DEMARCAÇÃO II

Há pouco mais de dois meses dois pequenos agricultores foram assassinados por indígenas da Reserva do Votouro no interior do município de Faxinalziho Rio Grande do Sul. Agora, mais dois homens na zona rural de Ilhéus, sul da Bahia. Um deles pequeno agricultor, já o outro é registrado como indígena, ambos morreram devido ao conflito, entre as classes. Quando nos omitimos diante de uma tomada de decisão, e, ainda assim o negamos, também somos covardes. Somos infames! Quando a lei existe e passa a ser ignorada por magistrados, passa a ser alvo de uma grande e incontrolável falácia. Deixa de ser orgulho nacional para se tornar uma vergonha internacional. Não serão necessárias mortes, tampouco contendas que dividam classes de Índios e Agricultores. Não se pelo menos “um” dos que nos representam fizerem uso correto da lei. Claro que para isso ele deverá entender de leis, ou será que nenhum destes está habilitado para interpretá-las e fazer cumprir? Não haverá necessidade de máculas contagiando uma sociedade que clama por justiça! Justiça em inúmeras áreas. Não diria todas por não ter esse conhecimento, - embora muitos afirmem que é geral o descaso com a constituição. Essa por sua vez, quando pensada foi para dar certo. Foi para ser aplicada doa  quem doer! Não está sendo o caso. Mais uma vez se arrasta uma causa em decorrência da total ausência de civilidade. De comprometimento. Simplesmente por deixar de fazer o que deveria ser feito ignorando o problema que é de todos, que revolve sentimentos e inflama ao caos. Ao se colocar no topo de uma posição que hora é ocupada por um representante do povo, esse, esquece que não é melhor do que outro. Que não é insubstituível. Se como autoridade se esquiva para dar o veredicto , que seja substituída por quem o faça! A questão envolvendo de um lado, índios, e de outro, agricultores, é a prova de que incompetência acampa junto aos gabinetes e de lá só saem com derramamento de sangue. Sangue alheio! Sangue de gente que construiu essa nação. Que faz e continuará fazendo com que o desenvolvimento ocorra. Até quando senhores da toga? Até quando seremos vistos pelo olhar critico do resto do mundo como uma “terra de tupiniquins”? Desta forma fica evidente que nossos gestores não passam de nativos semianalfabetos incapazes de interpretar leis e de coragem para aplicá-las! Já o Índio, esse sim, toma o front e faz valer seus direitos face ao descaso de quem outorga!

José Berton

Jornalista