles: 

Inclusão: Preocupada com as pessoas desempregadas e excluídas da sociedade econômica, a inclusão dá-se através do papel que o ser humano representa naquele ambiente. Ele sente-se útil e valorizado a partir do momento que é inserido na economia solidária. Alguns exemplos de inclusões são as pessoas com deficiências físicas e mentais, trabalhadores indígenas, trabalhadores rurais, homens e mulheres que realizam trabalhos artesanais, entre outros. 

Sustentabilidade: Temos como exemplo a cooperativa dos trabalhadores de materiais recicláveis; Estas pessoas são inseridas em seus postos de trabalho, sabendo da importância das suas atividades diárias para um mundo melhor, fazendo com que a sua auto-estima seja beneficiada e a vantagem é que realmente, com a separação e reciclagem dos materiais, todos ganham. O planeta ganha. Um segundo exemplo, são os trabalhadores da agricultura e agropecuária, que preocupados com uma vida mais saudável, produzem tudo da forma mais natural possível. Economia solidária, do ponto de vista sustentável, pode ser definida como o respeito à natureza. 

Autogestão: É a forma de organizar o trabalho e a vida sem precisar que alguém esteja impondo ordens, ou seja, dispensa um chefe e no lugar estão presentes a solidariedade e a autodeterminação das pessoas. Segundo Paul Singer, primeiro secretário da Secretaria Nacional de Economia Solidária, os empreendimentos são propriedades das pessoas que trabalham neles e não existe a divisão existente no capitalismo, ou seja, não há patrão e nem empregado.  

Políticas Públicas e economia solidária 

Entendemos por políticas públicas quando o estado e o governo estão em ação, ou seja, políticas públicas são todas as atividades realizadas, bem como a forma que são executadas, pelo governo. EASTON – 1953, considera “uma política uma teia de decisões que alocam valor”.  

Para entendermos a relação entre políticas públicas e economia solidária trouxemos como exemplo a COOPERMA – Cooperativa de Trabalho dos Profissionais da Reciclagem de Materiais de Mauá, localizada em Mauá - São Paulo. Para funcionar, a cooperativa precisa de espaço para seus cooperados realizarem suas atividades e caminhões para trazer e levar os materiais recicláveis e estas despesas são pagas pela prefeitura, ou seja, sem o apoio da prefeitura o trabalho seria inviável. Tudo isso representa a geração de renda, a inclusão social e o poder público demonstrando que existe em favor da população. Além das despesas pagas pela prefeitura, foi criado pelo governo o Departamento de Economia Solidária, responsável por auxiliar estes empreendimentos na elaboração de um plano de negócios, viabilizar recursos, fornecer assistência técnica e apresentar as políticas da economia social.