Delelgado Marcucci na belinda:

Dia 19.08.07, por volta das 14:00 horas, cheguei no 7º Batalhão de Joinville a fim de ouvir o Delegado Marcucci que estava preso por determinação da Justiça. Antes já tinha recebido dois telefonemas da policial Elizete Querino solicitando  que fizesse contato com a Polícia Militar de Joinville a fim de que a “testemunha” fosse encaminhada até a Câmara de Vereadores de Joinville, cujo procedimento já havia sido pela Justiça, com direito a participar das sessões. No entanto, conversei com Sargento Ribeiro que disse que a ordem judicial era para que o Delegado Marcucci fosse ouvido no 7º BPM. Procurei não questionar a ordem e me dirigi diretamente para o local, onde encontrei Marcucci junto a guarida.  Notei que ele estava vestido esportivamente, com uma jaqueta de coro. Parecia mais animado, a barba por fazer... Lembrei da entrevista da noite anterior com o Deputado Kennedy Nunes que assisti pela televisão (Canal da Câmara de Joinville). Logo que estabelecemos as conversações iniciais Marcucci foi lamentando:

- “Pois é, não quiseram me liberar para ser ouvido lá na Câmara de Vereadores, que bobagem, fazem isso só...”. 

Interrompi:

- “Não vejo problema algum, mas a autorização judicial foi para que tu fosses ouvido aqui, então vai ser aqui...”. 

Expliquei para Marcucci que ele era apenas testemunha no procedimento. Logo que terminei a sua inquirição, Marcucci me perguntou se eu havia recebido a sua defesa no seu processo disciplinar e a resposta foi negativa, até então não tinha recebido nada. Ele insistiu que mandou, por meio do seu advogado, dentro do prazo e pediu a ouvida de dois Juízes de Direiro de Joinville (um deles o Marcos Buck e Roberge), mais um Promotor de Justiça, e dos Delegados Ricardo Thomé e Márcio Colatto. Fiquei surpreso com a sua decisão, pois já estava com meu relatório de instrução prontinho e teria que enfrentar a ouvida das testemunhas de defesa. Marcucci me perguntou se eu ouviria essas testemunhas até no máximo no próximo mês. Respondi que seria rápido e que faria o possível para ver se agendava essas oitivas.  Marcucci  lamentou que dias atrás foi publicado na imprensa de Joinville uma matéria de página inteira criticando o governo porque ele ainda não havia sido demitido e que estaria recebendo seus vencimentos de Delegado sem trabalhar.  Concordei e lamentei a existência da “mídia marrom”, quase sempre omissa, do quanto mais caos melhor, que procura faturar em cima dos “mitos” que ela mesmo cria e depois servem como “bodes-expiatórios”, para execrações públicas exemplares.... Marcucci revelou que seu processo disciplinar com pedido de demissão encontra-se na “Casa Civil”, com parecer favorável...  Como já sabia do fato não me surpreendi e ele me perguntou com certa dose de humildade:

- “A qualquer momento pode sair esse meu ato, o que tu achas que eu tenho que fazer? Devo aguardar a publicação?”

Respondi que ele poderia “mexer” politicamente... e fui interrompido:

- “Mas como ‘mexer politicamente’, já está tudo lá com o governador...”.

Interrompi:

- “Bom, você poderia juntar novas provas, faz uma petição, pugnar pela a anulação desde a fase de alegações finais, poderá solicitar que o procedimento retorne à fase de instrução, conversa com o teu advogado, é um direito teu... Podes representar por uma nova comissão processante caso tenha alguma restrição a um dos membros, são muitas hipóteses, mas isso teria que ser tratado com o teu advogado...”.

Marcucci deu a impressão que teve um momento de relampejo,  um respiro de esperança, seus olhos brilharam e eu aproveitei apenas para completar:

- “Por exemplo, esse teu processo disciplinar que estou presidindo é bem provável que vai gerar uma absolvição. Eu já conversei com a Marilisa e o Alves e eles estão de acordo pelo o que foi apurado na instrução. Então, logo que sair a decisão você pode pegar cópia para fundamentar a tua petição nesse outro processo, cada comissão é independente, aquela trabalhou cumprindo desígnios de uma direção, esta não...”. 

Depois desse alento para um Delegado que agonizava, mais um que caiu em desgraça, não tinha cacife e padrinho político para estancar o “rios de maldades”..., deixei o local percebendo que um veículo da Câmara de Vereadores já o aguardava para  conduzir o Delegado Marcucci até o legislativo municipal.  Durante meu trajeto relembrei que o Delegado Marcucci era mais uma vítima do “sistema”, assim como foram os Delegados Brasiliano, Sérgio Lélio Monteiro, Alcino Silva, Carlos Heinemberger..., antes, nos bons tempos de governo ou de ventos calmos, eram tratados como “mitos”, depois caíram em desgraça... Se houvesse hierarquia, inexistência de ingestão política e apadrinhamentos, um serviço de inteligência correcional preventivo e de orientação e controles inteligentes, regulares e permanentes, nada disso teria ocorrido..., a quem interessa manter os atrasos institucionais, até quando? Acredito que se  baixasse o espírito de “barbarella” talvez eu pudesse  mudar o “reino de Haporema”, mas Marilisa apesar de encarnar esse figura quase que mitológica sequer chegou próximo do nosso “Portal Estelar”, como então poderíamos mudar essa realidade? A seguir pensei no Delegado José Alves, aficionado pelo escritor Sidney Sheldon, por onde andaria, será que realmente pediria sua aposentadoria?