Os Delegados “amigões”   de Leonel Pavan, a bola da vez:

Dia 07.08.07,  logo que cheguei na DRP de Balneário Camboriu, fui direto para o Gabinete de Gilberto e repassei o anteprojeto de criação do “Fundo de Aposentadoria dos Policiais Civis”. Gilberto com seu “ar” misto de ingenuidade e de quem parecia “morto” disse que iria mandar uma cópia para a Delegada Sonéa da Adpesc. Argumentei que se fosse esse o encaminhamento eu já teria tomado a iniciativa e que o seu desafio era reunir os Delegados da sua região e se juntar ao pessoal da Delegacia Regional de Itajaí, marcar um encontro com o Vice-Governador Leonel Pavan e pedir apoio ao nosso anteprojeto já que ele seria o futuro governador do Estado. Lembrei que os Delegados Maurício Eskudlark, Ademir Serafim, Magali, Renato Ribas, dentre outras tinham acesso ao Vice-Governador. Gilberto deixou escapar um “ah” de quem dava sinais que tinha entendido a mensagem.  Insisti para que ele tomasse a iniciativa de conversar com o pessoal, com o Delegado-Geral Maurício que foi o seu antecessor na DRP de Balneário Camboriú e que o colocou como seu sucessor.  Depois, pensei comigo: “Só o tempo dirá se vai fazer alguma coisa, ou se é só jogo de cena?”

O Delegado Gilberto Cervi e Silva e o poder absoluto:

Depois lembrei de um outro projeto que defendi tempos atrás, cuja idéia era se criar o “Colégio dos Delegados Regionais”, uma espécie de “Conselho Superior da Delegacia-Geral” para assuntos institucionais, diferente do “Conselho Superior da Polícia Civil” que seria destinado para deliberar sobre  direitos, deveres, regime disciplinar dos servidores policiais. Também, tinha conversado com outros Delegados Regionais, dentre os quais Darolt (Blumenau), Dirceu Silveira (Joinville), Sílvio Gomes (Itajaí), Jurema (Jaraguá do Sul)... sobre a necessidade do Delegado-Geral ter um colegiado de peso para deliberar sobre assuntos e projetos de interesse institucional, porém, até aquele momento ficou só no discurso, ninguém mexeu uma palha. Aliás,  fiquei esperando uma resposta ou iniciativa do Delegado Regional Gilberto para que tomasse a dianteira desse projeto, que marcasse o primeiro encontro na sua cidade para constituir uma comissão..., mas nada, absolutamente nada fez! Depois conversei com alguns dos Delegados Regionais e ouvi que ninguém queria tomar essa iniciativa porque o Delegado-Geral Maurício Eskudlark poderia não gostar e achar que se tratava de uma conspiração para derrubá-lo, sem contar o fato que poder não se divide, quanto mais absoluto melhor...

O irmão da Delegada Marilisa:

Por volta das dezesseis horas, já tinha combinado com o Agente “Zico” para me levar à Joinville onde iria me encontrar com a Delegada Marilisa. O objetivo era lhe repassar o nosso  “anteprojeto” e as instruções para  que  em seguida pudesse ir no jantar do Delegado Zulmar e repassar o material  a todos os Delegados presentes para que tomassem ciência do assunto. Fiquei imaginando que Zulmar já deveria estar se preparando para a campanha eleitoral do ano seguinte à Câmara de Vereadores, daí...  Quando menos esperava recebi uma ligação de Marilisa que com a voz tensa, foi avisando:

- “Oi, Felipe, é a Mari. Estais em audiência? ...Olha, lamentavelmente eu não poderei me encontrar contigo hoje à noite. Surgiu um problema. É o meu irmão...”.

Engoli em seco, pois ela conversava comigo como se eu tivesse conhecimento que ela tinha um irmão com problemas... Procurei dar um desconto daqueles, e fiz de conta que já sabia disso a “trocentos” anos. Marilisa foi relatando  coisas meio perdidas, mas que acabavam se encaixando:

- “...Ah, esse meu irmão, mas ele é muito orgulhoso, sabe como é... Sempre dando problemas, mas não quer ajuda. Eu vou ter que ir lá resolver o problema com os filhos dele, tem a menina, tem o menino... A mãe ficou nervosa... Sabes como é problema de família. E, eu não vou ter como ir ao nosso encontro, tu me desculpes...”.

Interrompi:

- “Que é isso? Já estou orando por ti, não tem problema, não!  Mas vai me colocando na tua agenda. Tenho lugar nessa tua agenda?”

Marilisa:

- “Que é isso, claro que tem!”

Interrompi:

- “Mas eu estou notando pelo tom da tua voz que tu não estais nada bem”.

Procurei descontrair um pouco porque senti que ela estava bastante nervosa, era uma outra “Marilisa”, bem diferente daquela pessoa irreverente...  e acabamos nos despedindo daquele jeito.  Cancelei a viagem a Joinville.

O reencontro com o Delegado Regional Sílvio Gomes:

Por volta das dezessete e trinta cheguei na DRP de Itajaí para ouvir do Delegado Carlos Quilante. Antes, porém, fui até o gabinete de Sílvio Gomes para reiterar a estratégia do “anteprojeto” e medir a pressão. Conversei um pouco com o DRP e lembrei que tínhamos que conduzir as tratativas de maneira bem discreta, além de levar em conta que existiam muitos pedidos de aposentadoria represados. Com isso, muita gente vai pedir a suspensão de seus processos quando soubesse do nosso projeto. Sílvio concordou que deveria haver um encaminhamento inteligente. Lembrei que o projeto da PM foi aprovado em silêncio, sem qualquer alarde, via Palácio do Governo e que se nós não tomássemos cuidados corria sérios riscos de  virar manchete nos jornais.  Recomendei novamente que ele entrasse em contato com o DRP de Camboriú Gilberto e acertasse um encontro com o Vice Governador Pavan.

Bons samaritanos e os “bons fluídos”:

Mais tarde, quando terminei a ouvida do  Delegado Carlos Quilante, aproveitei para estabelecer uma conversação com ele e mais  o Delegado Antonio Carlos Gomes, especialmente, repassando  as informações sobre o nosso “anteprojeto”, deixando cópia gravada no computador para que eles divulgassem e “fizessem pressão” sob o DRP, outros Delegados e políticos daquela região. Quilante revelou que o Delegado Renato Ribas era bastante ligado ao Prefeito Jandir Belini...  Deixei também gravado cópia da “Emenda Constitucional” que previa a criação da “Procuradoria-Geral de Polícia”. Argumentei que a nossa grande prioridade era esse projeto maior... Depois chegou o Delegado Celso e, também, repassei as mesmas informações...

À noite fiquei pensando em Marilisa e me deu vontade de ligar, porém, achei melhor esperar em razão dos seus problemas pessoais. Fui até o Shopping Atlântida em Balneário Camboriú, justamente  naquele mesmo lugar onde encontrei ela junto com Patrícia Angélica bebendo chopp e comendo polenta, fritas e frango. Fiz o mesmo, fui até o balcão e pedi aquelas “frituras”, regada a chopp, enquanto ouvia um violonista. Aproveitei o momento para relaxar e lamentar o nosso encontro frustrado. O que poderia  ter acontecido com seu irmão problemático?  Recordei da sua voz estava tensa ao telefone, parecia que lamentava não poder se encontrar, mas era imperativo o que tinha quje fazer...  Restava botar fé na sua explicação que o problema era mesmo familiar, até porque ela deu a impressão que não queria encerrar nossa ligação, queria que durasse mais, um pouco de atenção, carinho... Aliás isso foi uma das coisas marcantes na sua mudança de comportamento  nos últimos dias, parecia que caiu mais na real a respeito da grandeza de nossos sentimentos. Também lamentei porque ela disse que seu irmão era muito orgulhoso e, então pensei: “Mas ela também é, isso é genético.  Dá a impressão que não quer dar o braço a torcer, às vezes nem quer ligar...”, muito menos responder um “torpedo”, escrever alguma coisa alegre, uma poesia, uma mensagem de amizade... Sim, isso só deveria ser orgulho ou ao fato de ter um namorado e nossa relação poderia ser mal interpretada...”.  Acabei pensando mais: “Bom, ela sabe que eu estou próximo, talvez amanhã  vai me ligar para dizer que está com saudades, quer conversar comigo ou, então, o que seria mais provável,  mergulhará no seu cotidiano, esquecerá tudo isso e irá retomar  seu momento diário, voltada à família, filhos, namorado...”.  De qualquer maneira aquilo tinha o seu peso, era um sentimento  forte no seu imaginário, na sua visão de mundo, essas pessoas eram muito importantes e não caberia a mim intervir,apenas desejar bons fluídos a todos e que tudo terminasse bem.  No mais,  o jeito era dispensar  comentários, tinha que  esperar o amanhã, depois e quem sabe, a sexta-feira chegar, pois poderia ser que ela aparecesse na audiência da policial Eliste Quirino que atuava na Dpcami de Joinville, cujo interrogatório ocorreria na  “DRP”.