Na concepção de Roberto Palhares, mantenedor da maior instituição de ensino a distância do país, o Instituto Monitor, “nenhuma metodologia educacional pode ter a pretensão de se considerar um processo concluído e estático, sem necessidade de aprimoramento”. (2005, p. 11). Por essa razão a Educação a Distância deve ser considerada como um processo dinâmico “sempre adotando em seus procedimentos novas tecnologias, enfrentando as mais desafiantes barreiras” (idem).

A realidade de um Brasil que recém acabara de vencer o primeiro lustro do novo milênio, dispondo de um corpo discente de apenas 310 mil alunos, hoje, sem dúvida, vive uma nova realidade e perspectiva, o que permitiu elevar esse número para a casa dos 5,7 milhões de alunos matriculados no EAD.

Esses resultados e incertezas acadêmicas, entretanto, foram galgados passo a passo, não sem obstáculos. Se em 2004 as demandas mais urgentes eram, por exemplo, vencer o preconceito, sobretudo a desconfiança no método e a falta de disciplina atribuída ao brasileiro, aliada a carência na disponibilidade de recursos tecnológicos e financeiros, nos dias atuais, lembra o Prof. José Moran, a realidade é diametralmente oposta:

Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predomínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes). Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais na educação a distância (Moran, 1994).

Não sem razão já profetizara Roberto Palhares, que a Educação a Distância

é um processo irreversível. Por maiores que sejam as resistências, os preconceitos e os interesses contrários, estes não serão suficientes para invalidar todas as vantagens que a Educação a Distância tem para oferecer”. (Palhares, op. cit).

Não obstante, duas motivações propulsoras da Educação a Distância requer atenção do Governo e órgão reguladores, uma vez que ela apresenta-se num cenários que, se por um lado, lida com o interesse da academia, por outro demanda com as forças do mercado. Neste quadro e marco divisor, o Prof. José Moran, alerta:

Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores). Outras oferecerão cursos de qualidade, integrando tecnologias e propostas pedagógicas inovadoras, com foco na aprendizagem e com um mix de uso de tecnologias: ora com momentos presenciais; ora de ensino on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes); adaptação ao ritmo pessoal; interação grupal; diferentes formas de avaliação, que poderá também ser mais personalizada e a partir de níveis diferenciados de visão pedagógica. (Moran, idem).

Será, pois, a perspectiva do acesso à Educação de Qualidade uma vez facultada pelo Estado a todos os brasileiros, sem dúvida, é que permitirá à modalidade Educação a Distância se ver transformada num instrumento poderoso de mudança social e acesso ao saber, que deverá ser garantido, sobretudo àqueles cujos níveis econômicos e motivações estão distante do centro na base da pirâmide social.

A EAD, sim, pode se transformar num instrumento universal de democratização da cultura, de formação e informação, difundindo através das novas tecnologias e métodos novas formas de saber e aprender. O Prof. Moran diz mais:

As tecnologias interativas, sobretudo, vêm evidenciando, na educação a distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo (Moran, idem).

Bibliografia:

MORAN, José. O que é Educação a Distância. CEAD, SENAI, Rio de Janeiro, ano 1, n.5, out-dezembro de 1994, páginas 1-3.

PALHARES, Roberto. A Educação a distância, uma antiga, ilustre e desconhecida modalidade de educação. Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, Fábio Sanchez. 1. ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2005.