Desenvolvimento Brasileiro Da Indústria De Cartão De Crédito
Publicado em 14 de abril de 2007 por Carlos Alberto de Abreu Masiero
A teoria micro-econômica afirma que os monopólios podem ser mantidos devido à vantagem de custo, aos grandes investimentos necessários para a formação da indústria ou a formação de coalizões de empresas que dificultam a entrada de novos entrantes. Este artigo tenta apresentar a forma com a evolução do cartão de crédito no Brasil seguiu este caminho.
Segundo CASTRO, CARVALHO & LAURINDO, as primeiras empresas nacionais de cartão de crédito surgiram na década de 70 devido ao forte crescimento da economia brasileira. No caso o cartão Elo ligado ao Bradesco e a Credicard como uma associação dos bancos Citibank, Itaú e Unibanco. A Credicard manteve a liderança do mercado até o meio da década de 90 como meio de pagamento, quando ocorreram três fatos que modificaram a estrutura do setor:
1. A aquisição do Banco Nacional pelo Unibanco que decidiu administrar sua base de clientes com estrutura própria e mantendo sua participação na sociedade;
2. O surgimento da Redecard e Visanet como desmembramentos das atividades de filiação e relacionamento com estabelecimentos da Credicard, Bradesco e Banco do Brasil;
3. O aumento da importância do cartão de crédito no portfólio de produtos bancários viabilizou que vários bancos operassem de forma independente e surgissem as processadoras que incorporavam as atividades de tecnologia, operação e atendimento.
Devido a estas forças, segundo a ABECS, o número de emissores de cartão de crédito no período de 1994/99 passou de 6 para 60. O mercado de cartão de crédito cresceu 150,95% entre 1999 e 2004, chegando a um faturamento anual de R 103,04 bilhões e superando o volume financeiro movimentado pelos cheques.
Neste período, conforme proposto por Da Rold & Berg, as processadoras compararam seus serviços aos oferecidos pelo mercado e repassaram aos parceiros que ofereceram melhores condições. Assim, as atividades das Centrais de Atendimento foram repassadas ou parceirizadas com empresas especializadas no segmento de Call Center.
Atualmente, verificamos que a indústria de cartão de crédito brasileira está segmentada entre empresas especializadas em elos específicos da cadeia de valores.
Segundo Porter, as organizações analisam suas forças e fraquezas em relação à sua indústria e formulam estratégias para alterar o equilíbrio das forças competitivas. Assim, a concentração das atividades da indústria de cartão de crédito entre poucas empresas brasileiras no período de 1970 a 1995, apenas se justificou pela aliança entre concorrentes na busca de massa crítica necessária para serem efetivos em um ambiente competitivo, inovador e complexo.
ABECS Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços.
Referências:
- CASTRO, H. G.; CARVALHO, M. M. & LAURINDO, F.J.B. Aliança Estratégica: um estudo de caso no setor de cartão de crédito. XXXVI ENEGEP Fortaleza, CE, Brasil, 2006.
- PORTER, MICHEL Vantagem Competitiva. Editora Campus. 1999
- PORTER, MICHEL Estratégia Competitiva, Editora Campos. 1986
- DA ROLD, C & BERG, T. Sourcing strategies: relationship models and case studies. Gardner, 2003.
- ABECS Informações publicadas em http://www.abecs.org.br. ABECS, 2005
- WONNACOTT, WONNACOTT, CRUSIUS & CRUSIUS Economia. McGraw-Hill, 1979.