Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar o desenvolvimento ponderal de ovinos da raça Barriga Negra nas condições de Roraima em 2017/2018. Utilizou-se 55 ovelhas e cinco reprodutores em cinco estações de monta no período de fevereiro a maio com os partos ocorrendo de julho a outubro de 2017. Três femeas não deram cria e uma morreu. Os animais foram mantidos em pastagem de Urochloa humidicola (Quicuio da Amazônia), Tifton e Panicum maximum cv. Massai havendo suplementação diária com mistura múltipla (sal mineral, soja e milho em grãos triturados) cujos teores de proteína bruta variaram em função da época do ano. O peso ao nascer dos machos foi de 2,75 kg e das fêmeas de 2,52 kg com média de 2,64 kg. O peso médio dos machos aos 65, 102, 190, 251, 276 e 417 dias foi de 11,1, 14,5, 18,5, 28,9, 24,5 e 39,23 kg, respectivamente. Para as fêmeas foi de 10,5, 14,5, 24,5 e 29,1 kg para as idades de 65, 102, 276 e 417 dias. Considerando-se que o objetivo principal da reprodução dos ovinos utilizados era direcionado para manter a diversidade genética do rebanho, pois trata-se de um núcleo de conservação desta raça, o desempenho produtivo é coerente com os resultados obtidos em países como a Guiana, Venezuela, Trinidad e Tobago, Barbados e México. Apesar da raça Barriga Negra ser considerada de pequeno a médio porte entre aquelas direcionadas para produção de carne, observa-se que os machos atingiram 28,9 kg aos 8,4 meses de vida e, portanto, encontravam-se em condições para o abate o que demonstra a possibilidade da obtenção de cordeiro precoce em sistema semi-intensivo de criação nas condições de Roraima.

Introdução

A raça de ovinos deslanados Barriga Negra são originários da ilha de Barbados no mar do Caribe. Para a BBSAI (Barbados Blackbelly Sheep Association Internacional), 2017, a raça apresenta uma variedade ou tipo conhecido com Barbados Barriga Negra (Barbados Blackbelly) e outra do tipo americano ou Barriga Negra Americano (American Blackbelly). De acordo com a FAO (2017) a população do tipo Barbados encontrava-se distribuída em 25 países, entretanto, apenas onze destes informaram o quantitativo populacional avaliado em 158.040 animais, estando presente no Peru (82.493 animais), México (15.000 a 15.500 animais), Bahamas, Barbados, Guyana, Jamaica, Antilhas Holandesas e Trinidad e Tobago com 10.000 animais, cada. Apesar de não haver informações naquela estatística a raça está presente em diversos países da América do Norte, Central e do Sul, incluindo-se os países caribenhos.

No Brasil há relatos da presença da raça em pequenos rebanhos existentes na região Nordeste (Paraíba e Rio Grande do Norte) (SANTOS, 2003) e em Roraima. Especificamente com relação ao estado de Roraima os Barriga Negra foram introduzidos pelas fronteiras com a Guyana e com a Venezuela e levados para diversas fazendas com pecuária bovina na região de Savana. Em 2018, os maiores rebanhos da raça estão distribuídos em duas ou três propriedades que apostaram na criação destes animais e, a Embrapa possui um núcleo de conservação com cerca de 120 animais.

Metodologia

Para avaliar o desempenho produtivo dos ovinos Barriga Negra em Roraima utilizou-se cinco reprodutores e 55 ovelhas. A monta natural foi realizada de 10 de fevereiro a 26 de maio de 2017. Foram realizadas cinco estações de monta composta por um reprodutor e onze ovelhas, os quais permaneciam juntos por um período de 21 dias. Os partos ocorreram de 11 de julho a 14 de outubro.

Os ovinos foram mantidos em pastagem de Urochloa humidicola (Quicuio da Amazônia), Tifton e Massai (Panicum maximumcvMassai) recebendo suplementação de uma mistura múltipla composta por sal mineral para ovinos, soja em grãos e milho triturados com cerca de 14% de proteína bruta e fornecido na proporção de 1,0 a 1,5% do peso vivo.

No dia 26 de janeiro de 2017, portanto, antes do início da estação de monta, realizou-se a pesagem e a avaliação do escore corporal de todos os animais. Na Tabela 1 apresenta-se o número de ovelhas por faixa de peso. De acordo com BBSAI (2017) o peso da ovelha adulta, para efeito de registro na associação, deverá ser superior a 34 kg. No rebanho em estudo o peso médio era de 34,5 kg e, em 51% destas era igual ou superior aos 34 kg. Por ocasião do parto o peso médio das ovelhas era de 36,7 kg.