A teoria micro-econômica afirma que os monopólios podem ser mantidos devido à vantagem de custo, aos grandes investimentos necessários para a formação da indústria ou a formação de coalizões de empresas que dificultam a entrada de novos entrantes. Este artigo tenta apresentar a forma com a evolução do cartão de crédito no Brasil seguiu este caminho.

Segundo CASTRO, CARVALHO & LAURINDO, as primeiras empresas nacionais de cartão de crédito surgiram na década de 70 devido ao forte crescimento da economia brasileira. No caso o cartão Elo ligado ao Bradesco e a Credicard como uma associação dos bancos Citibank, Itaú e Unibanco. A Credicard manteve a liderança do mercado até o meio da década de 90 como meio de pagamento, quando ocorreram três fatos que modificaram a estrutura do setor:

1. A aquisição do Banco Nacional pelo Unibanco que decidiu administrar sua base de clientes com estrutura própria e mantendo sua participação na sociedade;

2. O surgimento da Redecard e Visanet como desmembramentos das atividades de filiação e relacionamento com estabelecimentos da Credicard, Bradesco e Banco do Brasil;

3. O aumento da importância do cartão de crédito no portfólio de produtos bancários viabilizou que vários bancos operassem de forma independente e surgissem as processadoras que incorporavam as atividades de tecnologia, operação e atendimento.

Devido a estas forças, segundo a ABECS, o número de emissores de cartão de crédito no período de 1994/99 passou de 6 para 60. O mercado de cartão de crédito cresceu 150,95% entre 1999 e 2004, chegando a um faturamento anual de R 103,04 bilhões e superando o volume financeiro movimentado pelos cheques.

Neste período, conforme proposto por Da Rold & Berg, as processadoras compararam seus serviços aos oferecidos pelo mercado e repassaram aos parceiros que ofereceram melhores condições. Assim, as atividades das Centrais de Atendimento foram repassadas ou parceirizadas com empresas especializadas no segmento de Call Center.

Atualmente, verificamos que a indústria de cartão de crédito brasileira está segmentada entre empresas especializadas em elos específicos da cadeia de valores.

Segundo Porter, as organizações analisam suas forças e fraquezas em relação à sua indústria e formulam estratégias para alterar o equilíbrio das forças competitivas. Assim, a concentração das atividades da indústria de cartão de crédito entre poucas empresas brasileiras no período de 1970 a 1995,  apenas se justificou pela aliança entre concorrentes na busca de massa crítica necessária para serem efetivos em um ambiente competitivo, inovador e complexo.

ABECS Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços.

Referências:

  1. CASTRO, H. G.; CARVALHO, M. M. & LAURINDO, F.J.B. Aliança Estratégica: um estudo de caso no setor de cartão de crédito. XXXVI ENEGEP Fortaleza, CE, Brasil, 2006.
  2. PORTER, MICHEL Vantagem Competitiva. Editora Campus. 1999
  3. PORTER, MICHEL Estratégia Competitiva, Editora Campos. 1986
  4. DA ROLD, C & BERG, T. Sourcing strategies: relationship models and case studies. Gardner, 2003.
  5. ABECS Informações publicadas em http://www.abecs.org.br. ABECS, 2005
  6. WONNACOTT, WONNACOTT, CRUSIUS & CRUSIUS Economia. McGraw-Hill, 1979.