1. INTRODUÇÃO

A criança ao longo do seu desenvolvimento infantil sofre profundas modificações em determinadas áreas cerebrais, a vivência de situações estressantes precocemente são fatores de grande influência para um desenvolvimento cerebral inadequado. Sendo assim, é importante destacar que os cuidadores possuem um papel crucial no desenvolvimento saudável da criança, principalmente, no caso de crianças depressivas.

Para Andrade (2000), a depressão infantil pode decorrer de vários fatores, como um evento estressante, dificuldades na interação com outros, no aparecimento de alguma enfermidade, somatização de fatos desagradáveis ao longo da vida do indivíduo.

O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor, capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente e interferir de maneira significativa no seu processo de maturidade psicológica e social. Este assunto gera uma série de debates diante toda a sociedade, principalmente entre os profissionais que atuam na clínica infantil.

Ajuriaguerra e Marcelli (1991) afirmam que a depressão infantil está associada a uma inibição motora, ocasionando para a criança uma dificuldade de brincar, executar tarefas ou ocupações. Os sintomas depressivos, também, estão presentes nas situações de jogo, em que a criança usa expressões como “não sei”, “eu não alcanço”, “não consigo”. Ajuriaguerra e Marcelli consideram, ainda, esses comportamentos como uma desvalorização ao exprimir-se habitualmente.

As primeiras manifestações podem ser encontradas nos primeiros meses de vida da criança. Geralmente, filhos de pais depressivos tendem a desenvolver o mesmo mal, além de outros transtornos de ordem mental e distúrbios de conduta. Para melhorar a saúde mental dos filhos, é importante tratar dos pais e trabalhar com tentativas de mudanças no padrão familiar. Sem essas medidas, o tratamento tende a fracassar.

Para Marcelli (1998), a doença psíquica de um dos pais constitui fator de risco que pode chegar a 43%. A depressão materna provoca uma “falta” interativa no bebê, a qual poderá posteriormente desenvolver na criança uma suscetibilidade a acontecimentos futuros que impliquem perdas. Nessa perspectiva, Solomon (2002) afirma que é importante e necessário considerar a vulnerabilidade genética na etiologia da depressão.

Em um primeiro momento é importante ressaltar que existem grandes dificuldades em reconhecer essa doença, pois os sintomas diferem dos que são apresentados pelos adultos, dificultando assim a conclusão do diagnóstico. Ou seja, o quadro infantil traz a presença de comorbidades e manifestam-se muitas vezes de forma mascarada, além disso, as crianças na maioria das vezes aceitam esse processo de forma natural, pois não conseguem explicar e reconhecer tal doença.

Reis e Figueira (2001) destacam que realizar o diagnóstico não é fácil, na medida em que crianças e adolescentes não conseguem identificar ou nomear os sintomas que aparecem de maneira multifacetada.

Cavalcanti (1996) chama a atenção para o fato de que muitos sintomas nem sempre são indicativos de uma “depressão mascarada”. É preciso ser cuidadoso ao fazer o diagnóstico, considerando os aspectos pertinentes ao processo de desenvolvimento infantil.

Nota-se que a depressão possui muitas denominações que dizem respeito aos seus fatores ambientais e orgânicos. A visão orgânica afirma que uma determinada alteração no equilíbrio químico do cérebro pode resultar de forma negativa, desencadeando a depressão. Já a visão social pode ser explicada levando em consideração as condições socioeconômicas, as contingências ambientais, os aspectos comportamentais.

Para Moreno, (apud Santos, 1999), o fator que determina este desequilíbrio no cérebro, seria uma ação de neurotransmissores, tais como a serotonina, a noradrenalina e a dopamina, que também são responsáveis pelas emoções e pelos estados de humor.

 Quanto às condições sociais e à configuração familiar, para Solomon (2002) e Marcelli (1998), as pessoas que vivem em condições socioeconômicas desfavoráveis são mais propensas a desenvolver patologias físicas e mentais. A miséria social crônica favorece o aparecimento da depressão.

Diante do exposto, a problemática desse estudo é tentar identificar quais são os principais sintomas e as causas da depressão infantil?

Os sintomas depressivos variam de acordo com a faixa etária da criança e, como ela não é ainda capaz de descrever seus sentimentos verbalmente, é necessário observar as formas de comunicação pré-verbal, tais como a expressão facial, produções gráficas, súbitas mudanças de comportamento e postura corporal, entre outras (BAPTISTA ; GOLFETO, 2000).

Em princípio, os sinais da presença da depressão infantil não devem ser observados isoladamente, isto é, é necessário levar em consideração as características gerais do ser humano, e analisar com atenção a durabilidade e as causas dos episódios.

Para Souza (1999), o tratamento antidepressivo deve ser entendido de uma forma globalizada levando em consideração o ser humano como um todo, incluindo dimensões biológicas, psicológicas e sociais. As intervenções psicoterápicas podem ser de diferentes formatos, como psicoterapia de apoio, psicodinâmica breve, terapia interpessoal, entre outras.

A criança depressiva envolve-se, com frequência, em situações que oferecem perigo à sua integridade física. Muitas vezes tem consciência do perigo; no entanto, conflitos inconscientes predominam e levam a emitir determinados comportamentos de risco, numa tentativa de mobilizar a atenção das pessoas para que percebam o seu sofrimento (Souza & Eisenstein, 1993).

Fatos como a separação dos pais, a perda de algo ou alguém que seja muito significativo para a criança, essencialmente se estiver relacionado a morte de um dos pais ou de alguém próximo da família, a falta de carinho e atenção, e a dificuldade na interação social com os outros indivíduos são características que pode resultar de forma negativa na vida da mesma.

De acordo com Rotondaro (2002), para que a criança tenha um desenvolvimento emocional saudável, precisa de um ambiente familiar favorável, capaz de suprir adequadamente suas necessidades básicas, entre as quais as de proteção e acolhimento. Quando isso não acontece, a criança utiliza mecanismos de defesa específicos para lidar com as dificuldades, comprometendo o desenvolvimento das estruturas de personalidade que estão se formando na infância.

A finalidade do trabalho é verificar quais são os principais sintomas desenvolvidos pelas crianças depressivas e identificar a sua causa a partir do ponto de vista social, cognitivo e afetivo para a construção do ser, além de analisar a idade que esse processo se inicia.

Dessa maneira os objetivos específicos são: reconhecer os sintomas, verificar o papel essencial dos pais e dos educadores durante o tratamento e por fim, analisar quais são as consequências enfrentadas por crianças que são diagnósticas com depressão.

Nessa perspectiva, conforme citamos, a realização deste trabalho aconteceu, pois percebemos que a maioria das crianças que desenvolvem depressão sofre principalmente por não conseguir relatar e descrever o que está sentindo, pois não sabem que aqueles sintomas são resultado de uma doença, o que dificulta na descoberta e tratamento da mesma e impede que as suas atividades diárias sejam realizadas com sucesso.

Esse trabalho irá trazer benefícios, tais como, produção de materiais para novas pesquisas, o incentivo de novos projetos e a contribuição e melhoria para nossa formação, o que irá beneficiar de maneira significativa a faculdade e principalmente os alunos do curso de Psicologia.

Através deste projeto iremos realizar uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo, onde serão utilizados os livros da biblioteca Martinho Lutero da instituição Luterana de Ensino Superior ILES ULBRA de Itumbiara – Goiás. Sem que haja recorte temporal, sendo utilizados então aqueles que melhor responderem os nossos objetivos. Bem como artigos disponíveis nas plataformas eletrônicas, recomendadas pelo Conselho Federal de Psicologia.

Mediante ao que foi mencionado, acredita-se que ao término dessa pesquisa concluiremos que a maior parte dos casos de depressão infantil não são identificados por falta da observação familiar e apoio educacional. É importante enfatizar que essa doença pode ser transmitida de geração em geração e se não tratada gera consequências graves e compromete a qualidade de vida.

 

2. SINTOMAS

 

As crianças tendem a somatizar o sofrimento e queixa-se primeiramente de problemas físicos, porque é mais fácil elas explicarem sinais de concretos e orgânicos do que as características emocionais.

Shaver e Brennan (1992) afirmam que a apresentação de um diagnóstico preciso da depressão infantil é necessário considerar que: 1) pelo menos quatro desses sintomas estejam presentes no repertório de comportamentos da criança, 2) por um período mínimo de tempo equivalente a duas semanas anteriores à avaliação.

Dentre as principais reclamações orgânicas se destaca a cefaleia, as dores abdominais e a diarreia. Surge também a falta de apetite ou apetite exagerado, insônia, irritabilidade, agressividade ou passividade exagerada, choro sem razão aparente, dificuldades cognitivas, comportamento antissocial, indisciplina, e em casos mais graves os comportamentos suicidas.

O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, baixa autoestima, tristeza, medo, distúrbios do sono e baixo rendimento escolar também devem ser observados. Segundo Bock e Côrtes (2000) a depressão não é doença apenas na criança quieta e desanimada; as manifestações da doença podem estar também na criança agressiva e hiperativa.

2.1. Percebendo os Sintomas

 

Quando a criança está em processo de formação, é comum que os seus responsáveis pensem que as mudanças de comportamento e humor são normais e que fazem parte do próprio desenvolvimento infantil.

Durante essa fase os pais demoram a perceber que os filhos precisam de ajuda, já que uma criança que é mais quieta, calada e que não faz bagunça, muitas vezes é vista apenas como uma boa criança tanto para os pais quanto para a escola. Porém é importante ressaltar que devemos levar em consideração outros aspectos.

É necessário que os pais se dediquem e deem a devida atenção ao problema, buscando uma boa intervenção, caso contrário, o quadro poderá se agravar ainda mais. Pais que apresentam atitudes negativas frente à situação, fazem com que os filhos se isolem, desenvolvam baixa autoestima, apresentem alterações afetivas e evoluam para um quadro depressivo (Barbosa & Lucena, 1995).

 

2.2 Características do sono

 

O sono sofre grandes modificações ao longo da vida do indivíduo, exclusivamente quando criança, durante o seu desenvolvimento infantil. O transtorno psiquiátrico mais frequente que afeta o sono em crianças é a depressão.

Relativamente à relação entre o sono e a depressão na infância, os resultados sugerem uma relação estatisticamente significativa entre a perturbação de sono e a sintomatologia depressiva. Esses dados corroboram estudos recentes evidenciando uma forte relação entre distúrbios de sono e distúrbios de humor (Ford & Cooper-Patrick, 2001; Ivanenko e cols., 2005).

A insônia da criança pequena, definida como dificuldade repetida em iniciar ou manter o sono, é caracterizado por grande número de despertares durante a noite. Ou seja, o sono começa a ser interrompido por pesadelos constantes e a mesma sente medo de ficar sozinha. Isto faz com que ela reclame e chore muito na hora de dormir. É preciso observar que é um choro assustado, indicando medo ou não.

Os distúrbios de sono caracterizam-se essencialmente pela dificuldade em iniciar e manter o sono, despertar noturno, sonambulismo e pela sonolência diurna, que por sua vez estão associados com a diminuição da capacidade de concentração, baixa energia e a lentificação psicomotora (Szuba, 2001).

A baixa qualidade do sono está diretamente ligada às reclamações em relação ao humor irritável e depressivo, cansaço, assim como a falta de atenção, de motivação e de eficiência (Gomes, Tavares & Azevedo, 2005, como citado em Serrão et al., 2007).

 

2.3 Alterações de humor

 

As alterações do humor geralmente revelam-se através de humor irritável. Em meninas, é mais comum encontrar queixas de choro, enquanto que nos meninos há maior frequência de sintomas de disforia, ansiedade, irritabilidade. Em ambos os sexos, é comum encontrar queixas somáticas como dores abdominais, cefaleia, náuseas e alta frequência de pensamentos negativos.

Ainda, Calderaro & Carvalho (2005) menciona que o reconhecimento dos sintomas é difícil uma vez que eles podem ser facilmente confundidos com outras alterações como hiperatividade, alterações de conduta e agressividade, e também estar presente sob a forma de comorbidade. 

Assim, é importante estar atento a sinais como: expressão de tristeza, mudança no nível de atividade, diminuição do rendimento escolar, isolamento social, fracasso em terminar as tarefas, agressividade e verbalizações negativas.

 

2.4 Dificuldades de Aprendizagem

 

Há vários estudos a respeito da relação entre depressão infantil e rendimento escolar. As principais alterações estão nas funções cognitivas como atenção, concentração, memória e raciocínio. É alta a incidência de sintomas depressivos em crianças com dificuldades escolares quando comparada com populações de depressão sem presença de dificuldade de aprendizagem.

Ballone (2010) afirma que o baixo rendimento escolar decorrente da depressão parece estar associado com as dificuldades destas crianças em prestar atenção na explicação, apesar de terem habilidades cognitivas correspondentes à faixa etária. Dificuldades de aprendizagem e sintomas de desordem afetiva costumam ser confundidas, e essa situação demanda uma investigação cuidadosa.

Sabe-se que crianças com dificuldades de aprendizagem e baixo rendimento escolar demonstram mais sintomas depressivos do que crianças sem queixas acadêmicas.

 

2.5 Desequilíbrios Nutricionais

 

As crianças com depressão podem, portanto, vir a sofrer de deficiências ou desequilíbrios nutricionais – sobretudo a falta de vitaminas do complexo B e de vitamina C e dos minerais cálcios, ferro, magnésio e potássio. Apesar de ainda não estar claramente estabelecida à relação exata entre os diversos nutrientes e a atividade química do cérebro, não restam dúvidas de que a nutrição deficiente ou os problemas de peso contribuem para uma deterioração rápida do estado de humor”, esclarece a nutricionista (Carolina Rabei, 2007, NHAC).

É muito comum na depressão infantil, apresentar uma perda ou aumento do apetite passando a consumir muito açúcar ou carboidrato, por exemplo. Não está claro o motivo pelo qual isso acontece, mas sabe-se que, somado a outros sintomas da doença, a alteração do apetite que persiste por no mínimo.

Barbosa et al. (1996) afirmam  que a depressão infantil é caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer, diminuição do apetite e outros fatores.

 

3. CAUSAS

 

A depressão em crianças pode ser ocasionada por uma disfunção dos neurotransmissores e neuroreceptores com influências de fatores genéticos e hereditários. Segundo Solomon (2002), faz-se necessário considerar a vulnerabilidade genética na etiologia da depressão.

As causas da depressão infantil podem ser de ordem psicológica ou orgânica. No aspecto psicológico, estão ligadas à qualidade do relacionamento e ambiente familiar, como rejeição e falta de um afeto verdadeiro, assim como à superproteção.

Barbosa (s/d), baseado em Nissen (1970), aborda que as principais causas da depressão infantil são os problemas conjugais, financeiros, cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao desenvolvimento da criança, a falta de contato da criança com os pais em função de suas responsabilidades profissionais e necessidades de sobrevivência, o que impede que haja um vínculo afetivo positivo.

Além disso, há também o de abuso de substâncias, ansiedade e comportamentos anti-sociais por parte dos pais, isto é, filhos de mães deprimidas têm maiores chances de não desenvolverem sistemas normais de regulação da atenção, da excitação e dos estados emocionais, ou seja, as primeiras interações com o cuidador podem compor a base para o desenvolvimento da depressão infantil.

É importante ressaltar que repetidos eventos estressantes vividos na infância (como por exemplo, vivências repetidas de fracasso) podem alterar a conduta de crianças, gerando sentimentos e pensamentos depressivos e facilitando, assim, o desenvolvimento da depressão.

 

3.1 Causas Emocionais

 

Alguns estudiosos, preocupados em compreender a complexidade da depressão na infância, têm direcionado sua atenção para a forma como a criança e o adolescente com sintomatologia depressiva regulam suas emoções. Há pesquisas sugerindo que crianças com depressão não empregam de maneira eficiente estratégias de regulação afetiva (Kopp, 1989).

Os problemas emocionais fazem parte da vida de todas as pessoas, e podem ocorrer em qualquer idade. Muitos desses transtornos, porém, começam a ser desenvolvidos desde a vida intrauterina — quando os bebês registram e interpretam todas as emoções da mãe e o do pai. Ainda dentro da barriga da mãe, o bebê não é capaz de identificar a causa de medos, ansiedades ou tristezas vivenciadas pela mãe ao longo da gestação, e acabam registrando esses sentimentos como se fossem dele.

Calderaro & Carvalho (2005) menciona que a infância é marcada por muitas transformações, e é nesta fase que o indivíduo se desenvolve física e psicologicamente, adquirindo padrões e bases comportamentais. Os distúrbios emocionais podem se manifestar durante essa fase da vida, e os pais devem permanecer alertas aos sintomas apresentados.

Da tristeza ao transtorno depressivo há um amplo espectro. A tristeza,  a ansiedade, a hostilidade e a raiva são emoções normais, adaptativas e compreensíveis, necessárias em certos momentos e que podem se refletir em comportamentos. Por exemplo, o medo é a emoção do perigo e a tristeza é a emoção da perda. Não são emoções prejudiciais em si: elas nos ajudam a nos adaptarmos ao o que acontece ao nosso redor, a ficarmos seguro se sentimos perigo ou a escrever uma história, a nossa história, na qual toda perda acaba recebendo um sentido.

 

3.2 Causas Sociais

 

O que parece preguiça ou aborrecimento pode ser sintoma de depressão. A criança, na maioria das vezes é sujeitada á algumas situações sociais que pode se acarear a uma depressão.

Quando estas crianças são expostas a estressores ambientais como discórdia parental, doença psiquiátrica dos pais, maus tratos, assalto, privação de sono, fator genético, abandono, ausência de suporte social, contato precoce com substancias psicoativas, violência doméstica, emocional, sexual, ou bullying, aumenta ainda mais as chances de ocorrência de depressão, e com maior gravidade — explica Maria Cristina 2000.

Além dos fatores sociais mencionados, há, muitas vezes, um histórico familiar da doença. Pode-se reduzir a desaprovação social e aumentar a empatia em outros membros da família. A depressão é muito comum e não é o resultado da falta de capacidade de enfrentamento ou de força pessoal;

Ballone (2010) afirma que os sintomas depressivos podem progredir para um Transtorno Depressivo se não tratados, e no caso de histórico familiar, o risco é maior. Por isso, é importante que você fique alerta e procure ajuda o quanto antes se estiver sentindo sintomas depressivos.

 

3.2 Causas Orgânicas

 

Depressão orgânica é claramente provocada por um problema físico, como acontece, por exemplo, na doença de Parkinson.

Quadros de depressão infantil é extremamente comuns em pacientes com doenças crônicas. Em parkinsonianos, transtornos mentais são ainda mais recorrentes. Estima-se que a depressão, isoladamente, é a alteração não-motora mais comum na doença de Parkinson, presente em quase 50% dos pacientes. Quando não tratada, ela chega a intensificar os outros sintomas da doença, além de comprometer a capacidade cognitiva e, consequentemente, piorar a qualidade de vida. (The Michael J. Fox Foundation 2005)

Na depressão clássica, o paciente se sente culpado, chora, apresenta comportamento de desânimo, ruminação negativa, ideação punitiva e baixa autoestima. Já em pacientes de Parkinson, a depressão se manifesta de outra forma. Ela murcha o paciente. É como se a central de energia da pessoa fosse desligada. A queda de dopamina e de outros neurotransmissores no cérebro faz com que vergonha, medo, desânimo e apatia se instalem. Há também uma enorme falta de vontade de produzir. Tudo isso, muitas vezes, é visto como preguiça ou cansaço – e não como depressão.

 

4. APOIO

 

Os hábitos saudáveis são um bom começo para os pais ajudarem a saúde física e mental de seus filhos. Estes incluem: o exercício ao ar livre, jogos, dieta saudável, sono, limite de tempo para TV, tempo com os pais, elogios para o comportamento positivo e reconhecimento dos pontos fortes da criança. Cuidar de si mesmo pode ser honestamente apresentado como terapêutico.

Barbosa (s/d), baseado em Nissen (1970), o papel da família é trabalhar para tentar diminuir as tensões e aumentar o apoio para a criança ou adolescente. Isso pode envolver mudanças razoáveis e de curto prazo das demandas e responsabilidades, incluindo extensões de negociação ou outras formas de reduzir o estresse na escola, mas também pode envolver a ajuda para outras pessoas da família angustiadas.

 

 

4.1 A importância da família

 

A família e escola são fundamentais na percepção das mudanças de comportamento e precisam se unir na busca de ajuda, visando o diagnóstico precoce e tratamento adequado, aliados ao suporte e apoio afetivo, que são fundamentais para a recuperação da criança afetada.

Cruvinel e Borucho (2009) referem ser importante na recuperação de uma criança ou de um adolescente com depressão, um contexto familiar em que se vivenciem relações saudáveis entre seus membros, caracterizadas pelo suporte e pelo apoio afetivo. Sendo assim, a família assume um caráter de proteção no sentido de prevenir que seus filhos desenvolvam problemas psicológicos e, caso estes surjam, são capazes de ajudá-los na sua recuperação.

Segundo Rotondaro (2002), para que a criança tenha um desenvolvimento emocional saudável, precisa de um ambiente familiar favorável, capaz de suprir adequadamente suas necessidades básicas, entre as quais as de proteção e acolhimento. Quando isso não acontece, a criança utiliza mecanismos de defesa específicos para lidar com as dificuldades, comprometendo o desenvolvimento das estruturas de personalidade que estão se formando na infância.

 

4.2 A importância da escola 

Como as crianças ficam grande parte do tempo na escola, a instituição tem papel fundamental no diagnóstico precoce. No caso de depressão infantil, a identificação e o diagnóstico, facilitarão a adoção de programas reabilitativos e educacionais, objetivando a alteração do comportamento da criança, auxiliando-a no retorno a sua vida normal. Também auxiliarão nas constantes interações entre o observador e o observado, no caso professor aluno.

A orientação individual com crianças deve ser um processo contínuo, de interações planejadas entre o psicopedagogo, professor e a criança que precisa de ajuda para resolver um problema em particular ou um conjunto de problemas. Assim, dessa forma o professor começa desenvolvendo uma relação forte com a criança e os pais (Jeffrey, 2003).

É necessário conhecer e estar sempre atento às pessoas ou atividades a que a criança se prende mais. Estas crianças têm necessidades de se sentirem envolvidas a qualquer coisa. Quanto mais tempo se mantiverem envolvidas com alguém ou alguma coisa, mais motivadas estarão e, não será tão fácil sintonizarem pensamentos característicos ao quadro depressivo.

Uma das características mais determinantes da criança depressiva conforme Fonseca (1995), é a baixa-estima. Sendo assim, como desenvolver sua auto-estima? Quando a criança tem êxito no que faz, começa a confiar em suas capacidades. E quanto mais acredita que pode fazer, mais consegue. Em sala de aula o professor deve estimular, acariciar, aprovar, encorajar, alimentar, fazer com que a criança se sinta necessária, presente e ativa.

 

4.3 Prevenindo a depressão infantil

Saber como prevenir a depressão infantil ajuda a garantir que elas não sofram desta doença mental debilitante e dá-lhes uma base mais firme para lidar com as emoções. Embora não haja garantia de que a criança não desenvolva depressão, uma criança cujos pais ou responsáveis estão ativamente em alerta podem fazer muita coisa para controlar a doença ela caso ela surja. (Jeffrey, 2003).

O ambiente familiar saudável age diretamente no desenvolvimento emocional equilibrado, pois é necessário que possa suprir adequadamente as necessidades básicas da criança, assim como as de proteção e acolhimento.

Para tentar evitar a depressão infantil, a família pode adotar algumas práticas no cotidiano. “Desacelerar a si mesmos, no caso dos pais e familiares, e desacelerar a criança, é uma atitude que colabora para evitar problemas emocionais e físicos”, alerta Fernanda Mappa 2008.

Uma pesquisa da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia mostra também que atividades físicas ajudam a garantir mentes saudáveis na infância, mas sem excessos e cobranças por performances espetaculares. De acordo com os estudiosos, o esporte cria oportunidades para melhorar a autoestima, aumenta o convívio com outras pessoas e, de quebra, diminui o tempo dedicado às emoções negativas. Outros modos de prevenção, de acordo com especialistas, é dar atenção ao que a criança diz e sente, dedicar momentos de qualidade quando estiver com os filhos, deixá-los ter tempo livre para viver a infância. Isso significa horas livres para brincar e fazer coisas que os pequenos gostam.  Organização da rotina, um ambiente amoroso e redução de fatores que provoquem estresse também ajudam a prevenir.

 

 

 

 

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pertinente ao assunto, sabe-se que a incidência de depressão infantil tem aumentado consideravelmente. Estudos revelam que tem sido, cada vez mais cedo à concorrência de um episódio depressivo, ou seja, cada vez mais crianças menores apresentam sintomas de depressão. Os estudos mostram ainda que a criança que sofreu de depressão na infância, tem mais chances de apresentar futuras crises de depressão.

As crianças ficam deprimidas, tão freqüentemente e tão profundamente, quanto o adulto. Muitas vezes, os comportamentos da criança deprimida são confundidos e interpretados de maneira errônea pelos pais.

Corrobora-se com Cruvinel (2005) que às vezes, a criança passa a ser vista como agressiva, hiperativa, ou agitada, tímida, preguiçosa ou distraída. Outras vezes, os pais não dão a importância necessária para o problema da criança, alegando: “vai passar logo” ou “está querendo chamar a atenção”, contudo, é preciso levar a sério os sentimentos da criança, pois suas emoções são tão intensas quanto às emoções do adulto.

Além disso, esses transtornos podem afetar consideravelmente o futuro dessas crianças, também em âmbito escolar, familiar e social. Muitas das ocorrências de fracasso escolar em crianças, estão intimamente relacionadas à transtornos emocionais como a depressão. Cabem aos pais, professores, psicopedagogos observarem o comportamento das mesmas e perceber sua emoção através de alguns sinais que a própria criança apresenta, como a perda de peso, o isolamento, a irritação, entre outros.

É importante também ouvir a criança, vendo a situação sob a sua ótica e, em seguida, procurar ajudá-la a encontrar novas estratégias de resolução do problema, novas alternativas de se ver aquela mesma situação, tornando-a mais flexível cognitivamente.

 

 

 

 

 

 

 

 

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

AJURIAGUERRA, J. ; MARCELLI, D. Manual de psicopatologia infantil. Porto Alegre: Artes Médicas (1991);

 

ANDRADE, E. R.. Depressão infantil. Viver. São Paulo, 14 e 15, Mar/2000;

 

ANJOS, V. M. S. dos; FONSECA, R. C. Aspectos do relacionamento familiar que causam depressão infantil: Concepção dos psicoterapeutas que atuam na cidade de Belém Monografia de graduação. Universidade da Amazônia: Belém- PA. 2002;

 

CASTRO, A. N. As crianças que sofrem caladas. Em: Brasil Rotário. São Paulo, 20 e 21, Abril (2001);

 

ROTONDARO, D. P. (2002). Os desafios constantes de uma psicóloga no abrigo. Psicologia: Ciência e Profissão, 3, 8-13;

 

SANTOS, F. Depressão é doença e não tem cura. Em: Claudia. 2002. 11, 148 – 151.

SCIVOLETTO, S.; TARELHO, L. G. (2002). Depressão na infância e adolescência. Revista Brasileira de Medicina, 59(8), 555-557;

 

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/141362/000992358.pdf?sequence=1.

 

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/depressao-infantil-estrategias-intervencao-psicopedagogica-.htm

 

http://hoje.unisul.br/depressao-infantil-o-papel-fundamental-da-escola/

 

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572003000100008

 

Dificuldades de aprendizagem ou dificuldades de escolares. Disponível in: http: //www.psiqwed.med.br/infantil/aprendiza.html, 2005.

 

BALLONE, G. J. Médico psiquiatra, professor da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, SP: Disponível in: www.psiqueweb.med.br, 2003.

 

FONSECA, V. Educação especial. Programa de estimulação precoce, uma introdução às idéias de Feuerstein. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

 

CÂNDIDA, T. O drama da depressão infantil. Disponível in: http://saude.terra.com.br/interna/0,OI124091-EI1507,00.html, 2005.

 

CASS, H. Erva de São João: o antidepressivo natural. Tradução: Renata Cordeiro. São Paulo: Madras, 1999.