Sem cair no vulgar, sem interpretações tipo lugar comum:

Dia 30.06.07, por volta das onze horas, cheguei na praia de Ubatuba, em São Francisco do Sul (Imobiliária Rocha) e antes de entrar resolvi mandar um “torpedo” para Marilisa, com uma mensagem mais ou menos assim:

“Dia lindo. Ah, não se esqueça da poesia...bjs”. 

Por volta das dezenove horas, estava lavando meu carro no posto Sinuelo (BR – 101, Araquari), e resolvi dar uma ligada para Marilisa. Logo que me atendeu disse que estava sozinha em casa e aguardando a chegada de seu filho. Marilisa quis saber onde é que eu estava e respondi:

- “Estou lavando meu carro aqui em Araquari, junto a BR 101”.

Ela quis saber também se eu estava indo embora e respondi que sim, mais ou menos por volta das vinte e uma horas.  Perguntei se ela tinha recebido minha mensagem de manhã e ela meio que “perdida” foi dizendo que sim, inclusive, que pensou em me responder, me ligar... Pensei: “Falta decisão, falta energia. Mas por que ela teria essa dificuldade de responder, de retornar?  Acabei lembrando da minha falecida ‘Tia Lúcia’ que uma vez em vida me confidenciou que jamais tinha amado alguém durante toda a sua vida e o que ela mais queria era que as pessoas apenas gostassem dela, por isso fazia de tudo para agradar quem realmente gostava... Será que Marilisa seria assim?” Chegamos a conversar por meio do celular por mais de meia hora. No início ela foi dizendo que precisava conversar comigo, mas que não gostaria de falar sobre coisas pessoais por meio de telefone, tinha que ser pessoalmente. Eu insisti que ela conversasse mais um pouco:

- “Eu espero que tu não me interpretes mal por ontem. Certo?” (Marilisa); 

- “Interpretar mal por quê? Por favor Marilisa!”

- “Eu quero continuar a conversar contigo, mas espero que tu não me interpretes mal,, só isso!” (Marilisa); 

- “Eu também espero que tu não me interpretes mal por causa de ontem. Mas eu acho que pensar nesse sentido seria muita pobreza de espírito, seria um retrocesso muito grande de nossa parte.”

- “Ai que bom saber disso, eu fiquei preocupada!” (Marilisa); 

- “Tudo bem, tudo bem, mas como eu te disse ontem à noite,  eu prefiro a Marilisa outra... Tu sabes que no mundo convencional existem muitos julgamentos, cobranças, as coisas são todas convencionadas. Então, se eu disser que te amo, que gosto de ti, que te desejo, que te quero, que..., cada coisa tem o seu devido valor, a sua destinação, o seu grau de importância. Mas no mundo quântico tudo é energia, quem ama também gosta, quem gosta também deseja, quem deseja quer, quem quer cuida...e tudo isso é possível, sem amarras”.

Marilisa interrompeu:

- “Ah, eu tenho que conhecer mais esse teu mundo quântico. É que tu és um estudioso...”.

Interrompi:

- “Não é bem assim, Marilisa. É claro que a gente precisa crescer, podemos fazer isso juntos, com as pessoas certas, é claro que todos nós precisamos evoluir sempre, mas nada impede de também convivamos de forma natural. É preciso que haja cumplicidade entre a gente, essa é uma das condições para que possamos nos entender...”.

Marilisa interrompeu: 

- “Mas eu espero que tu não me interpretes mal por ontem à noite, só isso!” 

Interrompi:

“Ah, por favor, e você também não me interprete mal. Eu falei em cumplicidade para poder haver entendimento, união de forças, isso quer dizer confiança, lealdade, precisamos ser verdadeiros...”. 

Marilisa continuou:

- “Isso, confiança! Eu gosto de estar contigo, não quero perder nosso contato”.

Interrompi:

- “Sim, mas mesmo que hoje seja a última vez que a gente converse, tu sabes quem tu és para mim”.

Marilisa:

- “Ah, que bom, como é bom ouvir isso!”

- Novamente foquei a dificuldade de conversar de interior para interior com ela, muito embora achasse que a minha expectativa era muito grande, enquanto Marilisa possuía todo o seu universo, as suas amarras, sua família...  Mas até aquele ponto meus sentimentos eram num sentido de amizade pura no campo convencional, e uma ligação infinita no campo metafísico. Nesse sentido, argumentei:

- “Bom, tu sabes que podes contar comigo...”.

O ato de segurar as mãos, fortíssimo:

Depois de conversamos, repisarmos assuntos que já tínhamos tratado na noite anterior, acabei propondo para ela segurar as minhas mãos novamente, só que agora num sentido “telepático”, ela imaginando nosso gesto de ontem à noite à distância. Marilisa do outro lado confirmou que estava sentindo minhas mãos segurando as suas. Continuamos a conversar:

- “Estais ainda segurando as minhas mãos, estais sentindo...?”

Marilisa do outro lado:

- “Sim, estou. Está quente. Estais sentindo o calor?”

Continuamos a conversar sobre nossos sentimentos, sobre encontros e desencontros e a certa altura eu disse para ela que iria largar suas mãos e dessa vez ela deu a entender que ainda estava segurando, que queria mais... Fiquei feliz ao perceber seu gesto, porque era a minha vontade.  Novamente falei de poesia, recomendei que ela percebesse os gestos, as atitudes... tudo, e que isso fosse feito com carinho, amor... 

Afinando a sensibilidade:

No final da conversa pedi que ela fizesse alguma ‘poesia’ e ela ficou meio que perdida. Lembrei da “portaria” (da sindicância que me pediu auxílio...) e ela do outro lado aos risos disse:

- “Faz tu uma poesia!”

Aproveitei para falar da lua cheia e linda que estava fazendo naquela noite estrelada e que me inspirou ligar. Falei que da lua possui os dois lados, o claro que queremos sempre olhar e perceber e o obscuro distante... Todos nós temos nossos “lados”, uns poucos e outros mais. Conclui dizendo que era muito importante que mantivéssemos sempre nosso lado bonito iluminado. Marilisa foi para fora da sua casa em busca da lua e me deu a notícia:

- “Não achei. Onde é que ela está? Não estou achando?”

Argumentei:

- “Bom, então da tua casa não se vê, mas procure que você acha, ela está linda...”. 

No final, acabamos terminando a conversa, com beijos  e aquela despedida de sempre, como quem não iria a lugar algum. Pensei: “Puxa, acho que vou ter que mudar, devo estar pressionando, mandando ‘torpedos’, telefonemas... e agora ela pedindo que não a interprete mal.  Então é preciso deixá-la respirar, meditar, pensar...  Além do mais, não sabia se iríamos terminar naquele nosso estágio, pois como ela própria disse outro dia, teríamos mais viagens juntos. Só que eu não saberia dizer se tudo seria como antes, pois o sentimento era  forte suficiente, poderoso... e daí ela poderia saber fazer o devido uso, sem que a gente nunca se perdesse”.