Um espírito “presente”: 

No dia 26.11.07, por volta das dezesseis horas, estava na minha sala na Corregedoria da Polícia Civil quando chegou o Delegado aposentado Ademar Rezende. Primeiramente cumprimentou o Delegado Nilton Andrade e depois, como já era seu costume, veio bater um papo comigo e dizer que pegou uma gripe de matar, justamente após tomar a tal “vacina”. Ademar Rezende relatou que durante dez anos nunca havia pegado uma gripe, seguindo um conselho de um amigo que mandou adoçar o café sempre com mel, dito e feito..., mas agora que resolveu tomar a tal vacina... A seguir comentei sobre a situação dos vencimentos dos Delegados no Estado do Paraná e a experiente visita arrematou:

- “Felipe, eu, você e o Lênio, nós ainda conseguimos adquirir os nossos bens, está tudo pago, não devemos nada, então podemos ainda ter uma vida tranquila. Eu acho que você também está na mesma situação, não é? Mas eu tenho pena desse pessoal aí que está endividado, não conseguiu adquirir nada, coitados, vão levar uns dez anos...”.

Interrompi:

- “Sei, imagina, o pessoal que tem pensão para pagar, empréstimos, outros que são tipo ‘joão de barro’...”.

Ademar controlou uma risada enquanto no meu caso procurei não declinari nomes. Acabamos fazendo críticas à assembleia dos Delegados em Chapecó junto com uma reunião de serviço da cúpula da instituição. Ademar foi ácido, dizendo que era inadmissível que se confundissem as coisas, ou seja, que misturassem interesses da Adpesc com assuntos da alçada da direção da Polícia Civil, lembrando que muitos Delegados novos tinham medos de represálias..., e com a presença da cúpula certamente que iriam se  acovardar. Concordei e passei a relatar a situação das Delegacias Regionais, considerando que durante minhas viagens pelo interior do Estado, quando frequentei a maioria das DRPs,  dificilmente encontrava os titulares em seus gabinetes. Citei o caso da Delegada Jurema de Jaraguá do Sul que estava sempre na DPCo de Guaramirim e deixava os serviços por conta dos policiais subalternos ou terceirizados que trabalham no órgão. Depois, citei também os casos de Canoinhas, Campos Novos, Videira e Chapecó. Ademar Rezende não escondeu a sua perplexidade e lancei uma pergunta:

- “Bom, só tem um Delegado Regional que faça chuva faça sol está lá sentado despachando, adivinha quem é, adivinha?”

Ademar respondeu na tampa, demonstrando que sua mente continuava atenta e afiada:

- “Sei, é o Dirceu lá em Joinville”.

Confirmei:

- “É um dos poucos. Olha, Ademar, eu não estou falando mal dos outros Delegados, nada disso, é que eles estão acumulando funções, não há Delegados suficientes e eles têm que se desdobrar para responder pelas Delegacias de Comarcas, ‘Dics’...”.  

A presença da queridíssima Delegada Ana Maria Rothsahl Botelho: 

A certa altura da nossa conversa a Delegada Ana Maria Rothsahl Botelho e começou a me sondar sobre a lei de promoções e se poderia ser utilizado uma “procuração” para escolha de vagas.  Argumentei a ela sobre a importância de termos uma “emenda constitucional” urgente como única saída até o final daquele governo para aperfeiçoar a lei especial de promoções... Ana concordou, mas não deixou externar qualquer entusiasmo como meus comentários, dando a impressão que não era exatamente isso que queria ouvir, evidente que tudo tinha haver com sua maneira de ser, uma pessoa doce, acessível, querida... Depois, Ana relatou que estava entrando em licença-prêmio e depois iria finalmente requerer a sua aposentadoria...

Encaminhamento de propostas para Khristian Celly: 

Por volta das dezesseis horas mandei um e-mail para a Investigador “Khristian (Celly), secretária do Conselho Superior da Polícia Civil, justificando minha ausência na próxima reunião do dia vinte e nove (quinta-feira), já que estaria na cidade de Joinville presidindo processo disciplinar. Também mandei três arquivos “atachados”. Um deles com a parte histórica da Polícia Civil que foi publicada no novo “site” da instituição, onde encontrei alguns erros. Procurei comentar os principais “consertos” que realizei, fazendo as justificativas... O segundo arquivo era uma proposta de substituição do texto histórico apresentado com um histórico da Polícia Civil com as alterações necessárias. E, o terceiro arquivo, era um histórico da “Delegacia-Geral”, desde a criação do primeiro órgão – a começar pela antiga Delegacia Auxiliar.  Pedi para Khristian que na reunião do Conselho ela desse conhecimento da minha proposta ao Delegado-Geral Maurício Eskudlark e ao Delegado Ademir Serafim, a fim de que fossem providenciadas as alterações no site.

No dia 27.11.07, por volta das dezoito horas percebi que havia uma ligação não atendida da Marilisa, que teria me ligado no horário das dezesseis horas e quarenta e sete minutos. Resolvi mandar uma mensagem com o seguinte conteúdo: “Fala coisa + qrrida... Não pude te atender...”. Depois de uns trinta minutos liguei para seu celular, mas estava fora de área. Não insisti.

Por volta das dezenove horas verifiquei que havia um retorno de “Khristian” (Celly), do Conselho Superior, com uma frase direta: “Deixa comigo...”.  Ela quis dizer que tomaria todas as providências para que o assunto chegasse ao conhecimento do Conselho Superior.

Conselhos para Patrícia Angélica:

Era dia 28.11.07 e por volta das nove horas enquanto viajava com a policial Patrícia Angélica de Florianópolis em direção à Joinville ouvi ela comentar que estaria na fase final da venda do seu apartamento o que me levou a intuir que finalmente iríamos ter um pouco de paz com os inúmeros telefonemas de corretores de imóveis... Recomendei que Patrícia Angélica usasse o dinheiro da venda do apartamento para fazer alguma aplicação na Bovespa (ações da Telebrás) e aplicar outra parte em fundos de investimentos. Também, sugeri que ela priorizasse seu futuro profissional concluindo seu curso de Direito. Em concluindo, recomendei que ela levasse a sério seu namoro com “Renato”, já que o mesmo – segundo ela - tinha lhe feito proposta de casamento. Patrícia Angélica revelou mais uma vez que não estava muito segura sobre esse pedido... Reiterei que ela fosse mais discreta com o policial “Zico”, em se tratando de fazer confidências, se expor... já que “Zico” era uma pessoa vulnerável e que possuía sérios problemas financeiros, o que acabaria se refletindo no campo profissional....

Lados angelicais e virtuosos de Marilisa? 

Já por volta das nove horas e trinta e cinco minutos, estava tomando um café no Posto de Gasolina Ferreti, às margens da BR 101, em Itajubá (próximo do Hotel Anthurim) – Barra Velha, quando resolvi ligar para Marilisa. Ela atendeu prontamente, e conversamos fraterna e amavelmente. Marilisa foi logo perguntando se não tínhamos audiência em seguida e acabei confirmando ao mesmo tempo que reclamei que ela não atendeu minhas ligações. Marilisa comentou que no dia anterior estava numa fila do Supermercado Angeloni que estava superlotado de clientes por todos os lados e ela “bufando de raiva”, com um monte de compras para carregar. Brinquei:

- “Ah, queria te ver nessa hora. Imagina a cor da tua pele, o teu olhar, a tua respiração... tudo exalando ódio, raiva...”.

Marilisa do outro lado deu uma risada e comentou:

- “Ah, tu não imaginas, eu estava bem assim, louca de raiva, queria sair de lá correndo, não aguentava mais...”.

Interrompi:

- “Então querida, mas este é o mundo que vivemos. Quanto mais gente, pior. Afinal, temos que esbarrar nas pessoas, temos que conviver, cada vez é mais gente querendo supermercado, estradas, lojas...”.

Marilisa deu outra risada e concordou. Aproveitei para dar um toque:

- “Pois é, antigamente, quando a gente era mais selvagem, isso não existia, não é?”

Marilisa deu escapar mais outra risada parecendo refeita e bastante à vontade:

- “Ah, sim, eu sou selvagem, eu sou! Não consigo viver neste mundo assim...”.

Interrompi:

- “Pois é, é isso, ser selvagem mesmo, é uma forma de compensar os desgastes, de enfrentamento. Quando éramos selvagens, não existiam muitas pessoas, os espaços eram mais abertos. Mas com o aumento da população, mudou tudo...”.

Marilisa me interrompeu para perguntar onde eu estava. Respondi que era no posto da “árvore”, localizado na BR 101, em seguida comentou:

- “O quê? Tu estais ainda aí? Puxa, como é que tu podes ser assim. Meu Deus, como tu és calmo. Se fosse eu já estaria tremendo preocupada”.

Interrompi:

- “Calma, não é às dez e trinta a audiência? Então, estaremos lá na hora, eu já estou terminando o café e daqui a Joinville é um toque...”.

Nos despedimos afetivamente, com o compromisso de nos encontramos na audiência.