O fator Leonel Pavan e o "anteprojeto":

Dia 24.07.07, por volta das dezesseis horas, o policial “Zico” veio até minha sala  quase para se desculpar que não  poderia viajar naquela semana para a cidade de Chapecó, juntamente comigo e a policial Patrícia Angélica. Também, argumentou que a crise na Polícia Civil não era só culpa dos Delegados, isto sim, de todos os policiais civis e que eu tinha razão.  Depois “Zico” confidenciou que conversou com um policial civil que trabalhava na Delegacia-Geral e o mesmo revelou que o Delegado-Geral Maurício Eskudlark não duraria mais um mês no cargo, chegando a mencionar que o Delegado Ilson  Silva estaria querendo a sua cabeça. Argumentei que era bem possível, pois Maurício era de um partido e o Secretário Ronaldão (Benedet) era de outro, e que o Delegado Ilson Silva seria muito ligado ao SSP.

Por volta das dezoito e trinta horas percebi que havia uma ligação de Marilisa no meu celular e resolvi dar o retorno.  Ela estava um “docinho” e me atendeu com alegria e disposição. Foi uma conversa daquelas que parecia que ninguém desejava terminar e ela fez um relato sobre  a “maquininha” que usou para lixar a parede do quarto do seu filho, com a ajuda do seu pai e que o trabalho ficou ótimo.  Jogamos conversa fora, falamos sobre o “Marquinhos” e que ele teria dito que ela era uma... Marilisa ficou indignada porque nem o conhecia, mas eu amenizei dizendo que de agora em diante eles eram super  amigos. Falei alguma coisa do meu empregado no sítio em São Francisco (tinha comentado na viagem até Itajaí para ela e o Delegado Alves...).  Marilisa contou que passou o final de semana com as tias em Jaraguá do Sul, depois foi até Itajaí... No final, lançamos  beijos de despedida e ela foi cuidar da jantar porque sua filha estava se aprontando para ir dançar. Marilisa disse que pretendia ir junto, mas sua amiga e companhia que era advogada estava com compromissos. Lamentei e desejei que ela fosse se divertir. Foi só isso e nos despedimos.

Dia 26.07.07, estava viajando à tarde em direção à Chapecó e numa conversa com a policial Patrícia Angélica (que ainda estava me secretariando) e ela me confidenciou que numa das viagens Marilisa havia dito  que tem um namorado e que não casou com ele ainda por causa dos filhos, pois temia uma reação contra ou em respeito aos mesmos. Marilisa ainda tinha comentado que sofreu muito na mão do seu ex-marido. Argumentei que tinha conhecimento que Marilisa tinha um namorado (Ciro) e que só faltava os dois morarem juntos e que isso seria muito bom se acontecesse...

Dia 03.08.07, estava em Balneário Camboriú e entreguei para o Delegado Regional Gilberto Cervi Silva cópia da Lei Complementar 378/2007 que criou o “Fundo de Garantia dos Policiais Civis”, argumentando que precisávamos fazer alguma coisa.  Depois segui para a DRP de Itajaí, onde conversei com o Delegado Regional Sílvio Gomes. Também entreguei cópia da LC 378/2007 e Sílvio pareceu ter ficado  bastante eufórico com esse projeto. O Delegado Ivo Otho Klein que estava presente também ficou impressionado com a conquista  dos PMs e como aprovaram a matéria na surdina. Pedi a Silvio que fizessem alguma coisa, se mobilizassem, conversassem com lideranças políticas locais, procurassem o Vice-Governador Leonel Pavan que era da região. Sílvio disse que tinha bom contato  com o Deputado Blasi e que conversaria também com o Delegado Renato Ribas, este bem relacionado politicamente.  Sílvio pediu ainda que  apresentasse o  anteprojeto com uma justificativa. Argumentei que ele primeiro conversasse com os seus contatos políticos e que se tivesse sinal verde imediatamente  eu lhe entregaria o nosso anteprojeto completo.

Por volta das dezesseis horas, estava ainda na DRP de Balneário Camboriú e fui até o Gabinete do Delegado Gilberto Cervi e Silva que estava reunido com todos os Delegados da Região discutindo “Termos Circunstanciados”. Ao entrar na sua sala encontrei vários Delegados, mas nem cheguei a cumprimentar a todos,  imaginei que Gilberto já tivesse repassado para eles  a legislação da Polícia Militar que criou o  “Fundo de Aposentadoria dos PMs”.

Por volta das dezesseis horas e trinta minutos, estava retornando para Florianópolis e resolvi parar no “Café do Fritz” (BR 101 -  em Frente à Polícia Rodoviária Federal de Itapema). Para minha surpresa recebi um telefonema do DRP Sílvio Gomes:

- “Doutor, o senhor não imagina como temos força, não imagina o que podemos fazer. O senhor pode fazer aquele documento e me repassar que nós vamos nos reunir aqui...?”

Argumentei:

- “Sílvio, pode deixar comigo, na segunda-feira estarei aí em Itajaí pessoalmente e te entrego o material”.

O Delegado Regional de Itajaí parecia  surpreso com minha resposta e aproveitei para agradecer praticidade, rapidez e solicitude imaginando que todos os contatos políticos foram feitos.

Depois de encerrada a ligação, permaneci sentado numa das mesas no interior do café  comendo uma fatia de torta de requeijão  e acabei lembrando daquela  tarde, quando eu e Marilisa paramos naquele mesmo local e fizemos o mesmo. Não  pude resistir, mandei um  “torpedinho” para ela, com o seguinte recado: “Ué, onde é q. tu andas?”

Por volta das dezoito horas, quando já estava chegando na Corregedoria,  de retorno de mais uma viagem, recebi um telefonema via celular de Marilisa. Pedi alguns minutos que já retornaria a ligação. Logo que cheguei na minha sala  liguei para Marilisa e conversamos longamente. Ela  se mostrava bem diferente, dava a nítida impressão que estava com saudades, feliz por falar comigo e foi fazendo revelações quentes:

- “Ontem sonhei contigo...!”.

Meio sem jeito, achando que se tratava de uma provocação, repliquei:

- “Espero que tenha sido um sonho bom...”.

Marilisa começou a justificar o sonho, mas eu cortei a sua narrativa e acabei perdendo os motivos, mas nem queria saber... Perguntei se  iria para Concórdia e ela explicou que talvez fosse com a sua mãe para a casa da sua irmã. Disse que na outra semana estaria por lá. Também, comentei  que se ela fosse para o oeste não precisaria participar da audiência na sexta-feira da semana seguinte, quando a policial Elisete Quirino seria interrogada.  Conversamos mais um pouco e dava a impressão que Marilisa queria se prolongar, precisava de mais atenção, como se sentisse abandonada,  faltasse de gente para interagir  e eu estava ali me deixando consumir  com suas carências e ao mesmo tempo retribuía seu gesto bonito, me empapuçando com as suas boas energias. Acabei por tomar a iniciativa e encerrei a conversa avisando que na próxima semana  estaria em Joinville.  Revelei  também que tinha algo muito importante para conversar... (era sobre o anteprojeto que pretendia criar o “fundo de aposentadoria para dos policiais civis). Logo depois, em agradecimento pelo seu carinho, resolvi mandar um outro “torpedinho”:  “Mari, te quero muitíssimo bem...!”

Dia 06.08.07,  consegui concluir o anteprojeto de lei sobre o fundo de aposentadoria   e repassei primeiramente uma cópia para o Delegado Nilton Andrade, Corregedor Policial Civil e meu vizinho de sala na Corregedoria. Fizemos uma revisão a quatro mãos. Revelei que na parte da tarde teria que sair para articular a proposta...

Leonel Pavan, o próximo governador?

Por volta das dezessete horas passei na DRP de Itajaí e fui direto para o gabinete do Delegado Sílvio Gomes que pareceu surpreso ao me rever. Na verdade fui cumprir com minha promessa e fazer a entrega do anteprojeto.  Ao deixar o local conversei um pouco com o Delegado Ivo Otto Klein que disse que já estava por dentro do assunto, pois conversaram na sexta-feira com Renato Ribas e ficaram muito entusiasmados. No pouco momento que consegui estabelecer uma conversação com o Delegado Regional Sílvio Gomes, argumentei:

- “Bom, o momento é para vocês se reunir aqui e se juntar ao pessoal de Balneário Camboriú, marcar um encontro com o Vice-Governador Pavan que vai ser o próximo governador...”.

Acabei deixando o prédio sem me despedir de Sílvio. À noite, estava em São Francisco do Sul, e por volta das vinte uma horas, liguei para o celular de Marilisa que atendeu prontamente, demonstrando felicidade  com minha presença. Novamente senti que ela estava muito próxima, talvez como nunca antes... Marilisa revelou que tinha assistido um filme na parte da tarde e lembrou de mim... (esqueci o título...). Fiquei feliz porque  pareceu que me fiz importante na sua vida, fazia parte do seu  interior convencional. Em silêncio fiquei pensando: “Pelo menos, deixei de encarnar a figura do ‘Corregedor’ para se transformar num amigo verdadeiro e confiável, mais que formal. Acho que ela começou a cair na real, a entender que nossa ligação era muito forte, que poderia realmente contar comigo, que tínhamos um elo especial por meio da nossa amizade que se fortalecia e criava vínculos, que existia algo muito profundo que nos tornava  próximos e que poderia contar sempre comigo”. Comentei que estava lendo uma revista de pesquisa científica sobre “códigos da memória”. Ela revelou  que se dependesse da sua memória  estaria “baleada”.  Marilisa fez uma colocação  interessante que fortaleceu ainda mais meu senso, isso quando a convidei para no dia seguinte tomarmos um café juntos no Supermercado Angeloni de Joinville:

- “Claro que aceito, não dá para deixar as oportunidades passarem assim. Dizem que se o cavalo está encilhado a gente tem que montar, não é? Eu não quero deixar isso passar...”.

O anteprojeto:

Procurei não perder os detalhes, me fixei em captar sua mensagem sublimada, sem esforço para querer argumentar o que estava ouvindo porque sentia muito  e decisivo, apesar da superação do marco  “07.07.07”, mas nada poderia obstar que fôssemos aos confins do mundo convencional.  Marilisa relatou  que no dia seguinte iria um jantar na casa de Zulmar Valverde, onde vários Delegados se reuniriam para confraternizar e falar de política e polícia. Argumentei que seria uma ótima oportunidade para lhe repassar um anteprojeto de lei para que o pessoal tomasse conhecimento, sem citar nomes. Ainda brinquei dizendo para ela não dar a fonte. Marilisa acabou dizendo que diria que pegou na Internet e que o Delegado Nilvaldo de Anita Garibaldi lhe postou. Acabamos concordando com direito a boas risadas. Marilisa ainda comentou  que mais tarde teria que dar uma saída com sua filha para resolver um problema e acabamos nos despedindo, sem que ela fizesse muita força. Depois fiquei pensando que no nosso mundo convencional poderíamos tratar de projetos institucionais, mas menos questões existenciais, dimensão quântica, amizade estelar, poesia, cântico, diálogos com o vento imaginário, mas que seja assim, que seja bom também porque não se pode dar aquilo que não se tem...