Desafios da Carreira Docente: Uma Análise sobre a Realidade dos Professores Brasileiros

Por Bruna Caroliny Ferreira da Silva | 30/06/2025 | Educação

Carreira Docente 

Bruna Caroliny Ferreira da Silva    


 

Resumo: Pretende-se nesse artigo abordar alguns aspectos da carreira docente e a forma como essa evoluiu ao longo dos anos expondo alguns dos desafios da docência, pretende-se gerar uma reflexão sobre o tema.Este texto é dividido em três partes: na primeira é apresentada a história da docência e os aspectos da carreira. Na segunda é retratada a identidade docente e, na terceira, a valorização docente.


 

Introdução:


 

O exercício da docência veio muito antes das escolas, na antiguidade filósofos eram as primeiras representações do professor. Os pedagogos eram escravos que cuidavam das crianças, levando-as de um lado para o outro inclusive para as ágoras que era o lugar onde os filósofos ficavam.

Os processos educacionais se diferenciavam entre as sociedades, mas a figura do professor sempre esteve à frente desses processos, houve um período em que o processo educacional era valorizado e a educação possuía uma grande influência sobre as pessoas.

Muitos religiosos também se dedicavam à docência, temos um exemplo famoso o dos Jesuítas, que na época da colônia ensinaram  catequese, convertendo os índios ao catolicismo.

Com o tempo foram estabelecidas normas de Conduta aos docentes que inibem ações como a conversão, a transformação da docência uma carreira fez com que essa e muitas outras coisas se tornassem possíveis, vamos abordá-las aqui.


 

Carreira Docente


 

Docência é o termo que designa o ato de ensinar e a quem ensina, sendo uma profissão que tem formação em licenciaturas de diferentes matérias e tem por objetivo principal o ato de transferir conhecimento para os educandos buscando alcançá-los em suas díspares necessidades. Uma das principais mudanças que surgiu com o capitalismo foi a necessidade de regulação. Na educação não poderia ser diferente, essa regulação define diferentes políticas e a maneira como essas políticas serão executadas, criando assim uma base para as atividades e para o fazer docente. Depois da regulamentação o docente se transformou em um profissional especializado e pode reivindicar os seus direitos como profissional já que o exercício da docência é um trabalho regulamentado pelo Estado (Jacomini e Penna .2016). Para ingressar na carreira docente é exigido um nível mínimo de formação, formação essa que denota se se se aquele profissional tem capacidade ou não de estar em sala de aula. Ao assumir o posto de docente o indivíduo não assume apenas a responsabilidade profissional mas também a social, é necessário que se tenha consciência do trabalho realizado no ambiente escolar. Essa consciência tem que partir não apenas do docente mas também do estado que precisa tratar com a devida importância a educação. Diante de tantos aspectos fundamentais para o exercício da docência é importante destacarmos os principais elementos da docência, que são o ensino-aprendizagem e a didática, sendo responsáveis pela maior parte do trabalho docente. O uso desses elementos serão definidos através de uma reflexão sistemática sobre o que acontece na sala de aula, na interação entre o docente e o educando, visando de uma forma geral os atingir os resultados desse processo buscando formas  possíveis de melhorá-lo. Para excelência nesses processos é necessário que haja um plano de ensino e o desenvolvimento de um olhar crítico sobre esses planos, agregando objetivos como, conteúdos, recursos, metodologias e instrumentos de avaliação, empenhando-se em  atender os estudantes nas suas particularidades.



 

Identidade Docente 


 

Uma das condições essenciais a toda  a profissão é a formação dos saberes necessários para a execução das tarefas que essa exige. Na docência  são necessários saberes específicos, esses são divididos em, formação, que reconhece o professor como um profissional com base nas suas relações com os saberes e o exercício da docência. História de vida, são as experiências que formam o professor como ser social e profissional. Prática pedagógica, é o desenvolvimento de atividades profissionais pelo professor dentro do ambiente escolar. Com esses elementos pode-se notar que para exercer a docência é necessário além de aprender, ser, pois as características individuais também irão agregar na profissão. Segundo Nóvoa, a identidade docente se constrói pelo significado que cada professor dá para sua profissão, enquanto autor e ator, conferindo à atividade docente, seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, e de seus saberes e angústias e de seus anseios. Nesse contexto é possível refletir sobre a importância desses  elementos que são primordiais na constituição  da identidade desse profissional, sendo cada elemento essencial no processo de construção. Sua história de vida, se baseia em toda a sua trajetória de vivência com a família, amigos, lugares que frequentou, esses conhecimentos adquiridos influenciarão nas decisões de sua escolha como profissional. A formação implica no processo de desenvolvimento pessoal e profissional do docente, pois o professor é um ser em permanente construção em constante aprendizado. Faz parte desse processo a formação inicial e  continuada. Sendo a formação inicial a base para preparar o futuro professor para o seu ingresso no exercício da docência e assim, podendo se reconhecer como um profissional. Enquanto que a formação continuada prioriza o aperfeiçoamento e das experiências adquiridas, atualizando-as, e ampliando suas competências profissionais. Nesse contexto é essencial que essa formação seja séria capaz de proporcionar a esse profissional capacidades para que desenvolva uma ação docente efetiva. É importante ressaltar que seria  inviável um ensino de qualidade, sem que primeiro esse professor tenha uma adequada formação, já que é através de seus conhecimentos e saberes que poderá possibilitar uma educação de qualidade, por isso a busca pelo conhecimento deve ser contínua, pois ser professor na contemporaneidade requer profissionais habilitados e engajados naquilo que se propõe a fazer. A prática requer saberes especializados por parte do docente para que seja desenvolvido o domínio do seu ofício, baseados nas especificidades dos saberes de formação profissional, disciplinares, curriculares e de experiência. Além disso, é importante ressaltar que  o professor sendo um transmissor do conhecimento deve atuar como um mediador e não como um detentor do conhecimento, sendo a ponte entre o estudante e o conhecimento, dessa forma despertando o questionamento, o pensamento crítico, reflexivo, do aluno. Um aspecto importante é que o profissional docente deve ser aberto a novas ideias e estratégias, procurando melhorias nas suas práticas, em busca de superar  suas dificuldades. Segundo Gauthier, “ensinar exige um conhecimento do conteúdo a ser transmitido, visto que, evidentemente, não se pode ensinar algo cujo conteúdo não se domina”. Diante disso, o professor precisa  estar ciente do que está ensinando e além disso, dominar esse conhecimento, pois não se ensina o que não se sabe. Por fim, identidade não é uma essência; não é um dado ou um fato, seja de natureza, seja da cultura. A identidade não é fixa, estável, coerente, unificada, permanente. A identidade tampouco é homogênea, definitiva, acabada, idêntica, transcendental. Por outro lado, podemos dizer que a identidade é uma construção, um feito, um processo de produção, uma relação, um ato performativo. A identidade está ligada a sistemas de representação. A identidade tem estreitas conexões com relações de poder (SILVA, 2000, p.96-97).   


 

Valorização do docente;


 

O profissional docente é essencial no processo de mudança na sociedade, sendo primordial investir na sua formação e desenvolvimento, a fim de que tenha a possibilidade de desempenhar uma carreira de sucesso formando cidadãos comprometidos com a transformação da sociedade. Uma educação de qualidade depende de um profissional bem qualificado para que possa desenvolver o  exercício da docência com uso de métodos inovadores efetivos,  excluindo práticas e  culturas tradicionais e burocráticas ineficazes. Contudo é necessário que o docente tenha uma formação inicial e contínua de qualidade e se sinta preparado para enfrentar os desafios que a profissão exige. É fundamental que valorizem esse profissional e sua carreira docente, já que essa é a que determina todas as  outras profissões. Lutas e reivindicações dessa classe busca a valorização do professor e por seus direitos conquistados ao longo da vida. Essa deve ser considerada uma luta de todos, uma vez que  a educação é uma  forma legítima de mudança justa na sociedade, constituindo direito de todos, uma educação pública e de qualidade. É necessário investimentos na educação para que um país evolua, contudo o que vemos é o contrário. A situação da carreira  docente no Brasil é alarmante a começar pelas condições de trabalho. Um  dos maiores problemas surgem quando o profissional é confrontado com planos de carreira que não condiz com a sua realidade e a falta de investimento em várias áreas da educação, necessárias a sua progressão, pois em geral não há um plano de carreira estruturado, inviabilizando  a profissão, ou seja, há necessidade de investimento em sua carreira contínua, uma vez que o trabalho docente se estende além do espaço escolar, considerando horas de formação e planejamento para que esse profissional se encontre preparado para a execução de seu trabalho. Sendo a autonomia um fator necessário para a independência nas suas ações, é  importante ressaltar que, “O professor possui uma autonomia em relação ao seu trabalho, que a cada dia vem sendo reduzida e dirigida a aspectos técnicos, sofrendo pressões externas e internas, nas suas decisões pedagógicas”. Silvia(2005, p.11).  O piso salarial é também um dos fatores que desvaloriza  a profissão, infelizmente vários estados não cumprem com a lei em sua integralidade ou até mesmo não investem em políticas públicas voltadas para o desenvolvimento da carreira docente, influenciando o abandono da profissão, além disso, desmotivando futuros profissionais a ingressarem nesse mercado de  trabalho, já que a má remuneração do docente é muito inferior comparada aos demais profissionais com escolaridade equivalente. Muitos docentes exercem a profissão de maneira precária, tendo vários fatores que os desmotivam, desde os problemas mais simples aos mais complexos, além da desvalorização, capacitação defasada, má remuneração, ainda tem que lidar com as más condições de trabalho, falta de materiais para execução das práticas  pedagógicas, tendo esse profissional que arcar com as despesas para que seja possível promover um ensino de qualidade, falta de infraestrutura, pois muitas vezes não tem um lugar apropriado para que esse profissional possa desenvolver o seu trabalho, excesso de aluno em sala de aula comprometendo o ensino e a aprendizagem, a indisponibilidade de tempo para que desenvolva atividades extraclasse e até mesmo para a elaboração do planejamento das aulas que é de grande importância para que se tenha qualidade em suas funções docentes e tendo que cumprir uma  carga horária excessiva prejudicando a qualidade do ensino, uma vez que necessita trabalhar com uma carga horária intensa para que possa ter uma remuneração compatível com a sua realidade, e a luta no enfrentamento  da violência no ambiente escolar que é um problema gravíssimo  e constante. Outro ponto crucial que os professores enfrentam é o mecanismo de contratação temporária, que tem como  principal característica  a instabilidade, gerando conflitos, desmotivação, frustração da comunidade escolar por não haver garantias no andamento do trabalho na instituição, dentre vários outros problemas. A Constituição Federal admite a contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, dispensando a realização do  concurso público, a fim de evitar gastos, contudo acaba prejudicando a categoria, devido ser falho em vários pontos a começar pelos direitos que não são cumpridos no prazo determinado e o descaso em solucionar as pendências, tendo que muitas vezes o profissional lutar pela efetivação dos seus direitos no âmbito judicial, sendo um desgaste É importante ressaltar que,  no país há um alto índice de professores que precisam se afastar das suas funções por questões de saúde,  devido às precárias condições de trabalho a que é submetido. Em meio a tantos descasos por parte das autoridades públicas, em tomar providências investindo em melhores condições de trabalho, acabam desestruturando essa classe trabalhadora. É fundamental que institua a criação de planos de carreiras para os profissionais, que abranja  todos os entes da federação, com salários atrativos, segurança no trabalho, formação profissional e principalmente  a valorização desse profissional na sociedade.




 

Conclusão


 

Conclui-se que no Brasil o professor trabalha precariamente, no limite dos seus esforços, não tendo  amparo do poder público e até mesmo da sociedade, que deveria apoiar lutando de mãos dadas com essa categoria, que constitui a base da educação, o grande responsável em formar cidadãos, sendo essenciais para o desenvolvimento  e  avanço social  do país.

A desvalorização e desabilitação do trabalho docente precisa ser superado, é preciso que esses profissionais sejam reconhecidos  como intelectuais transformadores, responsáveis por construir cidadãos críticos reflexivos, capacitados para transformar a sociedade através de suas ações. Merecendo o respeito de toda sociedade, na qual a educação deve ser a prioridade.









 

Referências:



 

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GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de ensinar. São Paulo: Publisher Brasil, 2007.


 

FARIAS.Isabel Maria Sabino; SALES.Josete de Oliveira Castelo Branco; BRAGA.Maria Margarete Sampaio de Carvalho;FRANÇA.Maria do Socorro Lima Marques. Didática e docência: aprendendo a profissão.  Brasília:Liber Livro,2011.


 

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