Introdução:

A pesquisa foi realizada através da observação e pesquisa bibliográfica, onde o foco foi verificar necessidade de o educador compreender as questões ambientais da localidade e da sociedade em geral. Desmistificando que a educação ambiental não é só na parte ecológica, mas sim a possibilidade de desenvolver atividades dentro da realidade dos alunos, orientando as crianças, para o pleno exercício da cidadania, fundamentadas no conhecimento das ciências humanas.

Portanto, escolhi esta escola por eu ser "apaixonada" pela localidade e pelas pessoas que moram lá, além do local apresentar diversas belezas naturais, o qual me encanta muito. Assim, como moradora nos finais de semana, observo a importância de pesquisas que contribuam para melhorar a qualidade de vida dos moradores. Como também, a necessidade uma nova abordagem educacional que denote a questão de sustentabilidade, para preservar nossos recursos naturais, sociais e culturais.

A necessidade de formação continuada dos educadores como inclusão da educação ambiental.

Atualmente no local existe uma grande preocupação ambiental por parte de pesquisadores e organizações governamentais e não governamentais, principalmente atuando nas escolas, com lixeiras para o lixo limpo e palestras. Contudo, percebi que não há uma continuidade dessas questões dentro da sala de aula, e sim trabalhos que muitas vezes atuam como reprodutores de uma cultura predatória ao meio ambiente, devido à divergência existente entre a teoria e a prática.

Sendo assim, através da observação da postura da professora, e dos materiais que ela utilizou como: as folhas distribuídas, os cadernos, as disposições das mesas, a própria sala de aula e as atividades aplicadas no dia da observação, já demonstravam ser ali um ambiente alfabetizador tradicional e não incentivador de proporcionar questionamentos, reflexões para além dos exercícios prontos. As crianças se mostraram contentes com as atividades aplicadas, fato talvez por não tiverem vivenciado outras experiências, assim a professora dividia-se um pouco com cada turma, procurando atender a todos.

No entanto, segundo Tristão (2006, p.40), "no imaginário das profissionais da educação e, mesmo, no senso comum, há a noção de que deve haver a produção de algo para estar caracterizado um processo educativo, que valoriza os resultados como lógica estruturante." Portanto, as verdadeiras trocas de aprendizagens vão acontecer, quando o educador estiver atento as necessidades das crianças, aos seus olhares, anseios e suas interações com os colegas. Para isso a necessidade de registrar, observar mais atentamente e realizar projetos pedagógicos que atendam as crianças dentro de suas especificidades.

As escolas atualmente estão passando por grandes modificações nos planos de ensino, tentando sair do método tradicional e escolhendo outras linhas de educação que privilegie as relações das crianças com a realidade. Do mesmo modo, que integre a família no cotidiano da escola, para que haja uma educação de qualidade e confiança, não deixando somente para escola a responsabilidade de educar. Todavia, ainda podemos observar que esse é um processo lento e que precisa de incentivos e conscientização de todos, principalmente dos educadores. Assim como aponta Penteado (1994, p.55):

O professor vem atestando o desinteresse, o enfado a desatenção de crianças e adolescentes quando colocados diante das exigências do estudo calcado apenas no ensino livresco; as respostas decoradas que daí resultam para as provas e para agradar o professor, encerrando na própria escola o ato de aprender. Pouco se leva da escola para vida. E assim a vida vai se repetindo, se conservando. Perpetuando e multiplicando seus problemas.

Acredito que pouco levamos da escola para vida, porque esta não compreende a realidade e necessidades de seus educandos, tornando-os passivos diante das informações transmitidas. Na observação realizada, as folhas eram distribuídas de acordo com o que a professora acreditava ser importante para aprendizagem das crianças, não refletindo que aquele método é cansativo e estava fora do centro de interesse e realidade daquelas crianças.

Efetivamente, verifica-se a necessidade de formação continuada para os educadores, pensada no contexto da escola, comunidade e a sociedade em geral, para que se trabalhe de uma forma integrada e efetiva. Possibilitando momentos de autonomia, de independência do grupo, cooperação e liberdade, tendo o professor como o principal mediador, este tem a responsabilidade de propor problemas, criar novas situações com base no que já sabem, para que busquem novas informações do objeto estudado. Que as praticas pedagógicas dos professores estejam atentas as modificações do ambiente, ultrapassando as rupturas existentes e formando cidadãos críticos que contribuam para uma sociedade sustentável.

Segundo, BARBOSA (2008, p.35) diz que "para haver aprendizagem efetiva, é preciso organizar um currículo que seja significativo para as crianças e também para os professores." Assim, para os conteúdos não se tornarem fragmentados, precisa surgir do interesse das crianças, e o educador ir mediando o trabalho. Através de múltiplas linguagens, oferecendo subsídios que despertem a curiosidade delas. Além disso, que seja desmistificada a idéia que permeiam no cotidiano de algumas escolas a noção de que educação ambiental só pode ser trabalhar em algumas disciplinas ou fora de sala de aula.

Assim, o conceito de educação ambiental para muitas pessoas, esta muito ligado ainda a natureza, não que esta não seja importante também. Isto reflete nas escolas, às vezes sendo um ato automatizado, o qual a criança nem sabe o porquê estão separando o lixo, ou porque esta reutilizando o lixo limpo. Contudo, precisamos de uma educação que trate nossos problemas ambientais, bem como, o equilíbrio entre a natureza e o homem, para que este seja mais critico, capaz de agir individualmente e coletivamente.

Segundo OSTETTO (2004), em seu texto, traz a necessidade de ampliar olhares escutas e movimentos sensíveis, na formação dos professores, que se diluam a dicotomia entre o corpo e mente, ciência e arte. Como também, o homem e a natureza e suas relações interpessoais, tornando o sujeito mais aberto e plural, mais atento ao próximo. Que os educadores estejam mais atentos para a conscientização das crianças, para que elas entendam que pertencem a um ambiente, e que este precisa ser respeitado.

Logo, o educador tem que se conscientizar de que precisa de formação continuada, para propor uma educação de qualidade a seus alunos, assim como respeitar seus direitos garantidos na constituição brasileira. Como também, que aconteça uma "fiscalização" por parte da direção da escola, a fim de orientar o educador da necessidade de realizar cursos de formação continuada. Como aponta Hoffmann ( 1995, p.14):

"Respeitar a criança é não limitar suas oportunidades de descoberta, é conhecê-la verdadeiramente para proporcionar-lhe experiências de vida ricas e desafiadoras, é procurar não fazer por ela auxiliando-a a encontrar meios de fazer o que quer, é deixá-la ser criança. Respeitá-la é oferecer-lhe um ambiente livre de tensões, de pressões, de limites as suas manifestações, deixando-a expressar-se da maneira que lhe convém e buscando entender o significado de todas as suas ações."

Portanto, a escola deve ser o local de tirar a "venda dos olhos" e parar de ser um negócio, numa sociedade inerentemente excludente e contraditória. Pois, sua função também é política, e responsável pela formação de sujeitos mais críticos e participativos na sociedade. E não de formar cidadãos que servem de manobras deste país e deste sistema capitalista que só quer a reprodução e alienação do povo.

Desta forma, percebemos a necessidade de estimular a coletividade e a cooperação entre as crianças, devemos nos conscientizar que educação é mais que impregnar sistematicamente informações e conceitos. Mas sim, de humanizar e socializar, formando seres humanos com bases em valores morais e éticos, bem como para a liberdade e autonomia do individuo. Estes, que serão capazes de interagir e intervir na realidade. Como aponta Ortiz (2007, p.2)

"Professor é aquele que sabe mediar às experiências da criança pequena de modo a contribuir positivamente para o seu desenvolvimento e aprendizagem. Ele auxilia a criança a utilizar as suas diferentes linguagens para aprender sobre si mesma e sobre o mundo que a cerca, assim como simbolizar sua experiência e expressar o que sente sobre ela".

Diante disso, o educador tem que estar preparado para conviver com a diversidade, ter um olhar reflexivo diante das crianças, devendo buscar comprometimento no processo de desenvolvimento infantil. Tornando assim, sua prática pedagógica comprometida e menos excludente, observando como realiza a avaliação, registros e planejamento em seu cotidiano, os quais são instrumentos fundamentais que permeiam seu dia-a-dia escolar.

Para isso, precisamos nos familiarizar com a cultura das crianças pelas quais iremos trabalhar, saber onde mora, a religião que frequenta e conhecer sua realidade econômica. Assim, direcionar as propostas de trabalho de acordo com suas necessidades e especificidades, respeitando as diferenças existentes. São passos importantes e essenciais para desenvolver uma educação de qualidade, disposta a por os interesses dos alunos em questão, assim como, respeitar suas limitações.

Considerações Finais

Assim, percebi que a educadora precisa dar a vez para outras abordagens mais atuais, onde realmente aconteça um processo de aprendizagem, para atender as necessidades das crianças ali inseridas. Através de um ensino ativo e participativo, a educadora poderá satisfazer os interesses dos alunos e melhorar a capacidade de relacionar-se com o mundo. Enfim, é necessário que não haja uma ruptura entre a educação ambiental e nossas praticas pedagógicas, que todas as pessoas se sensibilizem para um desenvolvimento sustentável da localidade.

Como também, considero importante que haja um trabalho coletivo nas escolas, disposto a realizar reflexões sobre as questões ambientais, investigando junto com as crianças alternativas para amenizar nossos problemas do cotidiano. Portanto, a escola é o local ideal para se promove este processo, por isso precisamos urgente de professores críticos portadores desta consciência.

Referências bibliográficas

BARBOSA, C. Maria. Projetos pedagógicos na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2008.

HOFFMANN, Jussara.; SILVA, Maria. Ação educativa na creche. Porto alegre: Mediação, (Cadernos Educação Infantil, v.1), 1995, 60 p.

LEITE, Maria Isabel; OSTETTO, Luciana Esmeralda. Formação de professores: O convite da arte. In: OSTETTO, Luciana E.; LEITE, Maria Isabel. Arte, infância e formação de professores: autoria e transgressão. Campinas: Papirus, 2004. p. 11- 24.

ORTIZ, C. O papel do professor de crianças pequenas. In: Pátio - educação infantil. Ano V. nº 13. (2007).

PENTEADO, D. Heloísa. Meio ambiente e Formação de professores. São Paulo: Cortez, 1994.

TRISTÃO,Fernanda. A sutil complexidade das práticas pedagógicas com bebês. In.: MARTINS FILHO, Altino José. (ORG) [et al] Infância plural: crianças do nosso tempo. Prefacio de Mauricio Roberto da Silva.-Porto Alegre: Mediação.(2006).